- A imagem do início da década de 60 mostra um grupo de amigos desbravando o Faxinal do Bepe, no Encano. A família Molinari, chegou à localidade por volta de 1951? (data ainda a ser confirmada). O encontro foi marcante na época, pois o veículo utilizado foi um Jipe, até então pouco comum nessa localidade. (Foto: Arquivo de Adalberto Day) Publicado no Jornal de Santa Catarina em 02 de julho 2008, coluna Almanaque do Vale do Jornalista Sérgio Antonello.
História
- Foi no ano de 1951, que a família Molinari deixou a cidade catarinense de Botuverá para ocupar as terras que adquiriu do governo. O caminho a nova propriedade era – uma trilha de cerca de 30 km rasgando a densa Mata Atlântica. Como se não bastasse o difícil acesso, a baixa fertilidade daquelas terras foi outra dificuldade encontrada pelos Molinari, imigrantes italianos vindos da região do Tirol.
Como a agricultura era pouco promissora, Bepe, o patriarca da família, optou pela pecuária, cuja renda sustentava a família e o pagamento das dívidas com o governo. Produziram muita linguiça para poder pagar os compromissos assumidos. “Em dois anos, pagaram os títulos e se apossaram definitivamente das terras”.. A partir de então, aquele local ficou para sempre batizado de “Faxinal do Bepe”.
Também devemos sempre lembrar do senhor Juca Santos e seus familiares que tanto contribuíram para que este local se preservasse. Lembro do senhor Juca, indo sempre aos fins de semana muitas vezes acompanhado de seus filhos, com seu tradicional Jipe esverdeado. Assim como o senhor Juca Santos, tantos outros personagens fizeram parte desse lindo cantinho de nossa região.
Adendo de Lauro Eduardo Bacca/Ecólogo 30/outubro/2013
Um século depois da saga dos primeiros dezessete imigrantes
da Colônia Blumenau, outra saga acontecia, em escala bem menor em termos
numéricos e espaciais, mas igualmente marcante em termos de aventura do
espírito humano, por volta de 1950. Foi quando Giuseppe Molinari, o Bepe,
morador de Lageado Baixo, município de Botuverá, passou a trabalhar para João
Bianchini, que tinha posse de terras nas cabeceiras do ribeirão Warnow,
município de Indaial, acessível por extensas picadas na floresta. “Viemos
trabalhar na coivara e não saímos mais”, recorda seu filho mais velho, Ari
Molinari, que então acompanhava o pai, aos 12 anos de idade.
Antes disso Giuseppe (José) já faziam incursões pela área, para
conhecê-la e para caçar. Foi quando Ari esteve no lugar pela primeira vez, com
o pai e o tio Vicentin. À noite, no acampamento montado com folhas e galhos
obtidos ali mesmo na mata, o pai mandou que ele fosse buscar água no córrego
logo abaixo, mas, “eu não ia, tinha medo”. Pudera. Ninguém morando por perto,
selva pura, ruídos estranhos na escuridão, presença não apenas de tudo o que
era real, mas, também e principalmente, no imaginário do menino que nessa
ocasião tinha apenas oito anos!
Comprada a posse e feito o primeiro rancho com ripas de
xaxim, telhado de palha e panela pendurada para o fogo no chão batido, veio a
mudança com a família: Bepe e esposa Cléria, ainda na faixa dos 37 – 35 anos e
os sete filhos vivos, dos onze que tiveram: Ari, com 14 anos, Davi aos 12,
Isair com uns 8 anos, Dolores (6), Martim (5), Marta (2) e Jorge, de apenas 6
meses de idade. Picadão na floresta, por mais de 8 horas, todos a pé e
descalços, como descalços viveram até hoje. Só de travessia de córregos, pés
nas águas e nas pedras, foram 21 vezes. Cinco cargueiros (mulas) levavam a
mudança simples, acomodada nos lombos e em bruacas nas laterais dos animais.
