terça-feira, 30 de julho de 2013

- O Antes e depois

Local na Rua Amazonas no Garcia, que anteriormente foi pousada, comércio da família Hinkeldey. Imagem 1924
O antes e o depois...hoje
Igreja Santo Antônio - a direita comercial Arco Iris - notem a marquise. Foto abril 2013
Mesmo local da imagem acima, com o Cine Garcia e notem a marquise da então comercial Arco Iris meados dos anos 1960.

História
Memórias que o tempo não apaga
No início do século 20, por volta de 1905, nas proximidades onde hoje é a igreja Santo Antônio, no Distrito do Garcia, existia o comércio de secos e molhados de Hermann Hinkeldey que, quando não recebia em dinheiro, fazia escambo de mercadorias. Também nesse local funcionava um salão dançante do conjunto Musik-Club Garcia, que teve seu funcionamento até por volta de 1941 e então sendo passados filmes semanalmente amadores . Oficialmente a data de fundação é novembro de 1944 com Nome de Cine Garcia., quando então foi transformado em local para exibição de filmes com o nome de Cine Garcia. Seu último proprietário foi Reynaldo Olegário, que manteve as atividades no local até 1974.
No ano seguinte foi instalada ali a paróquia. O antigo prédio do Cine Garcia abrigou a igreja até 1978 e no ano seguinte foi demolido. Mas deixou histórias e recordações. O Cine Garcia ofereceu momentos de lazer a toda comunidade do Garcia. A juventude trocava de gibis, tinha bate-papos e os namoros eram constantes. As pessoas se olhavam numa paquera quase envergonhada, em um momento sutil e mágico. Existia até mesmo uma suposta premiação para quem encontrasse uma pulga carimbada e a entregasse ao proprietário. Nunca soube de alguém que a tivesse encontrado, mas é o comentário que se ouve até os dias de hoje. Ainda no aspecto pitoresco, havia as ocasiões em que a platéia batia os pés, assobiava e gritava para incentivar o mocinho. Naquele instante, o lanterninha interrompia bruscamente a exibição para chamar a atenção dos mais exaltados "baderneiros" e ameaçava não continuar o espetáculo. Sem falar das vaias quando as enormes fitas se rompiam, ou acabavam, e precisavam ser emendadas ou trocadas. Os frequentadores iam a pé ou de bicicleta. As laterais do prédio ficavam lotadas de bicicletas, empilhadas umas sobre as outras. No Cine Garcia, depois do gongo, entrava a música do Django(¹) Era o maior entretenimento dos moradores do Garcia, que assistiam, principalmente nas tardes de domingo, aos maiores clássicos e seriados do cinema.
Depois de assistir ao filme, o ponto de parada era o Bar ao Lado, do senhor Schoenfelder, onde era servido um delicioso sorvete caseiro... Pura nostalgia de uma época que fez parte da vida de muita gente - como eu, seus pais, avós, tios, sobrinhos e quem sabe até você.
Música Django ouça (¹) clique no link e depois setinha:
Arquivo de Adalberto Day/Fernando Passold/Ângela Maria de Oliveira/Jonas Vargas Husadel. 

terça-feira, 23 de julho de 2013

- José Geraldo Reis Pfau

FURB – Fundação Universidade Regional de Blumenau
PPGAD – Programa de Pós Graduação em Mestrado de Administração
Disciplina: Métodos de  Pesquisa Qualitativa em Administração
Professora: Margarita Nilda Barreto Angeli, Dra
Acadêmica: Neli Terezinha Ferreira


Trabalho: Entrevista para narrativa “Uma história de vida” 
Objetivo:
Entrevistar o profissional José Geraldo Reis Pfau um dos pioneiros na área de publicidade e propaganda em Blumenau. Buscar um pouco da sua vida particular desde a infância até os dias de hoje e se aprofundar na sua vida profissional com maior ênfase na trajetória do início da comunicação profissional na região. 
Uma história de vida – José Geraldo Reis Pfau 
            Foi com muita tranquilidade que o “Pfau” aceitou ser entrevistado assim que o contatei explicando-lhe ser um exercício do Mestrado, dentro da disciplina Métodos de Pesquisa Qualitativa em Administração. Marcamos para uma conversa que inicialmente seria rápida, mas que acabou indo muito além do que havia previsto.
            O Pfau me recebeu no seu atual escritório na Rua XV de Novembro, 1335 – 7º andar – Sala 77 – em Blumenau, Santa Catarina na tarde do dia 03 de setembro de 2009, uma quinta feira.
            Pfau Comunicação, expliquei a intenção de seguirmos um roteiro cronológico para não deixarmos de citar nada que fosse relevante em sua vida.
Após os cumprimentos normais extensivos aos seus filhos Juliana e Vicente, que nos dias atuais juntamente com ele compõem a direção da empresa
            Nasci em Blumenau, num domingo de páscoa em 09 de abril de 1950, sou casado com Miriam T. Pfau em 1973 tenho três filhos Juliana (1977) Guilherme (1979) e Vicente (1981). Sou filho de Osmênio e Maria de Lourdes Pfau. Além de mim, meus pais tiveram mais um filho e três filhas: Luiz Henrique, Maria Bernadete, Maria Helena, Regina Lúcia. Diferentemente de meus irmãos, eu fui uma criança que gostava muito de brincar na rua. As brincadeiras de infância com a turma da rua como  jogar futebol que me atraiam muito mais que brincar em casa. Minha mãe, então, sempre foi a única pessoa que me costumava chamar pelo nome completo de “José Geraldo... vem pra casa estudar e fazer a lição”. Com isso, desde cedo eu exercia uma certa liderança com iniciativas nas brincadeiras de crianças perante meus irmãos e amigos da rua. Vivi parte da infância e adolescência em torno das lojas HM – Hermes Macedo - onde meu pai foi gerente por 35 anos. Os primeiros quatro anos do Ensino Fundamental (na época chamava-se Primário) fiz no Colégio Sagrada Família, uma escola de educação e ensino rigorosa e  administrada por freiras (na época colégio misto). Os demais quatro anos do Fundamental, bem como os três anos do científico, hoje Ensino Médio (na época Ginásio e Científico) estudei no Colégio Santo Antonio, administrado por padres franciscanos. Lá fiz uma boa base e repeti duas vezes de ano.

