quarta-feira, 25 de março de 2015

- Theóphilo Bernardo Zadrozny

Homem de visão
Theóphilo Bernardo Zadrozny (foto) nasceu na cidade de Lodtz (Polônia) em 24 de maio de 1890 e faleceu em 08 de fevereiro 1961. Observação em seus documentos no Brasil, inclusive certidão de casamento está erroneamente como nascido em Brusque.
Chegou ao Brasil por volta de 1914, provavelmente desembarcou no porto de São Francisco do Sul-SC com um navio da firma Karl Hoepke  no qual um tio dele Louis Zadrozny, que era maquinista. Morou em Brusque onde seu tio tinha residência. Chegou sem familiares direto, solteiro.
Quem o incentivou para vir ao Brasil foi o seu tio, e provavelmente fugido da primeira guerra mundial. Filho de Júlio Zadrozny e Ida Bopp.
Foi casado com Frieda Rischbieter, nascida a 11/7/1893, falecida a 04/5/1973.
Tiveram quatro filhos: Júlio, Arno, Norberto Ingo e Carlos Curt Zadrozny. Todos foram diretores da empresa Artex S/A. Destaque para Carlos Curt Zadrozny que foi prefeito de Blumenau entre 1966/1970 (Carlos Curt Zadrozny 8 de maio de 1926 – Blumenau, 25 de março de 1990) . Em sua gestão foi inaugurada a primeira parte da Avenida Castello Branco, mais conhecida como Beira Rio em 1968.
Theóphilo Bernardo Zadrozny foi fundador e diretor presidente da Artex S/A e da Administradora Comercial S/A; foi também diretor da ACIB – Associação Comercial e Industrial de Blumenau. 
Imagens de 1936
Apresentamos fotos inéditas dos anos iniciais da ex empresa Artex, que incorporou a Empresa Industrial Garcia em 15 de fevereiro de 1974 – hoje pertencente a Coteminas. 
Theóphilo Bernardo Zadrozny e o austríaco Otto Huber, que trabalhava na Empresa Industrial Garcia. Fundaram a  Artex   em 23 de maio de 1936. Também estiveram juntos na fundação Max Rudolf Wuensch e Albert Hiemisch, que igualmente atuavam na Empresa Industrial Garcia. O primeiro diretor-presidente foi Ricardo Peiter.  
Frieda Zadrozny, Theóphilo B. Zadrozny, Richard von Diringshofen , ?,?, e o primeiro a direita Sr. Soto.  Artex 20 anos comemoração em 1956
Artex em 1958 
Carlos Curt Zadrozny, ?, ?, Theóphiloo B. Zadrozny, ? e Arno Zadrozny
Artex S/A, em 1938
Revista Manchete de Outubro de 1966 -  Colaboração Guenter Georg
História
A empresa Artex foi fundada em 23 de Maio de 1936 na Rua Progresso nº 150 – por Theóphilo Bernardo Zadrozny e Otto Huber, que compraram as terras da família Gresvsmuhl.
É bom observar sempre o capital agindo sobre o proletário. Theóphilo Bernardo Zadrozny, não possuía grandes conhecimento no ramo têxtil, porém seu dinamismo e espírito empreendedor, possibilitaram a fundação de uma nova empresa a Artex S/A. Então convidou um hábil tecelão e técnico chamado Otto Huber que trabalhava ali próximo na Empresa Industrial Garcia, para associar-se. As duas empresas citados Garcia e Artex, foram empresas que fizeram através de seus colaboradores, o crescimento não só do bairro Progresso, mas de todo grande Garcia. Otto Huber (Austríaco) um dos fundadores da Artex trabalhou 30 anos na E.I.Garcia, e convidado por Theóphilo Bernardo Zadrozny.
Otto Huber foi um profundo conhecedor da arte de tecer. Era mestre Técnico da Empresa Industrial Garcia, e prestou relevantes serviços a indústria de Blumenau. Ele não concordava com algumas atitudes do diretor geral da Empresa Industrial Garcia sr. João Medeiros Jr., que entre outras era muito querido pelos empregados, por promover lazer através de esportes” e diversão com musicas que eram ouvidas nas horas de folga no interior da empresa, por intermédio de alto-falantes desde 1929..Huber comentava com amigos e empregados, que quando tivesse oportunidade, montaria sua própria empresa. E essa oportunidade surgiu em 23 de maio de 1936, em um convite que recebeu de Theóphilo Bernardo Zadrozny, e juntamente com outros empregados da Empresa Industrial Garcia, fundaram a Artex.”– O Primeiro diretor Presidente foi Ricardo Peiter. Também iniciaram os preparativos na montagem da nova empresa, Max Rudolf Wuensch e Albert Hiemisch” Alfredo Hess, Artur Rarbe. 
Arquivo e dados sobre Theophilo Zadrozny fornecidos por Alfredo Zadrozny (Fred Zadrozny).

