Mais uma bela contribuição do escritor e
jornalista Carlos Braga Mueller, hoje nos relatando sobre nosso Maestro
maior HEINZ GEYER.
AS COMPOSIÇÕES DO MAESTRO HEINZ GEYER
É possível que a marcha "Rio de
Janeiro", em edição para piano, tenha caído no esquecimento e nem tenha
chegado à cidade homenageada, a antiga capital da República brasileira.
Seu autor, Heinz Geyer, recém havia chegado ao
Brasil, em 1922, quando compôs esta obra musical.
Felizmente, a partitura foi "salva"
pelo Editor João Graxa Rodrigues, de Joinville, que em julho de 1922 havia
fundado naquela cidade o "Jornal de Música", distribuído através
de circulação dirigida para assinantes de Joinville, São Francisco, Jaraguá e
Blumenau.
Na edição de nºs. 7 e 8 do "Jornal de
Música" os assinantes receberam a Marcha para Piano
"Rio de Janeiro", composta por H. Geyer, então um músico ainda
desconhecido. Também faz parte desta edição outra obra de Geyer: "Fantasia
- Les Adieux".
A circulação deve ter ocorrido em meados
do ano de 1923.
A presente matéria está sendo ilustrada pela
capa do jornal, uma peça rara que faz parte do acervo do blumenauense Carlos
Braga Mueller. O advogado Thomé Braga, avó de Carlos, era assinante e o
fazia para que sua filha mais velha, Antonietta, tivesse sempre em mãos as
novidades em partituras musicais, que ela executava ao piano, em casa, ou nas
apresentações no Salão Holetz, antes e durante as exibições de cinema do senhor
Frederico Busch Senior.
Jornal de Música
Sobre o "Jornal de Música", Sandor
Buys, carioca e estudioso do assunto, escreveu em seu site
sandorbuys.wordpress.com, sob o título "Anotações sobre Música
Brasileira", o seguinte:
“Esta publicação consistia de uma ou duas
partituras e raramente algum texto, ficando o trabalho de impressão a cargo da
Litografia Boehm em Joinville”.
Dizia o editor na última capa do primeiro
número, que o objetivo do periódico era "proporcionar algumas horas de
distração aos amadores de nossa querida arte", além de fazer conhecida a
sua própria obra musical. Foram prometidos dois números mensais, mas
aparentemente o editor não conseguiu o êxito almejado, pois os números que me
vieram às mãos tiveram lançamento irregular. Os primeiros números traziam obras
de João Graxa, sendo a estreante, que data de julho de 1922, a valsa "Teu
Ideal"; depois, foram publicados a valsa "A Cigana", os foxtrots
"A Carinha Dele" e "Vatapá", dentre outros.
Mas foi com satisfação, anunciada na última capa
do número 6, que o editor receberia nos números seguintes a marcha "Rio de
Janeiro" e uma fantasia para piano do maestro alemão H. Geyer; e depois
disso passou a publicar peças de outros autores como Hugo Freyesleben,
Herculano de Freitas, Álvaro de Souza e João Crespo."
No final deste seu artigo, Sandro Buys
enfatiza:
“Não consegui informações biográficas sobre João
Graxa ou lançamentos posteriores ao número 12 de seu jornal”. Quem puder
contribuir com informações será muito bem-vindo.
Na edição do "Jornal de Música" nºs. 7
e 8, na contracapa, foi publicada relação dos assinantes.
Entre os blumenauenses, além de Thomé Braga, constavam Dr. Luiz Renaux,
Francisco Margarida, Ernesto Steinbach, João Medeiros Júnior, Dr. Luiz de
Freitas Melro, Walter Schmidt, Alberto Moellmann, Ricardo Meyer, Gustavo
Lungershausen, Caetano Deeke, Felippe Doerck, Dr. Amadeu da Luz, entre
outros. Mas a grande maioria dos assinantes estava concentrada em Joinville.
Maestro Heinz Geyer no
Concerto do seu Jubileu de Ouro, em 08 de maio de 1971 (Fonte: Centro de
Memória do Teatro Carlos Gomes).
HEINZ GEYER
Nascido em 1897 na cidade de Mülhlheim, na
Renânia, Alemanha, Heinz Geyer teve iniciação musical quando era muito jovem.
Aos treze anos, depois de aprender violino e piano, dedicou-se à flauta, tendo
se diplomado como flautista no Conservatório de Duisburg aos 16 anos de idade.