Mais um cavalo. Justo a mula que carregava o berço do pequeno Jorge, teve a
bruaca trancada numa ponta de taquara que estalou, assustando o animal que
corcoveou, quebrando tudo. O bebê, por sorte, ia no colo da mãe.
Com essa mudança começou, no dia 11 de fevereiro de 1953 ou 1957? a data ainda a confirmar, o
quase lendário Faxinal do Bepe, uma espécie de vila familiar de tantas
histórias, aventuras, sorrisos e dramas. Passados 60 anos os Bepe se despedem,
mas o nome fica. Os visitantes continuarão. Não mais para caçar e destruir como
muitos faziam, mas, para apreciar a fauna a ser recuperada e preservada,
espera-se, no Parque Nacional da Serra do Itajaí.
Lauro Eduardo Bacca
Jornal de Santa Catarina 28/10/2013 | N° 13023
PRESERVAÇÃO
Foto: Patrick Rodrigues
Adeus ao
Faxinal do Bepe
Missa marca despedida (27/10/2013) de Família Molinari de área INDAIAL - A estrada de terra castigada pela chuva de sábado à noite foi obstáculo
pequeno diante da persistência para estar na última festa da Família Molinari,
no Faxinal do Bepe, ontem de manhã. Pouco antes das 9h, o trecho que liga o
Distrito do Garcia à comunidade reservava muito barro e pouca facilidade para
os carros pequenos. Até mesmo o padre João Leonardo Hoffmann precisou ser
resgatado por jipeiros para chegar à missa marcada para as 10h.
Cinco minutos antes da cerimônia ele estava lá, recepcionado por Isair
Molinari, a esposa Teresa e os filhos Angelo e Ana Paula. A missa e a festa
marcadas foram símbolos do fechamento da pousada mantida pela família há pelo
menos 50 anos. A partir desta semana, os precursores do Faxinal do Bepe começam
a sair da comunidade, cuja área será desapropriada para uso do Parque Nacional
Serra do Itajaí.
A partir de hoje (28/10/2013), conforme combinado pelos Molinari com o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra a unidade
ambiental, a pousada não poderá ser mais aberta. Os tradicionais encontros de
jipeiros, ciclistas e adoradores da natureza agora só serão permitidos diante
de autorização prévia. Apesar de o encontro de ontem ter sido uma despedida, a
alegria predominou. Todos que estavam presentes tinham uma história para contar
sobre aventuras no Faxinal do Bepe. A maioria começava o assunto pela mesma
forma: “venho aqui desde pequeno”.
Dos sete filhos de José Molinari, o criador do faxinal, quatro estavam lá. Com
eles, filhos, netos, amigos, conhecidos. Na missa rezada pelo padre João
Leonardo, a pequena capela de Bom Jesus de Iguape, construída pela própria
família, ficou ainda menor. Do lado de fora, era possível ver pessoas chorando
pela despedida.
– Vim de moto no começo do ano pela primeira vez. É uma alegria pra mim ser o
escolhido para celebrar este momento – afirmou o padre.
Depois da missa, um churrasco foi servido com alimentos da propriedade dos
Molinari. A música da gaita embalou o começo da tarde e ditou os últimos
momentos do local que será guardado na memória dos frequentadores:
Ontem à noite (27/10/2013), a Pousada dos Molinari foi fechada pela última
vez. A partir da saída da família da propriedade, a Furb deve ocupar o
local como base para recuperação do meio ambiente do Faxinal do Bepe. O que os
antigos frequentadores, amigos, familiares e os próprios Molinari esperam é que
a comunidade continue exibindo a natureza que os atraiu para lá.
ÂNDERSON SILVA
Entenda o caso
Entenda o caso
- Com a criação do Parque Nacional Serra do Itajaí, em 2004,
o plano de manejo da unidade de conservação prevê que as áreas sejam
desapropriadas para uso da União.
- As indenizações das aproximadamente 300 propriedades
começaram em 2010. Até o momento, apenas nove foram regularizadas.