terça-feira, 17 de março de 2015

- A professora de corte e costura

Um relato de nosso amigo Valter Hiebert (falecido em 2016) sobre sua família e principalmente de sua querida mãe Anna Vale a pena ler todo conteúdo e com ele saber das dificuldades encontradas por muitos imigrantes. “Os RUSSOS” da Rua 12 de outubro.
Anna e David Hiebert em 1940
A PROFESSORA DE CORTE E COSTURA DA RUA DA GLÓRIA NOS ANOS 50 E 60.
Nos anos 19(50,60) toda moça se preparava por vários anos para o casamento, mesmo que ainda não inexistisse algum futuro pretendente.
Dentre outras qualificações era necessária a moça ter habilidades culinárias, montar um enxoval para residência do futuro casal, bem como saber cortar e costurar as roupas da futura família.
O curso de corte e costura era um conhecimento adicional que valorizava muito o “curriculum vitae” das possíveis futuras esposas.
Para aprender o corte e costura as moças procuravam as costureiras do bairro, as quais também ofereciam esse aprendizado às moradoras da região.
Sr. David "Russo" e filho Adolfo em sua bancada na oficina na Rua 12 de Outubro,111 bairro da Glória.
Casa onde residiam
Na região da rua da Glória, na já inexistente rua 12 de Outubro, nº 111, onde hoje existem os últimos pavilhões da Coteminas, (antes EI Garcia)  Praça Getúlio Vargas  e o terminal Urbano Garcia, a costureira e professora de corte e costura era Anna Klassen Hiebert, esposa de David Hiebert, conhecido como o “Russo” do bairro do Garcia, que além, de ser tecelão na Empresa Industrial Garcia S.A. tinha também uma oficina de rádios e outros aparelhos na sua residência.
Dentre as muitas alunas que passaram pela professora Anna Klassen Hiebert estavam a Ilse Machado (casou com Izidro Souza), a Ironi Pera (casou com o Zézinho da cooperativa da EIG) e a Iracema Hinkeldey.
Eram meses de convivência no período da tarde e várias delas se tornaram muito amigas da professora Anna Klassen Hiebert, sendo que a Ilse Machado foi convidada e aceitou ser a madrinha do neném da professora que nasceu em 1954, época em que realizava o seu curso. Nasceu um menino que se chama Adolfo Hiebert.
Mas quem era Anna Klassen Hiebert, mãe de sete filhos, duas meninas e cinco meninos, nascidos em 1942, 1943, 1946, 1948, 1954, 1959 e 1964?
Anna Klassen nasceu em 15 de abril de 1917, em Steinfeld, Ucrânia. O local era uma colônia menonita entre centenas que existiam na região.
Dada a perseguição, expropriações e fuzilamentos de familiares promovidos pelos comunistas a partir de 1919 a família remanescente de Anna Klassen saiu de Steinfeld no final de outubro de 1929. Eram oito pessoas: seus avós maternos Heinrich Kasper e Anna Kasper; seus irmãos Helena Friesen, Katharina Friesen, Heinrich Friesen, Julius Klassen e Gerhard Klassen; e uma tia gravida, filha de Heinrich Kasper, cujo marido fora fuzilado.
Os seis irmãos eram criados pelos avós maternos porque os pais tinham falecido em Steinfeld/Ucrania, ambos ainda jovens.
Ao começar a emigração da Rússia para a Alemanha saíram de Steinfeld de carroça e foram até a estação ferroviária que ficava a 7 km da residência deles.
Na noite do mesmo dia embarcaram num trem para Moscou.
A viagem até Moscou durou dois dias e duas noites.
Em Moscou alugaram vagas numa dacha da região para aguardar o sonhado documento que permitiria a saída da Rússia para a Alemanha. Assim faziam centenas de famílias que pretendiam sair do "paraíso" comunista.
