Bairro Escola Agrícola
Mais uma participação exclusiva e especial do renomado escritor, jornalista e colunista, Carlos Braga Mueller, que hoje nos relata sobre o tempo da Escola Agrícola em Blumenau.
Histórias de nosso cotidiano
Por Carlos Braga Mueller
A discussão em torno das diabruras e travessuras que grupos dos “sem terra” praticam pelo Brasil afora têm suscitado os mais inflamados discursos.
De um lado, movimentos sindicalistas, defendendo as tropelias, apoiados nas entrelinhas por segmentos do governo federal.
Do outro, proprietários rurais, que vêem suas fazendas invadidas, condenando com razão estas ações, caracterizadas como criminosas.
Estatísticas revelam que é grande o número dos sem terra que um dia já ganharam seus pedacinhos de chão, e que os passaram adiante, faturando um dinheirinho. Pois não sabem nem plantar !
Todas estas colocações me fizeram lembrar de uma atividade surgida em Blumenau no início dos anos 40 , da qual resta apenas hoje a lembrança, representada pelo nome de um bairro da cidade: ESCOLA AGRÍCOLA.
O que foi a ESCOLA AGRÍCOLA ?
Pois, conta a história, o então Prefeito de Blumenau, José Ferreira da Silva, resolveu criar uma escola que ensinasse as crianças a plantar.
Genial, não ? José Ferreira da Silva exerceu o mandato de prefeito de janeiro de 1938 a junho de 1941.
E então, foram recrutadas muitas crianças carentes, a maioria oriunda da favela que existia no Morro da Caixa D´Agua, conhecida como Farroupilha.
A estas, vieram juntar-se filhos de agricultores, descendentes de alemães, que já tinham intimidade com a lavoura, mas cujos pais e avós estavam sendo presos e levados para os campos de concentração, em conseqüência da Segunda Guerra Mundial, na qual Brasil e Alemanha eram ferrenhos inimigos.
Ao final, tinha-se ali, reunidos e conduzidos por professores e instrutores, sob os cuidados das Irmãs Franciscanas, uma centena de meninos desamparados, recebendo alimentação, instrução e educação profissional.
A Escola Agrícola de Blumenau durou alguns anos, mas como não há bem que sempre dure, um dia ela fechou suas portas e acabou.
A atividade educacional então desenvolvida foi tão marcante que até hoje, quase 70 anos depois, a região e o bairro fazem menção à iniciativa do prefeito José Ferreira da Silva.
As instalações ficavam na Itoupava Seca, região hoje conhecida como bairro da Escola Agrícola, em prédio que depois abrigou o Asilo dos Velhos, hoje Casa São Simeão, na atual Rua Norberto Seara Heusi, nº 419, bem no alto de um morro.
O Asilo foi vítima de uma tragédia no dia 31 de dezembro de 1977, a partir das 13 horas, um incêndio, ocasionado por um vazamento de gás, destruiu as instalações do Asilo de Velhos, provocando a morte de 8 idosos, deixando Blumenau e o Estado sob forte comoção. Os idosos em sua maioria foram residir por vários meses no Centro de Ensino Profissionalizante da Rua da Glória, Oswaldo Deschamps! - Bairro Glória.
A marca Escola Agrícola continuava tão forte que a população reagiu, anos depois, quando o bairro trocou de nome para ASILO. Ao se mudar a denominação, dizia-se: “Se ali era a Escola Agrícola e hoje fica o Asilo de Velhos, por que não dar o nome de ASILO ao bairro ? Hoje ele voltou a chamar-se Escola Agrícola.
A marca Escola Agrícola continuava tão forte que a população reagiu, anos depois, quando o bairro trocou de nome para ASILO. Ao se mudar a denominação, dizia-se: “Se ali era a Escola Agrícola e hoje fica o Asilo de Velhos, por que não dar o nome de ASILO ao bairro ? Hoje ele voltou a chamar-se Escola Agrícola.
Rememorando esta ação de um antigo prefeito blumenauense, fica aqui um fio dessa ideia para, quem sabe, estimular a criação de “escolas agrícolas” por esse país afora, para que muitas crianças possam aprender a dar o devido valor a um pedaço de terra, abraçando uma profissão honrada e produtiva.
Texto Carlos Braga Mueller/Jornalista e escritor/ Arquivo: Adalberto Day
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Aditamento de NIELS DEEKE à postagem de CARLOS BRAGA MUELLER intitulada : Sem Terra, Sem Roça, Sem saber Plantar.
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Aditamento de NIELS DEEKE à postagem de CARLOS BRAGA MUELLER intitulada : Sem Terra, Sem Roça, Sem saber Plantar.
ASILO
MUNICIPAL DE VELHOS antiga ESCOLA AGRÍCOLA . (
Denominado, também, Asilo Dom Orione e Casa, ou Asilo, São Simeão). O Hospital Santo
Antônio mantinha até 1953 anexo, numa pequena e velha casa de enxaimel o Asilo
de Velhos de Blumenau. Por volta de 1946 a 1951 denominavam usualmente o
nosocômio como Hospital de Caridade de Blumenau.
