quinta-feira, 14 de novembro de 2019

- O HOTEL HOLETZ E SUA ESTRATÉGIA DE DIVULGAÇÃO

Hoje tenho a satisfação de apresentar mais um belo relato do amigo Wieland Lickfel, sobre o antigo e majestoso Hotel Holetz.
O Hotel Holetz, para os padrões da época em que foi inaugurado, em 1902, foi uma edificação majestosa, imponente, especialmente se considerada a juventude do então núcleo urbano do município de Blumenau e sua ainda precária infra-estrutura de acesso e transportes. Demolido em 1959 com o objetivo de ceder espaço ao então considerado dos mais modernos hotéis do Brasil, o Grande Hotel Blumenau, assim como aconteceu com muitos outros empreendimentos e monumentos arquitetônicos que por longos anos marcaram a paisagem urbana de Blumenau e deixaram de existir, praticamente não é referência às gerações mais jovens. Para o historiador e escritor Theobaldo Costa Jamundá (1914-2004), o seu desaparecimento criou uma lacuna impossível de ser preenchida. Para ele, o hotel constituía “a própria fotografia do caráter da cidade” (JAMUNDÁ, 1977) e o progresso, ao impor o seu desaparecimento, do ponto de vista da perda do testemunho cultural, exigiu desta o seu mais alto preço.
Suas origens remontam ao século XIX e possivelmente o registro iconográfico mais antigo ao qual temos acesso seja o abaixo, uma aquarela (1) sobre a qual aparece o nome de Maurício Holetz (o imigrante Moritz Holetz aqui chegado em 1854) juntamente com a indicação do ano que a imagem deseja retratar: 1879.