Enquanto esperavam o asilo solicitado para a Alemanha a polícia soviética invadiu a dacha onde estavam e prendeu quem viu na casa. Várias famílias foram presas e deportadas para a Sibéria, Cazaquistão e alguns retornam para sua cidade de origem..
No momento da prisão das famílias que estavam naquela dacha os irmãos Julius e Gerhard Klassen estavam debaixo de uma mesa e não foram vistos, não sendo presos.
Helena e Heinrich também não foram achados e não foram presos.
Anna Klassen, Katharina Friesen, Heinrich Kasper, Anna Kasper e sua filha grávida foram presos e levados para uma prisão em Moscou.
Anna Klassen e sua irmã Katharina Friesen foram soltas, pois eram menores. Anna Klassen tinha 12 anos. Era o ano 1929. Foram soltas, mas não tinham quem cuidasse das mesmas.
Do avós Heintich Kasper e Anna Kasper e da filha deles a família ficou sabendo, já na Alemanha, que a tia dera a luz a gêmeos na prisão, mas falecera no parto. Os avós foram liberados com os dois bebês em pleno inverno moscovita e deles nunca mais a família obteve noticias. A hipótese mais provável é a de que os avós com os dois netos morreram de frio nas ruas de Moscou.
Julius Klassen, Gerhard Klassen, Heinrich Friesen e Helena Friesen foram acolhidos por outras famílias menonitas que conseguiram asilo e foram para a Alemanha .
Anna e Katharina ficaram sozinhas em Moscou. Anna Klassen tinha 12 anos.
Como ficaram sozinhas e perdidas, talvez querendo voltar para a cidade de origem, estavam numa estação ferroviária, quando Katharina desmaiou de fome.
Katharina contava que a última imagem que tinha antes de desmaiar era a de Anna chorando.
Vendo uma moça desmaiada e uma criança chorando, uma outra família menonita que já tinha conseguido o visto de saída socorreu as duas, levando-as junto com um grupo que conseguiu asilo na Alemanha.
Elas saíram de Moscou no final de novembro de 1929 no último grupo que conseguiu sair legalmente da Rússia.
A viagem foi de Moscou até Riga, na Rússia, depois até Eydtkuknen na Alemanha.
Em Eydtkuknen, já na Alemanha, tomaram banho e sauna para matar os piolhos que todos traziam da Rússia.
Todas as roupas passaram por fornos especiais para matar piolhos.
De Eydtkuknen foram para Hammerstein, onde ficaram até 4 de abril de 1930.
A seguir foram para Möllen, em Lanenburg, onde ficaram até julho de 1931, esperando a imigração para o Canadá, onde já residiam duas irmãs casadas dos mesmos que tinham saído da Rússia em 1927.
Em Möllen Anna e Katharina reencontraram irmãos, Helena, Heinrich, Julius e Gerhard.
Como o Canadá não aceitava mais imigrantes na ocasião, os irmãos optaram pela emigração para o Brasil.
Em 18 de julho de 1931, no porto de Hamburg, os três irmãos, Julius Klassen, Gerhard Klassen e Anna Klassen, ela então com 14 anos, e as meia-irmãs Helena Frisen e Katharina Friesen, embarcaram no navio Monte Oliva e vieram para o Brasil.
Eles viajaram com a família de Heinrich Friesen que tinha seis filhos. Ele era primo de Helena Friesen.
Em 6 de agosto de 1931 chegaram ao Rio de Janeiro, mas não saíram do navio.
Em 7 de agosto de 1931 fizeram escala em Santos – SP.
Em 8 de agosto de 1931 desembarcaram em São Francisco – Santa Catarina.
Em 9 de agosto de 1931 viajaram de trem até Jaraguá do Sul – Santa Catarina.
No mesmo dia foram de caminhão até Blumenau – SC.
Ainda no mesmo dia foram de trem até Ibirama – SC que naquele tempo chamava-se Hamonia.
Em 10 de agosto de 1931, com a bagagem e os idosos em carroças, todos os demais a pé, foram até a Colônia Dona Emma, onde pernoitaram.