O
Local anexo ao Hospital Santo Antônio era pequeno para a demanda que os idosos pudessem desfrutar do conforto
que bem merecem.
Por este motivo, foi transferido o Asilo para o local atual, porque
aqui tornava-se mais fácil proporcionar, aos idosos sem lar, um ambiente
aprazível, que lhes desse a impressão de acharem-se num lar familiar, com
possibilidade, também, de dedicarem grande parte de seu tempo às atividades de
sua preferencia, acostumados no seio de sua família, quer na horta quer na criação, e dando- lhes ainda
a satisfação de serem úteis no centro em que irão viver.
O Asilo de Velhos
estabelecido à rua Benjamin Constant foi inaugurado em 04 de setembro de 1954
às 16,00 horas, durante a gestão administrativa municipal do Prefeito Hercílio
Deeke.
O antigo Asilo de Velhos era nada mais que um anexo do Hospital Santo Antônio, e as despesas de manutenção corriam por conta do próprio hospital.
O antigo Asilo de Velhos era nada mais que um anexo do Hospital Santo Antônio, e as despesas de manutenção corriam por conta do próprio hospital.
O
asilo foi relocalizado pela transferência dos anciãos da rua Itajaí, onde fora constituído em 1936,
para as instalações da antiga Escola Agrícola - na Rua Benjamin Constant –
educandário que desde fins de 1948, muito acertadamente, havia sido fechado
pelo Prefeito Frederico Guilherme Busch jr. Houve quem, na atualidade
(1997) paramentado com diploma de
sociólogo e historiógrafo – criticasse,
acerbamente, tanto o encerramento das atividades da Escola Agrícola como a
transferência do Asilo de Velhos para aquele sítio. Não compreenderam que a
dita Escola Agrícola, desde 1945, nada mais era que um “Abrigo de Menores”, uma
Casa de Correção, com estrutura geral imprópria e inadequada às finalidades a
que, em 1941, se propunha; além do mais o professorado, equipamentos, material
didático, instrumentos agrícolas, nem
mesmo o Estado naquela época possuía, e por isso a escola sempre foi um
educandário convencional tal como os demais do curso primário. Não havia quem
lá matriculasse o seu filho (a escola só comportava rapazes – exclusivamente
masculino) se este não fosse um jovem com sérios problemas familiares, fato que
fez com que o estabelecimento, com o correr de tempo, se transformasse, de fato
em um “Abrigo Correcional de Menores”. Motivado por tais circunstâncias, e encontrando
as construções em ruína, o Prefeito Hercílio Deeke resolveu reformar
radicalmente os prédios da antiga “Escola Agrícola” para lá transferir os
“Velhinhos” que por não haver “Asilo” adequado, estavam, há longa data,
alojados no Hospital Santo Antônio. Dotou o “Asilo de Velhos” de instalações
amplas e confortáveis, no bairro até então conhecido como “Escola Agrícola”. Em
1966, o prefeito Zadrozny- P.S.D., pretendendo livrar-se dos difíceis problemas
que representavam para a administração pública
manter a instituição do “Asilo de Velhos”, resolveu transferir a gestão
para a “Ordem monástico-religiosa a Dom Orione”, que no local notabilizou-se
pela malfadada administração, exercida sob a denominação oficial como era
registrada na Prefeitura Municipal, qual seja: Asilo dos Velhos Para
Assistencial Don Orione - Pequenas Obras da Divina Providência, nome que,
vexados, fizeram sumir dos anais da prefeitura.
( Pequena Obra da Divina Providência -Obras Sociais dom Orione—com caixa
postal 79- Itoupava Seca- da qual era responsável, desde 1966, um senhor que
dizia chamar-se Padre Pedro Pellanda - mas cujo próprio nome foi colocado sob
suspeição de não ser verdadeiro e que em março de 1958 exercia, em Siderópolis
SC, o cargo de diretor do Colégio
Apostólico São Pio X (Sabe-se lá porque deixou Siderópolis?),e para Blumenau
veio intitulando-se administrador
da “Obra do Pequeno Cottolengo
Brasileiro dom Orione”. Disse “ter
reabertas as instalações” – esta a expressão grafada no convite oficial – em
16/4/1967- com missa celebrada pelo Bispo dom Gregório Warmeling e discurso do Prefeito Carlos Curt Zadrozny –
(Pasmem-se !) – Os membros da administração religiosa evadiram-se, e segundo
constou apropriando-se de vultoso numerário e
utilidades, abandonando o “Asilo” às traças).Na oportunidade a lacônica, porém apregoada impropriamente de competente administração empresarial da
gestão pública municipal, intentou denominar a localidade de “Bairro Dom
Orione”, porém com a notoriedade do
escandaloso estelionato que tal instituição provocou no “Asilo de
Velhos”, calaram-se, na pretensão de abafarem o affaire. O “Asilo de Velhos”
estabelecido à rua Benjamin Constant foi inaugurado em 04 de setembro de 1954
às 16,00 horas, durante a gestão administrativa Municipal do Prefeito Hercílio
Deeke. O antigo Asilo de Velhos era nada
mais que um anexo do Hospital Santo
Antônio, e as despesas de manutenção corriam por conta do próprio hospital.
