quarta-feira, 9 de abril de 2008

- Hotel Oásis de Pomerode

Foto : O Hotel Oásis funcionou entre1945 e 1965. - Novamente temos o privilegio de poder contar com a participação do escritor e jornalista Carlos Braga Mueller. Hoje Braga nos relata um pouco dos mistérios – sobre as lendas do famoso Hotel Oásis de Pomerode. Em breve Bettina Riffel, jornalista atualmente na Alemanha lançará um Livro sobre o Hotel Oásis.
Por Carlos Braga Mueller
- Alguém já ouviu falar ou se lembra do Hotel Oásis de Pomerode ?
Pois antigamente, há uns 50, 60 anos, ele era famoso. Sua existência, o que ele representou para toda uma geração, e o final melancólico acabaram por tornar o Oásis mais uma lenda de Blumenau.
Naquele tempo Pomerode chamava-se Rio do Testo e era distrito de Blumenau. A localidade só passou a município no dia 29 de janeiro de 1959.
Os antecedentes

Um dia resolveu deixar a profissão de curandeiro e partiu para a construção do hotel dos seus sonhos, o “Oásis”. Mas não era um simples hotel, não. O Oásis era na verdade um hotel-cassino, no estilo do famoso “Quitandinha” de Petrópolis, no Rio, inspirado também no célebre Cassino da Urca.
Isto bastou para que a fama de Gehrmann e do seu cassino corressem o Brasil.
E as lendas dizem que então começaram a chegar muitos hóspedes, turistas em busca de aventuras nas mesas de bacará e nas roletas.
O luxo e a ostentação
Hermann Gehrmann tinha muito bom gosto e copiava no que podia o luxo e as excentridades do Quitandinha, do Copacabana Pálace, do Cassino da Urca. E não media os gastos.
Quando o presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu o jogo no Brasil, a fama do hotel já estava consolidada.
Longe de ser um local mal visto, o Oásis passou a ser referência para a sociedade catarinense e as festas dos ricaços daqueles tempos, ali realizadas, marcaram época.
Em meio a todo este fausto, o proprietário contratava as mais famosas orquestras para abrilhantar os eventos.
As grandes orquestras brasileiras e inclusive a “Cassino de Sevilha” da Espanha, lá estiveram. As decorações eram no estilo de Hollywwod.
Quando faltavam condimentos especiais ou estes acabavam durante as festas, Gehrmann mandava uma condução de madrugada a Blumenau, que voltava trazendo as especiarias compradas nas fiambrerias blumenauenses.
Mas como todo poço, este também tinha um fundo. E daqui a pouco o dinheiro começou a faltar.
E a descida levou ao fundo do poço. Com as amizades que tinha o ex-curandeiro conseguia tomar emprestado algum dinheiro, que ia pagando como podia. Contam alguns amigos que ele não perdia a calma.
Um dia o hotel teve que fechar as portas. Seu proprietário foi viver sozinho em um pequeno quarto e testemunhas relatam que ali só tinha a cama e um pequeno caixote de madeira, que servia como mesa.
Neste cenário Hermann ficava horas e horas conversando com os poucos amigos que lhe sobraram, revivendo os dias de glória e ostentação.
História :
O nome Pomerode* está ligado a origem de seus fundadores, imigrantes vindos da Pomerânia (Pommernland), norte da Alemanha. O nome deriva da junção do radical Pommern e do verbo rodern, verbo alemão que significa tirar os tocos, tornar a terra apta para o cultivo. O início da colonização de Pomerode remonta ao ano de 1861, quando os primeiros imigrantes, liderados pelo colonizador Hackbarth, decidiram subir um afluente do Rio Itajaí-Açú, a partir da região onde hoje se localiza o bairro Badenfurt. Eram abertas picadas ao longo do curso do rio, que foi chamado Rio do Testo.
A colonização da área foi uma estratégia para fortalecer o comércio entre a Colônia de Dona Francisca (atual região de Joinville) e a Colônia de Blumenau, lote a qual as terras de Pomerode eram integradas. As divisões das Colônias eram definidas pela Campanha Colonizadora do Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, fundador da cidade de Blumenau.
Os primeiros imigrantes de Pomerode se estabeleceram ao longo do Rio do Testo pelo sistema de minifúndios (pequenas fazendas), onde eram cultivados arroz, fumo, batata, mandioca, cana de açúcar, milho e feijão. O colono também se dedicava à criação de gado leiteiro e suíno, cujas matrizes vieram da Europa. As primeiras edificações eram rústicas construções de pau a pique, cobertas com folhas de palmeiras. Em 1870, a primeira escola Alemã foi instalada no bairro Testo Central (atual Escola Básica Municipal Olavo Bilac).
Até a virada do século 20, Pomerode era uma colônia voltada apenas para agricultura e pecuária de subsistência, com pequenos pontos comerciais nas áreas centrais da colônia. Com a mudança de século, pequenas empresas familiares de laticínios, frios, móveis e cerâmica deram início à industrialização do município. Anos mais tarde, a indústria da porcelana se tornou uma das mais importantes para a economia local. Hoje, a cidade é considerada um forte pólo têxtil e metal-mecânico.
Desmembrada de Blumenau em janeiro de 1959, Pomerode mantém até hoje o fascínio de uma pequena comunidade com a forte influência alemã em seus costumes.
*Lê-se “Pômerôde” Carlos Braga Mueller/jornalista e escritor.
Arquivo : Dalva e Adalberto Day
- Contribuição da foto do Hotel Oásis: Bettina Riffel.
Não se sabe ao certo quando o alemão Hermann Gehrmann chegou a Rio do Testo, terra colonizada pelos pomeranos. Mas foi por volta dos anos 30, 40, que este cidadão começou a praticar o curandeirismo. Receitava suas “garrafadas” e aos poucos, com o passar dos anos, foi amealhando uma fortuna. Vinha gente de longe para se consultar com ele.

