HISTÓRIAS
QUE O RÁDIO CONTA
Mais uma participação do renomado escritor e
jornalista Carlos Braga Mueller que hoje nos relata sobre os “Shows” dos
cantores de Rádio.
Por Carlos
Braga Mueller/escritor e jornalista.
OS “SHOWS”
DOS CANTORES DO RÁDIO
Nos anos 50 e 60 do século passado era comum que os cantores que faziam sucesso nas grandes
emissoras nacionais fizessem excursões, apresentando-se aos fãs espalhados pelo
imenso Brasil.
Era o tempo em que
existiam no Rio, SP e em outras cidades os fã-clubes de Emilinha Borba e
de Marlene, arqui-inimigos, que se enfrentavam, e se engalfinhavam, na
frente dos prédios das emissoras de rádio, cada qual querendo que seu ídolo
fosse o melhor! Outros artistas também possuíam seus fã-clubes: Roberto
Carlos (que até hoje tem o recorde de possuir ativo o fã-clube “Um Milhão
de Amigos); Cauby Peixoto, Ângela Maria, nomes que não estão mais
nas manchetes.
As manifestações eram um desespero de
corações emocionados, de adolescentes desmaiando, entre tapas e beijos do
público aglomerado nas calçadas, quando um artista famoso desembarcava do carro
e se dirigia ao auditório da rádio, geralmente a Nacional do Rio, campeã
absoluta dos programas de auditório, como os comandados por César de Alencar e
Paulo Gracindo.
Era um tempo em que os cantores do rádio
também eram vistos nos filmes carnavalescos feitos a cada ano, as famosas
chanchadas, principalmente da Atlântida do Rio de Janeiro, que criaram
verdadeiros mitos, como Eliana, Anselmo Duarte, Cyll Farney, Adelaide
Chiozzo, Oscarito, Grande Otelo, Ankito...
Eliana - Foto divulgação
Adelaide - Foto divulgação
Quando Eliana e Adelaide Chiozzo
vieram a Blumenau nos anos
50, uma multidão de fãs aglomerou-se em frente ao Hotel Rex, para ver de perto seus ídolos da tela e pedir-lhes
um autógrafo.
PERI
RIBEIRO EM BLUMENAU
Naqueles anos de ouro do rádio eu era locutor
da PRC-4 Rádio Clube de Blumenau,
pioneira em Santa Catarina.
Quando um artista chegava a Blumenau,
geralmente se apresentava no palco do Cine Busch, com transmissão pela
PRC-4.
A proximidade do estúdio da rádio (Rua 15 de
Novembro esquina com Nereu Ramos) com o Cine Busch (na Alameda Rio
Branco), não era mais do que 100 metros em linha reta e existia uma “extensão”
permanente (fio) entre os dois pontos para garantir as transmissões dos artistas
“ao vivo”.
Foi assim que no início dos anos 60, Peri
Ribeiro, começando sua carreira, veio a Blumenau para apresentar-se em um
espetáculo à noite.
Durante o dia, Peri visitou o estúdio da
rádio, onde deu entrevista. Depois descemos (a rádio ficava no segundo andar) e
fomos tomar cafezinho no Pingüim, que ficava na Rua 15, esquina com a Travessa
4 de Fevereiro, hoje Rua Ângelo Dias.
Estas lembranças me vieram a propósito de um
filme de apenas 3 minutos, acessado no Youtube, onde se confirma que Peri
Ribeiro foi o primeiro cantor a gravar “Garota de Ipanema”,
considerada hoje uma das músicas mais gravadas ao redor do planeta.
Peri chamava-se Peri Oliveira Martins,
mas nos anos 50 adotou o nome artístico de Peri Ribeiro, por sugestão do
radialista César de Alencar.
Nascido em 27 de outubro de 1937, era filho
de famosos: seu pai, o cantor e compositor Herivelto Martins, e sua mãe,
Dalva de Oliveira fazem parte da história da música popular brasileira.
Os dois, juntamente com o “colored” Nilo Chagas, constituíram o conjunto
vocal “Trio de Ouro”, que depois teve vários outros componentes.
Peri morreu no dia 24 de fevereiro de 2012,
aos 74 anos, de infarto do miocárdio.