Fiz cursinho e vestibular com “vida de estudante” de meio ano em Florianópolis. Entrei na FURB para cursar a graduação em Administração e fiquei por lá alguma meia dúzia de anos mas não consegui concluir o curso.
            Outra atividade muito interessante na juventude foi uma banda que formei com um grupo de amigos Renato, Amilton e Gilson e que denominamos Moondogs. A banda teve uma passagem muito rápida, uma única musica “(I Can’t Get No) Satisfaction” da tradicional banda inglesa “Rolling Stone”, pois foi preparada para se apresentar na primeira vez num festival de bandas, na Associação Artex e por não ter sido escolhida, eu não permaneci, e os demais membros não deram continuidade. Portanto nossa banda teve uma única apresentação. Assim sou artista de um show só.
Aos 15 anos ganhei de presente de um tio, Ageo Guerreiro, um carro Chevrolet “Pavão” 1927 ( um calhambeque) que foi restaurado com recursos de meu pai. Portanto com apenas 15 anos já dirigia meu próprio carro. Quando tinha 17 anos vendemos, vendi, o carro e em outro momento comprei um gravador de fita K7. Um fato pitoresco foi quando estava passeando com meu gravador encontrei um cidadão curioso que parou sua moto, uma Leonette de 50 cc, e disse-me: quero vender esta minha moto e comprar um gravador como este seu. Não tive dúvidas, troquei o gravador pela moto deste cidadão, reformei-a, e com sua venda consegui trocar por outra moto ano 1950, marca BSA – 600 cc de fabricação inglesa. Isso ocorreu no ano 1966, e consegui transformar esta moto numa versão semelhante a HD – Capitão América usada pelo artista Peter Fonda do filme Easy Rider. Foi assim que nasceu minha grande paixão por motos. Minhas duas grandes paixões nesta fase de adolescência foram o carro e a moto, que perdura até hoje. Na época de vestibular em Florianópolis já tinha trocado a moto por um Fairland 1955 que deixou a minha vida cada vez mais rápida.
            Com 18 anos iniciei minha vida profissional. Foi com meu tio Ageo na Socatel- um empresa de terraplenagem que fez parte da obra da Beira Rio, entre outras. Meu primeiro emprego foi na Divisão de Obras da Prefeitura Municipal de Blumenau, como auxiliar administrativo trabalhando diretamente com o Tenente Cunha. Era o ano 1972 e Blumenau tinha como prefeito o Sr. Evelásio Vieira, político de bastante destaque na região e já falecido atualmente. Dalírio Beber era chefe de pessoal, Álvaro Bruch  atuava na área de compras. Cito estes nomes por serem pessoas bastante conhecidas nos dias atuais, tanto na política como em organizações empresariais. 
            Ao sair da Prefeitura fui trabalhar na Rádio Blumenau onde o advogado Airton Rebello, diretor da rádio, possuia uma agência de notícias denominada RICA. A função da RICA era vender notícias para outros veículos de comunicação em especial para as rádios da região. Havia nas emissoras a figura do “rádio escuta” e o “gilete press” que era o funcionário que recortava os jornais e ouvia os principais noticiários radiofônicos do Rio e São Paulo e reunia as mais importantes notícias coletadas para o locutor da emissora ler no noticiário de cada horário. A partir da criação da RICA, surgiu a idéia de desenvolver também uma agência de propaganda. E com isso surgia em Blumenau a Magna Propaganda, que viria a ser a segunda agência de publicidade nesta cidade, já que a primeira foi a SC Publicidade, uma house da TV Coligadas.      
              A Magna teve como sócios-diretores Romeu Lourenção,  ex-executivo da Editora Abril de São Paulo, da Empresa Industrial Garcia e da SC Publicidade; e o Coronel Brandão, militar carioca que havia atuado em propaganda na Petrobrás; além do  Dr. Airton. Foi com o conhecimento destes profissionais que se iniciou a linguagem da comunicação em Blumenau: jingle, spot, layout, outdoor, arte final. A cultura de briefing, story board, letraset, ilustração, o vegetal para proteger a arte, a composição de texto para arte final e até o aerógrafo. De forma pitoresca atuou também na Magna o profissional de arte,  Getúlio Curtipassi, que na sequencia fundou outra agência com os comunicadores Horácio Braun e Osmar Laschewitz: a Scriba Propaganda, que viria a ser mais tarde uma das maiores agências do Estado e a maior da região. Getúlio trabalhou na Magna de certa forma clandestina, enquanto a Scriba não estivesse atuando. Mais tarde Getúlio mudou-se para Florianópolis onde trabalhou na AS Propague com o publicitário Antunes Severo um dos pioneiros na área e Publicidade e Propaganda no Estado de Santa Catarina.
            Em janeiro de 1973 iniciei minhas atividades na TV Coligadas Canal 3 e no Jornal de Santa Catarina, de forma simultânea. Nestes veículos minha atuação foi sempre na área comercial como assessor da direção comercial. Registra-se que estes veículos pertenciam a uma mesma organização, Emissoras Coligadas de Santa Catarina, com a mesma direção geral. Em minha atividade exercia o atendimento, especificamente a clientes anunciantes e as agências de propaganda, com as quais mantinha estreito relacionamento.
             É desta época também o surgimento de movimentos importantes para o setor, como a criação do GPCM – Grupo de Profissionais de Comunicação Mercadológica. Depois Comunicação e Marketing. Entidade que ajudamos a criar, fui presidente por largo período e que reunia não só representantes do tripé da comunicação, clientes, veículos e agencias, como também fornecedores e profissionais do ramo. O GPCM teve expressão nacional. Promovia exibição anual de filmes do Festival Publicitário de Cannes, dava prêmios para os melhores em cada ano na propaganda local, trazia palestrantes frequentemente para conscientizar o mercado e realizava Seminários e Encontros da área.
            Em 1975 fui convidado para gerenciar a Sucursal de Joinville da TV Coligadas e do Jornal de Santa Catarina, onde representava estes veículos que eram muito fortes em todo o Estado. A região de Joinville era atuante tanto comercialmente, como política e socialmente.  Foi um período de auge na minha atividade profissional tanto social, quanto financeiramente. Neste período já estava casado com a Miriam e tivemos nossa primeira filha, a Juliana. Bons tempos. Criei grandes e especiais amigos, fui sócio de restaurante e até diretor de Clube social. Tínhamos os maiores e melhores anunciantes na emissora, patrocinávamos, entre outros, com o prestígio da Cônsul Refrigeradores o Jornal Nacional em Santa Catarina.
