Por sugestão do amigo Airton Gonçalves Ribeiro (Moritz), estamos apresentando hoje sobre um fato que nos traz grandes saudades e um pedacinho de nossa história importante:
A TORCIDA FARROUPILHA.
Por/Carlos Braga Mueller
Jornalista e escritor
Antigamente existia em Blumenau uma favela no morro da caixa d'água (onde hoje está a ETA 1 ao lado da ponte de ferro). Esta favela era conhecida como a Farroupilha. Era um tratamento pejorativo, porque farroupilha significa maltrapilho, mas acabou tendo, também, uma característica sentimental.
Jornalista e escritor
Antigamente existia em Blumenau uma favela no morro da caixa d'água (onde hoje está a ETA 1 ao lado da ponte de ferro). Esta favela era conhecida como a Farroupilha. Era um tratamento pejorativo, porque farroupilha significa maltrapilho, mas acabou tendo, também, uma característica sentimental.
Acontece que era ali, naqueles toscos barracos na barranca do Rio Itajaí Açú, que estavam os mais apaixonados torcedores do Palmeiras E.C., e por isso foi formada a "Torcida Farroupilha". O interessante é que pobres e ricos se uniam nessa torcida e quando o Palmeiras enfrentava seu arqui rival, o GE.Olímpico, a torcida farroupilha desfilava pela Rua 15 com batuques e bandeiras do clube, em um pré desafio ao time grená da Alameda Rio Branco.
Palmeiras 1975 Em pé - Nelson / Carlinhos / Reinaldo / Coral / Tico / Alcir Agachados - Piter / Adaozinho / Vava / Afonso / Helinho
Um dos mais proeminentes torcedores era o saudoso advogado Dr. Luiz Navarro Stotz, que desfilava também, e com a camisa alviverde do clube Se não me engano, a favela Farroupilha foi "desativada" pela Prefeitura em 1949, visando "embelezar" a cidade para festejar o seu centenário em 2 de setembro de 1950. A maioria dos moradores foi deslocada para outro morro, o da Rua Araranguá. Estes fragmentos da história eu conto baseado em memórias da minha infância. Pequeno, eu assistia da janela da casa do meu avô, na Rua 15, a torcida desfilar, cantando e batucando em incontida alegria. Aliás, lá em casa todos torciam pelo Palmeiras, desde os tempos em que ele ainda era o Brasil E.C.
Por/José Geraldo Reis Pfau/Públcitário em Blumenau
A origem do futebol, em nosso país foi iniciativa de engenheiros ligados as empresas de estradas de ferro. Era lazer de empregados das ferrovias, desde da sua origem na Inglaterra. Em Blumenau a EFSC e seus diretores certamente incentivaram a criação de um time de futebol que foi o Brasil e depois Palmeiras. Existiam nas cidades junto a linha do trem diversos times chamados “Ferroviários”. Os jogadores do time de futebol trabalhavam nas Estradas de ferro e nas horas vagas, como aqui em Blumenau defendiam a camisa alviverde. Tanto que o time antes da guerra se chamava Brasil, nome com apelo altamente popular.
Essa divisão das torcidas em Blumenau acontecia pois no Palmeiras certamente na sua base era formada de pessoas simples com pouca o quase nenhuma tradição germânica e ligadas de certa forma aos empregos e aos negócios da ou com a Estrada de Ferro. A EFSC era a grande oportunidade social e econômica para alguns Blumenauenses e quem nos procuravam como centro empresarial para “vencer” na vida. Tinha na torcida também profissionais liberais e até empresários, mas o grito de gol mais forte no campo de futebol vinha da "geral". Além da grande quantidade de funcionários e seus familiares que frequentavam o estádio de futebol como quase única opção de lazer. O trabalho na estrada de ferro era um trabalho duro, pesado e simples. Além das chefias poucos eram os estudos que se exigia. Contrastando com o emprego mais qualificado da industria basicamente têxtil que já era predominante.