Em 11 de agosto de 1931 subiram a serra por um caminho no meio do mato (picada), até que chegaram num local de mata virgem denominado Stolz Plateau ou Augen, hoje parte de Witmarsun – SC.
Era o último grupo de menonitas que chegou na região.
Os cinco irmãos ficaram na mesma casa com Heinrich Friesen, uma espécie de protetor dos cinco irmãos.
Anna Klassen, a futura professora de corte e costura da rua da Glória saiu da Rússia com 12 anos. Agora tinha 14 anos.
A viagem dos irmãos da Rússia até a nova residência durou 2 anos.
Helena, Katharina, Julius, Gerhard e Anna tinham um novo lar, era chamado pelos vizinhos de a casa dos Friesen.
Mas nenhum deles ficou muito tempo no novo lar. As condições de vida no meio da floresta virgem eram absolutamente difíceis, em especial para um grupo de jovens, sem pai nem mãe.
Vários imigrantes menonitas foram procurar emprego em Blumenau, Curitiba e até São Paulo. Anna Klassen, apesar de ser a mais nova dos irmãos, foi a primeira a sair. Ela optou por Curitiba. Tinha então quinze anos, era 1932.
Uma amiga convidou e ela foi trabalhar de doméstica na casa da família Hauer, em Curitiba. Tratava-se de família da elite curitibana em cuja mansão, localizada na rua Emiliano Perneta, hoje funciona o restaurante Scavolo.
Em Curitiba Anna Klassen  começou a namorar David Hiebert, também imigrante menonita que trabalhava como jardineiro e depois entregador de pães naquela cidade. A família dele residia no Krauel, hoje Witmarsun.
Em 1941 Anna Klassen mudou-se para Blumenau onde já estava seu futuro marido e foi trabalhar primeiro no Tabajara Tênis Clube e depois na Empresa Industrial Garcia S.A..
Em 23.02.1942 obteve o “Salvo Conduto Especial para Estrangeiro nº 143”, válido por dez dias, para viajar até “Getúlio Vargas”, onde se casaria com David Hiebert. A localidade era conhecida como Krauel, hoje Witmarsun. O casamento foi celebrado na casa da mãe de David e o idioma utilizado pelo pastor foi o Russo, já que era proibido falar alemão.
A curiosidade é que no Salvo Conduto consta que ela era natural da Rússia, país aliado do Brasil na Segunda Guerra Mundial, mas eles eram tratados com sendo inimigos alemães.
Da esquerda para a direita: Valter (falecido em 20/06/2016), Carlos, Anna Klassen Hiebert (nossa mãe falecida em 1973), Adolfo, David Hiebert (falecido em 1970), Irene Hiebert Kertischka (falecida em 2007), e Rosita Hiebert, falecida em 1961.
Rua 12 de Outubro
De 1942 até 1968 Anna Klassen, agora Hiebert, residiu na rua 12 de outubro, nº 111. Era a primeira rua a esquerda na rua da Glória, onde hoje estão os últimos pavilhões da Coteminas, Praça Getúlio Vargas e o terminal Urbano.
Anna com as filhas Irene e Rosita em 1944
De 1968 até 1973 ela residiu na rua Ipiranga, 81, Garcia, em Blumenau.
Ele teve sete filhos: Rosita, Irene, Valter, Carlos, Adolfo, Ivo e Alex.
Ela faleceu em 04.11.1973 em Blumenau, SC, tinha 56 anos, está sepultada no cemitério da rua Progresso no Garcia (Progresso).
Suas alunas Ilse Machado/Souza e Irone Pera/???  residem no Garcia e no município de Penha, SC, respectivamente.
A aluna Iracema Hinkeldey já é falecida.
A professora de corte e costura Anna Hiebert foi excelente mãe para seus sete filhos que se orgulham muito da mulher trabalhadora, batalhadora e educadora que ela sempre foi, sendo o alicerce da família nos anos em que nosso pai estava impossibilitado de trabalhar em razão de grave doença que o acometeu.
O maior trauma da professora Anna Hiebert foi ter perdido prematuramente a sua filha mais velha, Rosita Hiebert, que faleceu quando tinha apenas 19 anos.

