Escrevi este artigo e mandei para alguns jornais, pela primeira vez em 12 de maio de 1990. O desenho (casa enjaulada) feito pelo saudoso amigo Dimas dos Santos, reflete pessoas do bem enjauladas, enquanto os que vivem na marginalidade circulam livremente. Na época passávamos por uma turbulência desenfreada principalmente com a inflação atingindo 84,32% ao mês... mas isso é outra história. Em meu texto original, citei esse fato, felizmente desde 1994 os índices inflacionários estão sob controle. Achei oportuno postar em meu blog por entender que pouca coisa mudou, se é que mudou!
Desordem Institucional
O momento que estamos vivenciando nas questões políticas, corrupção desenfreada, e um “aparente comando” dos que estão a margem da sociedade, devem servir como um alerta para aquilo que todos almejam, um futuro melhor.
Devemos ir a luta para uma mudança em nossa sociedade, que hoje é fraca , e que reflete o atual quadro que se apresenta, através de alguns políticos. Não adianta só por a culpa nos governantes, porque a eles atribuímos nossos votos. A maioria da sociedade é justa, honesta, porém "O que preocupa não é só o grito dos maus, mas o silêncio dos bons. Para que as forças dos marginais triunfem, basta apenas que as pessoas de bem não façam nada".
Quando a força do bem prevalecer, uma sociedade mais politizada, teremos então um bom governo, pois será dessa sociedade, que escolheremos nossos representantes. O governo sempre é o reflexo da sociedade.
Chocolate quente e merenda 1960 escola São José
Quero aqui reafirmar o que Herbert de Souza, o “Betinho” de saudosa memória, vinha sempre alertando, “possuímos mais de 20 milhões de cidadãos abaixo da linha de pobreza, Como também dizia que a Elite é o Pai e a Mãe da miséria, e se cada um de nós fizermos alguma coisa, vamos mudar esse Brasil”. E dizer que mudar o futuro depende de como se pensa o presente.
Só pensamos na mudança, depois que acontecem os problemas, quando o correto seria a prevenção, um planejamento para evitar a convulsão social que pode chegar ao caos. É só observar o problema histórico na educação, e os sistemas penitenciários.
A má distribuição de renda, maior problema nacional, como também do atraso na questão da reforma agrária, só será amenizado se melhorarmos a qualificação da nossa mão de obra, e isso só serão possíveis, com ação eficaz do Estado na educação básica. Entendemos que uma melhor distribuição de renda só vai acontecer quando a educação escolar básica for ofertada a todos e com boa qualidade, proporcionando igualdades de condições, qualificando melhor a mão de obra e como consequência um aumento do preço da mão de obra não qualificada, por diminuição de sua oferta.
A Educação, sabemos, é dever do Estado e, vemos com os "bons olhos da esperança", que um dia cada criança, futuros cidadãos brasileiros, possam ver isso se tornar realidade.
Diante de tanta desordem institucional, não podemos permanecer passivos, de braços cruzados, precisamos participar, deixar de ser omissos. A sociedade sem participação é fraca, oprimida, e desunida, torna-se palco das discussões mais polêmicas, de intrigas, todos sabem o que falta, mas não encontram o caminho. A forma de fazer, e as soluções não saem do chão, por falta de iniciativa e liderança. Precisamos ser organizados, idéias as mais diversas, diferenças de toda ordem fazem parte de qualquer grupo social. Ao juntar-se a fé, a esperança de cada indivíduo, podemos dizer que vivenciamos a verdadeira fraternidade, sonhada por todos nós. Não devemos cair no descrédito, isso fará com que percamos a esperança. Vamos fazer nossa parte.
Arquivo Adalberto e Dalva Day e in memorin Dimas dos Santos.
O autor é Cientista Social e pesquisador da história em Blumenau.
Adalberto Day 12/maio/1990
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“O Homem Medíocre” Um povo que cultua um governante medíocre, é porque não sabe conceber um superior. As pretensas democracias, de todos os tempos, foram confabulações de profissionais, para se aproveitarem das massas e excluírem os homens eminentes. Foram sempre mediocracias. A premissa da sua mentira foi a existência de um povo capaz de assumir a soberania do Estado. Não existe tal povo, as massas de pobres e ignorantes não tiveram, até hoje, capacidade para governar, apenas trocaram de pastores... o culto da incompetência, não depende do regime político, mas do clima moral das épocas decadentes.. . como a atual. José Ingenieros