- Entre elas, estão três irmãos da família Molinari, que
criou o Faxinal do Bepe. Ari foi o primeiro a deixar a área. Agora, sairão
Isair e Martin. Os dois receberam as indenizações e precisam sair ainda este
mês (Outubro/2013).
- Ontem 27/10/2013 eles fizeram a missa de despedida do
local. A família vai se mudar.
- O local passou a ser chamado de Faxinal do Bepe em alusão
a José Molinari, patriarca da família. Em Italiano, José significa Bepe.
Ola,
na verdade a família Molinari
não tem a sua origem no Trento: Leia isto:
Sia Molinari che Molinaro sono panitaliani, anche se Molinaro è più concentrato al sud, Molineri è piemontese del cuneese, di Cuneo, Caraglio, Mondovì e Valgrana, Molinero, sempre piemontese, è però specifico del torinese, di Pinerolo, Avigliana, Scalenghe, Frossasco e Torino, dovrebbero tutti derivare, anche attraverso alterazioni dialettali, da soprannomi basati sul vocabolo tardo latino molinarius (addetto al mulino), probabilmente indicando così quale potesse essere il mestiere dei capostipiti, dei mugnai o dei lavoranti presso un mugnaio.
http://www.cognomiitaliani.org/cognomi/cognomi0011o.htm
Agora, o Carlo Molinari nasceu em 1874 no comune de Bieno,TN e veio para o Brasil ainda criança e a família primeiro foi para Nova Trento e a partir dali alguns foram em direção a Botuverá e outros para o que na época se chamava de linha dos pomeranos e posteriormente com a chegada dos trentinos que ocuparam as terras mais à frente caminho dos tiroleses. Esta estrada existe ate hoje pois é uma estrada vicinal ligando Pomerode a Timbó.
De timbó, quando os imigrantes (maioria de venetos) veio para região se fixaram em Ascurra e quando foi a vez de colonizarem o alto vale do Itajaí todos subiram a serra e é por isto que hoje em rio do sul, onde moro ha uma verdadeira confusão de sotaques sendo que o trentino foi preservado devido a atuação forte da região do trento e também porque foi para cá que a grande maioria imigrou. Alguns ficaram em Vitoria, já na primeira viagem que fizeram entre o final de 1874 e inicio de 1875. Posteriormente, ate 1880, outros imigrantes trentinos e venetos vieram se juntar à estes imigrantes e um grupo que veio mais tarde, entre 1882 e 1885 vieram com os imigrantes venetos e foram parar no Rio Grande do Sul.
Mas o que conta mesmo é o nosso avô ou bisavô. É através dele que a cidadania será obtida. E se ninguém da sua família deu entrada no pedido de dupla cidadania agora só indo na Itália e entrando com processo judicial junto a corte de assissi, que seria uma espécie de corte de apelação, que trata de assuntos menores, não criminais. A vantagem é que com uma procuração (de cada interessado) todos saem beneficiados em um mesmo processo e se alguém da família já obteve só indo diretamente no comune para apresentar o pedido.
Um abraço
Renato Noveletto
de Rio do Sul, SC
__________Sia Molinari che Molinaro sono panitaliani, anche se Molinaro è più concentrato al sud, Molineri è piemontese del cuneese, di Cuneo, Caraglio, Mondovì e Valgrana, Molinero, sempre piemontese, è però specifico del torinese, di Pinerolo, Avigliana, Scalenghe, Frossasco e Torino, dovrebbero tutti derivare, anche attraverso alterazioni dialettali, da soprannomi basati sul vocabolo tardo latino molinarius (addetto al mulino), probabilmente indicando così quale potesse essere il mestiere dei capostipiti, dei mugnai o dei lavoranti presso un mugnaio.
http://www.cognomiitaliani.org/cognomi/cognomi0011o.htm
Agora, o Carlo Molinari nasceu em 1874 no comune de Bieno,TN e veio para o Brasil ainda criança e a família primeiro foi para Nova Trento e a partir dali alguns foram em direção a Botuverá e outros para o que na época se chamava de linha dos pomeranos e posteriormente com a chegada dos trentinos que ocuparam as terras mais à frente caminho dos tiroleses. Esta estrada existe ate hoje pois é uma estrada vicinal ligando Pomerode a Timbó.
