IDEÁRIO e PRÓDROMOS da CRIAÇÂO DA FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau.
SINÓPSE DOS ALINHAVOS CONSOLIDADOS - GENERALIDADES ESPARSAS - REMINISCÊNCIAS, anotações de Niels Deeke, na quadra temporânea que precedeu a criação da instituição.
Prolegômenos colecionados por Niels Deeke – diversas épocas.
3° Capítulo
Reminiscências relativas à FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS. Talvez o ano que então transcorresse fosse o de 1975, cerca dois anos antes de seu falecimento, quando, Hercílio Deeke, numa de suas diárias e delongadas entrevistas com o filho Niels, para enorme espanto deste último, o “Velho Hercílio” exprimiu sua tristeza pelo fato de que já então não era mais lembrado, nem pelo Glauco (Beduschi- diretor da Faculdade e ex-gerente do Banco da Bahia- ag. Bl’au ) numa solenidade na Faculdade para a qual convidaram personalidades que teriam envidado esforços para a concretização da instituição. O velho Hercílio não foi convidado, porém personalidades bem menos representativas, no caso, foram até agraciadas com louvações e diplomas. Ele rememorou rapidamente toda a atabalhoada trabalheira que resultou na criação da Faculdade, quando o mais destacado prócer político e empresarial de seu próprio partido manifestava-se peremptoriamente contrário à idéia. Relembrou nossas muitas conversas de 1962, nas reuniões lá em casa, com o Martinho (Cardoso da Veiga) que era vereador do partido adversário, mas nosso aliado na questão, o apoio constrangedor e difícil que precisou buscar na oposição através do Evelásio Vieira –Lazinho (2), a quem sempre reconheceu, afirmando-o como pessoa que prestou decisivo concurso na criação da Faculdade, quando eu, Niels Deeke, em fins de 1963 e início de 1964, exercendo pesada atividade industrial em Itajaí, não mais podia auxiliá-lo na questão. Contudo adiante deverei, ainda, revelar uma Circunstância que foi Decisiva para a formalização da Criação da Faculdade Municipal.
2) EVELÁSIO VIEIRA –LAZINHO : Nascido a 25/11/1926. Prefeito Municipal de Blumenau de 31/01/1970 a 31/01/1973 – portanto observe-se que seu mandato de prefeito foi o menor exercido – ou seja de somente três anos.
Lembrou, H. Deeke, a acolhida positivamente favorável que teve de Alcides Abreu –no Plameg - em F’polis., bem como as dificuldades em encontrar artifícios legais para inscrever verbas orçamentárias e subsidiar técnicos vindos “a priori” a fim de instruir metodologia e burocracia necessárias. Afinal acabou dizendo : “ Até parece que nada mais fiz do que assinar a lei da Criação da Faculdade, talvez já agora pensem que meu único trabalho foi arrastar a caneta por cima do papel e se esquecem da ciumeira partidária que aconteceu em Lages, Itajaí e Joinville, onde, nos dois últimos municípios, respectivamente, governavam o Dadinho e o Bender ”. Aliás o único apoio político-administrativo explicitado, no caso, foi o do Prefeito Alfredo João Krieck (mandato 1961-1966) -de Rio do Sul. É preciso registrar que um conhecido deputado federal por Santa Catarina, nem admitia - por não desejar a criação da “instituição” - ser interlocutor, no Rio ou em Brasília, do assunto criação de uma Faculdade em Blumenau. Quem quebrou as arestas ministeriais, subsidiado com informações documentais e a pedido de Hercílio Deeke foi o então radialista Evelásio Viera - que leva o mérito de ter praticado as buscas e obtido desembaraços, principalmente em São Paulo, talvez até no Rio de Janeiro, e sem dúvida em Brasília para onde seguiu com passagem paga pela PMB, cujos atos o deputado federal, por jamais ter simpatizado com Blumenau, furtou-se, de proceder.