OS PRIMEIROS DIAS DE ANNA KLASSEN E IRMAÕS NO BRASIL RELATADOS POR SEU IRMÃO JULIUS KLASSEN
A redação a seguir é de Julius Klassen, cujo original está com Valter Hiebert.
São respostas a perguntas feitas por carta por Valter Hiebert, a qual não foi encontrada, mas as respostas permitem entender o que foi perguntado. Essa mesma carta com as mesmas perguntas encaminhei para Jakob Hiebert, irmão de meu pai, que também me respondeu as mesmas perguntas.

RESPOSTAS DE JULIUS KLASSEN:
"A região era só mato virgem com muita madeira de lei, tal como imbuia, canela e cedro, além de outras. Vez em quando uma clareira no meio do mato, aberto por aqueles que chegaram um pouco antes do que nós. As terras eram mais ou menos, mais muito acidentadas, de maneira que não tivemos boa impressão."
"Como os imigrantes estavam acostumados na Russia a trabalhar com máquinas agrícolas modernas naquela época, tiveram que mudar o sistema de trabalho no mato virgem com ferramentas de mão, tais como machado, enxada, foice, etc.. Por isso a impressão não era das boas, mas assim mesmo agradeceram a Deus por ter lhes conduzido a um País (Brasil) com plena liberdade de palavra e um povo bondoso."
"As dificuldades encontradas foram muitas. No começo só tinham picadas, mais tarde foram alargadas e transformadas em estradas. Na temporada de chuvas as mesmas ficavam intransitáveis. Para conseguir um pouco de gêneros alimentícios tivemos que andar 5 a 6 Km. Nos primeiros tempos morávamos num rancho de 6 x 4 metros, construído com pau de palmito, as paredes e o telhado cobertas com um tipo de folhas."
"A nossa viagem da Alemanha para o Brasil foi custeada pelo governo alemão. No primeiro ano de Colônia tivemos muito auxílio da Igreja Menonita da Holanda."
"Não tivemos médico na Colônia, o mais próximo era a 60 Km de distância."
"Logo no início os imigrantes se reuniram para a construção de uma escola primária. A escola no domingo servia de igreja para cultos religiosos, escola dominical, enfim, para todas as festividades religiosas. Auxílio para construir estas escolas veio também da Holanda e Alemanha. No começo nas escolas foi lecionado somente o alemão. Mas logo em seguida a direção da Colônia mandou alguns professores nossos para Florianópolis para tomar um curso de língua portuguesa. Voltando a Colônia os professores imediatamente começaram lecionar em língua portuguesa, além do alemão."
"Lamentavelmente o governo brasileiro não prestou algum auxílio."
"A terra não era muito boa e a lavoura não tinha muito futuro."
"Ninguém era obrigado a permanecer na Colônia, mas também no começo ninguém tinha condições de procurar outros meios de vida."
"Nenhum dos imigrantes tinha estado no local anteriormente".
"Não havia fiscalização do governo".
"O idioma que os imigrantes falavam (platdeutsch), um dialeto do alemão e holandês, além do alemão clássico."
"Já em 1932/33 começamos a aprender o português."
"A Colônia foi dirigida pelo Sr. Heinrich Neufeld, tinha a função como prefeito."
"Apesar de muitas dificuldades houve progresso na Colônia. Os ranchos deram lugar para casas modestas de madeira, pois já funcionava uma boa serraria, também doada pela Holanda. Também funcionava um moinho de milho. O pão de cada dia era feito de milho. Com a derrubada do mato os colonos aumentaram a plantação de milho e mandioca."
Para saber mais acesse:
Texto de Valter Hiebert/Arquivos de Valter e Adalberto Day

