Segundo o Memorialista Niels Deeke o ideário das Obras de Defesa da margem direita do Rio Itajaí Açu, na cidade de Blumenau, teve início após a queda da barranca atrás do Hotel Moderno da Família Greuel, quando a enchente de 18 de maio de 1948 atingiu 11,46 metros. Em maio de 1955, precisaram interditar a Rua XV de novembro - trecho desde a rua Amadeu da Luz até a confluência com a rua Brusque - atual rua Namy Deeke - por cerca de um ano, vez que aquele trecho da rua XV de novembro, sensivelmente fraturado, ameaçava desabar no rio. Constam da nota n° 5 abaixo os desbarrancamentos ocorridos naquela época;
Foto : AHJFS Arquivo Histórico José Ferreira da Silva
Com fundos para o Rio Itajaí-Açu, a Casa de Comércio Altenburg (Após Casa Moellmann) construiu na barranca um porto particular. Tinha, através Plano Inclinado de Tração, acesso direto aos porões da loja, onde funcionava o depósito. E este, depois de desativado, foi lacrado tão bem que só foi descoberto recentemente, com a reforma da Havan. Com o passar do tempo, o rio deixou de ser importante para o tráfego de mercadorias. Novas lojas ocuparam o lugar das antigas. A barranca transformou-se, aterrada, na Avenida Castello Branco, ou Beira-Rio. Aos fundos, a antiga Igreja São Paulo Apóstolo.
1955
1959 - Barranca do rio fundos Praça Hercílio Luz
(Foto: Arquivo de Adalberto Day e Neide Fronza)
A imagem de 1964 mostra a fase inicial das obras na Avenida Castello Branco, a Beira-Rio, em Blumenau. Foi na gestão do governo de Hercílio Deeke que o primeiro trecho da obra foi construído, cobrindo, em 1965, a seção desde o entroncamento com a rua XV de Novembro - junto à Ponte dr. João Pedro da Silva sobre o ribeirão Garcia - até o final da Rua Marechal Floriano Peixoto – foi citado como até o trecho de rua onde localiza-se o edifício Mauá - em uma extensão de 650 metros, permitindo a passagem dos caminhões caçamba e o transporte das pedras para o enrocamento da margem do rio. Desde 1954 foram intensificadas as ações para construção de um muro de arrimo para proteger a margem direita do Rio Itajaí-Açu, projeto que a final aprovado, foi executado em convênio com o DNPVN com início em 27/8/1963, data da assinatura do convênio entre Hercílio Deeke pela a PMB e o Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis do Ministério da Viação e Obras Públicas. Durante a gestão administrativa do governo Carlos Curt Zadrozny foi dada continuidade e inaugurado o primeiro trecho até a Ponte Adolfo Konder ligando centro bairro Ponta Aguda. Durante o governo de Evelásio Vieira (Lazinho), Felix Theiss, Dalto dos Reis. a obra é concluída. A nova avenida, em alguns trechos, invadiu o leito do rio em até 30 metros. A Avenida Presidente Castelo Branco, mais conhecida como Beira Rio, foi criada oficialmente em 18 de novembro de 1975. Para sua implantação foi realizado um enrocamento, com pedras retiradas do bairro Boa Vista, para conter o aterro entre os prédios da rua XV de Novembro e a margem do rio.
A nossa encantadora Avenida Castello Branco – mais conhecida por Avenida Beira Rio, arrebata a atenção do espectador desde a sua inauguração. Recebeu esta denominação em homenagem ao ex Presidente da República Federativa do Brasil, Humberto de Alencar Castello Branco, que visitou nossa cidade em maio de 1965, acompanhado da filha Antonieta Diniz . Não poucos contestam o nome dado, tendo ocorrido várias tentativas de mudança do nome visando homenagear alguém da cidade. Contudo mudando-se-lhe ou não a denominação, será sempre conhecida como “Avenida Beira Rio”. Apreciando-a, seja durante o dia ou à noite, tanto o seu glamour como seu charme, sempre se farão notados, por representar, a bela via pública, o mais formoso remate a emoldurar a cidade de Blumenau.
1982
Notas:
1) Em 08/01/1954 conforme relata o Prefeito Hercílio Deeke- in Relatório dos Negócios Administrativos ano 1954 p. 89 : “ É aprovado na Câmara Federal , o crédito destinado ao Muro de Arrimo da margem do rio Itajaí Açu, no centro da cidade.