Hercílio não tinha vaidades nem era orgulhoso, mas lhe doía muito qualquer ingratidão, contudo dificilmente deixava escapar, para percepção alheia, o sentimento de que fora atingido. O filho Niels entretanto, já estava mais que curtido pelas vezes em que, nessas ocasiões, suavizava-lhe o amor próprio ferido. Já estava até decorado na expressão de que “ não levasse em conta ações e posturas da nova sociedade emergente, porque esta não possuía passado, era oriunda da classe agrícola ou operária, inculta para os nossos parâmetros conservacionistas de eto tradicional, isso quando não envergonhavam-se, injustificadamente, de um passado de si próprios ou de seus antepassados, menos socialmente participativo ou desprovido de qualquer significado. Faltava-lhes “Berço”. Havia ainda as “aves de arribação” , não andorinhas mas aves de rapina, que aqui chegavam para tudo reformular, somente para justificar feitura de algo, mas que nada mais faziam que somente maquiar existências já anteriormente consubstanciadas.” Era o caso de um parente de político da região serrana. O “velho Hercílio” lançava mão de maneiras suasórias para anestesiar mágoas por ingratidões. Para o filho tudo poderia valer desde que não magoassem o seu “Velho” que tanto se desdobrara, no passado, em favor dos outros. Melhor seria tudo esquecer - porém eram verdadeiros os nossos incômodos, sofridos na maior discrição e confidência, e que transformaram-se na “enorme festança dos outros”. E assim aconteceu, que felizmente em 1969, Niels Deeke, pôde resgatar todo o seu volumoso “dossiê”, relativo ao material “Universitário discente e docente” de seus tempos de acadêmico da UFSC- Faculdade de Ciências Econômicas, que a duras penas obteve e emprestou, em 1962/63, ao Martinho Cardoso da Veiga a fim de possibilitá-lo à composição do teor às matérias letivas a serem ministradas nas diversas cadeiras do curso. .
O Governo do Estado, interpunha toda a sorte de óbices ao pagamento da Cota do Artigo 20 da Constituição Federal, devida, durante a administração de Hercílio Deeke, à Prefeitura de Blumenau. A arrecadação obtida em Blumenau e que lhe era devida mediante devolução Constitucional, foi desviada, pelo Estado, para outras finalidades, como subscrição do capital do “Banco de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina”- “Desembank”, obras do PLAMEG ( Plano de Metas do Governo) - antigo POE ( Plano de Obras e Equipamentos) que somente trocou de denominação, aumento salarial e numérico do funcionalismo estadual, asfaltamento da rodovia entre Joinville e São Francisco do Sul, e principalmente o pagamento da dita “Cota” aos municípios de Lages e outros administrados por prefeitos partidários da situação governante estadual, aquisição de controles acionários das empresas : “Empresa Força e Luz Santa Catarina” –sediada em Blumenau a rua Duque Caxias nº 7 – Cx.Postal 27, e “Empresul”- sediada em Joinville, cujas administrações eram então filiadas ao mesmo partido que exercia o poder o Estado ( PSD) - e, cujos diretores, locupletando-se com a venda de suas ações ao Estado, continuaram assentados nos altos cargos de direção das já então “Sociedades de Economia Mista” e passaram a integrar o consórcio “Celesc”. O que fez Hercílio Deeke para contornar a situação ? Sabedor, no início de 1963, de que o município de Itajaí, apesar do governo local ser da oposição ao estadual, o Prefeito Eduardo ( Dadinho) Canziani (UDN), conseguia através dos deputados estaduais “Sr. José Bahia Spinola Bittencourt ” e “Estivalet Pires” ( ambos do P.S.D), receber frações de seus duodécimos ( Cota artigo 20) e como de antemão podia deduzir que jamais receberia os pagamentos em dia, de vez que os deputados estaduais do partido governamental e que representavam a região blumenauense somente pretendiam era mesmo “ver o circo pegar fogo”, resolveu “instituir” a Faculdade de Ciências Econômicas de Blumenau, destinando à sua recém criada Faculdade, a percentagem de 10% dos recursos oriundos dos duodécimos que Prefeitura de Blumenau, viesse a receber, pelo efetivo ingresso, do retorno da “Cota” do artigo 20 da Constituição Federal no Tesouro Municipal. Procurando, ele Hercílio Deeke, adrede, gestores capazes de administrarem convenientemente uma autarquia e que pertencessem ao partido da oposição e portanto correligionários dos então mentores do Governo Estadual, deu início a propalada idéia de fundar uma Faculdade em Blumenau, iniciando as discussões “de fato” em sua residência com Martinho Cardoso da Veiga- presidente do Diretório do P.S.D. - partido de oposição, e , a pedido de Martinho, Niels Deeke cedeu-lhe todo o seu vasto material relativo ao Curso de Ciências Econômicas que, em 1961, havia concluído em Universidade Federal e respectivos documentos concernentes ao Conselho Regional de Economistas Profissionais – CREP da 4a. Região com sede então em Porto Alegre RS da qual Niels Deeke era o membro nº 606. Vide nota relativa as preliminares para a organização da Faculdade de Ciências Econômicas de Blumenau e em alusões a Martinho Cardoso da Veiga) . Mesmo assim o Governo do Estado persistiu no atraso do pagamento, pela devolução do IVC , e não foram poucos os aborrecimentos enfrentados também por Martinho Cardoso da Veiga ( Martinho Cardoso da Veiga = Formando em Direito pela UFSC em 1961. OAB SC nº 1688)– encarregado de organizar a nova Faculdade o qual não obtendo sucesso junto à Secretaria da Fazenda Estadual, apelava para Hercílio Deeke, solicitando adiantamentos da Prefeitura- como mensalmente terminou ocorrendo, provocando, dessarte, a antecipação da entrega dos recursos, muito antes da PMB havê-los recebido do Estado, enfim grave sangria no erário da prefeitura...