             Minhas atividades em Joinville foram muito bem até o ano 1977 quando fui convidado a voltar para Blumenau para atuar diretamente junto ao comercial na direção da emissora. Foi um período complicado e difícil. Período em que a TV Coligadas perdeu a programação da Rede Globo passando a transmitir a programação da TV Tupy que já apresentava uma grande decadência. Uma experiência profissional de inacreditáveis situações cujo final ainda me proporcionou um bom retorno ao mercado. 
            A programação da Rede Globo começou a ser transmitida pelo Grupo RBS, diretamente da TV Catarinense de Florianópolis. A RBS me contratou para abrir a sucursal da TV Catarinense e do grupo RBS aqui em Blumenau, onde atuei poucos meses, considerando que na sequencia a TV Coligadas foi adquirida pela RBS e esta me levou para a gerência comercial da emissora. Neste período trabalhei com Antunes Severo, ex-AS Propague, que teve o cargo de gerente executivo. Atuei no Grupo RBS até 1981, quando fui convidado para atuar como assessor do presidente do Grupo Linhas Círculo, Sr. Leopoldo Schmalz. Lá, depois me formei corretor de seguros com atuante desempenho de mercado na Gaspar Corretora de Seguros pertencente ao Grupo. Com uma mudança na empresa permaneci no Grupo Lince, porém atuando como representante dos produtos da Linha Círculo e Plasvale, durante um período.
Em 1979, juntamente com amigos de infância e juventude, criamos  o CLUBINHO que completa em novembro próximo 30 anos (2009) de reuniões todas a terças feiras.
            Voltei para a comunicação quando me uni a um profissional da área, e grande amigo, de nome Ivan Castro. Juntos, iniciamos uma nova agência de publicidade que denominamos de Marke Publicidade onde atuamos até novembro de 1985 quando viemos juntos adquirir do Osmar Laschevitz a Scriba Propaganda, a maior agência de publicidade de Blumenau.
            A Scriba estava completamente sucateada, vindo de restos das enchentes, ainda com bons profissionais e enormes vícios de outros tempos. A Scriba havia criado a JAF produções, uma empresa do ramo do cinema publicitário e Studio fotográfico. Ao atender contas através de produções de catálogos de produtos nacionais como Hering e outros, criou um enorme relacionamento com fornecedores de toda espécie. Na época era uma das maiores agências em veiculação nos mais importantes veículos. Assumi o desafio junto com o Ivan Castro num propósito dele dar continuidade em Joinville, em contas importantes como o Grupo Stein e eu em Blumenau erguer a Scriba. Na seqüência entendemos que teríamos que nos separar até porque não havia investimento inicial e a continuidade teria que dar conta dos compromissos. Com um conceito no mercado, fomos criando oportunidades, montando equipes e absorvendo contas. Estratégias criativas junto com bons parceiros desenvolveram uma Scriba que tem sido chamada de escola da propaganda na região. Certa feita, fui convidado para apresentar minha atividade para alunos do Colégio Santo Antonio em Blumenau, em atividades próximas das suas decisões de vida profissional. Na platéia minha filha Juliana. Disse como digo sempre que se tivesse que repetir minha vida profissional não modificaria nada, seria publicitário, pois é o que amo. No final chega as minhas mãos um bilhete dela se dizendo orgulhosa do que acabara de assistir. Gratificante. Ela é formada nesta área na Furb e pós graduada em Marketing. Fui também presidente do Sindicato das Agências de Santa Catarina. Super atuante na política estadual e nacional do meio da comunicação. A departamentalização na Scriba teve como conseqüência uma eficiência sem precedentes. Eram no mínimo três duplas de criação, tínhamos setor de planejamento, já ensaiávamos um setor de digitação com micros PC, laboratório de ampliações para arte final, setor de atendimento com três vendedores, departamento de mídia, um estruturado tráfego, produção eletrônica com índices de até trinta vídeos tapes mensais. Uma enormidade de números de job’s sendo manipulados diariamente.
Páginas e páginas de jornais nos finais de semanas com lançamentos no “boom” imobiliário. A festa anual da Scriba reunia os melhores empresários e personalidades sociais em memoráveis eventos. Éramos referência. Digo que meu cliente está aqui na XV, aqui em Blumenau. Digo ainda que comunicação é algo que temos que fazer de modo constante e horizontal. Afirmo que a sua marca deve ser vista e falada todos os dias em todas as oportunidades. A Scriba foi a maior agência de propaganda de Santa Catarina sem contas do governo. Trinta e cinco funcionários em constante capacitação e as campanhas de motivação interna eram constantes, com pesquisas de salários que balizavam boas oportunidades profissionais. Tínhamos um conselho de empresários e clientes. Importamos e exportamos grandes talentos. O primeiro andar do Renato Veículos fervia em criatividade. As campanhas e a propaganda de Blumenau era a Scriba que fazia. Assim foi em tudo, principalmente no varejo que é minha paixão. Assim foi na Oktoberfest até os anos 90. Com isso tudo e tudo isso, a Scriba foi se acabando. Como qualquer organização fomos vitimas de nós mesmos, na fiscalização, nos padrões de qualidade e até dos tropeços financeiros.
             No auge da Scriba, recebemos a Professora Iolanda que dirigia o setor de ciências sociais na FURB, e que nos consultou sobre um provável curso de comunicação na área de propaganda e publicidade. Assumimos o desafio prontamente. Sabia da dificuldade não só de ter funcionários qualificados, mas principalmente de ter no cliente um relacionamento completamente desqualificado. Por assim entender fiz o investimento numa pesquisa de mercado para identificar a realidade de mercado no que se refere à propaganda, e como previsto, nas empresas os clientes estavam totalmente desprovidos de pessoas qualificadas. Assim participamos da primeira e da segunda comissão criada pelos reitores para viabilizar o Curso de Comunicação Social Publicidade e Propaganda da FURB. Na primeira comissão argumentamos as necessidades e mostramos a realidade e principalmente o pioneirismo na área de comunicação na região. Na segunda escrevemos as ementas do curso para aprovação junto ao MEC. Pesquisamos todos os cursos de propaganda e publicidade no Brasil. Daqueles que avaliamos destacamos um curso em Minas Gerais que nos chamava a atenção para a comunicação regionalizada. Incluímos no currículum do curso previsto para a FURB. E como novidade nacional – oportunidade de época – fizemos a inclusão de computação gráfica – algo ainda iniciando no mercado. Inexistente nas salas de aula. No inicio, as primeiras turmas chamavam os experientes empresários da propaganda local para conversar com os alunos.