Residência dos Holetz no início da Rua Richard Hoketz, bairro Bom Retiro.
Nas décadas de 1880 e 1890 Moritz Holetz já oferecia hospedagem aos viajantes em sua propriedade (SILVA, 1960), com frente para a atual Alameda Rio Branco e a Rua 15 de Novembro, e tendo aos fundos o Ribeirão Garcia. O negócio hoteleiro parecia ser a vocação da família Holetz e, anos mais tarde, em 1902 (KORMANN, 1996?), esta inaugurou o empreendimento hoteleiro que foi marco arquitetônico em nossa cidade por quase sessenta anos. Não sem razão foi constantemente citado nas memórias e relatos de viagem de imigrantes recém-chegados e viajantes que nele se hospedaram ou apenas o vislumbraram. A fotografia (2) abaixo, da década de 1950, permite observar como o hotel se destacava na paisagem do centro da cidade. Estrategicamente bem localizado, nas proximidades do porto ao qual chegavam os vapores, e na entrada da cidade para que utilizasse o acesso terrestre entre Itajaí e Blumenau, era facilmente visto pelos visitantes.
Estas linhas desejam motivar o leitor a conhecer melhor a rica história de Blumenau, mas são sobretudo importantes para que se compreenda o contexto do que aqui se pretende tratar: lançar luz sobre um aspecto mercadológico deste empreendimento, colocado em prática há sete décadas e assaz importante para a sobrevivência do negócio, e que continua atualíssimo nestes tempos de economia globalizada: sua estratégia de divulgação.
“A propaganda é a alma do negócio”, assim o dito popular. Consta que o primeiro anúncio publicitário publicado no Brasil data de 1808 quando, com a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, foi criado o jornal Gazeta do Rio de Janeiro. Já os primeiros reclames ilustrados teriam aparecido em nossos jornais a partir de 1875.
Não desejamos nos ater às diferenças conceituais entre publicidade e propaganda. Limitar-nos-emos a observar como este empreendimento lançou mão desta poderosa ferramenta de marketing e vendas, que é a divulgação do negócio, mais de meio século antes do surgimento das teorias mercadológicas que norteiam as ações das empresas em nossos dias.
O Hotel Holetz não dispunha de um modelo referencial refinado como os atualmente em vigor para se posicionar no mercado no período em que nele atuou. Mesmo assim, veremos que sua preocupação, ao divulgar seu negócio, não era outra que sobreviver num mercado competitivo, a exemplo do que fazem as empresas atualmente. Vejamos como isso se deu em certo período da década de 1930, num momento em que o empreendimento já não pertencia à família Holetz. Para tanto, propomos a observação de dois anúncios (3, 4) do Hotel Holetz em publicações daquela época.
Ambos têm teor praticamente idêntico: são ilustrados com a imponente edificação que abrigava o hotel, identificam claramente o empreendimento e seu proprietário (o hotel então pertencia a um Besitzer de nome R. Siebert, muito provavelmente Reinoldo Siebert, conforme atestam outras fontes), informam o número do telefone (a diferença no Telephon No. do hotel pode ter sido um erro gráfico), a caixa postal (Postfach), o endereço telegráfico (Telegramm), a cidade e o estado onde o hotel se localiza, diferenciam-no de seus concorrentes e dão conta de suas características com informações detalhados sobre os serviços prestados e as facilidades oferecidas.
O endereço postal comumente utilizado, com rua e número, tão importante para orientar hóspedes potenciais, curiosamente não aparece nos anúncios. Haja vista aparecerem caixa postal e o endereço telegráfico, nada deveria impedir o hotel de receber sua correspondência. Mas como o viajante recém-chegado à cidade encontraria o hotel? Talvez esta informação fosse considerada desnecessária. Além de o hotel ser conhecido pela cadeia de transportes ora existente, o viajante, ao se deslocar pelo centro da cidade, dificilmente não reconheceria, in loco, a imponente construção que ilustrava os anúncios. Ainda que isso falhasse, certamente não teria dificuldade para encontrar alguém na cidade que lhe prestasse a informação necessária de forma correta. A expressão Bekanntestes Hotel am Platze, que pode ser traduzida como “hotel mais conhecido da cidade” (ou “do centro da cidade”) é a segunda mais fortemente grafada nos anúncios. Utilizada para diferenciar o hotel de seus concorrentes, parece suprir a suposta falta do endereço postal com rua e número. Afinal de contas, quem é tão conhecido pode ser facilmente encontrado. Reforça a indicação quanto à localização do hotel a expressão que aparece ao final do anúncio, im Zentrum der Stadt gelegen, “localizado no centro da cidade”.
Merece destaque o fato de Reinoldo Siebert não ter, a exemplo do que muitas vezes ocorre nos casos de mudança de proprietário, mudado o nome do empreendimento. Ao contrário, preferiu mantê-lo, provavelmente por já à época da compra ter-se tratado de empreendimento com marca consolidada no mercado, referência de hotelaria em Blumenau. No entanto, Siebert parecia saber que “a propaganda é a alma do negócio”, que uma marca supostamente consolidada não deixa as empresas imunes às regras de mercado. Estes anúncios, testemunhos de sua estratégia de vendas, utilizados com o intuito de fazer frente a uma já existente concorrência, publicados ano após ano em diversos veículos de comunicação, parecem demonstrar isso.
A fim de atingir seu objetivo maior, de influenciar a decisão dos hóspedes potenciais, fazendo com que viessem a se tornar clientes, os anúncios fornecem diversas informações a respeito das facilidades e dos serviços prestados pelo hotel. A expressão saubere und luftige Zimmer (quartos limpos e arejados) demonstra a preocupação do hotel em fazer com que seus clientes potenciais saibam que se trata de um estabelecimento preocupado com asseio e higiene. Se em nossos dias estes pressupostos para qualquer estabelecimento hoteleiro que almeja sucesso nem sempre correspondem à realidade, podemos compreender a importância deste argumento no contexto das condições de higiene e infra-estrutura das cidades há quase 80 anos atrás. Já erstklassige Kueche (cozinha de 1a. classe) procurava demonstrar as vantagens de ser hóspede do hotel a partir da perspectiva gastronômica. Relatos do passado dão conta de que a comida do hotel era realmente muito boa. Um contraste aos dias atuais, quando são cada vez mais raros os hotéis que gozam desse tipo de reputação, apesar dos massivos investimentos nesta área. Como ocorre em nossos dias, já naquela época homens de negócio eram vistos como um público-alvo importante. É isso que nos mostra a expressão Musterzimmer stehen den Herren Reisenden zur Verfuegung, equivalente a “salas para a exposição de mostruários encontram-se à disposição dos senhores viajantes”. O vendedor viajante podia contar com uma espécie de showroom para receber clientes, demonstrar produtos e concretizar negócios. Sem dúvida, uma grande facilidade para os vendedores viajantes da época. Àqueles que viajavam de carro era transmitida a tranqüilizadora mensagem de que o hotel oferece genuegende Auto Garagen, ou seja, “suficientes garagens para veículos”. Para completar o anúncio, uma indicação quanto à localização do hotel no centro da cidade, im Zentrum der Stadt gelegen, à qual já nos referimos anteriormente.
Esforços para vender e conquistar clientes não são fruto de um mundo que se globalizou de forma marcante nas últimas décadas com a queda do protecionismo comercial e a abertura econômica. São resultado de uma necessidade que remonta às origens da atividade comercial entre os povos, e que recebeu impulso definitivo a partir do século XVI com o surgimento do liberalismo econômico e a consolidação dos pilares do capitalismo nos séculos seguintes. Muitos dos imigrantes europeus que aqui chegaram a partir da metade do século XIX estavam, portanto, familiarizados com estes conceitos.
A considerar os relatos dos viajantes que fizeram uso do Hotel Holetz, e seu importante papel na vida social da cidade, podemos assumir que as estratégias utilizadas pelo seu proprietário foram, ao menos durante algum tempo, bem sucedidas. No entanto, isso não impediu que o empreendimento entrasse num período de decadência que culminou com seu lamentável desaparecimento em 1959 (SILVA, 1988). As razões para isso, apenas especulativas, além de muitas outras, podem ter sido: escassez de recursos para investimentos em modernização e assim fazer frente a uma nova concorrência, como a do Hotel Rex, inaugurado em 1950 para os festejos do Centenário de Blumenau com base num conceito mais modernos de hotelaria; impossibilidade de adaptação do negócio aos desejos e necessidades de uma classe viajante que se tornava mais exigente; pressão pela iniciativa de romper paradigmas arquitetônicos do passado a fim de dotar o centro da cidade de monumentos arquitetônicos considerados mais adequados à visão progressista dos tempos da passagem da década de 1950 para a de 1960; falta de interesse na continuidade da atividade por parte do proprietário. Fato é que em seu lugar surgiria um novo empreendimento hoteleiro, de características totalmente distintas, e que à época parecia suprir aquilo que o antigo Hotel Holetz já não era capaz de oferecer: o Grande Hotel Blumenau (5).
Autor
Wieland Lickfeld, Bacharel em Administração de Empresas (FURB) e Mestre em Turismo e Hotelaria (UNIVALI).
Colaboração
José Geraldo Reis Pfau e Adalberto Day.
Para ler outros artigos do autor, acesse : - Wieland Lickfeld
Fotografias
(1) Acervo do Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.
(2) Acervo particular do autor.
(3) Blumenauer Volkskalendar 1933.
(4) Blumenauer Volkskalendar 1936.
(5) Acervo do Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.
Fontes
JAMUNDÁ, T. C. Theagá. Florianópolis, ACL, 1977.
KORMANN, E. Blumenau: arte, cultura e as histórias da sua gente (1859-1985). 2 ed. Blumenau: Edith Kormann, 1996?
NIETSCHE & KÖMKE. Blumenauer Volkskalendar 1933. Blumenau: Empreza Graphica, 1933.
____________. Blumenauer Volkskalendar 1936. Blumenau: Empreza Graphica, 1936.
SILVA, J. F. Cervejarias de Blumenau. Blumenau em Cadernos, Blumenau, tomo 3, n. 9, p. 161-3, set. 1960.
____________.História de Blumenau. 2 ed. Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