Rebuscando nossos anais de 1962, encontramos o registro de uma reunião na casa de Hercílio Deeke, num sábado a tarde, mês de outubro, presente o Dr. Martinho Cardoso da Veiga, ocasião em que este último insistia na procura um terreno para abrigar, no futuro, outras “Faculdades” que necessariamente decorreriam, após a fundação da primeira, cuja criação era somente uma questão de tempo. Dr. Martinho fazia muita questão de que Hercílio Deeke declarasse de “Utilidade Pública” os terrenos de ¨ Otto Jensen ¨, situados logo após a Fábrica de Cristais Hering, aliás uma vasta gleba então livre e desocupada, justamente na esquina da rua Bahia com a Rua Benjamim Constant. Era na realidade um terreno de elevado valor não só pelo ponto privilegiado como em razão da considerável área, e tal objetivo pleiteado pelo dr. Martinho era de todo – sem objeções - o mais acertado. Não sabemos quais teriam sido os motivos, além dos citados, que levaram, naquela oportunidade, o dr. Martinho a pleitear dito terreno para a edificação do futuro prédio da Faculdade, entretanto talvez estivesse então interessado por aquele terreno, pela simples razão de residir bem próximo dali, na rua Luiz Altenburg sênior, uma rua transversal à Benjamin Constant. O assunto do respectivo ao terreno de Jensen, infelizmente, não progrediu e sem muita demora foi procedido o seu grande loteamento. – Identificação do terreno que foi objeto de preliminares, em 1963, para abrigar o primeiro prédio da Faculdade- proprietário do terreno : classificado da Crônica Genealógica da família Jensen sob : LRIIF1N9 : Otto Jens Jensen, nascido em 18/6/1894 (Domingo) e falecido em 01/02/1976. Casado com Clara Schoenau, nascida em 1894 e falecida em 17/6/1987. Descende de uma colateral de Clara Schoenau, a sra. Elen Myszcka Pruner – residente em Balneário de Camboriú tel. 3.6..1....4 1. Foto do casamento in TABULARIUM JOANA JENSEN DEEKE & NIELS DEEKE. .Otto Jens Jensen, foi apelidado de “Gasosen Otto” ou “Gasosen Jensen” em virtude de ser fabricante de refrigerante- gasosa- “Fábrica de Bebidas Blumenau”. Residia defronte à “Fábrica de Cristais Hering” na Rua Bahia, então considerado o ponto extremo da Itoupava Seca ( após a linha férrea sobre a via, a região era a do Salto) , em bela casa pintada em cor amarela, no sopé do morro, com frontal para oeste, junto a curva que a rua fazia antes de ser secionada pela linha férrea, possuindo o vasto terreno de pastagem que havia logo à entrada da atual rua Benjamin Constant, então chamada, popularmente, de rua da “Escola Agrícola”.
