Mais uma contribuição do nobre amigo renomado escritor, jornalista e colunista, Carlos Braga Mueller, que hoje nos relata sobre filme
produzido em Blumenau e região Os Trapalhões no Reino da Fantasia.
XUXA E DIDI: PERSEGUIÇÃO PELAS RUAS DE BLUMENAU
Por Carlos Braga Mueller
É possível que muitos
não se lembrem, porém em 1985 foi realizado um filme com Xuxa e os Trapalhões, usando as ruas de Blumenau como parte
do cenário.
O nome do filme: “Os Trapalhões no Reino
da Fantasia”, produzido por Renato Aragão em parceria com Maurício de
Souza.
Quem articulou tudo foi o empresário de
comunicação Sérgio Murad, também conhecido como Beto Carrero.
Murad
havia estabelecido um quartel-general de sua agência de publicidade, a JBS Murad,
em Blumenau. Assim, ficava mais perto de importantes clientes seus, como a Sulfabril,
Teka, Linhas Circulo, Buettner e tantas
outras, que anunciavam regularmente em revistas de circulação nacional e,
principalmente, na Rede Globo de Televisão.
Visionário, Beto
Carrero já sonhava em implantar seu parque de diversões temático. Enquanto
isso não acontecia, mantinha na Santur, em Balneário Camboriú, um protótipo do
que seria o Beto Carrero World.
Ali existia a vila do faroeste, entre outras
atrações. Regularmente era montada uma lona da família Robatini para
apresentações circenses.
Beto desfrutava da amizade pessoal de Renato
Aragão e dos demais Trapalhões; Dedé, Mussum e Zacarias.
Naqueles tempos os filmes de Renato Aragão
eram sucesso certo de bilheteria. A cada ano era lançado pelo menos um novo
filme e
em 1985 Sérgio Murad convenceu seus
amigos a realizarem o filme utilizando cenários de Santa Catarina,
mostrando seu parque na Santur e Blumenau, principalmente.
O
FILME
“Os Trapalhões no Reino da Fantasia”
já prenunciava o que seria o Beto Carrero World: utilizando a estrutura existente
na Santur, o roteiro usou e abusou de cenas de faroeste, a grande paixão de
Beto Carrero.
Foi no western do cinema americano que ele
pautou a criação do personagem Beto Carrero, um justiceiro que não usava a
violência das armas contra os bandidos, mas sim um chicote, o famoso látego do
El Zorro.
A Renato Aragão Produções bancou o filme e
Dedé Santana foi o Diretor.
Convidaram Maurício de Souza para ser o
co-produtor e por isso a história tem uma sequência de 20 minutos de desenho
animado dos Trapalhões.
A história é simples e feita para as crianças
entenderem...e torcerem pela Xuxa e pelos Trapalhões. Ela é uma freira, Irmã
Maria, que dirige um orfanato que enfrenta dificuldades financeiras. Para
ajudar, os Trapalhões fazem um espetáculo, mas o dinheiro dos ingressos é
roubado.A quadrilha é comandada por Mauricio do Vale, consagrado ator, um ícone
dos filmes de Glauber Rocha. Dedé, Didi e Irmã Maria perseguem os bandidos. A
perseguição passa pelo mundo de Beto Carrero, na Santur, por uma das praias de
Santa Catarina (parece ser Laranjeiras) e também pelas principais ruas de Blumenau.
Começa pela ponte sobre o Ribeirão Garcia no
início da rua 15; acessa a Beira Rio e mostra até o Barco Blumenau II
ancorado. Depois a diligência contorna a Prefeitura e quase atropela a
banda municipal, regida pelo maestro Marcílio. Também pode ser vista
atravessando a ponte da Ponta Aguda em direção ao centro, com destaque para o
Castelinho (que ainda era da Moellmann); segue pela rua 15 de Novembro, passa
em frente às escadarias da Igreja (hoje Catedral).
Em seguida a diligência entra pela Rua Padre
Jacobs e chega até a Rua 7 de Setembro, seguida por Didi, a cavalo. Claro que
os bandidos levam a pior. Beto Carrero ajuda a recuperar o dinheiro.
A diligência termina
caindo num despenhadeiro e pegando fogo, tudo no melhor estilo Hollywood
! Afinal, estamos vivendo o mundo da fantasia. Dedé, Didi e Xuxa,
que estavam na diligência, acabam se salvando, pendurados em uma encosta...
Usamos o termo diligência em respeito ao
velho oeste americano, mas o veículo é tratado também como carruagem.
REPERCUSSÃO
Quando o filme foi feito, finalzinho de 1984,
início de 1985, Blumenau e o Vale do Itajaí ainda viviam o trauma das
grandes enchentes (1983 e 1984). A
cidade estava sendo reconstruída e o filme serviu para melhorar o “astral” dos
blumenauenses.
Também a marca
Beto Carrero foi alavancada e a partir dali Sergio Murad não parou mais,
partiu para a construção do seu parque temático.
Hoje, lá está o sonho de Beto Carrero
transformado em realidade; um dos maiores centros de diversões do mundo !
BETO CARRERO, UMA LENDA
Para nós, que tivemos a satisfação de conhecer,
e conviver em várias oportunidades, com João Batista Sérgio Murad, o Beto
Carrero, foi uma epopéia acompanhar os saltos que ele dava, sempre em
direção ao sucesso.
Com o cavalo Faísca, ou sem ele, Beto
estava sempre saltitante, inventando
coisas, colocando à prova sua capacidade de realizar o impossível. E conseguiu.
Não só implantou seu parque, considerado hoje
o 6º maior do mundo, mas teve o mérito de revitalizar o mundo do circo no
Brasil.
Seus espetáculos circenses arrancavam
aplausos onde quer que se apresentassem. Eram várias lonas, todas de alto luxo,
percorrendo o país.
Beto não sossegava; quando queria novas
atrações ia a Las Vegas e trazia de lá o melhor em espetáculos.
Outro grande mérito seu: criou uma escola de
circo em Penha, que até hoje forma novos valores para os picadeiros não só do
país, mas internacionais.
Nascido no interior paulista no dia 9 de
setembro de 1937, Murad nos deixou no dia 1º de fevereiro de 2008.
Ele se foi...mas o Beto Carrero continua vivo
entre nós !
Para
quem desejar ver o filme pelo Youtube clique no link:
Texto de Carlos Braga Mueller/fotos
reprodução