- Inri Cristo



Em histórias de nosso cotidiano, apresentamos um texto do Jornalista e escritor Carlos Braga Mueller, que nos relata Sobre INRI CRISTO.



ANTIGAMENTE EM BLUMENAU, O RÁDIO ERA ASSIM.

Por Carlos Braga Mueller

A Rádio Clube de Blumenau, que ostentava antigamente um honroso prefixo PR (PRC-4) prepara-se para comemorar seus 80 anos de vida.

Dos meus tempos de PRC-4, me voltam à memória alguns momentos que valem a pena registrar:
O INRI CRISTO COMEÇOU NA RÁDIO CLUBE
Na segunda metade da década de cinquenta eu era locutor de estúdio da PRC-4 Rádio Clube de Blumenau. De "estúdio" eram os locutores que liam as mensagens publicitárias (os reclames) e anunciavam os nomes das músicas que eram rodadas na programação.
O locutor ficava em uma sala forrada com material que evitava eco e à sua frente, em sala separada por um vidro, ficava a técnica de som, como era chamada a aparelhagem onde se conectavam os microfones e os toca discos, os "pratos", que recebiam discos em 78 rotações ou em 33 rpm, os então recém chegados long-plays, que novidade !
Se os 78 de cera quebravam ao cair no chão e tinham agulhas descartáveis, os LPs podiam cair que não estragavam e as agulhas de diamante duravam uma eternidade.

Pois bem. Certo dia um dos nossos operadores de som teve que deixar a rádio, se não me engano para servir o Exército.
Era filho do seu Theiss, um homem boníssimo, conhecido pela cidade inteira, porque vendia bilhetes de loteria, principalmente nas lojas da Rua 15. Ia passando pelas calçadas e na frente de cada loja gritava: Olha a loteria. Vão querer?

O filho do seu Theiss procurou o seu Flávio Rosa, nosso Diretor, e disse que tinha um irmão mais novo, dos seus 15 anos, que podia aprender a ser técnico de som. E veio o jovem aprendiz.
Foi duro ensiná-lo a operar aqueles botões. Quantas e quantas vezes eu anunciava a música e tinha que sair da mesa de locução, pé ante pé, e chegar até a mesa de som para desligar o botão do microfone! Ele simplesmente esquecia-se de cortar o som da cabine de locução.

O jovem me olhava com cara de culpado ... mas fazer o que ? Um dia ele aprenderia. Logo, porém, ele jogou a toalha e foi em busca de outro emprego.
Passaram-se os anos e eis que vejo uma reportagem, não sei se na revista "Manchete" ou no "O Cruzeiro", mostrando a reencarnação do filho de Deus na terra ! E quem estava lá, estampado?
A foto está neste link: http://profetada.com.br/?p=776
O jovem Thais, que havia sido nosso operador de som na PRC-4. Ele se auto intitulava agora INRI CRISTO e, pasmem, tinha até carteira de identidade com esse nome, que fazia questão de mostrar aos que duvidavam da sua identidade divina.
Deixara crescer a barba, falava com os "erres" de pastor evangélico, e se fazia cercar de apóstolos e apóstolas. Todos trajando mantas brancas, como ele.Thais... digo INRI, tinha fincado sua sede em Curitiba.
Ainda hoje INRI CRISTO se intitula o filho de Deus. Os cabelos longos embranqueceram, a coroa que usa é de seda e não tem mais espinhos. Continua com muitos seguidores, mas é bufão quando vai a TV dar entrevistas. Os apresentadores se divertem com ele. Mas como não faz mal a ninguém, INRI CRISTO circula bem entre a moçada do rádio e da TV. Ratinho, até por ser também de Curitiba, é um que dispensa muita atenção ao profeta.
E nós, que o conhecemos adolescente, podemos dizer que um dia tivemos problemas com o Cristo em pessoa!
Aliás, quando INRI lá pelos anos 70 provocou um escândalo em uma igreja do Pará durante uma festa, açoitando os infiéis que "haviam transformado a casa de Deus em um bazar", chamaram a polícia e o delegado logo o soltou. Perguntado por que, o homem da lei foi enfático:
- E se ele for mesmo o filho de Deus?
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História
Eu conheci o INRI CRISTO, quando ainda jovem no bairro da Velha, e ainda se chamava Álvaro Thais. Durante o início dos anos 1970, muitas vezes o encontrei pela Rua XV de Novembro - praças públicas, fazendo suas pregações.