No sentido de prover a Faculdade de Ciências Econômicas de terreno para a construção dos edifícios e instalações, o Prefeito Hercílio Deeke sancionou a Lei nº 1.266 de 13 de agosto de 1964, que em seus quatro artigos declarava de Utilidade Pública, diversas áreas de terras, no bairro Ponta Aguda, em Blumenau. Foram objeto da lei as terras pertencentes aos seguintes proprietários : Comercial Jansen S/A, Eduard Kurt Winckler, Afonso Cordeiro de Oliveira, Afonso Franziskus Maria Steinert, Cerealista Catarinense Ltda., Amilcare Molinare, Otília Koch. É o seguinte o texto do artigo 3º da lei supracitada de 1.266: Art.3º - Fica o diretor da Faculdade de Ciências Econômicas de Blumenau autorizado a praticar os atos necessários à efetivação da aquisição das áreas enumeradas no artigo 1º desta lei, inclusive assinar as competentes escrituras públicas. –ass. Hercílio Deeke- Prefeito Municipal. ( Docs. Vários- ofícios, leis e decretos In arquivo Niels Deeke- Pasta Faculdade de Ciências Econômicas de Blumenau)
Logo no início de 1964 foram convidadas, de São Paulo, duas professoras solteiras, que vieram para complementar as orientações passadas pela UFSC, para o âmbito não federal.. Vide consignação desta vinda das mestras in. Rel. Neg. Adm. Pref. Hercílio Deeke ano 1964 p. 105 dia 25/02/1964 e 11/03/1964. No ano de 1965 a “Faculdade” foi transferida da “Escola Barão do Rio Branco” (3) para a “ Escola Básica Júlia Lopes de Almeida”(4) , na Ponta Aguda. Somente em fins de 1969 os três primeiros prédios da FURB foram inaugurados na Rua Antônio da Veiga, antigo início do “Jarakenbach”. Início em 1963- Vide Relatórios Administrativos de Hercílio Deeke. Busca de Docs. na UFSC, relativos programa do Curso de “Ciências Econômicas”. Apontamentos das viagens de Martinho Cardoso da Veiga (Martinho OABSC nº 1688 e tel. 221125) e Niels Deeke à Florianópolis em 1963/64, para conhecer dos procedimentos necessários à instalação da Faculdade e arrecadar cópias por “Termo Fax - 3M ”. objetivando viabilizar o curso. Apostilas cedidas por Niels Deeke, formado em Ciências Econômicas pela UFSC em 1961 entregues ao colega Martinho Cardoso da Veiga visando consubstanciar material letivo curricular e prover com subsídios os futuros mestres que formariam o corpo docente da projetada “Faculdade”. Martinho da Veiga (5) devolveu os docs. em 1969, quando na “Fábrica de Chocolate Saturno S.A”., exercia a função “técnico em Contabilidade” e secretário de Assembléias Gerais, empresa da qual Niels Deeke era Diretor. Posse dos primeiros Professores da Faculdade de Ciências Econômicas de Blumenau em 06/4/1964, em solenidade realizada no paço municipal. Em 20/4/1964 foi realizado o primeiro exame vestibular da “Faculdade de Ciências Econômicas” de Blumenau.
3) ESCOLA BARÃO DO RIO BRANCO. Instituição particular de ensino fundada a 04/3/1953 (Quarta-feira) em Blumenau SC.. Mais precisamente a aula inaugural aconteceu em 04/3/1953- estando o governador do Estado representado por Hercílio Deeke.
4) ESCOLA BÁSICA JÚLIA LOPES DE ALMEIDA : Inaugurado pelo Governador do Estado Sr. Celso Ramos, em 7/8/1963. Na época a notícia reportava a inauguração de um Grupo Escolar de Ponta Aguda.
5) MARTINHO CARDOSO DA VEIGA . Inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil – seção Sc nº 1688 e tel 221125. Martinho apesar de integrar o partido P.S.D. - adversário ao de Hercílio Deeke, era simpático aos justos interesses da comunidade e destarte apoiava politicamente os atos administrativos do Prefeito HD- filiado a U.D.N.. Martinho foi também grande amigo de Niels Deeke, confraternizaram diversas vezes com algumas cervejas e camarões à “Paulista” numa mesa de canto no “Bar e Restaurante Lampião” na Itoupava Seca, antes de seguirem para suas casas que adiante situavam-se no mesmo caminho, pois eram vizinhos de residência- quando N.D. possuía sua casa-escritório-fábrica na Rua Gottlieb Reif, e Martinho era confrontante de fundos da propriedade, pela rua Luiz Altenburg sênior, rua paralela à primeira e que a precedia no entroncamrnto com a Rua Benjamin Constant. Na época Martinho já evitava dirigir automóvel e comumente telefonava para N.D. pedindo carona no fim do dia. Assuntos vários foram projetados, numa época em que o futuro genro de Martinho- o dr. Péricles Prade, nascido em 1942, ainda era estudante de Direito, pois formou-se somente em 1965 na UFSC- e nem sonhava em tornar-se seu parente. O assunto “Faculdade de Ciências Econômicas” chegou a tornar-se enfadonho, pois Martinho tanto insistia para que fosse levado avante, quando Niels Deeke ainda era, em Bl’au, o único “ Economista Profissional” inscrito no CREP - Conselho de Economistas Profissionais - cuja sede então ainda era em Porto Alegre RS. De tanta insistência o “nosso velho Hercílio Deeke” acabou concordando em “Criar” a “Faculdade” às exclusivas expensas do Prefeitura e ainda em 1998- as dotações à FURB eram da competência da P.M.B. Além de tudo Martinho era o Contador-Adjunto - responsável da Fábrica de Chocolate Saturno S.A. - empresa de propriedade de Niels Deeke.