O rótulo de “farroupilha” com certeza seria um verdadeiro “orgulho” pois a denominação se identificava com gente simples e acredito que propositalmente contrastante a elite predominante germânica dos patrões. A alegria dos componentes desta torcida era composta das mais diversas raças e nacionalidades que sempre foram características do público que animava e realizava o carnaval e as festas em geral. Por isso batuques, cantorias e alegria extravasada. A Estrada de ferro seria a alternativa de emprego que se apresentava para quem não falava alemão - língua utilizada nas empresas - cujos donos eram quase a totalidade imigrantes alemães.
Os diretores e presidentes do time sempre foram políticos e profissionais conceituados como Dr. Antonio Vitorino Ávila Filho, Abel Ávila dos Santos, e outros ... Como filho de um dos jogadores do Brasil nos anos 40 sei de ver em casa, a irmandade entre os amigos jogadores, do companheirismo e do amor a camisa, da alegria e do grande esforço que faziam, para bem representar o time.
Para saber mais acesse:
Texto de Carlos Braga Mueller e José Geraldo Reis Pfau.
Colaboração : Airton Gonçalves Ribeiro (Moritz)
Adalberto.
ResponderExcluirMuito legal seu blog. Sou de Salvador e estou fazendo uma pesquisa sobre Blumenau e não estava encontrando material. E aqui no seu blog achei além de textos, fotografias - que não encontrei em nenhum outro site. Obrigada e continue com o projeto, parabéns!!
Aló Beto,
ResponderExcluirBacana, gostei, pois lembrava de alguma coisa relacionada com Farropilha.
Agora ficou mais claro.
Um grande final de semana
Sds.
WALFRIDO BACHMANN
Prezados/as, cada vez que o sr. Carlos Braga tira do baú da sua memória alguma coisa, a história de Blumenau avança... e nós nos refestelamos. Quando o sr. Pfau relaciona a origem do futebol no Brasil com os engenheiros ligados a construção das estradas de ferro, me lembro que o termo batata-inglesa, vem de coisa parecida, já que a batata nunca fora inglesa, mas originada aqui mesmo na América, levada depois do descobrimento e se disseminou em muitos lugares do continente europeu, principalmente na Inglaterra, Polônia, etc. E as biroscas de beira de construção das estradas de ferro de antigamente, para atrair os endinheirados engenheiros ingleses aos seus almoços, designavam, "batata à moda inglesa". Depois o termo, "à moda", caiu, e ficou apenas "batata inglesa". Por aí. Abraços. Cao
ResponderExcluirBelas histórias companheiro.
ResponderExcluircumprimentos também ao Braga e Pfau.
Antunes Severo
Brilhante historiador Adalberto Day, parabéns pela matéria e com a intervenção igualmente brilhante do Amigo Pfau e do jornalista Carlos Braga Müller.
ResponderExcluirApesar de ter atuado em campo pelo Amazonas E. C. poucas vezes diante do Palmeiras E. C., lendo este oportuno e merecido destaque a Torcida Farroupilha, confesso ainda, que me arrepio lembrando a vibração dos seu integrantes. Era algo indiscritível e incomodava o time adversário que tinha a obrigação de atuar no Aderbal Ramos da Silva. Lembro de uma tarde de domingo em que Neni Siegel, Remi e eu fomos convidados para atuar no time juvenil do Palmeiras em uma preliminar no Aderbal Ramos da Silva, estarei enviando a foto que registrou este momento para que mantenhas no teu imensurável arquivo.Foi emocionante, mas na segunda feira seguinte, tivemos que enfrentar a severa chamada do Sr. Pera e Henrique Moritz, muito justa por sinal. Minha homenagem aos remanescentes desta inesquecível Torcida e os agradecimentos ao Historiador Day, por ter atendido meu modesto pedido.
Abraços eternos aos que ainda mantem acesa a lembrança do Amazonas E.C......
Meu caro Adalberto,
ResponderExcluirLembro da Torcida Farroupilha que se aquartelava na Rua Araranguá. Era o seu reduto na época em que morava em Blumenau. Depois surgiram as torcidas organizadas do Palmeiras, mais tarde BEC, mas, sempre que se falava do clube da Alameda Duque de Caxias a torcida Farroupilha era lembrada. Bela matéria colocando na internet a história da nossa cidade sob os mais diferentes pontos de vista. Parabéns ao Carlos (Charles) Braha Mueller e ao Pfau.
Edemar Annuseck
São Paulo - SP