10 comentários:

  1. Adalberto Day

    Mas este hotel "parece" que fazia parte de uma estratégia de apoio nazista no sul do Brasil. Mais uma daquelas "lendas" que são contadas. Como os alemães realmente passavam pelo Brasil e se refugiavam na guerra e no pós-guerra no Uruguai e Argentina, tinha na estrada Curitiba Florianópolis um hotel para se hospedar. Era refinado. Uma espécie de cassino. Sabe que teve dois tipos de fuga = o alemão judeu que estava sendo perseguido e depois o alemão realmente nazista, do partido que estava se escondendo dos judeus americanos no pós-guerra. Numa e outra sempre "escondido" - fugindo, perseguido. O Hotel deve ter sido o melhorzinho naquela época em SC. Coisa fina, para gente rica. Um abraço
    José Geraldo Reis Pfau

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  2. Muitíssimo interessante e apimentado pelo comentário...

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  3. MUITO BEM ...
    :-)
    Terei o prazer de conhecer Adalberto Day e Carlos BRaga Mueller?

    Até em agosto
    :-)


    BETTINA RIFFEL
    Jornalista DW

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  4. Eutraclínio Antônio dos Santos
    e.a.s30@hotmail.com


    Parabéns amigo Adalberto. Um trabalho digno de louvor, mormente pela riqueza de detalhes nos fatos históricos. Nas narrativas progressivas a medida que vão avançando cronològicamente, vão acontecendo fatos que eu, pessoalmente, tive oportunidade de presenciar e testemunhar no decorrer dos anos de minha existência aqui na grande Blumenau, onde resido desde 1944. Realmente, muitos fatos alí narrados foram contemporâneos meus, inclusive as personagens, algumas do rol de minha amizade. Repito, nesta oportunidade, que somos felizes em possuirmos em nosso meio, elemento do seu gabarito e competência, para trazer a tona tantos fatos pitorescos e muitos já esquecidos de longa data, que provocam o refrescamento de tantas memórias. Mais uma vez meus cumprimentos e de minha família.

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  5. Boa tarde cientista social Adalberto Day,

    Meu nome é Giovanni Ramos, sou jornalista e trabalhei como repórter do Jornal de Santa Catarina em 2006 e 2007. Conversei com o senhor no ano passado sobre imagens para a coluna Almanaque do Vale.