De timbó, quando os imigrantes (maioria de venetos) veio para região se fixaram em Ascurra e quando foi a vez de colonizarem o alto vale do Itajaí todos subiram a serra e é por isto que hoje em rio do sul, onde moro ha uma verdadeira confusão de sotaques sendo que o trentino foi preservado devido a atuação forte da região do trento e também porque foi para cá que a grande maioria imigrou. Alguns ficaram em Vitoria, já na primeira viagem que fizeram entre o final de 1874 e inicio de 1875. Posteriormente, ate 1880, outros imigrantes trentinos e venetos vieram se juntar à estes imigrantes e um grupo que veio mais tarde, entre 1882 e 1885 vieram com os imigrantes venetos e foram parar no Rio Grande do Sul.
Mas o que conta mesmo é o nosso avô ou bisavô. É através dele que a cidadania será obtida. E se ninguém da sua família deu entrada no pedido de dupla cidadania agora só indo na Itália e entrando com processo judicial junto a corte de assissi, que seria uma espécie de corte de apelação, que trata de assuntos menores, não criminais. A vantagem é que com uma procuração (de cada interessado) todos saem beneficiados em um mesmo processo e se alguém da família já obteve só indo diretamente no comune para apresentar o pedido.
Um abraço
Renato Noveletto
de Rio do Sul, SC
Arquivo de Adalberto Day
Boa tarde Prof. Adalberto,
ResponderExcluirLi sobre o Faxinal do Beppe no seu blog e fiquei curioso sobre a travessia até Botuverá.
Tenho avós em Botuverá e possuo um carro de passeio (Peugeot 206), sempre pego o caminho por Guabiruba para ir visitálos, pois gosto das paisagens e estradas de chão. Será que já é possível passar por ali para chegar lá? Se não tiver essa informação não tem problema, só o contato já é legal, pois faz tempo que não conversamos (desde as aulas de História no antigo Colégio Estadual Padre José Maurício).
Uma coisa que sempre penso...
Acho que deveria ser feito uma integração do transporte coletivo com as cidades vizinhas a Blumenau, colocando por exemplo, um terminal urbano em Indaial, outro em Timbó, outro em Gaspar e também em Guabiruba, seguindo as normas do consórcio Siga, isso facilitaria o deslocamento entre essas cidades e chuto que não teria diminuição no lucro para as empresas do consórcio. Ou pelo menos ter ônibus saindo dos terminais mais próximos a estas cidades e indo até o centro delas. Essa é uma idéia besta?
Desculpe tomar seu tempo, mas agradeço a atenção.
Odirlei Vanelli
meu caro Adalberto - eu faço votos de que realmente seja dado o destino correto ao Vale. Via de regra é invadido e depois não há quem tira os invasores. Atenciosamente Curt heisecurt@gmail.com
ResponderExcluirO Bepi não era pros fracos não. La tinha uma coisa inexplicavel, que sempre nos fazia chegar la, e olha que não é facil. E tem muitas histórias la. Uma vez, o Juca Satos foi convidado para ir levar um cumpadre dele que precisava por toda a lei ir até la naquele dia. O Tio Juca que pra apronar não perdia tempo aceitou. Como ja passava das 18 horas, la se foi ele.Naquela época, hoje não sei mais, existia varios portões até chegar la. No segundo portão, ele inventou uma pane elétrica no carro e que teria apagado os farois do Jeep dele (aquele que tinha um garrafão de cachaça debaixo do banco....kkkkkkkkkkkk). Dai ele falou que não daria ré no escuro, e blablabla......kkkkkkkkk. resumindo a história, este cumpadre dele subiu o morro do Bepi a pé, com um maço de vela no bolso e uma sempre aceza na mão, para orientar o Jeep. Claro que ele quase matou o Tio Juca qdo soube que era sacanagem...........kkkkkkkk
ResponderExcluirÉ injusto falar em Faxinal do Bepe sem citar o nome do meu avô Juca. Ele fez muito por aquele local e aquelas pessoas!Obrigada por lembrar Djalma.