             E então, no início dos anos 90 estávamos passando para outra área que tem sido até os dias atuais, a de assessoria de comunicação. Meus três filhos vieram trabalhar comigo. Somos uma agência mais especializada em comunicação total, com um trabalho completo de acompanhamento de entidades conceituadas de mercado. Nossa experiência faz com que se tenha a identificação de oportunidades. As mais gratificantes temos na reurbanização da Rua XV, onde tivemos total envolvimento, bem como na restauração e criação da Casa do Comércio, ambas ligadas diretamente às entidades do comércio varejista.   
Neste período estivemos sempre atuantes em áreas como turismo através do Blumenau Convention & Visitors Bureau, fizemos o destaque nacional do arroz parboilizado de Santa Catarina e durante dez anos a Feira de Jóias, Óculos, Relógios e afins de Santa Catarina – um dos três maiores eventos nacionais do ramo.
            Em 1999 nasceu uma nova e grande paixão a primeira neta, filha de Guilherme e Patrícia em Itapema. Em 2005 vitima de enfarte tive cinco interferências com pontes safenas e mamárias que tem me garantido em atividade. Minhas atividades agora são mais moderadas;  porém sempre voltada a identificar oportunidades na área de comunicação para Blumenau, e em Blumenau”.
Categorização:
Análise de personalidade
Moral:
Moralidade - Observa-se no texto que o entrevistado tem bom conceito moral, considerando suas relações com amigos, clientes, personalidades em todo o decorrer da história.
Honestidade – É um fato subjetivo no texto, porém sempre presente considerando que somente uma pessoa honesta vem a ser convidado para novos desafios dentro da mesma organização como relata numa parte da entrevista.
Justiça – Percebe-se a justiça quando menciona sua separação com então amigo e sócio Ivan Castro: como não houve investimentos financeiros, cada qual foi tocar a sua agência, o Ivan em Joinville com a Marke e o Pfau em Blumenau com a Scriba.
Social:
 Zézinho Pfau
Personalidade agradável - Está implícito no texto que o entrevistado é uma personalidade agradável e um dos fatos que mostra isso é o Clubinho fundado há 30 anos (2009) e perdura até os dias de hoje. Somente uma pessoa de personalidade agradável mantém amigos por tantos anos.
Bons costumes – Ao falar de sua infância; seus pais; e seus irmãos, percebe-se que vem de uma cultura de bons costumes. O mesmo quando relata suas atividades profissionais.
Conformismo – Ao relatar seu problema de saúde, deixa evidente estar conformado com os limites que seu estado físico hoje apresenta.
Tolerância – Mesmo com os altos e baixos de algumas organizações em que atuou teve tolerância em permanecer e tentar reverter o quadro.
Unidade Grupal – É evidente no texto quando menciona muitas pessoas que fizeram parte de sua vida profissional. Quando menciona o Clubinho e também quando fala dos seus filhos que vieram trabalhar junto com ele.
Individualidade:
Força – Sua força é mostrada em diversas partes do texto. Exemplo disso são os muitos desafios que enfrentou levando consigo toda a família para cidades diferentes, sempre que isso fosse necessário.
Determinação – Em todo o texto percebe-se uma grande determinação do entrevistado, desde criança até os dias atuais.
Inteligência – Não há dúvidas tratar-se de uma pessoa inteligente, porém quando menciona sua atuação direta com as comissões de criação do Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, percebe-se a inteligência em pesquisar o mercado e os demais cursos no país para auxiliar com coerência e embasamento. 
Análise de Valores:
Fisiológicos:
Lazer – Quando menciona na entrevista o Clubinho, com reuniões todas as terças-feiras.
Saúde – A saúde é lembrada no final da entrevista a falar do seu problema cardíaco e seus limites atuais.
Conforto – Percebe-se que acontece o conforto quando o entrevistado conta de sua estada em Joinville como gerente da Sucursal da TV Coligadas e do Jornal de Satã Catarina, um período de maior conforto para ele e sua família.
Sociais:
Amor familiar – Em diversos trechos da entrevista o amor familiar fica evidente: ao falar de seus pais e irmãos, ao falar do seu casamento, do nascimento de seus filhos, da vinda de seus filhos trabalhar com ele, do nascimento da neta, etc.
Amizade – Mencionada no texto quando se relaciona aos amigos de rua, aos amigos do clubinho e muitos amigos profissionais.
Individualistas:
Independência – Mostrou-se independente ao relatar as tantas vezes em que partia de uma cidade ou de uma organização para outra, para novos desafios. Personalidade independente também é mostrada quando relata sua preferência em brincar nas ruas e não dentro de casa.
Auto-estima – Sua auto-estima é implícita em todo o texto.
Lúdicos e de Felicidade:
Emoção – Ao falar da filha Juliana quando mandou para ele um bilhete que dizia ter orgulho dele. Ao falar do nascimento dos filhos e da neta.
Expressão da autocriatividade – Quando fala das estratégias criativas que teve com bons parceiros e que elevaram a Scriba a ser a maior agência da região.
Humor – Uma parte cômica do texto é quando ele fala da troca do gravador por uma moto, e da banda que só apresentou uma música e deixou de existir.
Práticos:
Trabalho – Sempre presente na entrevista, o trabalho foi e faz parte do entrevistado.
Cognitivos:
Conhecimento – Mesmo não tendo encerrado sua graduação, percebe-se que o conhecimento esteve sempre presente em sua vida.
Turma do 2o. ano primário do Sagrada Família.
Na fila de baixo, sentados, os rapazes, da Esq. p/ Dir.:
Roberto Laus, Pedro Paulo Wilhelm, Celso Ademir Xavier, José Geraldo Reis Pfau, João Klein Neto, Sergio Braun, Marcos Salles Leyendecker e Marci Santos.
Em cimas as meninas com a Professora D. Wanda Veiga, alguns nomes estão marcados a caneta. Lembro de algumas, (fora de ordem): Vera Lúcia Guimarães Póvoas, Julieta Silveira, Noemia Locatelli...
Marcos Ley
Blumenau 03 de setembro de 2009 

