sexta-feira, 6 de maio de 2022

- O dia em que pensei ter ficado milionário

Hoje em histórias de nosso cotidiano, apresento um momento de pura nostalgia vivenciada por mim, e mais alguns amigos em 1977. 
Desde que começaram as apostas dos "13 pontos da loteria", em todos os cantos do Brasil apareceram os apostadores. Na então EIG - Empresa Industrial Garcia, não foi diferente. Comandado por um dos motoristas da empresa Hercilio Dalabona, fazíamos um bolão com boa parte dos funcionários da empresa. Baseava-se de acerttar 3 resultados e ser o ganhador. O esquema funcionava de eliminar 10 dos 13 jogos. Por várias vezes fomos vencedores, mas quase sempre o valor na divisão era pequeno e já ficava para a próxima aposta. Tempos bons!.
13 Pontos:
Frente e Verso
A famosa loteria esportiva já me fez por uns instantes acreditar que poderia ter ficado milionário. Mas tudo não passou de um sonho.
Com já era de costume, nós do nosso setor de trabalho na área de Recursos Humanos, antes empresa Garcia e depois na Artex, também fazíamos nossa aposta na loteria esportiva, na intenção de acertar os 13 pontos.
Nossa expectativa se tornava sempre atenta à TV a cada final de semana, e um dia se tornou realidade.
No teste 353 – data 03/04/09/1977 meu nome apareceu como titular deste tão cobiçado prêmio.
No dia 03/04 de setembro de 1977, esse instante mágico chegou. Fizemos os 13 pontos, eu fiquei feliz e vibrei muito por certo momento. Como não tínhamos telefone, na época, fomos até a casa do nosso amigo Danilo de Oliveira (aquele que mais apostava da nossa turma e foi ganhador em outras oportunidades) distante uns 2 Km de nossa residência, tão logo constatamos ser um dos ganhadores, isso no domingo à noite.
Chegando à residência do amigo Danilo, ele já nos desestimulou, dando gargalhadas e já foi avisando: “vão ser mais de 10 mil acertadores, pois não pintou nenhuma zebra”. A famosa zebrinha na telinha da Globo realmente não apareceu.
Olha eu aí...
Os resultados indicados em cada coluna, são os verdadeiros da época
Foram realmente milhares de acertadores, não lembro quantos. A quantia que ganhamos foi de Cr$ 7.011,76 divididos entre os  sete participantes da aposta. Coube a cada um de nós Walter Hort, Oswaldo Malheiros, Mauro Malheiros, Danilo de Oliveira, Paulo Gamba, Waldemar Hinkeldey e eu, a quantia de Cr$ 1.001,68 (equivalente em reais hoje de uns R$ 800,00) menos que um salário mínimo.

Mas o que importa foi o sonho, e a sorte pelo menos naquele dia chegou, e guardo com carinho este volante da aposta teste nº 353, um belo número.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história