INRI CRISTO nasceu em Indaial,  estado de Santa Catarina, em 22/03/1948. A parteira que testemunhou o nascimento entregou o menino de origem desconhecida a um casal de camponeses alemães católicos, Wilhelm e Magdalena Theiss. INRI CRISTO frequentou a escola Pedro II e  Adolfo Konder, em Blumenau , tão somente até o terceiro ano primário. Deixou de estudar , pois tinha que carregar água para ajudar a mulher que o criara no ofício de lavadeira, a fim de contribuir no sustento da família.
Desde a infância INRI obedece a uma voz forte e poderosa que lhe fala no interior da cabeça; obediente a esta voz abandonou o aconchego do lar aos 13 anos, passando a viver independente da família de criação.
Ainda jovem, trabalhou como verdureiro, entregador de alimentos, padeiro, mascate, garçom vendedor de rifas.

Em 1969, iniciou a vida pública como profeta, apresentando-se como Iuri; falava nas rádios anunciando o porvir e ajudava as pessoas com a solução de seus problemas. Por ser ateu, vivia como profeta de um DEUS desconhecido. Em 1971, começou a falar nas televisões, o que lhe possibilitou conhecer os mais altos escalões sociais. Este período facultou-lhe um minucioso estudo na escola da vida e lhe rendeu o conhecimento puro de ciências humanas, que não se aprende nos livros nem nas academias convencionais, necessário para o cumprimento de sua missão. Em 1976, no caminho da transcendência espiritual, INRI tornou-se vegetariano. Em 1978, saiu do Brasil e peregrinou por diversos países da América Latina. Em setembro de 1979, obediente à mesma voz que o comanda, submeteu-se ao jejum em Santiago do Chile, ocasião em que a voz se revelou como sendo seu PAI, SENHOR e DEUS, o DEUS de Abraão, de Isaac e de Jacó, revelando-lhe, igualmente, sua identidade, ou seja, que era o mesmo Cristo crucificado há quase dois mil anos.

Passou a viver como apátrida, peregrinando por vários países e cidades do mundo, especialmente Europa e América Latina, sempre proferindo sermões ao público de cada cidade. Apátrida porque, obediente à voz em sua cabeça, incinerou todos os seus documentos civis (onde constava seu nome de batismo, Álvaro Thais, por seu nome novo ser INRI CRISTO, como afirma que DEUS lhe revelou. Foi expulso de vários países, como Estados Unidos e Inglaterra, mas bem acolhido na França por nove meses. Nessas peregrinações foi preso mais de 50 vezes, por não possuir pátria. Já de volta ao Brasil (por extradição), em 28 de fevereiro de 1982 praticou o que diz ser Ato Libertário ("anulação da Igreja Católica..."), em Belém do Pará. vivendo como apátrida até 24 de outubro de 2000, data em que o egrégio Tribunal de Justiça do Paraná expediu acórdão determinando a retificação da certidão de nascimento de Inri Cristo junto ao Cartório de Registros Públicos da Comarca de Indaial-SC, e reconheceu sua nova identidade, passando a constar legalmente em todos os documentos civis (Passaporte, RG, CPF, CNH, etc...) "INRI CRISTO" como seu legítimo nome.
Adalberto Day/cientista social e pesquisador da história
Para saber mais acesse :
Entrevista concedida em 1983 ao jornalista Carlos Tonet

Carlos Braga Mueller
Jornalista e escritor
Arquivo Dalva e Adalberto Day
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ADENDO
SERIA MESMO INRI CRISTO O JOVEM APRENDIZ DE SONOPLASTA EM BLUMENAU?