Declarações de Hercílio Deeke: Tão logo cientes de que fora criada uma Faculdade Municipal em São Paulo – a de Taubaté – ( Leia adiante como Niels Deeke foi informado da criação de uma Faculdade Municipal em Taubaté- SP) encetamos os necessários contatos com o Secretário da Educação e Cultura de São Paulo - Padre Januário Baleeiro, ( Governo Adhemar de Barros) que, convidado, veio à Blumenau nos dias 03 e 04 de janeiro 1964, quando hospedou-se no Convento dos padres Franciscanos. Padre Baleeiro veio à Blumenau para tomar parte num programa radiofônico local – e no dia 04/01/1964 ofereceram-lhe, um churrasco no antigo Restaurante Palmital ( sito ainda à rua Nereu Ramos) , ágape ao qual também esteve presente o Secretário do Interior e Justiça do Estado de Santa Catarina- dr. Mário Tavares da Cunha Mello, além membros da comitiva do Padre Baleeiro – seus assessores, diretores da Rádio Nereu Ramos e destacadas personalidades. Vide relatório da visita in “O Executivo em Foco” 09/01/1964- 3 páginas) - Resumo :. Em discurso de agradecimento, feito no Restaurante Palmital, o Padre Baleeiro depois de, com fluência e correção de linguagem, atributos que lhe dão destaque às orações, agradeceu a acolhida carinhosa, manifestando-se, de maneira a mais simpática, sobre a nossa cidade e sua administração e hipotecando a solidariedade do governo paulista às pretensões de Blumenau no que se relaciona com a criação de um estabelecimento de ensino superior nesta cidade. Prometeu, na oportunidade, a vinda imediata de um técnico paulista para orientar todos os trabalhos ligados a essa idéia e para a sua breve concretização. No seu discurso o Padre Baleeiro referiu-se ao fato de ser Blumenau o único município do interior brasileiro que é dotado de um Departamento de Turismo e que esse fato, à primeira vista sem grande significação, é um atestado eloqüente, vivo, da pujança dos blumenauenses, do seu alto grau de cultura e da larga visão administrativa e patriótica dos seus governantes. Fez questão de frisar, o Padre Baleeiro, que ao pisar-se terras blumenauenses, sente-se logo contagiado pelo espírito de ordem, de trabalho, de alegria que reina por toda a parte, características de um povo que vive bem e feliz, trabalhando pelo engrandecimento do país. O assistente militar do Padre Baleeiro, um oficial da Força Pública de São Paulo, simpático e culto, que, com outros membros da comitiva, hospedara-se no “Grande Hotel”, não podia esconder as suas maravilhosas impressões sobre esse estabelecimento, que disse superar em instalações e serviço e na paisagem que dele se descortina, a quantos conhece, mesmo o “Palace Hotel” de Brasília. Esse militar também manifestou-se, com entusiasmo, sobre a recente publicação do Departamento Municipal de Turismo, o pequeno “Guia de Blumenau”, exemplares do qual haviam sido ofertados aos membros da comitiva do Padre Baleeiro. Disse-nos que, se todos os municípios publicassem guias tão bem feitos, tão completos e verdadeiros nas suas informações, não se precisaria sair de casa para conhecê-los bem. Antes de seguir viagem, o Padre Baleeiro e sua comitiva, visitaram à Prefeitura Municipal, ocasião em que a S. Exa. foram oferecidos os “longs playngs” – “Blumenau também Canta” e “Antigamente era Assim” (6), com expressivas dedicatórias.
6) BLUMENAU TAMBÉM CANTA” e “ ANTIGAMENTE ERA ASSIM” : Discos “long-play”- lançados oficialmente em Blumenau no mês de novembro de 1963. Foram produzidos pela gravadora Audio Fidelity do Brasil Ltda – estabelecida a Rua Rêgo Freitas, 354- São Paulo, Capital. Era seu gerente geral Sebastião R. Bastos. A gravação foi parcialmente subsidiada pela Prefeitura Municipal - governo Hercílio Deeke, que também colocou à disposição daquele gerente passagens aéreas, e um apartamento no Grande Hotel para recebê-lo em Blumenau durante o lançamento oficial das gravações. Longos trechos da gravação foram executados pela orquestra e coro do Teatro Carlos Gomes, de Blumenau, regida pelo maestro Heinz Geyer.