ExcluirOlá Ana
ExcluirAchei um pouco injusto da sua parte ao falar que o seu avó, que tinha o hábito de chamar de Tio, qdo na verdade era tio do meu sogro, não foi sitado na reportagem. Várias figuras perambulam por lá, e o Tio Juca foi e sempre será um.Ele e muitos outros fazem parte daquela paisagem. Muitas festas, muitos incidentes, acidentes trágicos. O Bepi sempre ficará na memória de todos.
Mais uma.Em 1975, se não me engano, fomos em uma turma da EIG no dia do motorista. Só para lembrar, saia uma carreata dp trevo da Artex em direção ao Bepi. Chegando la, fomos nos alojando e preparando a churrasco para o domingo. Como não tinha geladeira ou frizer disponivel, goi colocado a carne temperada em uma bacia, e como a agoa do rio la era fria, alojou-se a bacia sobre uma pedra, escondida sob um arbusto que existia ao lado do rio, mas dentro do rio, para refrigerar a bacia. Pois bem, a noite, um individuo, que me recuso a dizer o nome......kkkkkkkkkkkkk.........após tomar todas, foi aliviar a bexiga e o fez onde? No primeiro arbusto que encontro. Não precisa explicar que no outro dia a bacia de churrasco estava cheia de.................kkkkkkkkkkkkk.Prontamente ele foi"convidado" a se jogar naquela agua fria com roupa e tudo. Uma dica. Era um baita jogador e morava no Emilio Talmann
ResponderExcluirMeu caro Adalberto, Faxinal do Bepi vai ser sempre respeitado por que o frequentou um dia.
ResponderExcluirEu tive a oportunidade de viver varias historias lá quando jovem, vezes ia de moto vezes de carro(tenho vídeos) ,sim carro , já estive no Bepi de fusca 1200 16 vlas.Onde tínhamos que parar hora outra para resfriar a bobina do mesmo.
Mas ,a maioria das vezes fui de moto para sempre subir o morro da igrejinha onde jogávamos água antes de subir para ser mais emocionante, tenho saudades...
Fascinante essa história sobre o Bepe. Imaginei as pessoas andando na mata descalço e com as crianças no colo. Espero como os demais, que façam o prometido
ResponderExcluirVângela Silva Queiroz
ResponderExcluirQue breve, mas belo relato, Lauro. A história do Faxinal do Bepe também povoou minha imaginação há tanto tempo que o próprio tempo encarregou-se de torna-la quase uma lenda. Meu já falecido pai contava de tal encontro de caçadores, isso lá quando ele ainda era solteiro. Foi então, que num final de semana eu e mais alguns amigos pegamos nossas bicicletas e rumamos ao tal Faxinal. Chegamos lá e ficamos extasiados pela atração do local, pela recepção dos Bepe e pelo desbravamento de uma quebra de possibilidades de se conhecer nosso território, seus personagens e a beleza da Mata Atlântica.
Isso foi no ano de 1990. Dormimos no ranchão, passamos frio corporal mas com um calor extasiante na alma,. Por muitos e muitos anos frequentamos o Faxinal do Bepe, Fiz amizade com o patriarca Sr.Bepe, a Nona, que contavam orgulhosos suas histórias e lutas para manter sua familia. Entre um e outro gole de cachaça servido com muito carinho pelo seu Bepe, um café preto da Nona, naquela cozinha com fogão a lenha, suas panelas e tampas penduradas na parede, as fotos dos resultados das caçadas de outrora...e nestes anos todos sempre fomos hospedados pelo Sr. Ari e Dª.Fortunata, seus filhos. Dormíamos no sótão, acordávamos já com o cheiro do café e os ruídos dos animais.