segunda-feira, 2 de março de 2015

- Os sinos e relógios da Antiga Igreja

Braga Mueller


BAÚ DA SAUDADE
OS  SINOS  DA  ANTIGA  IGREJA  MATRIZ   SÃO PAULO  APÓSTOLO  DE  BLUMENAU 
Por Carlos Braga Mueller/Jornalista e escritor

OS PRIMÓRDIOS E A PRIMEIRA IGREJA CATÓLICA
Desde a fundação da Colônia Blumenau, seu fundador,
Por Carlos Braga Mueller
Hermann Bruno Otto Blumenau, enfrentou sérias dificuldades para ministrar  profissão de fé aos colonos e demais  habitantes da região.
Não havia nem pastor evangélico nem padre para as funções . Mas aos poucos foram sendo utilizados serviços pastorais de clérigos e pastores de outras regiões até que Blumenau conseguiu a vinda de ministros efetivos. 
Modestas capelas de madeira serviam para as reuniões dominicais até que, em 1865, o governo imperial, por decreto de 10 de novembro, autorizou a construção das igrejas católica e protestante na Colônia, consignando verbas no orçamento para estas finalidades. 
Entretanto, eram recursos diminutos e as construções só puderam ser feitas por etapas, partindo de planos e plantas confiadas ao arquiteto Henrique Krohberger (imagem), profissional de grande competência e que residia em Blumenau.
Os terrenos para as igrejas protestante e católica ficavam no alto de colinas.
As pedras fundamentais de ambas foram lançadas com solenidade em 1868. Os trabalhos de construção duraram quase 9 anos.

De tanto insistir junto ao governo da Província, o Dr. Blumenau conseguiu que fosse contratado um vigário efetivo para sua Colônia. Chamava-se José Maria Jacobs, era natural da Alemanha e fora ordenado sacerdote em Baltimore, nos Estados Unidos. 
Padre Jacobs chegou a Blumenau no dia 16 de setembro de 1876 e já em dezembro desse ano pôde benzer e inaugurar o belo templo que Krohberger construíra para sua matriz.
A imagem de 1876 mostra a inauguração da Igreja Matriz São Paulo Apóstolo, de Blumenau. No alto das escadarias está o padre Jose Maria Jacobs. A foto está presente no arquivo histórico da cidade de Braunschweig, na Alemanha. (Imagem: arquivo pessoal de Carl Heinz Rothbarth e Adalberto Day)
No ano seguinte foi a vez do pastor protestante Rodolfo Oswaldo Hesse (Imagem do Pastor e da Igreja) consagrar o templo protestante, ficando resolvido, assim, um grande problema que a Blumenau Colônia enfrentava na segunda metade do século 19.
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Igreja SPA e Casa Paroquial em 1876
A IGREJA CATÓLICA GANHA  NOVA TORRE, SINOS E RELÓGIO
Os anos foram passando.
Em 1920, depois de exercer o magistério no Colégio Santo Antônio de Blumenau, assumiu o cargo de vigário de Blumenau o frei Daniel Hostin, natural de Gaspar, homem de grande espírito de iniciativa e de extraordinários tato e bondade.  Mais tarde, em 1929, Frei Daniel seria ordenado Bispo de Lages. 
Durante seu vicariato, seu coadjutor, Frei Gabriel Zimmer, deu início à reforma e acréscimos da igreja católica. 
Sobre este tópico, duras críticas foram dirigidas àqueles que descaracterizaram, então, o templo original do arquiteto Henrique Krohberger.
José Ferreira da Silva, em sua obra “História de Blumenau”, assim se refere aos acontecimentos: 
“Se, de uma parte, é de lamentar, nessa decisão tivessem deturpado, completamente , a beleza de linhas do templo edificado em 1876  pelo engenheiro  Krohberger,  por outro, foi o templo aumentado de duas capelas laterais, nova sacristia e a sua torre foi modificada para comportar os novos sinos, inaugurados em 18 de junho de 1928, os quais, pesando quase três toneladas, não encontraram lugar na elegante torre do primitivo templo.”