terça-feira, 3 de maio de 2022

- Uma Mina de Prata

Apresentamos hoje revelações históricas sobre as Minas de Prata em Blumenau, com o renomado Niels Deeke -Memorialista em Blumenau – SC. Parte do Texto original do século 19.
Preferimos postar o texto na íntegra, pelo seu valor histórico. Apesar de extenso, mas de fundamentação histórica inigualável para nossa cidade. Que nossos leitores compreendam e façam uma bela leitura.
DESCOBERTA NOS CONFINS DA COLÔNIA BLUMENAU DURANTE O IMPÉRIO
REVELAÇÕES HISTÓRICAS
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Nas suas andanças pela floresta afora, procedendo expedições venatórias e realizando prospecções geológicas, tanto de caráter particular, quanto sob determinação do Dr. Blumenau e do governo da Província, visando a segurança da Colônia, nisso preservando-a de ataques indígenas, terminou, FREDERICO DEEKE, por descobrir as “Minas de Prata” no Garcia, não distante das jazidas de Caulim, silicato que igualmente identificou. Em 1872 localizou as terras argentíferas e somente em 1883 as requereu, em concessão, ao governo da Província. Depois de obter despacho favorável em extenso documento, iniciou a exploração da jazida em 1884. Tanto a cópia do requerimento e concessão como o “Mapa da Mina”, encontram-se inseridos, na íntegra, nos arquivos de Niels Deeke. A transcrição do texto encontra-se anotada junto ao verbete “Mina de Prata” da obra catalográfica Arka, ainda inédita. Niels Deeke compulsando demoradamente o “Mapa da Mina”, elaborado em 1884 por Friedrich Deeke e assinado pelo “Agrimensor Heinrich. Krohberger”, escala em metros 1: 10.000 e, como conhecesse, ele próprio N.Deeke, a região desde o ano de 1949, quando em demoradas caçadas palmilhou aquele território da dita “Terceira Vargem” ( Terceira Vargem : Floresta a montante do ribeirão Garcia e além das terras que no ano 2000 eram propriedade do Sr. Abílio de Oliveira- nascido em 01/9/1918, grande gleba que contém a planura elevada, então dita “Vogel Vargem” - Morro Vogel Vargem - promontório de chapada superior plana, sita acima do contraforte que, a noroeste, circunda a pequena várzea denominada Terceira Vargem, onde ainda em 1949 jazia, em ruínas, um locomóvel (máquina movida a vapor para gerar energia/combustível através de lenha) lá instalado para mover a serraria de propriedade do Sr.Leopoldo Zarling, que residia em Rio do Sul. O topônimo “Vogel”, que em verdade é um epônimo, nada tem a ver com tradução para o alemão “Pássaro”, pois trata-se de uma homenagem ao engenheiro alemão Dr. Vogel que laborou nas “Minas de Prata” e que era então representante da Firma alemã Stinnes - que operava no ramo de exploração e comércio de minérios. Tanto a Terceira Vargem como a Vogel Vargem, foram adquiridas pela família Camargo- de Lages e posteriormente incorporadas ao “Parque Florestal da Artex”, e a dita “Vogel Vargem” tem sido constantemente referida como um local que recebeu, no passado, tal nome, em virtude de lá ter existido grande quantidade de aves (Ave = Vogel) de caça - e mesmo um famoso ecólogo, muito adulado por volta de 1993, fez tal afirmação equivocada numa de suas muitas entrevistas acerca da região que denominaram na década 1990 à 2000 de “Parque das Nascentes” e das “Minas”. Algo estranho, porém,ocorreu, porquanto as terras requeridas por Frederico Deeke, não se localizavam, exatamente, onde mais tarde as empresas de mineração de prata pretenderam instalar suas lavras. Tais mineradoras, como a controvertida “Cia Cortada” (Y) - empresa Argentina -Buenos Aires, como a empresa de “Otto Rohkhol”
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Y CORTADA. COMPANHIA CORTADA . Segundo alguns o ponto culminante do município de Blumenau é o Morro Santo Antônio, com 958 metros de altura, situado a sudoeste do Spitzkopf, contido aquele, o Morro Santo Antônio inteiramente, no município de Blumenau, junto à sua antiga divisa com Guabirubae agora talvez também Botuverá. Dito território pertenceu, na primeira metade deste século, à controvertida “Companhia Cortada”, empresa multinacional - Argentina, que visava a extração da “prata” - minério de hidra-argirium (Hg). Terras da “Cia. Cortada” vide Mapa em poder do Oficial do Registro de Imóveis de Blumenau.-Roberto Baier- Mapa Cadastral de 1932 elaborado a partir de obra de José Deeke - trata-se uma fotocópia que foi duplicada para o arquivo de Niels Deeke. Matéria publicada no “Jornal de Santa Catarina” de 18/11/1997 p. 2 B sob o título “Parque do Spitzkopf atrai exploradores há um século” reporta que o morro fazia parte da concessão de terras contendo uma área de 29 milhões de metros quadrados, pertencente a Lourenço Paschoal Costa da Silva que a vendeu, em 1921, para o argentino “Raphael Calzada.” Entretanto em todos os mapas constantes nas repartições de Registro de Imóveis, consta claramente, desde o final de século passado, inscrito como pertencentes à “Companhia Cortada” – empresa argentina, da qual um dos titulares era Rafhael Calzada.