Exemplares dessas gravações também foram entregues ao Padre Baleeiro para que este os oferecesse, em nome do povo e do governo de Blumenau, ao dr. Adhemar de Barros, governador do Estado de São Paulo.. Entre as promessas de outros favores à Blumenau, o Padre Baleeiro, comprometeu-se a mandar material didático para o Grupo Escolar Machado de Assis, além de uma remessa de livros para a nossa Biblioteca Pública. Foram ainda procedidos os devidos contatos com o Secretário da Educação e Cultura do Estado de Santa Catarina- Prof. Elpídio Barbosa, objetivando orientação nas providências indispensáveis à criação de um estabelecimento de ensino superior em Blumenau. O Secretário da Educação paulista, enviou, em fins de fevereiro 1964, à Blumenau, o diretor da Divisão de Relações Públicas daquela Secretaria, o Padre Manoel Bezerra Melo, cujos conhecimentos relacionados com a organização e funcionamento de Faculdades eram bastante conhecidos. Foram enviados, pelo Governo do Estado de São Paulo, vários técnicos, dentre os quais Orfelina Rabelo e Lapecy Latife, visando orientar os trabalhos para a criação da Faculdade de Ciências Econômicas. Outros profissionais paulistas são referidos nos documentos constantes do arquivo de Hercílio Deeke. Em 11/3/1964 a AIRVI homenageou as professoras paulistas que trataram da fundação da Faculdade de Ciências Econômicas, com um jantar. Reunidos o Prefeito Hercílio Deeke, o Padre Bezerra e o Presidente da Câmara de Vereadores (Bernardo Wolfgang Werner), Presidente da AIRVI- Evelásio Viera (7), e representantes de associações, resultou do encontro o assentamento das providências para a concretização da grandiosa idéia. Foram as seguintes as palavras de Hercílio Deeke : “ A reunião em que tomei parte na sede da Associação Comercial, promovida pela AIRVI, para ouvir o enviado do Sr. Secretário da Educação do Estado de São Paulo, o padre Dr. Manoel Bezerra de Melo, diretor de Relações Públicas da referida Secretaria, teremos e, se Deus quiser, ainda neste exercício, a Faculdade de Ciências Econômicas de Blumenau. Neste sentido, ainda hoje, e em decorrência dos entendimentos havidos na citada reunião, enviarei à Câmara Municipal exposição de motivos, acompanhada de projeto de lei, criando a nossa Faculdade de Ciências Econômicas. Esse projeto deverá ter a aprovação unânime da nossa Câmara Municipal, pois os Srs .Vereadores, homens que sabem sobrepor às conveniências políticas ou de grupos, os superiores interesses da nossa comunidade, já que de há muito também se integravam no número de beneméritos blumenauenses que vêm se batendo pela conquista de um estabelecimento de ensino superior entre nós, e cuja falta se faz sentir de maneira premente. Sancionada a lei de criação da faculdade, solicitarei a sua aprovação ao Conselho Estadual do Ensino. Acredito que, dado o interesse que S.Exa. o Sr. Governador do Estado e o seu digno Secretário de Educação têm demonstrado pelo desenvolvimento e crescente melhoria do ensino no Estado, também aquele órgão não oporá óbices ao pronto atendimento da nossa pretensão. Conto com que, no mais tardar, dentro de 30 dias, teremos legalizados os termos indispensáveis e que, em maio vindouro, já a Faculdade poderá estar em funcionamento. Esclareço ainda que o Decreto de Criação da Faculdade de Ciências Econômicas estabelecerá a distribuição de uma verba de 10% sobre as cotas de retorno devidas pelo Estado ao Município. Isso será suficiente para a manutenção da Faculdade. E eu acredito que dentro do mesmo espírito que tem inspirado o Governo Celso Ramos, no que se relaciona com o ensino e nos seus propósitos, mais uma vez evidenciados, o Estado manterá em dia o pagamento das citadas cotas de retorno; o Município não terá dificuldades, por sua vez, de cumprir com pontualidade os compromissos que terá de assumir para a criação da Faculdade em causa. Congratulo-me, portanto, efusivamente, com a população de Blumenau por mais este grande melhoramento que estamos proporcionando, pelo nosso Governo, a esta comuna e a todo o Vale do Itajaí. Cumpre-me, também, enaltecer o decidido trabalho do presidente da AIRVI, na pessoa do sr. Evelásio Vieira, e à colaboração sincera dos srs Vereadores, das classes produtoras, dos estudantes em geral, de toda a população blumenauense, enfim. Se nos mantivermos dentro do mesmo espírito de solidariedade, de cooperação, que ensejou o feliz resultado a que chegamos, pode Blumenau estar certa de que outras e grandes conquistas serão alcançadas para o seu bem estar e o seu engrandecimento, porque, unidos, seremos uma força capaz de todas as realizações.” – Seguem-se duas folhas copiadas em “ mimeógrafo ” contendo o primeiro “Programa para o Concurso de Habilitação para as Cadeiras da Faculdade de Ciências Econômicas”, que foi publicado, oficialmente, em 12/3/1964. Os primeiros professores da Faculdade de Ciências Econômicas de Blumenau, foram, oficialmente, empossados, pelo Prefeito Municipal de Blumenau- Hercílio Deeke, em solenidade realizada no Salão Nobre da Prefeitura Municipal de Blumenau na data de 31/3/1964. Ainda em 10 de abril de 1964, foram contratados os professores para as várias Cadeiras da Faculdade de Ciências Econômicas de Blumenau, tendo os atos sido referendados pelo Prefeito Hercílio Deeke. Em 20/4/1964 realizaram-se os primeiros exames vestibulares para ingresso na referida Faculdade.