Passaram-se os anos e assistíamos a uma invasão de veículos motorizados, com seus motores ruidosos, acelerando pelos pastos, derrubando cercas e cochos entalhados sendo jogados em grandes fogueiras. Assim lentamente perdemos o encanto, não pelos Bepe, nem pelo local. Mas víamos que a invasão descontrolada estava destruindo uma história.
A vivência aguçou nosso olhar e começamos a perceber um grave problema sendo instalado, com as nascentes sendo contaminadas por dejetos, comprometendo sobremaneira um sistema hidrográfico no seu nascimento.
Hoje, passados os anos da angústia e desencontros de informações, nasce o Parque Nacional da Serra do Itajaí. Gratos somos e seremos eternamente à todos os agentes envolvidos, desde o Sr.Bepe e familiares e até os algozes (??) criadores da ideia de se criar o Parque.
Agradecemos à todos, principalmente aqueles que se colocaram à frente, pondo em risco inclusive sua integridade física e se expondo a má compreensão dos fatos e da necessidade de se manter preservada aquela região.
Temos agora uma pérola nas mãos e para mantê-la sempre linda teremos que fazer a nossa parte. Obrigado Lauro e demais ecochatos. Sem vocês não teríamos tanto verde emoldurando nosso horizonte.
Vida eterna ao Parque Nacional da Serra do Itajaí, mais conhecido como adorável Parque das Nascentes.
Obrigado à todos proprietários de terra que agora nos incumbem da sua proteção. As gerações futuras certamente não mais saberão das entrelinhas para a criação deste Parque, mas poderão usufruir de sua beleza e encanto.
Saudações e agradecimentos eternos à todos,
Wilberto Boos
Oi amigo Beto. Saúde.
ResponderExcluirMuito interessante essa história desses imigrantes da familia Molinari. Quanto a essa despedida do Faxinal, li a respeito na imprensa. Mas, foi algo superficial. Não imaginava sobre a história dessa família pioneira daquela região. Só fui ser proprietário de uma área mais ou menos por lá Encano), uns 30 anos mais tarde. Interessante é por que deram o nome de faxinal, quando poderia ser "Rancho", "Sítio", ou coisa assim. A indenização feita pelo governo a essa brava gente, deve ter sido uma coisa insignificante, como costuma ser. Parabéns por mais uma história fascinante.
E.A.Santos
Esclarecendo ao E.A.Santos que questionou sobre a indenização, na realidade ela foi justa e acordada amigavelmente entre as partes. Ouvi o testemunho do Sr. Ari Molinari, o primeiro indenizado. Perguntado sobre se ele estava bem e contente na sua nova vida e onde morava, respondeu com seu forte sotaque italiano, convicto: "Seu Lauro, havera ter sido dez anos antes!" Isso diz tudo; o pagamento foi conforme avaliação técnica imobiliária e até arama farpado enferrujado entrou no cálculo; até mesmo benfeitorias como estradas internas da propriedade foram consideradas, mesmo sabendo-se que algumas são causadoras de muita erosão e impacto ambiental (nesse caso deveria ser debitado e não acrescido no valor da propriedade.
ResponderExcluirOlá, Adalberto, sempre tive curiosidade de ir ao Faxinal do Bepe. Tentei em duas oportunidades, mas não consegui, devido ao estado da estrada. Havia chovido muito e não consegui transpor a lama que se formou em alguns locais da estrada que, devido à natureza do terreno e à vegetação, não eram atingidos pelos raios solares. O que me entristecia era saber que muita gente utilizava um lugar tão bonito para se drogar, especialmente em encontros de motociclistas - testemunho dado por um frequentador assíduo destes encontros. Preciso planejar uma nova tentativa. Grande abraço!