terça-feira, 16 de julho de 2013

- PRC4 Rádio Cultura?

PRC-4 RÁDIO CLUBE, A PRIMEIRA DE SANTA CATARINA. MAS SERIA A QUARTA DO BRASIL?
Por Carlos Braga Mueller
Jornalista e escritor
(Braga Mueller atuou quase 10 anos na PRC-4 como locutor (comunicador), de 1954 a 1963, com o pseudônimo de Charles Neto)
Blumenau sempre se destacou na área das comunicações.
No dia 1º de janeiro  de 1881 circulou a primeira edição do jornal "Blumenauer Zeitung", fundado por Hermann Baumgarten. Durou até 02 de dezembro de 1938, ou seja, teve vida longa.
Na década de 30 do século 20 foi ao ar a primeira estação de rádio de Santa Catarina: a PRC-4 Rádio Clube de Blumenau.
Em 1964 foi instalada em Blumenau a primeira instituição de ensino superior do interior do Estado. No dia 2 de maio daquele ano foi ministrada a aula inaugural da Faculdade de Ciências Econômicas de Blumenau, dando origem à FUB - Fundação Universitária de Blumenau, hoje FURB - Universidade Regional de Blumenau.
No dia 1º de setembro de 1969 teve início a programação oficial da TV Coligadas de Santa Catarina, com sede em Blumenau (hoje RBS-TV Blumenau), gerando o sinal da Rede Globo para todo o Estado.
1971, 22 de setembro: o primeiro jornal catarinense impresso pelo moderno processo de offset começou a circular em todo o território catarinense, o Jornal de Santa Catarina.
Enfim, sempre na frente, Blumenau tem sido, através dos tempos, pioneira na área das comunicações. 
PRC-4 RADIO CLUBE DE BLUMENAU  
Desde que o rádio foi "inventado" e o Brasil entrou na era das comunicações sonoras via ondas eletromagnéticas, muitas datas foram sendo registradas a cada nova rádio que ia sendo fundada no país.
Um exemplo disso é a nossa atual Rádio Clube de Blumenau, que tem o registro de um glorioso trajeto:
Foto 1 - Estúdios da PRC-4  Rádio Clube de Blumenau, anos 40
19/03/1932: fundação da Rádio Cultura (meses depois mudou para Rádio Clube de Blumenau)
1933: aquisição de um transmissor Collins de 150 watts
1934: início das transmissões em caráter experimental. O estúdio ficava situado na Travessa Aymoré, hoje Rua Capitão Euclides de Castro,  no centro de Blumenau.
1935: em 18 de março entra no ar com um transmissor Philips de 500 watts de potência
1936: João Medeiros recebe a concessão para sua rádio e um prefixo oficial: PRC-4.
O primeiro "speaker" (locutor) foi José Ferreira da Silva.
A rádio era um "clube" de ouvintes e nem sonhava em ter finalidade comercial.
Está registrado na história do rádio blumenauense, que a PRC-4 teria sido a quarta emissora do país, talvez até pelo número 4 do prefixo.
Foto 3 - Instalações da técnica de som (sonoplastia) da PRC-4 em 1950, já no prédio da Rua 15 de Novembro,  esquina com Nereu Ramos.
Analisando a situação, chega-se a conclusão de que foi, sim, a primeira de Santa Catarina; quanto a ter sido a quarta emissora do país, permanecem dúvidas.
Transmissor de 1 kilowatt (1.000 watts) da PRC-4 em 1950, ano do centenário de Blumenau.
As fotos foram digitalizadas diretamente de uma revista (Vale do Itajaí, de 1950) e por isso não são muito boas. Mas são históricas.
Jornal de Santa Catarina 10/07/2013 | N° 12929
ALMANAQUE DO VALE | Jackson Fachini
Amigo locutor
Jener Reinert fazendo locução no estúdio da PRC4 - Rádio Clube de Blumenau, nos anos de 1950. A emissora entrou no ar em testes no dia 13 de março de 1932, tornando-se a primeira rádio de Santa Catarina, fundada por João Medeiros Júnior. Em 2007, mudou de endereço para o Edifício Senador Evelásio Vieira. (Imagem: acervo de Joel Reinert)
O INÍCIO DO RÁDIO NO BRASIL 
A primeira emissão de rádio no Brasil aconteceu no dia 7 de setembro de 1922, centenário da nossa independência.
A empresa Westinghouse Eletric International Co. instalou no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, uma estação de 500 watts, inaugurada com o discurso do presidente Epitácio Pessoa em solenidade ocorrida na Praia Vermelha. Foram importados 80 receptores de rádio especialmente para o evento. As transmissões em seguida saíram do ar.
Só 8 meses depois, em maio de 1923, as transmissões reaparecem com uma emissora batizada de Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, prefixo PRA-A, fundada por Edgar Roquete Pinto.
Foto 2  PRA-A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a primeira emissora de rádio brasileira. 
Existem, porém registros de que em 6 de abril de 1919 foi feita uma transmissão experimental de radiodifusão em Recife por um grupo  que se dedicava ao estudo da eletricidade e da telegrafia sem fio, tendo a frente o radiotelegrafista Antônio Joaquim Pereira. Este movimento viria a se constituir mais tarde na Rádio Clube de Pernambuco, prefixo PRA-8.
Embora  o italiano Guglielmo Marconi tenha obtido a patente da invenção do rádio em 1898, a história registra que já em 1893 o padre, cientista e engenheiro gaúcho Roberto Landell de Moura  já havia testado uma primeira transmissão de voz por ondas eletromagnéticas, sem fio, cuja patente Landell de Moura só conseguiu obter em 1900.
OUTRAS RÁDIOS PIONEIRAS 
As datas de fundação e do início de transmissões das rádios pioneiras no Brasil se confundem.
Analisando algumas, constata-se, pela antiguidade: 
PRB -2  - Rádio Clube Paranaense
27/06/1924: início das transmissões
É considerada pelos paranaenses a terceira mais antiga do país, tendo sido a primeira do Paraná.
PRB-3  - Rádio Sociedade de Juiz de Fora
30/09/1929: data da fundação
Antes do PRB-3 havia usado o prefixo PRA-J
É considerada pelos mineiros a segunda do país. Foi a primeira em Minas.
PRB-6  - Rádio América de São Paulo
04/11/1931: data da fundação pela Organização Byington
17/08/1934: primeira transmissão
Antes do PRB-6 havia usado o prefixo PRA-O
PRB-9 - Rádio Record de São Paulo
23/10/1928: data da fundação como Rádio Sociedade Record.
O que se constata com estes registros é que a data de fundação não tinha nada a ver com a sequência numérica dos prefixos. Estes eram concedidos, certamente, pelas datas dos pedidos que as rádios faziam ao governo federal, ou então pela data em que as concessões eram expedidas.
Sabe-se que o fundador da Rádio Clube de Blumenau, João Medeiros, havia pedido seu registro de concessão bastante tempo antes de, finalmente, recebê-lo em 1936.
Qual o critério utilizado para se avaliar a antiguidade de uma emissora?
A data da fundação?
A data do início das transmissões? (neste caso, existiram as transmissões experimentais e as oficiais).
A data do recebimento da concessão ?
A numeração do prefixo?
Com o prefixo PRC, além da nossa PRC-4 Rádio Clube de Blumenau, conseguimos localizar, pesquisando, a PRC-7 Rádio Mineira de Belo Horizonte, e a PRC-9, Rádio Educadora de Campinas, esta  fundada em 1933.