2) Em 25/7/1954 o Deputado Federal Wanderley Júnior apresentou uma emenda ao orçamento de 1955, elevando a cinco milhões de cruzeiros o crédito para a construção do projetado muro de arrimo da margem do rio Itajaí Açu no centro da cidade de Blumenau.
Foto: Rogério Pires
Foto Calendário Prefeitura 1988
Foto Calendário Prefeitura 1988
3) Vide descrição parcial das “Obras de Defesa da Margem do Rio Itajaí Açu, ao longo da rua 15 de novembro” in Relatório Neg. Administrativos Prefeito Hercílio Deeke ano 1964 – p. 85/86. Em 26/02/1965 foi celebrado entre o Ministério da Viação e Obras Públicas – Depto. Nacional de Portos e Vias Navegáveis o “Termo aditivo ao aditamento de 23/10/1963, referente ao termo de convênio de 27/8/1963 celebrado entre o Depto Nacional de Portos e Vias Navegáveis e a Prefeitura Municipal de Blumenau, no Estado de Santa Catarina, para a execução das obras de proteção da margem direita do rio Itajaí Açu- naquele município- contém sete cláusulas e três páginas – cópia in arquivo Niels Deeke.- Leis Hercílio Deeke - Ano 1965. Pelo Decreto nº 42.423 de 07/10/1957 o presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira nomeou um Grupo de Trabalho cujo fito era estudar a situação econômica da bacia hidrográfica do rio Itajaí Açu. Foi então que numa das palestras mantidas por técnicos ficou assentado que o problema das cheias somente poderia ser resolvido com a construção de barragens nas cabeceiras dos principais rios que formam o Itajaí .
Década de 1990
Década 1990
4) “Obras de Defesa da margem do rio Itajaí Açu, ao Longo da Rua 15 de Novembro, em Blumenau”
“Conforme convênio firmado com o Departamento de Portos e Vias Navegáveis, do ministério da Viação e Obras Públicas, foi a Prefeitura encarregada da execução das obras de Defesa da Margem Direita do rio Itajaí Açu, obedecendo o projeto elaborado pelo referido Departamento – D.N.P.V.N. – que prevê o enrocamento no trecho compreendido entre as embocaduras dos Ribeirões “Velha” e “Garcia”, o que proporcionará também, além da segurança das casas situadas entre o Rio Itajaí Açu e a Rua XV de Novembro, a possibilidade da construção da tão almejada “Avenida Beira-Rio”, que dará à cidade um aspecto novo, além de um logradouro público das mais aprazíveis e pitorescos.
Foto Mário Barbeta - Ano 2003
Ano 2011
Utilizando-se a verba de Cr$ 16.000,00, consignada no Orçamento da União para o ano de 1963 e já recebida, foram executados, de início, os serviços de limpeza e movimento de terras no trecho compreendido entre a Praça Dr. Blumenau e o Edifício Mauá ( na esquina da Rua Quinze de Novembro com a Rua Marechal Floriano Peixoto) , permitindo o aterro efetuado a construção de plataformas de trabalho, necessárias à movimentação dos caminhões e da máquina “Drag-Line”. Retirou-se na margem 960,00 m3 de lixo e detritos e colocou-se 6.396,00 m3 de barro e cascalho miúdo.
Os serviços estão sendo executados sob a administração da Prefeitura, através sua Diretoria de Obras Públicas e sob a fiscalização e supervisão direta do Engº João Caropreso, funcionário do D.N.P.V.N , como representante do Ministério da Viação e Obras Públicas.
Cabe registrar que, além da verba já anteriormente recebida, de Cr$ 16.000,00, falta receber a consignada no Orçamento do ano passado ( 1964) , de Cr$ 10.000,00 , conforme aditivo ao Convênio firmado. Para o corrente exercício, acha-se consignada no Orçamento da União, a verba de Cr$ 50.000,00, para as obras em referência..
Tratando-se de obra grandiosa e de um projeto de grande vulto financeiro, pelo montante de recursos que nele deverão ser investidos, há, como é natural, necessidade da cooperação financeira do Governo Federal, para garantir a continuidade dessas obras.