ResponderExcluirQue bom conhecer um pouco mais da história do meu tio Bepe !!!
ResponderExcluirMuitos passeios pelo faxinal do Bepe de Jeepe do moto, acampamento, tenho boas lembranças, foi uma covardia tirar essas famílias no seio de suas terras onde nasceram e viveram e criaram seus filhos, é triste ver estas terras abandonadas e e depedradas, lamentável, só por capricho de meia duzia que se acham dono da natureza, fizeram isso porque lá moravam algumas familias simples e honestas,caso contrário não fariam.
ResponderExcluirMaro Ivan Birkner
ResponderExcluirEu conheci na época do serviço militar. Proximidades da Serraria do Papagaio, já desativada em 1984, era nossa área de exercícios, treinamentos, enfim, os intermináveis acampamentos do 23 BI.
Marlene Maria
ResponderExcluirGostei muito de ler...conhecer e lembrar de detalhes ...minha mãe era prima do Bepe. Vicentim(Irmão do Bepe)meu padrinho de batismo.
Fui apenas uma vez no Faxinal.
Ademar Rosumek
ResponderExcluirNossa... Faxinal do Bepe. Na minha juventude eu ia caçar naquela região com bastante frequência. Um fato que ficou marcado foi uma caçada que eu e o Sidney Sebowsky (filho do Sargento Zacarias) fizemos. Batemos com uma vara de catetos e na perseguição, dois deles se acuaram sob as raízes de uma grande árvore, que uma ventania havia derrubado. O Sidney, que nunca tinha visto um cateto solto na natureza, não teve dúvidas. Com sua espingarda calibre 36, munida de cartucho velox 70 mm, abateu os dois catetos. E agora, como trazê-lo até a casa do Bepe? Tiramos a carne de um deles e trouxemos nas costas. Uma caminhada em torno de 3 horas, subindo e descendo morros. O outro cateto, penduramos alto em uma árvore. No outro dia, o Ari, (filho do Bepe), foi buscar o cateto.
Vários anos depois da caçada dos catetos, eu e minha esposa, acompanhados o meu filho (na época com uns 10 anos de vida), resolvemos fazer uma caçada no Faxinal do Pepe, Com todo o conforto, até uma barraca. Chegando na casa do Bepe, sua esposa relata que um "leão" ( puma) estava matando bezerros. Foi um suficiente para minha esposa não mais quisesse entrar no mato. Então, montamos nosso acampamento no final no pasto , nas proximidades do mata. A noite, quando já dormíamos, um urro no lado da barraca, Mais urros e grunhidos. E agora, que fazer? minha espingarda calibre 12 estava no lado de fora da barraca Carreguei 6 cartuchos no revolver Taurus TA calibre 38 e comecei a abrir o fecho da barraca vagarosamente silenciosa, Quando estava aberto, saltei para fora, revolver em punho, pronto para defender a família. O puma, que na realidade era um dos PORCOS DOMÉSTICOS,, assustado, saiu em disparada. Hilário, Não?
Ao voltarmos da caçada (eu, minha esposa e filho) no Pepe, ao chegarmos na altura da Buraqueira,e encontramos o Edson Moretto mais algumas pessoas. Tinham desmontado a ponte para recondicioná-la. E agora, como passar? O local tem um altura em torno de uns 6 metros. No fundo o rio pedregoso. O Edson muito solícito, entrou com o seu trator de esteira no barranco ao lado na ponte, atravessou o rio e subiu o barrando na outra. margem. Desci com o meu "fusca" até a beira do rio, de onde o Edson ,com o auxílio do guincho do trator, puxou o fusca, por dentro do rio, até a margem do outro lado, e içou o o fusca no barranco. Uma verdadeira aventura.
Na década de 1970, motoqueiro que era, íamos em grupo de motoqueiros (tinha lambreta, honda 50 CC, BSA 500 CC, vespa, etc. Eu com minha Yamaha 200 CC. Nossa farra era, descer e subir um barranco, que ficava defronte a Capela, Na descida, pegávamos embalo para saltar o estreito ribeirão. Numa dessas idas ao Faxinal do Bepe, um amigo, já com algumas "marvadas" na cabeça,, conseguiu atolar a dianteira do jipe no ribeirão.