Outra dúvida: será que os prefixos seguiam uma numeração sequencial, ou alguns números ficavam de fora ?
Teria havido uma PRC-5?
Falta muito, ainda, a se pesquisar nesta área. Vamos em frente!
Texto Carlos Braga Mueller/Jornalista e escritor. Arquivo Carlos Braga Mueller/Adalberto Day
ADENDO 
A respeito deste assunto, o blog "Caros Ouvintes" postou a seguinte matéria:
O tema vem a propósito da matéria PRC-4 Rádio Cultura? que apresenta o mais recente estudo do jornalista e escritor – e também colaborador voluntário do site Caros Ouvintes – Carlos Braga Mueller.
Diante das dúvidas levantadas, pelo menos uma delas – referente ao prefixo da primeira emissora catarinense – podemos acrescentar dados da época, pois que nossa fonte está fundamentada na publicação da “Relação das Estações Brasileiras de Radiodifusão”, estampada à página 43, da edição nº 49 de 19/09/1936 da revista Carioca do Rio de Janeiro.
De acordo com a publicação, a PRC-4 Rádio Clube de Blumenau é a 19a. emissora de rádio licenciada no país, conforme detalhe da página destacado acima. À época já existiam 65 emissoras em funcionamento no Brasil.
Em Santa Catarina, somente cinco anos após foi instalada a segunda estação: a  Rádio Difusora de Joinville, seguindo-se a Difusora de Itajaí, em 1942; a Guarujá de Florianópolis, em 1943 e a Catarinense de Joaçaba, em 1945. (História do Rádio em Santa Catarina. Ricardo Medeiros e Lúcia Helena Vieira. Florianópolis: Editora Insular, 1999).

terça-feira, 9 de julho de 2013

- "Uma vida dedicada à empresa".

Em Histórias de nosso cotidiano apresentamos o Sr.
Estanislau Sliwiensky  nascido em Erechim – RS em 14 de abril de 1921/ falecido 08 de agosto de 1988 – foi funcionário (montador mecânico) da Souza Cruz no Garcia em Blumenau e região. Foi a única empresa que trabalhou. Torcedor do Internacional de Porto Alegre - fanático, (em Blumenau do Palmeiras).
Lia todos os dias o Jornal Correio do Povo de POA e quando encerrou as atividades "aceitou" ler o Zero Hora (RS). Ouvia a Rádio Gaúcha e curtia a cerimonia de tomar seu chimarrão pela manhã e no final do dia. Assim que chegou a Blumenau, anos depois construiu sua casa na Rua Goiás (perto da Souza Cruz). Foi um técnico em manutenção tendo participado na construção de unidades da Cia Souza Cruz em Santa Catarina. Fumava bastante e ganhava da Cia pacotes de cigarros que os funcionários de carreira recebiam. 
Teve relacionamento pessoal com diretores nacionais e internacionais da Cia também por ser um tradicional colaborador. Texto enviado por José Geraldo Reis Pfau/Publicitário em Blumenau.
Transcrição do texto acima
Memória
Oficina da História
Ele começou a trabalhar com mecânica ainda criança e aprimorou  este gosto ao servir no exército, quando fez um curso.
Nesta época em 1946, a Segunda Guerra Mundial já havia terminado e Estanislau Sliwiensky estava à procura de emprego em Santa Cruz do Sul. Foi quando encontrou um conhecido que trabalhava na Antiga Companhia Brasileira de Fumo e Folha. O amigo faz o seguinte convite: “Venha trabalhar com a gente. Escreva uma carta para a CBFF”. Dito e feito. E assim Sliwiensky foi chamado, entrevistado e assim assumiu o seu oficio mecânico. Sliwiensky entrou no dia 04 de fevereiro de 1947 e foi transferido depois de quatro anos para Blumenau.
É que neste período a Unidade de Blumenau estava sendo deslocada do Bairro Itoupava Seca para o Bairro Garcia onde está até hoje. A Fábrica fechou no bairro Garcia em 03 de setembro de 2019.
Sliwiensky, que chegou a Chefe Geral das Oficinas da Unidade de Blumenau, onde se aposentou em 1975, montou com sua equipe toda estrutura da fábrica no Bairro Garcia.
Ele fala desse tempo: “Na avenida (rua Amazonas)   que hoje vai até a Souza Cruz, dois carros não se cruzavam de tão estreita. E na área onde é o  recebimento da Unidade, existia um morro, que foi removido por um trator”.
Sliwiensky trabalhou na montagem de linhas secadoras, caldeiras, tanques, prensas e instalações elétricas. O trabalho tinha que ser feito rapidamente, pois a nova Unidade estava para ser inaugurada.
Souza Cruz 1952 na construção - Imagem  Wilmar M.Filho
Souza Cruz 1955 - Imagem:Abelardo Luiz dos Santos
Cia. Souza Cruz - Garcia- Blumenau 1962
Ele recorda que as atividades duraram um ano, sendo que as duas caldeiras a óleo vieram transportadas de São Paulo por caminhão. “Durante mais de um mês tivemos que trabalhar com os pés na lama, durante todo o tempo a atividade era intensa, com trabalho no Natal e Ano Novo”, lembra Sliwiensky.
Apesar de algumas dificuldades de peças que tiveram que ser fabricadas localmente, tudo acabou no prazo certo e a safra de 1954 já foi recebida na nova Unidade. Graças ao esforço de Sliwiensky e a dedicação de sua equipe, como ele gosta de destacar: “Sempre tive uma equipe de Elite”. A determinação de todos compensou. A Unidade que processava 18,000 fardos
De fumo de 75 Kilos, na Itoupava Seca, passou no Bairro Garcia para 45.000 fardos no ano seguinte. Sliwiensky ajudou na implantação das Unidades de Tubarão, Brusque e Rio Negro.
Gaúcho de Erechim, hoje com 67 anos (1988) mesmo ano em que veio a falecer em 08/08/1988, Sliwiensky gosta de passear pela cidade onde mora, Blumenau, onde reencontrar velhos amigos, ler jornal e tomar chimarrão. Casado com Cecilia, ele tem três filhos, Elaine, Miriam e Gilberto, e sete netos. Com seu trabalho e empenho, Sliwiensky impulsionou a História da Empresa.
Informativo Souza Cruz nº 08 – agosto de 1988: Departamento de Fumo.
Arquivo José Geraldo Reis Pfau/Adalberto Day