Surgiu agora uma dúvida. Seria o jovem Álvaro Thais o aprendiz de sonoplasta da PRC-4 Rádio Clube de Blumenau há 50 anos ?
Sobre este assunto, recebemos correspondência do próprio INRI CRISTO, assinada por sua assessora e discípula Assinoê Oliveira, na qual ele contesta ter trabalhado na PRC-4, esclarecendo que foi um irmão seu que prestou serviços naquela emissora.
Todavia, expressa a vontade que sempre teve em sua pré-adolescência de atuar naquela rádio de Blumenau.
Reproduzimos abaixo a correspondência que recebemos de INRI CRISTO e em seguida vocês poderão ler mais algumas considerações do jornalista Carlos Braga Mueller, autor da matéria neste blog.
Correspondências (via e-mail) recebidas de INRI CRISTO.
Adendo da Assessoria de INRI CRISTO com seu conhecimento:
Olá, Adalberto!
Em seu blog você publicou um texto de Carlos Braga Junior sobre INRI CRISTO, porém, é necessário esclarecer que INRI nunca trabalhou na Rádio Clube de Blumenau e sim seu irmão de criação, já falecido, Aldolino Theiss. Como pode ver até por asposas coincidências o nome de Aldolino Theiss foi registrado corretamente Theiss, como é originário da Europa, enquanto no nome de INRI CRISTO houve um equívoco do tabelião que escreveu Thais ao invés de Theiss. Aldolino Theiss tinha o mesmo sobrenome do ex-prefeito Félix Theiss.
INRI CRISTO nasceu em 22 de março de 1948 e o sonoplasta mencionado na reportagem Aldolino Theiss, nasceu em 22 de novembro de 1946. Na época em que Aldolino trabalhava na rádio Clube, INRI CRISTO trabalhava numa verduraria de japoneses, num box que havia na Rua Nereu Ramos. Logo após o local onde estava a Rádio Clube havia a Churrascaria Palmital; antes de chegar ao prédio do INSS que ficava na esquina havia a mencionada feira permanente, em cujo primeiro box à esquerda estava a verduraria dos japoneses da família Iriê onde INRI CRISTO trabalhou como verdureiro de 1960 a 1963. INRI sente saudades dessa época.
O seu irmão de criação, Aldolino Theiss, era o sonoplasta; ele saiu da rádio para trabalhar na instaladora Blumenau, da família Cascais, enquanto INRI continuou como verdureiro até 1963. INRI lembra inclusive das coisas que o irmão de criação dizia fazer na rádio; lembra que ele falava dos locutores Nelson Rosenbrock e Nilton Simas. INRI CRISTO recorda de um momento marcante em que Aldolino Theiss lhe mostrara com júbilo uma medalha que ganhou, por ocasião da enchente que houve em Blumenau e ele tinha que andar de canoa até a rádio para fazer seu trabalho de sonoplastia. Se por ventura existem registros nos anais da rádio poderão ver o nome de Aldolino Theiss. Álvaro Thais era o nome que INRI CRISTO fora registrado ao nascer, conforme está até hoje nos documentos. Depois da decisão judicial seu nome completo é Álvaro INRI CRISTO Thais.
Confira nesse link tudo sobre a história jurídica do nome de INRI CRISTO
http://www.inricristo.org.br/index.php/pt/o-tempo .
Aldolino Theiss saiu da instaladora para servir o exército no Rio de Janeiro, o que para ele foi um transtorno, pois se apaixonara por uma moça da cidade. INRI lembra com muito carinho do seu irmão de criação, falecido num acidente de carro no Rio de Janeiro.
Para bem confirmar a condição e posição de INRI CRISTO quando era verdureiro de 1960 a 1963, ele pediu que lhe descrevesse uns lugares no qual ele entregava verduras. Ele lembra com certa nostalgia desse período que entregava verduras ao Restaurante Gruta Azul que ficava na Rua Marechal Floriano logo depois da XV; também entregava verduras ao Restaurante do russo Victor Rogouchie que ficava do lado da Beira Rio e da Praça Dr. Blumenau, onde em 1981 INRI reuniu o povo para dar um sermão e até parou o trânsito. Victor Rogouchi transferiu mais tarde o seu estabelecimento para o Restaurante Aquarius por ocasião da inauguração do Grande Hotel de Blumenau. INRI entregava verduras na Alameda Rio Branco, na casa do Dr. Lourival Saade, também para o Maestrini que se tornou diretor de televisão. Entregava verduras até na Boate Imperial, lugar mais inusitado por onde passou nesse período, que ficava na Itoupava Central depois da Ponte Salto. Ele entregava verduras para vários clientes que tinha nas transversais na Alameda Rio Branco, no Bom Retiro, para o Dr. Moussi, advogado. Nesse mesmo tempo o Aldolino trabalhava na Rádio Clube de Blumenau. Inclusive INRI lembra que houve um período por conta das enchentes que ele não podia trabalhar, a Rua XV ficava toda debaixo d'água. As mercearias tinham que retirar todo depósito e colocar no andar superior. A mercearia Blumenau que ficava em frente do Bola Sete ao lado do Restaurante Petisqueira, por exemplo, INRI até ajudou a evacuar as caixas de pepinos e outras conservas. INRI entregava verduras na Rua Nereu Ramos para a viúva do tabelião Nóbrega.