Escreveu um livro contando a vida atribulada
dos pais: “Minhas Duas Estrelas”.
CURIOSIDADE:
A GAROTA DE IPANEMA NA VIDA DE PERI RIBEIRO
Por que Peri foi o primeiro a gravar a famosa
canção “Garota de Ipanema”?
Pode ser lenda, mas lá pelo início dos anos
sessenta, Peri freqüentava a mesa de bar
em Ipanema onde se reuniam os “papas” da bossa nova, entre eles Tom Jobim e
Vinicius de Moraes.
Vinicius e Tom não se decidiam
sobre a letra definitiva da canção.
A primeira versão fora batizada de “Menina
que Passa”, era batucada no tampo da mesa, na caixa de fósforos, cantarolada
pelos autores, e tinha a seguinte letra:
“Vinha cansado de tudo
De tantos caminhos
Tão sem poesia
Tão sem passarinhos
Com medo da vida
Com medo de amar
Quando na tarde vazia
Tão linda no espaço
Eu vi a menina
Que vinha num passo
Cheia de balanço
Caminho do mar.”
A letra, porém, não agradava a Tom Jobim
e nem mesmo a Vinicius, que a refez, mudando o nome para “Garota de
Ipanema”. A inspiração foi uma jovem, Helô Pinheiro, que de vez em
quando passava pela frente do bar, em direção a praia.
Os versos da nova versão, mais inspirada,
começavam com a estrofe que imortalizou a canção no Brasil e pelo mundo afora:
“Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
Que vem e que passa
No doce balanço, a caminho do mar.”
De tanta discussão em torno da música, e prevendo que em alguma nova rodada de uísque, naquela mesa de bar, a letra pudesse mudar de novo, Peri Ribeiro, calado e sem avisar os autores, a gravou mais que depressa na sua privilegiada voz, não deixando de dar os créditos, no disco, a Tom e Vinicius.
Começava assim, pelo ímpeto do então jovem
cantor, a gloriosa carreira da “Garota
de Ipanema”.
Texto Carlos Braga Mueller/Arquivo de
Adalberto Day
Que legal, Adalberto! Eu lembro bem de quando Jerry Adriani esteve em Blumenau - tenho até hoje o autógrafo dele!
ResponderExcluirAbração e parabéns!
Urda.
Meu caro Adalberto, como sempre um excelente texto, agora esta da Garota de Ipanema é uma historia que não sabia, abraços.
ResponderExcluirNilton Sérgio Zuqui
Parabéns Adalberto, mais um registro para "recordar e viver".
ResponderExcluirPergunto se já saiu algum registro sobre os nossos cantores e cantoras locais que cantavam nos programas da PRC 4. Do Garcia me recordo do Victoria Pfifer, que também trabalhava na Cooperativa da EIG, da filha mais velha do Armando Silva, proprietário do Café Uru, ela era também acordionista. Também do Garcia tinha um trovador muito conhecido, trabalhava na EIG como porteiro.
Caríssimos Braga Müller e Adalberto, não cheguei a pegar a onda dos shows de cantores de rádio, mas nunca esqueci de um episódio da infância, no final da década de 1960. Na época era comum as pessoas se visitarem e assim fui com minha Oma num final de tarde visitar uma amiga dela que morava nas vizinhanças de nossa casa na Ponta Aguda. Creio que se chamava Frau Hansen e que era ligada à família do Sr. Claudio Gaertner. Lá chegando, a Frau Hansen ligou o rádio para elas ouvirem o episódio de uma novela de rádio. Fiquei impressionado com os sons de fundo que eram transmitidos e somente muitos anos depois, num programa de televisão, descobri como antigamente aqueles efeitos sonoros eram produzidos. Quase todos resultado da combinação do uso de criatividade e objetos utilizados no dia a dia. Grande abraço!
ResponderExcluirOla amigo Adalberto que bom entrar no tune´l do tempo e lembrar passagem igual a esta,por exemplo eu lembro do grande cantor da epoca eu sou seu fãn ate hoje, do saudoso Vicente Celestino ele se apresentou no centro do campo do Gremio Esportivo Olimpico mas infelismente não podemos ver o grande schou até o final pois baixou um brande neblina que nos roubou o grande schou e foi cancelado . abraços de teu amigo Valdir Salvador ,
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