quarta-feira, 3 de julho de 2013

- Enchente de 1983

Gilmar de Souza
Por Adalberto Day/Cientista social e pesquisador da história
- A enchente de 1983 teve uma duração de 32 dias, do dia 05 de julho até 05 de agosto, atingiu a marca maior no dia 09 de julho, 15,34 metros. Criou-se daí em diante, um estigma de cidade das enchentes. Mas o tempo passou, e nem sempre a primeira impressão é a verdadeira. Hoje somos uma cidade alegre, com festas populares, turismos, e a nossa Oktoberfest criada em 1984 para levantar o animo dos blumenauenses. Povo ordeiro e trabalhador nunca se deixaram abater pelas intempéries da natureza, que impiedosamente castigou os Blumenauenses.
Nessa época trabalhava no setor de Recursos Humanos da Empresa Artex do Bairro Progresso, a empresa através de sua direção, colaborou dentro das possibilidades. Os funcionários atingidos, ou que moravam em locais de risco e de difícil acesso, podiam se ausentar ou sair mais cedo para se prevenir de uma eventual consequência. A residência do presidente da empresa Carlos Curt Zadrozny, foi violentamente tomada pelas águas, teve que ser resgatado pelo telhado. Certo dia, estávamos sintonizados direto com TV e rádios, quando em certa ocasião correu um boato que as barragens teriam se rompido, e que as águas atingiriam Blumenau em questão de poucas horas, a uma velocidade, que varreria tudo que estivesse a frente. Imediatamente os Empregados que moravam em área de risco, foram liberados. Nós aqui mais para o final do Bairro Garcia, Glória e Progresso não tínhamos maiores problemas, a não ser com o acesso e a falta de informações com parentes e amigos. - Como a prefeitura, onde também se localizava a defesa civil (A Defesa Civil de Santa Catarina foi organizada em 1973 e no mesmo ano, em 20 de dezembro, foi implantada em Blumenau a COMDEC - Comissão Municipal de Defesa Civil. Foi no governo Vilson P. Kleinubig em 1989 que foi criada A Defesa civil de Blumenau), estava tomado pelas águas, o então o Comandante do 23º BI Ten. Coronel Barreto, transferiu as instalações da defesa civil, para o 23º BI, no Bairro Garcia. A descida e decolagem de helicópteros eram constantes e os comentários os mais diversos tais como: que a cada vez que pousava uma aeronave, continham nelas vários corpos que eram estendidos nas dependências do Quartel. Os números comentados já passavam de 500 apavorando a população. - A ponte Adolfo Konder, que da acesso ao bairro Ponta Aguda, era alvo de especulações que estaria prestes a romper. - Também se ouvia das pessoas mais humildes, que parecia igual ao dilúvio bíblico, “o mundo inteiro estava tomado pelas águas”. Fato que realmente muitos acreditam, pois como na época do dilúvio, as pessoas viram ao seu redor tudo tomado pelas águas e imaginavam o pior, mas eram pessoas que não conheciam outros lugares, outros países, outros continentes. - A enchente de 1983 teve uma duração de 32 dias, do dia 05 de julho até 05 de agosto,atingiu a marca maior no dia 09 de julho, 15,34 metros .
               
Depoimento de Carlos Braga Mueller: 
Algumas gerações sofreram com as enchentes de 1880 e de 1911. A nossa geração amargou as cheias de 1983 e 1984, tragédia em dobro, uma atrás da outra.
A chuva e a névoa escura que se abateram sobre Blumenau durante quase todo o mês de julho de 1983 jamais sairão da minha memória. Na minha casa, na Vila Nova, eu podia ver e ouvir o barulho dos helicópteros da FAB que fizeram uma base na quadra de esportes da Cremer.
Todas as comunicações estavam cortadas e só rádio a pilha captava notícias. As emergências eram transmitidas pelos valorosos radioamadores. Foi uma alegria quando descobrimos que um telefone público estava funcionando! Ficava na Rua Engº Paul Werner, esquina com a Rua Daniel Pfaffendorf, em frente a um mercado que existia naquele local. Foi assim que pude tranquilizar minha mãe e minhas irmãs, que moravam em Curitiba e que não tinham notícias de nós. Graças ao solitário telefone, talvez o único que ainda funcionava em Blumenau, pude pedir que mandassem água mineral. Alcina, uma das minhas irmãs, disse que ia mandar laranjas.
Minha casa não pegou água, mas estávamos ilhados.
Éramos uma população flagelada!
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Adendo
O que dizer de 1983? – O comentário da enchente pela vista de um acadêmico de jornalismo