Já a historiadora Edith Kormann, no seu estudo “Blumenau arte, cultura e as histórias de sua gente”, assim se manifestou sobre este assunto: 
“Um fato a lamentar ocorreu durante o vicariato de Frei Daniel Hostin, pois foi seu coadjutor, Frei Gabriel Zimmer, que deturpou a belíssima arquitetura gótica do templo católico, edificado em 1876 pelo arquiteto Krohberger. Apesar  do aumento das duas naves laterais, dando-lhe a forma de cruz, nova sacristia e a modificação da torre para comportar os pesados sinos sincronizados que foram inaugurados em 18 de junho de 1928, e também a instalação de um relógio elétrico, a alteração não tem justificativa, pois o crescimento da população, com a imigração de elementos nacionais a procura de trabalho, não resolveram o problema do espaço no templo.”
Foto do templo com a Torre Nova
O relógio elétrico importado da Alemanha, foi inaugurado no dia 16 de fevereiro de 1930
O ESFORÇO DA COMUNIDADE
Era natural que para estas reformas existissem recursos suficientes e constantes.
Muitas “quermesses”  foram feitas para  arrecadar  fundos.
Inclusive os colégios católicos, Santo Antônio e Sagrada Família, promoveram eventos para ajudar.
É desta época, 1924, que tenho em meus arquivos um panfleto de um “FESTIVAL em  beneficio das obras da matriz, promovido pelas alumnas do Collegio da Sagrada Família” ( grafia original).
Aconteceu no THEATRO FROHSINN no dia 18 de outubro de 1924 com um variado programa, onde constavam  apresentações de piano, violino, canto, esquetes, números de ginástica e até uma comédia.
No item 7 do programa, lá está: 
“7. Van Gael, H. La Voix Du Coeur. Piano por Nayr Braga e Maria Pereira.” 
Nayr Braga era minha mãe e por isso a família Braga guardou este panfleto, que hoje está comigo e que reproduzo neste artigo.
(PROGRAMA  DO  FESTIVAL  NO  TEATRO FROHSINN)
Em 1927 a igreja recebeu um grande órgão. 
O FIM
Nos anos 50 o vigário Frei Brás Reuter (Foto) lançou o projeto de uma nova e moderna igreja matriz para Blumenau. 
Ampla discussão foi promovida pelos padres com a comunidade mas de nada adiantaram algumas contestações: em 1956 a antiga igreja começou a ser demolida para dar lugar à atual,  inaugurada em janeiro de 1958.
Muitos reivindicavam a localização da nova igreja mais ao fundo do terreno, deixando a antiga intacta, voto vencido. 
Demolição 1956
E assim, parte da história de Blumenau acabou sendo demolida também. 
Texto de Carlos Braga Mueller/Jornalista e escritor/Arquivo Carlos Braga Mueller e Adalberto Day.