7) PRESIDENTE DA AIRVI : Em outubro de 1964 era Presidente da AIRVI – Associação de Imprensa e Rádio do Vale do Itajaí, o Professor JOAQUIM DE SALLES. Após receber em outubro de 1964 um exemplar do Relatório dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau- administração Prefeito Hercílio Deeke, assim se expressou o Professor Joaquim de Salles: “Mais uma vez pude apreciar pormenorizadamente o patriótico e inteligente esforço de V.Exa., bem como o manifesto desejo de bem servir à florescente Comuna que, em boa hora, vem administrando. Perlustrei todo o seu trabalho, mas, de um modo especial, chamou-me a atenção o muito que V.Exa. tem realizado em prol da Educação Pública. Oxalá os sucessores de V.Exa. continuem esta obra, por todos os títulos meritória e digna de encômios. Faço votos para que V.Exa. Senhor Hercílio Deeke, prossiga nesta marcha nobilitante até o fim do seu mandato. Cordialmente Joaquim de Salles – Presidente da AIRVI”.
Final dos excertos
QUAL FOI ENFIM A CIRCUNSTÂNCIA QUE CONSIDERO DECISIVA NA CRIAÇÂO DA FACULDADE ?
D E um B A U R U À T A U B A T É
Acontecimentos entre um BAURU e TAUBATÉ : Um Bauru ( sanduíche) no Bar e Café Alvorada e a indicação de haver uma Faculdade Municipal em Taubaté.
A fim de que me seja possível indicar a “Circunstância que foi Decisiva” na criação da Faculdade, não se me afigura outra condição que não a de relatar as preliminares que culminariam no ¨ FELIZ ACHADO ¨.
Desde meados de 1962 não se passavam dois meses sem que o Martinho estacionasse o seu Chevrolet de duas cores – verde e creme – no pátio do Moinho Peônia , em Itajaí, do qual eu era o gerente geral. ( Capacidade instalada - 300 toneladas diárias de moagem de trigo em grão – capacidade nominal 150 toneladas de moagem)
Era, ele, o Martinho, já conhecido dos meus funcionários, como o ¨homem do chapéu Panamᨠe, pelo interfone, assim o referiam, comunicando sua chegada, geralmente no início das tardes. A história era sempre a mesma : convocava-me, com insistência, a acompanhá-lo à Florianópolis para rebuscar na UFSC legislação e documentação concernente ao funcionamento das Faculdades. Por evidente sempre pretendeu que seguíssemos com meu carro, na época um Aero Willys na cor marrom ou seja ¨cor de burro quando foge ¨, aliás uma corruptela da expressão “corro de burro quando foge”, deixando o seu Chevrolet no pátio da empresa.
Foram muitas, mais de 10, as viagens mais fiz com o Martinho Cardoso da Veiga , ele com seu indefectível Panamá à cabeça, terno de linho e mascarado pelos óculos Ray-Ban com armação dourada. Não mais me surpreendia ao vê-lo enfiar a cabeça assim decorada pela porta do meu gabinete no Moinho. Sem alternativa seguia para casa e preparando minha mala para um dia de viagem, rumávamos à Florianópolis, lá extraindo, na UFSC, montanhas de cópias Termo –Fax da 3 M ( eu levava, do Moinho as caixas de papel virgem – sensível ao calor < era caríssimo > para as cópias) , em época na qual não havia, pelos menos aqui, máquina para cópia xerográfica. Através posterior pesquisa minuciosa de tais cópias esperávamos encontrar os necessários subsídios que nos permitissem viabilizar os procedimentos legais necessários à instalação do Curso de Economia em uma Faculdade Municipal.