Por: André Luiz Bonomini 
Jamais poderíamos nós, geração dos anos 1990, reclamar que nunca vimos tamanha destruição em Blumenau depois da catástrofe acontecida em 2008. Até ali foram várias pequenas cheias durante os anos que culminaram a tragédia de cinco anos atrás. Vimos sofrimento, famílias sem lar, sem entes queridos, estávamos assustados e por um momento os mais ligados na história se perguntavam: “Será que foi assim mesmo em 1983, ou teria sido pior?”
E ai que fica a pergunta que faço depois de 30 anos passados da maior enchente que Blumenau teve notícia neste século: O que nós, a tal “geração Y” pode dizer do que foi sofrido por nossa cidade em 1983?
Muitos vão me tirar de louco, dirão “há, você não nasceu pra sentir o que foi”, e tantas sandices mais. Mas não é preciso ir muito longe para tirar conclusões e se espantar pelo que aconteceu naqueles meses de julho e agosto daquele ano. Provas do que foi aquilo tudo se encontram em todos os cantos da nossa vida. Pais, tios, avós, TV e radio, uma visitinha ao Arquivo Histórico, internet, redes sociais...Não tem desculpa para não saber o que se viveu, o que se sofreu e o que se trabalhou naquele ano difícil para reerguer uma cidade praticamente debaixo de lama.
E outra pergunta, como o Vale não consegue esquecer tamanha tragédia, mesmo ainda se curando das cicatrizes de 2008?
Vamos por partes. 1983 já começara chovendo. Foram se seguindo algumas pequenas enchentes em meio a água que desabava. Julho não seria diferente, com tanta chuva no ar não tinha jeito de algo grande acontecer. E aconteceu. Por um mês praticamente os blumenauenses dividiam sua vida na cidade amada com água, lama e estragos, para não falar dos 70 que pereceram na tragédia.
Arrepia imaginar na mente as imagens que as fotos e os poucos arquivos de TV disponíveis pelos meios de comunicação tinham para registrar o que acontecia em Blumenau naquele mês. A água tomava o prédio da recém-inaugurada prefeitura, as ruas como a XV, ponto comercial totalmente perdido embaixo de lama. Muito se perdeu nas empresas como a Teka, casas em bairros tradicionais ou sumiam na água, ou boiavam no rumo do rio. Era como uma guerra, em que a população não podia lutar contra o Itajaí-Açu.
Mas, o que não dá mesmo pra esquecer, e felizmente, são as histórias de luta e coragem de muitos que deram o sangue embaixo das turvas águas para salvar vida, trazer conforto e estender o braço a quem precisa. Os hospitais fazendo o possível mesmo sem energia elétrica para salvar vidas e manter as que estavam internadas. Soldados do 23º Batalhão mostrando o significado do slogan do exército brasileiro – “Braço Forte, Mão Amiga” – indo a todos os lugares e se mobilizando numa verdadeira força-tarefa atrás do alivio. Abrigos, que se estendiam em escolas, igrejas, clubes de caça-e-tiro, onde tantas famílias procuravam conforto e fuga das águas...
E a comunicação? Como acadêmico de jornalismo fica impossível não deixar de imaginar os esforços, tanto de jornalistas como o dos radioamadores, para tentar levar informações e coordenadas a todo o canto do Brasil. Os valentes profissionais de rádios e da TV Coligadas (RBS Blumenau em 1984) que faziam malabarismos na água para buscar as imagens do que acontecia em nossa região, colocando o pé na lama, voando e recorrendo as confiáveis bateras, tudo pela informação precisa e de caráter de socorro em uma cidade as escuras.
Mas os radioamadores, ah! Pessoas incrivelmente dispostas ao trabalho. Que transformaram de simples “shacks” separados pela cidade numa incrível rede de solidariedade, transmitindo coordenadas e informações de canto a canto, seja da prefeitura ao 23ºBI, ou ao Ceasa, ou a Vila Itoupava. Onde estivessem, estavam em trabalho constante, escrevendo seus nomes como verdadeiras vozes de Blumenau.
Nomes como Tontini, Alda, Dalto, Boos, Nóbrega, Motta...e tantos outros cuja memória não ajuda nesta hora, estão grifados como grandes colaboradores em meio ao caos. As águas subiam, desciam, subiam, desciam...só não saia a persistência do blumenauense em querer dizer em sua teimosia aceitável que “Não! Eu vivo aqui e daqui não saio” e foi assim. Viria outra em 1984, mas uma enchente para um blumenauense, muitas vezes seria como “um dia após o outro”, pela tamanha vontade de vencer.
Concluindo todas estas coisas que vi e falei acerca de 1983, sem contar as que ainda não sei e que ainda muito quero saber, a resposta do que posso falar desta tragédia é de que: A enchente de 1983 não foi um momento apenas de choro, tristeza, morte e desolação ao observar as águas caudalosas do Itajaí-Açu a cruzar a cidade. Muito, além disso, foi um verdadeiro teste de fogo a todo o blumenauense que, mesmo sem contar com os meios mais eficientes, brigou contra a corrente para dizer que não iria sair de sua querida cidade, arregaçou mangas e se pôs ao trabalho no socorro do próximo, na informação e na mensagem precisa. E ergueu com todo o custo a cidade que hoje vemos, e que ainda luta em quaisquer calamidade que lhe venha a ocorrer.
As lições aprendidas em 1983 (podem muitas ter se esquecido) serviram de regra para outras cheias, para 2008, e ainda podem servir para qualquer luta que Blumenau ainda tenha que lidar com seu rio a sua volta. Creio que este comentário sobre a enchente não seja o mais correto e o mais próximo do que foi a calamidade de 30 anos atrás. Mas é o melhor que pude me aproximar, com meus 23 jovens anos, do que o blumenauense sente ao lembrar desses dias. Algo que o Vale jamais esquece, é verdade, mas que aprontou a região para qualquer contenda futura contra as forças da natureza, as únicas que o querem tirar a vontade de brigar pela sua terra.
Para finalizar, as frases de José Nóbrega que vale sempre lembrar: “A enchente é assim: O rio destrói, o rio constrói. O rio sepulta, mas também edifica. O rio, água lodosa como o fogo, retempera a alma deste povo imbatível: O blumenauense”.
Bom dia a todos!
Arquivo de Adalberto Day
Para saber mais acesse: