Mais uma participação exclusiva e especial do renomado escritor e jornalista e colunista , Carlos Braga Mueller, que hoje nos presenteia sobre Cinema nas Telas e nos programas de Rádio – A considerada sétima arte, nos fascina a cada instante.
Adalberto Day
O CINEMA NAS TELAS .,.. E NOS PROGRAMAS DE RÁDIO.
Hoje em dia quando você quer saber que filme está passando nos cinemas, é só abrir o jornal ou então acessar a internet ou telefonar para o cinema.
Blumenau - Rua XV 1920 - Casa Husadel - Cine Busch e ao lado na esquina com a Rua XV ,Hotel Holetz anos 40.
Mas teve época em que isto era bem mais difícil.
Pelos anos 30 do século 20 a programação era inserida nos jornais, em língua alemã ou nos poucos periódicos em português que circulavam.
Também houve a participação efetiva da rádio local, PRC-4, no anúncio dos filmes que eram exibidos, principalmente nos Cines Busch e Blumenau, (até 1956 era a única emissora de rádio da cidade).
FALANDO DE CINEMA, NA PRC-4 RÁDIO CLUBE DE BLUMENAU
Minhas lembranças remontam a 1954 quando eu ingressei, ainda adolescente, na PRC-4, justamente para apresentar um programa sobre cinema, que era produzido pelo Jener Reinert, conhecido no rádio como Carlos Fernando.
Já naqueles anos os comentários eram coletados em jornais, revistas e folhetos das companhias distribuidoras pelo cinéfilo Herbert Holetz, desde criança um apaixonado pelo cinema.
Acontece que eu também era e, assim, minha primeira participação no rádio blumenauense foi no programa “Cine Atualidades”, que era levado ao ar nas noites de terças-feiras. E para ficar na moda, também adotei um nome artístico: Charles Neto !
Ali, naquele programa de meia hora semanal, era apresentada a programação dos cinemas Busch e Blumenau (este, inaugurado em 1951) para os sete dias seguintes.
Graças ao Holetz nós tínhamos críticas e comentários para falar sobre cada filme lançado.
Nosso norte era um programa muito conhecido de cinema, “Cinelândia Matinal”, que Adolfo Cruz apresentava na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
Adolfo Cruz conseguia entrevistar todos os artistas do cinema brasileiro, especialmente os das “chanchadas”, que eram a coqueluche do momento. E até as estrelas de Hollywood, que vinham participar do carnaval carioca, acabavam dando entrevistas ao microfone famoso da Nacional !
ARTISTAS AO VIVO NO PALCO, ATORES NA TELA: OS PROGRAMAS DE PALCO E TELA
Nos anos 50 do século XX existiam também os chamados programas de Palco e Tela. Enquanto artistas se apresentavam na primeira parte do programa, na segunda parte era exibido um filme.
Foi assim que o Cine Blumenau apresentou em determinado dia um espetáculo que lotou os seus 1.200 lugares. Imaginem que no palco apareceram “ao vivo” e não na tela, Eliana, Adelaide Chiozzo e seu marido, o violonista Carlos Matos. Também veio Renato Murce, que era casado com Eliana.
Renato Murce produzia e apresentava o programa “Papel Carbono” na Rádio Nacional do Rio. Eram verdadeiros ídolos da população brasileira e os filmes em que atuavam, como “Aviso aos Navegantes”, “Carnaval no Fogo” e tantos outros, lotavam cinemas pelo Brasil inteiro, eram verdadeiros campeões de bilheteria !
Os artistas hospedaram-se no Hotel Rex e os fãs fizeram fila em frente do hotel para conseguir fotos autografadas.
O palco do Cine Busch era espaçoso enquanto o do Cine Blumenau era bastante estreito. Mas ambos recebiam espetáculos de cantores e durante algum tempo foi apresentado no Cine Blumenau um programa de rádio, de auditório, intitulado “Programa Marcelo Júnior”, cujo apresentador tinha o estilo de César de Alencar, da Nacional do Rio de Janeiro. Marcelo Júnior, também funcionário do Banco do Brasil, tinha o sobrenome Gallo. Décadas depois, sua filha, médica Ana Maria Gallo fixou residência em Blumenau.
Outro importante programa de Palco e Tela que aconteceu nos anos 50 trouxe a Blumenau um ator que atuava em Hollywood. Nada mais, nada menos que Carlos Ramirez, um barítono colombiano que havia granjeado enorme sucesso nos Estados Unidos.
Carlos Ramirez era contratado da Metro Goldwyn Mayer, havia atuado em inúmeros filmes e sua presença no palco do Cine Blumenau foi um memorável acontecimento cinematográfico.
Mais um ator do cinema norte americano que se apresentou em Blumenau foi José Mojica. Só que então, lá pela metade dos anos 50, ele já era padre franciscano.
Sua história comoveu o mundo. Dizem que quando atuou no filme “Entre a Cruz e a Espada”, um grande sucesso de Hollywood, teve despertada a sua religiosidade. Abandonou a vida mundana, as estonteantes estrelas que lhe cercavam, e ingressou num convento onde adotou o nome religioso de Frei José Mojica de Guadalupe.
Veio a Blumenau em missão da congregação franciscana e a renda do espetáculo foi destinada à construção da nova matriz de São Paulo Apóstolo, hoje catedral.
Mazzaropi (imagem) também se apresentou no Cine Busch, por volta de 1958. Ele havia deixado de atuar na Cia. Cinematográfica Vera Cruz de São Paulo, na época uma Hollywood brasileira, mas que havia falido, para montar sua própria empresa, a PAM Filmes. E quando o dinheiro apertou, saiu Brasil afora , “faturando” de cidade em cidade a fama que já havia conquistado, principalmente no rádio e no cinema.
E foi assim que Blumenau aplaudiu, ao vivo, o famoso e inesquecível cômico brasileiro, que até hoje tem seus filmes cultuados e reprisados em DVDs. .
OS GRANDES LANÇAMENTOS NOS DOMINGOS
Naqueles anos o grande lançamento nos cinemas era reservado sempre para os domingos.
As sessões dos domingos aconteciam às 16,30h, 19,00h e 21,00 horas, com ligeiras alterações, dependendo da metragem da película. A reprise era na segunda-feira. E se o filme fosse bom, ficava também terça e quarta em cartaz. Não mais que isso.
O único filme ( que eu me lembre) que não foi reprisado nem na segunda, foi “O Preço da Ilusão”. Era uma produção feita em Florianópolis, com artistas locais, que contava a história de uma jovem que tinha o desejo de ser miss. No final, desiludida, enganada, ela acaba morrendo nas águas do mar, quando o carro em que está despenca da ponte Hercílio Luz. Hoje não existe nenhuma cópia inteira deste filme, produzido por volta de 1956. Exibido num domingo, o público foi tão diminuto, as vaias foram tantas, que o filme foi retirado de cartaz às pressas, sem direito à reprise da segunda-feira.
SESSÃO DAS MOÇAS E SESSÃO PREMIADA
Cine Busch
Durante os anos 50 existia também, às terças-feiras no Cine Busch, a “Sessão das Moças”, uma promoção dirigida às “senhoras e senhoritas”. Mulher acompanhada não pagava ingresso. Ou então, se duas mulheres fossem juntas assistir o filme, uma só pagava. E, claro, com tanta mulher na platéia, chovia homem de todo lado. O cinema faturava até mais. Como nestas sessões também havia a distribuição de prêmios, ela passou a ser a SESSÃO DAS MOÇAS PREMIADA.
Funcionava assim:
Depois da exibição do noticiário da tela (que podia ser um cinejornal brasileiro ou um internacional), dos trailers, desenho animado, etc, a projeção era interrompida. O gerente do cinema subia no palco e sorteava alguns números. Cada ingresso dava direito a um tíquete numerado, que concorria a prêmios. Estes, iam desde uma quantia em dinheiro até uma “permanente” para assistir os filmes de graça durante um mês.
RECORDAR É REVIVER
Existem muito mais curiosidades quando se recorda as sessões de cinema de antigamente.
Em nosso próximo capítulo vamos rememorar os famosos e inesquecíveis “programas duplos” dos Cines Busch e Blumenau; os filmes exibidos durante a semana; os programas simultâneos; as atrações do programa de rádio que divulgava os filmes daquela época.
Arquivo de: Adalberto Day/participação especial do Escritor e Jornalista Carlos Braga Mueller
Mais um valioso presente para quem gosta da 7ªarte. O mais interessante é saber que cá como aí era tudo igual. Cansei de levar minha mãe à sessão das moças. Claro que era apenas para fazer companhia, sem interesse nas moçoilas que abarrotavm o cinema.
ResponderExcluirEita tempo bão.
Abraço
Adalberto,
ResponderExcluirNão deixe de participar de nosso novo blog.
Abçs
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