Nesse mesmo tempo, além da Rádio Clube e da Rádio Nereu Ramos de Blumenau tinha também o Zone Cassiano e ele tinha uma espécie de rádio improvisada num carro com alto falante e andava pelas ruas de Blumenau fazendo concorrência com as emissoras de rádio. Ele era filho do Cassiano das Neves dono do Ninho da Sorte, única casa lotérica que tinha no centro da cidade na época.
INRI diz ter boas recordações da Rádio Clube, naquele tempo a rádio mais respeitada e ouvida de Blumenau; já a rádio Nereu Ramos não tinha a mesma audiência, cujo diretor na época era o Lazinho (Evelásio Vieira) tornou-se Senador da República. A Rádio Clube era tradição em Blumenau nos tempos em que INRI era ouvinte, no período de sua adolescência. INRI até gostaria de ter trabalhado na rádio se o tivessem convidado, mas quis o destino que INRI passasse a conviver em ambiente de rádios somente quando iniciou sua vida pública em março de 1969, aos 21 anos. Começou pela Rádio Princesa de Francisco Beltrão - PR, dirigida por Domingos Bertanholi, que era o proprietário, e a partir de então falou em centenas de rádios em todo o Brasil. Inclusive falou durante horas na Rádio Nacional do Rio de Janeiro e na Super Rádio Tupi convidado pela Cidinha Campos em 1981.
INRI tem muitas recordações de Blumenau onde passara sua infância e pré-adolescência.
Ele iniciou sua alfabetização no D. Pedro II e depois o 3° e último ano por motivo de transferência de residência no Adolph Konder.
INRI apreciou ver o prédio da Rádio Clube publicado em seu blog e ficou feliz em constatar que o jornalista Carlos Braga está fazendo um excelente trabalho de história.
INRI CRISTO percebeu que você é uma pessoa de lisura e se você achar de bom alvitre para preservar a verdade genuína você pode proceder com a correção.
Fizemos questão de fazer essas correções no intuito de contribuir com seu trabalho e no afã que a verdade prevaleça.
Seja bem-vindo aqui na sede da SOUST, em Brasília, se tiver interesse de coletar outras informações.
Cordialmente,

Assinoê Oliveira - Discípula
Assessora do MÉPIC
Movimento Eclético Pró INRI CRISTO
Telefone da assessoria: 61 3404 0134
Site oficial de INRI CRISTO: www.inricristo.org.br
Twitter oficial de INRI CRISTO - http://twitter.com/_INRICRISTO
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CONSIDERAÇÕES DE CARLOS BRAGA MUELLER
Lembro-me de um Theiss, que INRI CRISTO em seu e-mail classifica como seu irmão de criação Aldolino, como sendo o técnico de som (sonoplasta) da PRC-4 Rádio Clube de Blumenau de 50 anos atrás, ao tempo em que eu era locutor da emissora e usava um pseudônimo, como era moda: Charles Neto !
Recordo também que quando este técnico de som teve que deixar a rádio, disse que tinha um irmão menor de idade que poderia ficar no lugar dele. É bom salientar que naquela época aos 14 anos já se podia trabalhar com carteira assinada, recebendo meio salário. O jovem esteve na rádio e como aprendiz fez testes durante alguns dias, não sendo admitido. É a imagem deste jovem que ficou na minha lembrança como sendo aquele que se tornaria depois o INRI CRISTO. Claro, posso ter me enganado em minhas lembranças pois tudo aconteceu há 50 anos !
Mas o importante neste resgate histórico é o depoimento de INRI CRISTO, que acabamos provocando e no qual ele faz um relato muito interessante sobre a Blumenau daqueles tempos.
Depois de ler a matéria no blog do Adalberto Day ele fez colocações de uma forma cordial e educada e lendo suas recordações pode-se ver que sua vivência em Blumenau foi bastante intensa, deixando-lhe marcas profundas, principalmente dos trabalhos que desenvolveu como ajudante de uma verdureira. Tempos que lhe trazem saudades, como salienta no seu depoimento.
INRI CRISTO também confirma que a grafia do sobrenome de sua família é Theiss. Mas ele foi registrado como Thais por uma falha do registro civil de Indaial, onde nasceu.
E referenda que sua carteira de identidade traz agora o nome de Álvaro Inri Cristo Thais.
Talvez pelo envolvimento do seu irmão com a PRC-4, e por acompanhar a programação da emissôra, Álvaro confessa que era um sonho seu atuar também na PRC-4 naqueles tempos de juventude e lembra-se de radialistas como Nelson Rosenbrock e Nilton Simas (hoje já falecidos).
Como se vê, rebuscando lembranças, sempre se acaba revivendo momentos interessantes da nossa história.
Se no caso de INRI CRISTO fui traído pela memória, paciência.
Acabamos resgatando uma parte da biografia desse líder religioso, adorado por alguns, combatido por outros, mas conhecido nacionalmente graças ao apoio que recebe da mídia.
Carlos Braga Mueller
Jornalista e escritor
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Adendo:
De: Luciana Horne [mailto:hornbragalucian@yahoo.com]
Enviada em: segunda-feira, 7 de novembro de 2016 00:53
Para: familiaday@terra.com.br
Assunto: ALDOLINO THEISS

Olá,

me chamo Luciana Braga Horne.
Só hoje tive a ideia de procurar na internet por "Aldolino Theiss"
(nascido em Indaial, SC em 22 de Novembro de 1948 e que mudou-se com a família para Blumenau ainda muito jovem). Então,  para minha surpresa, entre os resultados de pesquisa do Google, eu acho este artigo no Blog do ADALBERTO DAY situado em http://adalbertoday.blogspot.com.br/2011_12_01_archive.html.

Como a data do artigo, no qual a menção a Aldolino Theiss, é de Dezembro de 2011, não sei se ainda receberei alguma resposta. No entanto, decidi enviar essa mensagem assim mesmo.