    Escrevo para falar do incêndio da antiga prefeitura, assunto do blog no início do mês. O fato completa 50 anos em novembro e merece ser recontado aos blumenauenses de hoje. Eu tenho interesse em produzir uma grande para depois, através de apoio, distribuir em forma de uma pequena revista (ou até um livro) contando a história e as hipóteses da autoria do crime.

    Gostaria de saber o que o senhor mais possui de material sobre este assunto.

    Parabéns pelo blog, uma excelente referência para nossa história.

    Giovanni Ramos - Jornalista

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  6. Ola,

    Beto, estava pesquisando na internet sobre meu bairro Garcia e achei sem querer seu blog. Comecei a ler, e quanto mais eu lia mais surpresa e emocionada eu ficava. Me deparei com muitos histórias , fatos, locais, de minha infância. Revi fotos e locais que estavam apenas na minha recordaçao. Gostei muito do seu blog, e conhece você de vista. Também estudei no São José, também trabalhei na Empresa Industrial Garcia e na Artex. Também frequentei muito o cine Garcia, o campo do Amazonas....e lembra do "cineminha" ??????que era exibido todas as quartas feiras no campo do Amazonas?
    Presenciei também as enxurradas que aconteceram no Garcia, na rua Emílio Talmann....é nessa rua que eu morava na infância....
    Quando vi sua foto no blog, então percebi que te conhecia só de vista desde a infância, só que nunca tivemos oportunidade de conversamos.
    Beto parabéns pela sua pesquisa e pelo seu Blog. Obrigada pelas recordações que você me proporcionou. Dou muita importância à nossa história, à cultura...tudo que faz parte de nosso passado.
    meu nome é Teresinha , e atualmente presto serviço na área de informática e como psicóloga.

    Um abraço fraterno.

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  7. ola Sr. Adalberto,
    Parabéns pelo seu trabalho de resgate das memórias de uma região tão importante para o nosso Estado.
    Estive visitando sua região neste fim de semana e, apesar da minha área ser Administração, fiquei maravilhado com o patrimônio histórico/cultural que vocês têm, principalmente através das iniciativas dos pioneiros da região.
    Entretanto, uma pessoa em particular me chamou atenção por sua trajetória empresarial, permeada de trabalho, atitude, visão, e foi a do SR. Hermann Wegee, de Pomerode.
    Porém, pouco encontrei sobre este personagem tão interessante.
    Se o senhor ou alguém tiver algum material sobre ele, para me indicar ou postar, eu ficaria muito agradecido.
    Muito obrigado,
    Oniclad Manoel da Silva
    Araranguá- SC

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  8. OLÁ,EU SOU CARLOS FERNANDO PEREIRA E SOU FILHO DO SR, JOAQUIM PEREIRA, MEU PAI FOI GARÇON NO HOTEL OASIS, FOI UM ORGULHO PRA ELE E PRA TODOS NÓS, MEU TIO LADISLAU PEREIRA TAMBEM FOI GARÇON, CONHECI ESTE HOTEL JA EM RUINAS, É UMA PENA, POIS ERA UMA DAS MAIORES RIQUEZAS DO BRASIL E DE POMERODE.

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  9. JA ESCREVI UM COMENTARIO SOBRE O HOTEL OASIS, ONDE BRINCAVAMOS QUANDO PEQUENO, POREM O HOTEL JA EM RUINAS, MEU PAI JOAQUIM PEREIRA E MEU TIO VADISLAU TRABALHOU DE GARÇON, VOCE TEM ALGUMA FOTO DELES? PRA MIM É MUITO IMPORTANTE SSE TIVER FAVOR MANDE PARA O E-MAIL: sandokanlilo@uol.com.br DESDE JA AGRADEÇO. OBRIGADO OBS: EU MORO NO MATO GROSSO MAS MEUS PAIS AINDA MORAM EM POMERODE NA RUA JERUZALEM.

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  10. Obrigada por este post! Vou usar sua foto no meu Blog. Desde antes de ir embora, a contragosto, da amada cidade pomerana, escrevo da minha saudade. Deus abeçoe Her Gehrmann! Hoje coloquei uma flor onde descansa Ida, que foi sua esposa, ao lado de Curt Teichmann.

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