Atualmente acham-se as mesmas paralisadas, por falta de liberação e pagamento das verbas nos anos de 1964 e corrente exercício (1965). respectivamente de Cr$ 10.000,00 e Cr$ 50.000,00 , o que vem prejudicando grandemente as serviços de aterro já feito, em virtude da erosão que se verifica pelas contínuas enchentes do Rio Itajaí Açu. Hercílio Deeke, prefeito de Blumenau, abril de 1965. “
5) Adiante faço constar ocorrências de desbarrancamentos da margem direita do Itajaí Açu Cumpre-nos registrar uma singular ocorrência datada de 18 de maio de l948, quando na manhã daquele dia o Itajaí Açu alcançava uma cheia de 11,46 metros. Victor Deeke preocupado com as conseqüências que a enchente estivesse causando a Blumenau, pois nesta cidade ainda residia sua mãe Dª Emma Deeke, e como as ligações telefônicas estivessem interrompidas e também as rádios estivessem fora do ar pela falta de energia ( então gerada exclusivamente pela Usina Salto a qual deixava de operar com águas acima de 10 metros e só os poucos radioamadores mantinham os contatos mais importantes), resolveu, recordando-se dos prestimosos serviços que os vapores Progresso em 1880 e o Blumenau em 1911 prestaram no socorro à população flagelada, trazer a sua poderosa “lancha Henrique” de Itajaí a Blumenau para eventualmente cooperar no salvamento e transporte de necessitados. Com facilidade venceu as caudalosas águas da enchente desde a barra do Itajaí-Mirim, local em que Victor Felix Deeke residia junto à sede da Fábrica de Papel – da qual era diretor presidente - com o trapiche da embarcação, e no início da tarde chegou a Blumenau. No percurso seguiu até altura do trapiche que havia junto ao acesso à balsa que transpunha o rio na Itoupava-Seca, local onde atualmente situa-se a “ponte Irineu Bornhausen”, na rua Santa Catarina e como nenhuma solicitação de socorro lhe fosse feita, retornou aportando na embocadura do ribeirão Garcia. Contudo tão logo atracou foi informado de que a lancha ao deslocar-se, rio acima, defronte as barrancas da cidade provocara tamanha “pororoca” que o macaréu com suas ondas fizera desabar alguns ranchos levados pela terra que desbarrancava. A surpresa dos pilotos foi geral, pois não podiam observar os efeitos das grandes ondas que produziam, porquanto estas só atingiam as margens quando a “verdadeira belonave” - o que efetivamente era por tratar-se de uma lancha de desembarque das tropas aliados na Grande Guerra que terminara fazia 3 anos – Lancha modelo PT - já se encontrava muito adiante, rio acima. Ainda na mesma tarde retornaram à Itajaí. Dia seguinte à rumorosa passagem da “Lancha”, queremos crer que por coincidência, aconteceu um enorme deslizamento da “barranca do rio”, quando toda a margem de terra atrás do “Hotel Moderno” (defronte a atual - 1996- agência do Banco do Brasil) de propriedade da família Greuel, ( cuja matriarca foi Helene Greuel, falecida em 02/7/1998 , genitora de Ingo e Werner Greuel,) desapareceu, formando um imenso pontal até o centro do rio. O prédio do hotel foi condenado, suas dependências sobre a barranca, como a cozinha, despencaram nas águas e a própria rua l5 de novembro, no trecho em questão , foi afetada por rachaduras e interditada. A família Greuel recuperou, em parte, o prédio mediante seu assentamento sobre profundos poços em concreto. Dificilmente a causa do desabamento poderia ser atribuída, exclusivamente, à movimentação e deslocamento da água que o fragoroso avanço da Lancha provocou na já impetuosa correnteza que a enchente desenvolvia. A partir de então outros desabamentos houve, como os da antiga “Casa Meyer,” a do prédio em construção da “Farmácia Catarinense”, a perda da barranca e condenação do prédio da antiga agência Banco Inco no início da rua Floriano Peixoto – uma esplêndida edificação mandada construir pelo Sr. Curt Hering e que serviu de sede ao Banco Agrícola e Comercial de Blumenau S.A. até 1942, local onde atualmente localiza-se a agência Prime do Bradesco - e ainda o total desbarrancamento, entre os dias 20 e 27 de maio de 1955, fazendo sumir tudo quanto havia nos fundos do Hotel Cruzeiro, além de provocar interdição pelo perigo iminente de desmoronamento do prédio ao lado, pertencente ao Sr. Garcia – onde antes havia o Bar Dinamarca, quando o trânsito foi desviado, po longo tempo, para a rua Getúlio Vargas, como também em 27 de maio 1955 iniciou o deslize da barranca atrás da casa do sr. Braga. etc., flagelos que somente foram coibidos com o enrocamento da margem e execução, mesmo que não observando o projeto inicial, do muro de arrimo da margem direita do Itajaí Açu, junto ao centro urbano de Blumenau. (atual Avenida Castello Branco).