Carlito Duarte
ResponderExcluirOi eu e meu irmão Flávio subimos num Gordin
Sonia Ruth Anton Bauler
ResponderExcluirMuito interessante o texto. Que povo guerreiro. Destemidos. Minha coragem e audácia não são para tanto. Que escuridão que não era. E levar as crianças então. Adorei o tema abordado e a coragem da família. Muito obrigada Beto
Luiz Alberto Pacheco de Sousa
ResponderExcluirParabéns pela publicação.
Tive o privilégio de conhecer a Família Molinari, e ouvir do próprio Sr. Ari relatos da chegada e vida no Faxinal.
Lamento o estado em que se encontram as construções que lá ficaram intactas, a Pousada do Angelo é a casa do Sr. Martin, locais que poderiam ser usados por pesquisadores, Polícia Ambiental e órgãos fiscalizadores. Tenho passado lá frequentemente com Amigos e Família, e acredito que um controle (barreira na estrada de acesso) com identificação de visitantes e cobrança inibiria a ação de vândalos, embora que os caçadores e palmiteiros que lá invadem e destroem ficariam impunes, mas controle sempre é bom.
José Cândido da Silva
ResponderExcluirMeu Deus,que maravilha muita polenta com mel e queijo comemos lá eu e um grande amigo que já mora no Céu.
Ademir Olbrisch
ResponderExcluirMuitas saudades deste lugar que é lindo sim tem que preservar pois com o avanço desordenado poderia abrir para passar dia ali com ordem ......
Suelene Catarina Goldacker
ResponderExcluirJá estive nesse lugar umas três vezes .
Tem muita coisa boa nesse lugar.
Pena que não dá para ir por aí de novo
João Luiz Gonzaga Floriani
ResponderExcluirLugar, realmente, muito lindo! É um paraíso! Belíssimo registro!
Iraci Boos
ResponderExcluirQuando crianças iamos com nosso pai Oswaldo Schmitz lá no Bepe muito dificil chegar até lá más era muito bom assistíamos missa passávamos o dia depois voltávamos pra casa boas recordações.....
Airton Gonçalves Ribeiro
ResponderExcluirFui um casamento do filho do Veio, começou na sexta terminou no domingo, Moretti com seu acordeon animou a bailança, dormi na carroceria de uma pikcap Willys que eu tinha na época...!!!
Catarina Tecla Mistura
ResponderExcluirBelíssimo lugar, fui algumas vezes quando criança com meu pai, e obrigada mais uma vez pelo belo relato!
Marilene Lider
ResponderExcluirLugar lindo,,Lembro aos finais de semana ,Seu Juca Santos,vinha buscar meu Pai João Líder,e lá eles iam para o Faxinal do Bepi..hits e lembranças boas.
Fafá Ramos Martins
ResponderExcluirGostei da história. Obrigada por nos proporcionar tão valioso acervo. Eu não conhecia a origem.
Maria Helena Bonomini Oecksler
ResponderExcluirLegal.Estive lá no casamento do Jorge Molinari, neste dia tinha uma lama na estrada. Foi um sufoco, precisou de um trator para puxar os carros.
Mas a festa foi maravilhosa.
Já fui lá pela picada no meio do mato, do Lageado Botuverá... e tinha o encontro do pessoal de Apiuna todos de pé. Muito divertido.
Passando na casa do Sr Alberto Leal.
Brigite Bier Sant Anna
ResponderExcluir❤️Amei a história ‼️Só ouvia mencionar o local como um ponto imaginário de acesso à Nova Rússia onde frequentemente ia de ônibus, mas historicamente ñ tinha idéia desse espírito envolvente que lá se criou!!!
Que impressionante coleta de achegas‼️