Eu sou do Rio de Janeiro e conheci o Aldolino Theiss em na noite do dia 23 para 24 de Setembro de 1988, por intermédio de um colega de faculdade que o conhecera perto de sua residência. Eu e esta colega havíamos assistido um filme no cimena de um Shopping Center no bairro onde em morei, na Gávea. Ele morava no bairro vizinho, o famoso bairro do Leblon, na zona Sul do Rio.

Depois de comermos uma pizza, após a sessão de cinema, fomos dar uma volta a pé. Foi então que, em pouco tempo, o meu colega exclamou "Lá está ele!", pois vinha me contando que tinha conhecido uma pessoa bastante singular, e lá estava ele, o Aldolino, encostado no balcão de uma lanchonete e bar no Baixo Gávea.

Ficamos conversando, eu, o meu colega e o Aldolino até a manhã do dia 24. A partir daí, eu e o Aldolino começamos uma relação afetiva e emocional muito intensa que durou 1 ano e 8 meses, terminando com o seu falecimento por causa de um atropelamento que eu e ele sofremos em cima de uma calçada no bairro de Copacabana, na noite de 16 de Junho de 1990.
Seis dias depois, em 22 de Junho de 1990, ele falceceu devido a hemorragia interna que não pôde ser contida, e eu tive como dano físico mais grave a perda dos meus dentes superiores frontais com suas raízes, fora algumas escoriações e traumatismos sem muita gravidade. Mas, fiquei com visão dupla durante umas duas semanas.

Ele me contou que serviu o Exército no Rio de Janeiro, porque rapazes de Santa Catarina eram convocados pela sua estatura e  boa constituição física. Ele foi Polícia do Exército naqueles tempos de ditadura. Depois conheceu Loreci, uma moça do Paraná que era da família Vargas de Oliveira com quem ele se casou e tiveram um filho chamado Damien Pablo Oliveira Theiss que nasceu, pelo que sei, nasceu no Rio de Janeiro e hoje em Pato Branco, no Paraná, e se tornou advogado. Tive a oportunidade de conhecê-lo depois do atropelamento e do falecimento do seu pai Aldolino, pois ele teve a gentileza de ir me visitar na casa da minha mãe (já falecida há 17 anos), quando ainda era um rapazinho de 15 anos de idade. Quando eu conheci o Aldolino, ele já tinha se divorciado da Loreci.

Eu chamava o Aldolino pelo seu sobrenome Theiss, apenas mudando para a pronúncia do "ei" em Português. Eu tinha completado 22 anos de idade em 30 de Junho de 1988, um pouco antes do encontro com o Aldolino que se encontrava em situação precária e tinha a ajuda de um primo Frei Franciscano chamado José Schwartz Pereira por parte materna. Ele também havia sofrido a amputação da perna esquerda (abaixo do joelho) devido a um acidente de carro e depois de 4 anos de tentativa de salvação da sua perna.

Primeiro começamos a namorar e eu ainda morava com minha mãe e estudava na PUC-RJ. Depois de uns seis meses, fomos morar em um hotel no bairro da Glória com um amigo do Aldolino. Este rapaz se chama Luiz Augusto Richa, gaúcho e descendente de Libaneses que não queria morar com os pais, havia se convalescido de uma Pneumonia e era funcionário do Ministério do Trabalho. Depois disso, moramos em uns 3 ou 4 apartamentos de quarto e sala em Copacabana.

Por fim, quanto ao INRI CRISTO, eu posso dizer que o Aldolino me falou sobre ele, mas, por incrível que pareça, eu já o tinha visto através da TV há alguns anos atrás, quando ele já estava vestido de túnica. Porém, apenas em Outubro de 2004, eu fui até Curitiba, na sede anterior da SOUST, no Alto do Boqueirão em Curitiba, para estar pessoalmente com o INRI, depois que ele começou a aparecer em programas como o extinto Super Pop da Luciana Gimenez na REDE TV.

Eu não sabia sobre o trabalho do Aldolino (ou não lembrava-me) na Rádio Clube de Blumenau e fiquei muito feliz por achar este artigo.

Um abraço,
Luciana.


Arquivo Dalva e Adalberto Day

terça-feira, 5 de novembro de 2019

- E.I. Garcia. 1001 utilidades.

"1001" Utilidades.
A empresa pioneira no ramo têxtil de Blumenau.
Fazia de tudo, pioneira em quase tudo. Trouxe o Progresso para todo Grande Garcia e Blumenau.
Acervo: antigamente em Blumenau 
 
Mesma foto que possuo original - e notem ainda não existia a Artex a esquerda.