Foi justamente em uma dessas minhas estadas na UFSC, suponho fosse julho ou agosto de 1963, oportunidade na qual a Universidade recebia a visita de palestrante catedrático de São Paulo, que o dr. David Ferreira Lima - reitor da UFSC , sabedor, há tempos, de nossos objetivos, mandando-me chamar, do recinto de onde extraia cópias, ao seu gabinete, colocou-me em contato com o lente palestrante de curso de extensão universitária que provinha de São Paulo, o qual foi por mim informado de nosso desiderato em constituir uma Faculdade em Blumenau. De imediato apontou-me a apropriada forma legal a ser perseguida, qual fosse repetir os procedimentos que recém haviam ultimado na criação de uma Faculdade Municipal em Taubaté – SP , mediante utilização de recursos públicos municipais. Martinho naquela tarde não esteve presente – permaneceu na Junta Comercial, protocolando e retirando contratos e extratos de assembléias gerais a cargo de seu escritório de contabilidade em Blumenau, e além perdia muito tempo no guichê da Imprensa Oficial do Estado onde providenciava publicações e retirava exemplares impressos com as suas encomendas. Saudoso recordo-me quando, anos após, em 1969/70, sentados à mesa de assembléias da minha Fábrica de Chocolate Saturno S/A nas costumeiras reuniões mensais, ele repetiria a expressão hipocorística ( ou seria uma antonomásia ?) com que, primeiramente, me referiu naquele ano de 1963 : ¨Niels – o Arquimedes, ( ¨ da criação de nossa Faculdade¨, em alusão ao experimentador da pressão hidrostática, que ao banhar-se por imersão, descobriu o método de proceder o cálculo do volume de um corpo e, saindo nu à rua, em Siracusa, gritou ¨Eureka¨, em grego ¨descobri ¨.) no que eu redarguia : ¨só me falta mesmo é sair pelado por aí gritando ¨eureka¨, e nos divertíamos com blagues mais. Todavia não fui propriamente o seu ¨Arquimedes ¨ , quando muito um efêmero primeiro receptor da ¨ informação capital ¨, de que, no Estado de São Paulo, havia uma ¨Faculdade Municipal¨ - então acreditada como a primeira criada no país - e que se pretendêssemos constituir igualmente outra, mais cômodo seria procurássemos repeti-la, e para tanto indicaram-me competente a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que em seus arquivos possuía a recente documentação aprovada. Num primeiro momento, quando aquele mestre palestrante, com a maior serenidade deste mundo, indicou-me a solução do nosso problema, nem me dei conta do valor da informação, e não fossem as palavras com as quais logo manifestou-se o dr. David Ferreira Lima. dizendo pensar estar revelada, ali, a solução de nosso problema, eu continuaria por algum tempo ainda incrédulo. Sem demora anotei os dados que aquele professor forneceu, endereços e o nome do padre Januário Bezerra – secretário da Educação em S.P. como experimentado no assunto e como a pessoa indicada para consultas. Horas após eu comunicava o ¨ Fato Novo ¨ ao Martinho e também ele, num primeiro instante, não percebeu a importância da notícia, porém aos poucos percebeu que finalmente encontráramos a solução, e para, meu gáudio, eu não precisaria mais vasculhar em Florianópolis.
A partir de novembro de 1963, devido problemas familiares de minha exclusiva família em Itajaí, e da falta de abastecimento de Trigo em Grão importado, o que requeria meus contínuos esforços junto à entidades federais, estaduais e classistas além da COMAP -Comissão de Abastecimento e Preços de Santa Catarina, em Florianópolis e Itajaí, comuniquei, então, ao Martinho e ao meu pai, que deixaria de prestar contribuição tanto assídua ao assunto Faculdade, pois daí em diante as tratativas deveriam ser desenvolvidas diretamente com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, vez que seria nos procedimentos dessa Secretaria, havidos com a Faculdade Municipal de Taubaté, que poder-se- ia fundamentar a futura estrutura de nossa pretendida Faculdade Municipal em Blumenau. Recordo-me ainda que fui, por duas vezes, portador de correspondência ao padre Bezerra – diretor do Ensino da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo ( Padre Manoel Bezerra de Mello ), aproveitando viagens que fazia ao Rio de Janeiro para adquirir cotas de Trigo em Grão, junto ao Ministério da Agricultura, no departamento que substituiu o anterior Serviço de Expansão do Trigo – SET.
Cá encerro este singelo relato no qual constam consignados alguns dos meus procedimentos coevos ao ideário e à ultimação da nossa primeira Faculdade, a de Ciências Econômicas de Blumenau.
Elaboração de: Niels Deeke, em o ano de 2004 – Blumenau – SC
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Charles Ringenberg
ResponderExcluirAlbertoday Se falaram mal, deve ser por inveja. Nem liga Adalberto, seu blog é referência !
Olá
ResponderExcluirO restaurante Lampião foi do meu bisavô Hermann , voltei a morar em Blumenau e gostaria de obter o endereço, tenho fotos antigas caso tenha interesse.
Michele
micheledpnt@gmail.com