Niels Deeke/Memorialista em Blumenau (In memorian)
Muito bom o texto, principalmente por fazer um paralelo c a história de Blumenau e o tema tão atual, que é o MST, movimento sem TEOR.
ResponderExcluirEu adoro ler o blog do Adalberto mais ainda com a Participação do nosso famoso jornalista Braga Mueller .Eu só quero fazer lembrar, quem dava terras aos nossos antepassado ?
ExcluirCaros Adalberto Day e Carlos B Mueller, lhes conto que meu pai, comprou terras de integrantes do MST em Campos Novos, SC, por um preço de banana. Talvez meu pai tivesse trabalhado a vida toda e não conseguiria comprar um terço da terra que comprou dos "assentados". Foi justamente isso: assim que tomaram posse da escritura, passaram pra frente...
ResponderExcluirOutro dia eu li uma entrevista da Sra Olga di Bonfanini (lider das Madres da Plaza de Mayo, BsAs - Argentina), em que ela apoiava o MST, como sendo uma causa nobre, de guerreiros que lutavam por terras para trabalhar. Senti pena da Olga, lamentei que ela se identifique com estes baderneiros aqui do Brasil, pois o que elas reclamam todas as quinta-feiras em Buenos Aires, em nada lembra o que o MST faz por aqui...
É como admirar os Castros em La Havana e não conhecer o sofrimento do povo Cubano. As ideologias parecem ser lindas e revolucionárias, mas na prática é pura baderna.
O Brasil, infelizmente é o simbolo da baderna. Vejam o que estão fazendo com a Amazônia! Porque o exército não está lá defendendo a soberania do país? Porque enviamos nossos soldados para o Haiti enquanto os baderneiros tomam conta das nossas riquesas naturais? Porque o exército ainda não tomou conta dos morros no Rio?
Simples: porque o Brasil é o berço da baderna!
Muito interessante esse post ! Muito acertado o comentário sobre o MST. Em qualquer lugar do mundo, esse movimento seria classificado como terrorista. Só aqui no Brasil para ter apoio do governo.
ResponderExcluirUma aula de história sobre a história de Blumenau. Um abraço do Silvio.
ResponderExcluirInteressante o texto do Senhor Müller.
ResponderExcluirA sugestão é maravilhosa, mas acho que vai bater de frente com o Estatuto da Criança e do Adolescente, infelizmente. É um estatuto para criação de bandidos, traficantes e assassinos que, antes dos 16 anos, que permitem aos adultos pegar os jovens, oferecendo maiores facilidades monetárias.
Para mim, o 2o grau deveria, todo ele, indiferentemente, ser profissionalizante e, aquele alunos vocacionado à lavoura deveria ter escola técnica de agricultura. Se a criança ou o adolescente não aprende a trabalhar de pequeno, ajudando ou seguindo o exemplo dos pais, quando é que vão aprender? A criminalidade e mortandade de jovens em todo o Brasil, não é resultado de problemas sociais, é produto da burrice de nossos administradores.
A universidade não forma profissionais. Em principio, devia ser destinada a formar cabeças pensantes, mas a "abertura das porteiras", principalmente das universidades particulares, está fazendo se nivelar o ensino por baixo. Saem advogados, historiadores, sociólogos, engenheiros e até médicos, semi-analfabetos.
Não postei no blog, porque estou metendo a letra no ECA, o qual sou absolutamente contra, pois o Estado está interferindo na autoridade da família, dos pais. E um Estado decadente que não tem condições de fazer absolutamente nada, porque. Os Programas Bolsa Família e Brasil Carinhoso são ridículos.
abraços
maria helena
Bom dia Adalberto
ResponderExcluirInteressante esta postagem para a história de Blumenau.
O paralelo feito pelo autor coloca bem a diferença.
Em Blumenau o prefeito fundou uma escola com atividade suplementar
O movimento MST ocupa fazendas e causa transtornos.
Abraço
ola amigo Beto se assim posso te chamar,como esta o amigo e familia, todos bem ? e seu ploblema de saude como esta ,beto mais um belo esclarecimento esta indo ao conhecimento publico, mas assim como a Escola Agricula sumiu, podias me dizer que fim levou , não lembro mais como era o nome centro patronal do nosso grande deputado Aldo Pereira de Andrade, que apos sua morte sumuiu que fim levou o deputado Wandal tinha tomado as redeas para proseguir mais eu que saber de quem ficou a propriedade e bens imoveis,? tudo termina em pizas e não tem geito mesmo. tenho dito. com licensa deixame eu mandar um abraço para o grande Zé Pfau ? grato Valdir Salvador.
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