Participou de diversas orquestras, tendo atuado,
inclusive, sob a batuta de Richard Strauss.
Por motivos de saúde resolveu imigrar para novos
ares. Foi assim que chegou a Santa Catarina em janeiro de 1921, desembarcando
no Porto de São Francisco do Sul.
Sua intenção era ir para a Argentina.
De São Francisco deu um pulo até Joinville e
depois a Blumenau, onde fixou residência e deixou seu nome gravado com
letras de ouro.
Foi regente do Club Musical, da Banda Musical de
Hermann Christian Ruediger e da Sociedade Musical Lyra, além da Sociedade de
Canto Liederkranz.
No dia 8 de maio de 1971 o maestro regeu seu último concerto no palco do Teatro Carlos
Gomes, ao qual emprestara 5 décadas de sua vida.
Após a Segunda Guerra Mundial organizou o Coral
e Orquestra do Teatro Carlos Gomes de Blumenau, cuja estréia se deu em março de
1947, mesmo ano que que tornou-se professor de música da Escola Normal Pedro
II. Também atuou no Conservatório de Música do Teatro Carlos Gomes.
O maestro Heinz Geyer morreu no dia 13 de junho
de 1982, aos 84 anos de idade.
Deixou extensa obra musical: as óperas
"Tilo" e "Anita Garibaldi", a opereta "Viva o
Ministro", os ciclos "O Imigrante" e "Meu Brasil",
tendo adaptado muitas músicas do folclore brasileiro para ensino nas
escolas.
Fontes;
Jornal de Música 7 e 8 (1923)
Jornal de Santa Catarina: 02 de setembro de 2000
Informativo do Teatro Carlos Gomes - junho 2012
Colaboração Carlos Braga Mueller/jornalista e
escritor em Blumenau
Muito bom o reconhecimento a um cidadão que muito contribuiu para o desenvolvimento artistico musical da nossa comunidade.
ResponderExcluirParabéns Carlos e Abalberto.
José Geraldo Reis Pfau
Publicitário.
Meu caro Adalberto,
ResponderExcluirCom mais este texto, já posso dizer que, sim circulava um JORNAL DE MUSICA em nossa cidade, já mais poderia imaginar que existia jornal de musica...
Muito bom , obrigado..
Alo amigo Beto quero te chamar assim pois posso te dizer que tenho o prazer de ter um filho que tem o apelido de Beto que é uma das causas dos Brasileiros criar apelido, meu filho tem o nome que caprichei tanta para colocar que foi Roberto Carlos Salvador e acabou Beto, mas tudo bem, posso te dizer tambem que fui amigo do filho deste grande Homen Heinz Geyer que bonito esclarecimento é lindo saber tudo isto, parabens Beto e Amigo Carlos. abraços Valdir Salvador.
ResponderExcluirUm grande maestro que nunca deverá ser esquecido pelo povo blumenauense.
ResponderExcluirUrsel Kilian
Para mim sempre foi um gênio. Professor, pai e exemplo de luta. Nos incentivava a cada vez ensaiar mais, em estudar mais e a palavra, "desistir" não deveria passar por nossas cabeças,
ResponderExcluirLorena Karasinski
Lorena Karasinski, falastes uma verdade, pois fui aluna dele na Escola Normal D. Pedro II e também participei do coral do TCG. enquanto morei em Blumenau
ResponderExcluirUrsel Kilian
Lorena Karasinski Nossas apresentações do coro e orquestra eram simplesmente fantásticas, não achas Ursel Kilian. As Óperas e Operetas e todas outras apresentações anuais...quanta saudade!
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ResponderExcluirMaestro Heinz Geyer, meu professor de música no ginásio, Colégio Estadual D.Pedro II, escola pública, cujo ensino na época era de altíssima qualidade. Saudades!!
João Luiz Gonzaga Floriani
Bom dia Adalberto
ResponderExcluirmuito interessante esta matéria do Braga. A música sempre merece o seu espaço. Parabéns por publicar a matéria.
Encontrei na minha biblioteca o livro autografado "O maestro Geyer" da historiadora Edith Kormann, escrito em 1985.
Da marcha "Rio de Janeiro" tem uma partitura publicada neste livro e a historiadora também faz menção a esta revista musical.
Creio que deveríamos ter em memória o maestro Geyer, pelos trabalhos que fez em prol da música aqui em Blumenau, tanto que lhe foi concedido o titulo de "cidadão blumenauense" pela Câmara dos Vereadores.
Abraço