Veja Vídeo da Construção:
Werner Tonjes
Veja Vídeo da Construção:
Werner Tonjes
Colaboração especial do Memorialista Niels Deeke
Arquivo de Dalva e Adalberto Day
Belissima reportagem esta postada aqui. Aquela foto de 88 que mostra a Replica do Vapor Blumenau lotada navegando em direção ao porto(ou trapiche) que tinha no inicio da Beira Rio chega a ser surreal.Quem viveu nesta época e que costumava descer as escadas da Beira Rio e subir toda sua estenção até onde hoje fica a Prefeitura sente saudade. E ainda tem idiota que diz que quem vive de passado é museu............... Parabens pela reportagem.
ResponderExcluirObrigado Sr Adalberto por trazer esse belo texto sobre Blumenau.
ResponderExcluirParabens!
André Tarnowsky
ResponderExcluirAdalbertoday Que espetáculo! Desde que conheço Blumenau, já havia a Beira Rio. Abraços!
Talvez seja hora de começar a pensar no nome da solução que deverá ser executada no lado esquerdo. Excelente artigo.
ResponderExcluirMuito bom o texto.
ResponderExcluirSão historinhas bastante interessantes. Eu me lembro de dois pontos importantes da Beira Rio. Um deles são estas duas casas que desmoronaram, ou seja, o restaurante (varandão) do Hotel Moderno e o prédio em construção aonde foi a Drogaria Catarinense
Foram os motivos para a construção da proteção do rio, por consequência a Beira Rio. Outro aspecto que se falava é que a verba da obra foi conseguido com a DNPVN, ou seja, verba federal com investimento não de construção de rua, mas de obras como dragagens e proteção de portos, etc .... Algo bem diferente dos tradicionais projetos públicos de construção de vias. Um dinheiro diferente.
No final dos anos 60, trabalhei na SOCATEL firma de terraplenagem do meu tio Aggeo Guerreiro, que trouxe de Apiuna seu canteiro de obras e se instalou naquela rua atrás (fundos - Bom Retiro na rua que ligaria com Shopping Neumarkt) do Hospital Santa Isabel. De lá maquinas e caminhões retiraram uma terra especial e pedras (chamote) para a construção da Beira Rio. Aquela empresa fez boa parte desta obra, não sabendo posicionar exatamente qual o trecho.
José Geraldo Reis Pfau
Oi Beto e Niels.
ResponderExcluirBela reportagem sobre a avenida beira-rio. Gostei muito porque acompanhei e até "fiscalizei"" boa parte das obras
que, com o tempo, foram melhorando a aparência desse trecho da cidade, importantíssimo para o visual da nossa cidade.
Eu só imagino se isso fosse realizado nos dias de hoje. Será que sairia?
Agora, a cidade se defronta com os problemas de deslizamentos na margem esquerda. Vai ser uma luta dinâmica. Talvez ainda fiquem para os próximos prefeitos... Obrigado
Amigo por mais esta. Abrs.
E.A.Santos
Bom dia! Obra grandiosa pra época,e de grande utilidade desde aquele tempo e muito + nos dias de hoje.O q muito entristece é q tantas coisas foram feitas ao redor das margens,e ficaram pra trás Tipo: Moinho do vale, a prainha,Vapor Blumenau 1, e Vapor Blumenau 2 q fazia aqueles passeios em um restaurante flutuante, e porque não citar a Praça enfrente a prefeitura velha se não me engano Hercílio Luz. Tantas maravilhas esquecidas depois de uma obra tão grandiosa como nossa querida Beira Rio. Abraço Professor Adalberto!
ResponderExcluirRenate Pereira Boa noite Beto. Obrigado por estar sempre nós proporcionando essas belezas de Blumenau a relembrar a nossa linda cidade. Beira Rio sempre linda abraço.
ResponderExcluirValmor Pinheiro Anos 50/60 onde hoje é à Bela beira rio eu tirava trato pras criações a praça DR Blumenau já existia com os famosos carros de mola tinha ali perto a churrasqueira palmital a loja capital em cima da loja era a rádio clube com os famosos Tesoura Junior Nélson Rosembrok Jezer Joci.
ResponderExcluirPor que não se pode mais caminhar beirando o rio, como se fazia antigamente?
ResponderExcluirSonia Ruth Anton Bauler
ResponderExcluirAdorei o texto. Fotos maravilhosas. Mas que esse rio já esquentou a cabeça de nós,já esquentou. Parabéns e obrigada