Transcrição com correção ortográfica:
Empresa Industrial Garcia – Blumenau Santa Catarina
Escritório e Fábrica: GARCIA
End. Telegrama: GARCIA
Caixa Postal N.22
Fiação, Tecelagem, Serraria, Marcenaria, Fundição e Oficinas Mecânicas
Assadeiras de Ferro fundido, Arados reversíveis EIG, Buzinas para carros, Bancos para Jardins, Chapas para fogão com quadro e de qualquer modelo e com radiador para instalação de água quente e fria, Cruzes de ferro para tumulo, Forjas quadradas, Moendas de cana (diversos tipos),  Maquinas para ferragem, grandes e pequenos Moinhos de fubá, adaptáveis ao descasques de café, Marquesas para vitrines, Pesos para balanças, Panelas de ferro, Rodízios para cama, Bombas centrifugas e outras quaisquer maquinas.
Sinos de bronze, de qualidade insuperável – Polimento durável
PEÇAM ORÇAMENTOS
Fundição da E.I.Garcia em 1944

Aspectos Históricos   
                 Em 1860, com a chegada do imigrante alemão Johann Heinrich Grevsmuhl nascido em (12 de novembro de 1804 – provavelmente falecido nos primeiros meses de 1883, abordo de um navio que o conduzia para tratamento de saúde na Alemanha), o Vale do Garcia tomava novo impulso.
Não satisfeito com os trabalhos agrícolas, passara a explorar a madeira da região, constituindo uma serraria, e com o represamento do Ribeirão Garcia, pode instalar uma atafona movida a força da roda d' água, (energia elétrica veio em definitivo para o bairro somente  por volta de 1914) que ficava próximo as duas Empresas Garcia e Artex.
            Os compensadores progressos do empreendimento levaram-no a associar-se com dois vizinhos, que conheciam a técnica da tecelagem, para a organização de uma fábrica. Nascia naquela região, a semente da indústria têxtil por volta de 1868, solidificando-se mais tarde com o nome de Empresa Industrial Garcia.
Em decorrência desta atividade têxtil, a região passaria por uma série de transformações, sendo uma delas o surgimento do lavrador-operário. A divisão da propriedade e o esgotamento das mesmas, provocadas pela falta de espaço para a “Rotação das Terras, dificultavam a opção do plantio, que não dependia exclusivamente do agricultor”.
            Outro aspecto que merece destaque é o fato do imigrante alemão ao chegar à nova terra, trazer na sua bagagem cultural, usos e costumes de seu país de origem.
           
            Dentro desta visão, o constante processo de desenvolvimento econômico, e consequentemente populacional, começa a abranger o Garcia. A industrialização abria espaços para novos empregos e muitos migrantes vindos de outras cidades buscam o "ELDORADO" de uma vida melhor. O espaço ocupado por estas pessoas: urbano e rural; providos ou não de recursos; e o próprio descaso dos órgãos municipais aos longos dos anos, passava a gerar problemas sociais devido à falta de infraestrutura da cidade para acompanhar o desenvolvimento crescente das últimas décadas.

A Pioneira
A primeira indústria que se instalou no bairro e mais antiga de Blumenau, foi a Ex-Empresa Industrial Garcia em 1868, na Rua Amazonas nº 4906 - fundada por Johann Heinrich Grevsmuhl (que possuía em suas terras que depois foram vendidas para Garcia e Artex, uma roça de aipim com um moinho para fubá e engenho de serra) August Sandner, Johann Gauche,( Confirmado no Documentário da CIA. Hering por ocasião de seu centenário  em 1980) associaram-se com um tecelão, conhecido como Lipmann (já possuía teares desde 1865) que ajudou a montar alguns teares e deram impulso na primeira indústria têxtil de Blumenau, com o nome de “Johann Henirich Grevsmuhl & Cia.” Este era o nome da pequenina tecelagem -. A partir de então, a tecelagem passa às mãos de Gustav Hermann Roeder hábil tecelão ajudou a montar a empresa, mas ficou somente até 1878 quando retornou para Alemanha.
. Em 1883 passou a denominar-se “Tecelagem de Tecidos Roeder”,. Em  1906 “Probst & Sachtleben”.

Em 1913 a Empresa foi transformada em Sociedade Anônima, adotando a denominação “Empresa Industrial Garcia  & Probst”. Fabrica de Fiação e Tecelagem – Tinturaria – Fundição – Serraria – Olaria - -Oficina Mecânica – Marcenaria - Ferraria.
A empresa colocou o nome de Garcia em homenagem a primeira família a residir no bairro conhecido como gente do Garcia. A ex E.I.Garcia já foi também conhecida  pela fabricação de maquinário agrícola e de sinos para Igrejas. Otto Huber técnico austríaco trouxe idéias não só para a tecelagem, mas também foi responsável pela implantação do prédio com três pavimentos.

Em janeiro de 1918  verificou-se a nova alteração no nome da firma  com a retirada do seu maior acionista JÚLIO PROBST. Na constituição da nova sociedade, verificou-se a entrada de capitais de Curitiba Grupo Hauer (permanecendo até o final da Empresa), passando definitivamente a denominar-se “Empresa Industrial Garcia S/A”.
 Em 15 de fevereiro 1974, a E.I.Garcia, incorporou-se a Fábrica de Artefatos Têxteis  - Artex. A incorporação teve cunho político através do governo federal, que investia nas duas empresas, a Artex dirigida pela família Zadrozny e a Garcia controlada por dirigentes do Estado do Paraná, grupo Hauer, que controlava a empresa que pertencia a um grupo canadense. O processo de incorporação teve início no dia 15 de fevereiro de 1973.
Empresa centenária em 1968

Texto Adalberto Day e com colaboração de José Geraldo Reis Pfau.