ou ainda “Cia Sul Americana de Mineração”, montaram as instalações de lavagem do minério e procederam as escavações na rochas, pequenas cavernas donde fizeram a extração na margem esquerda do ribeirão Garcia.
Conforme muito claramente está evidenciado no Mapa, as terras requeridas localizavam-se na margem direita (montante p/ jusante) do ribeirão Garcia.
MAPA DA MINA - assinado na ¨Villa de Blumenau, 5 de março de 1884 , pelo Agrimensor Heinrich Krohberger - cunhado de Frederico Deeke.
O longo e minucioso Memorial Descritivo das Terras que igualmente é assinado, em 05/3/1884, pelo agrimensor H. Krohberger, aliás cunhado de Frederico Deeke, menciona o “Ribeirão Frederico” e estabelece todas as coordenadas topográficas observadas por “agulha”, e não resta dúvida que o local é justamente o inverso daquele onde, no futuro, executaram as instalações de mineração, das quais existe algumas fotografias do início deste século, até mesmo publicadas na revista “Bl’au em Cadernos” . José Deeke, na sua “Crônica da Família Deeke –1925”, reporta que seu pai Frederico, deu início a exploração associando-se a um parceiro, e que provavelmente pelo motivo deste último não dispor de meios suficientes para os gastos com a instalações de mineração, o empreendimento não chegou a ser realizado. A final negociou seu privilégio na concessão.
Minas de Prata. Minas de Prata, no alto ribeirão Garcia. Friedrich Deeke, mineralogista, topógrafo e cursado em monteiria na Alemanha, provinha da região circundante à Hettstedt, onde, nas montanhas do Harz - ricas no minério- proliferavam as fundições de cobre extraído das inúmeras minas em exploração, donde extraiam menores quantidades de prata. Ao perlustrar mataréus afora, caçando e fazendo prospecções geológicas, terminou por descobrir a “Mina de Prata” no alto Garcia. Em 1872 localizou as terras argentíferas e somente em 1883 as requereu em concessão ao governo Imperial na Província. Depois de obter despacho favorável em extenso documento, iniciou a exploração da jazida em 1884. Na década de 1980 e mesmo 1990, alguns “fazedores de história” - baseando-se em texto resgatado por José Ferreira da Silva (Y) e publicado na revista “Bl’au em Cadernos”, imaginaram ter encontrado na pessoa de um inglês de nome Jünger Albion ( Albion Jünger, na verdade norte americano) e seu escravo negro, os primeiros garimpeiros da Mina de Prata do Garcia. Indicaram, conjeturando, até mesmo a década de 1830 para a sua descoberta e aleatoriamente “chutaram” a data do retorno do escravo, já alforriado, para a década de 1880 (50 anos após) ao local, quando teria extraído ouro para vender em Blumenau. Atribuíram-lhe até mesmo a idade de quinze anos quando seu proprietário ¨inglês¨ teria descoberto a “mina de ouro” (sic?). Primeiramente antes de 1836/1839 o topônimo “Garcia”, novamente um epônimo, só foi utilizado para indicar locais em Camboriú e, se o mencionaram posteriormente para assinalar terras auríferas na região do Itajaí Grande, o fizeram exclusivamente para designar o ribeirão de acesso, através do qual alcançaram o atual ribeirão junto à a rua Gloria,(Y), afluente também da margem direita do ribeirão Garcia. Após curto percurso, ultrapassando o divisor de águas, davam novamente no “ribeirão Gasparinho”, região próxima ao atual “Parque Refúgio”, e lá certamente faiscaram ouro. O topônimo Gaspar, igualmente só aparece após 1836, portanto toda a questão permanece em espessa penumbra. [ Ver documento original de Holenwegger que serviu como fonte para Ferreira da Silva elaborar a matéria publicada ].
Em princípios do século 18, um dos filhos de Francisco Dias Velho, colonizador da “Ilha de Santa Catarina”, faiscava ouro no Itajaí , e no morro Tayó ( Itayol ) - que deveria ser o “Morro do Baú” (Y) ou o “Morro da Gorita”. As tais minas de ouro citadas como identificadas por Albion Jünger, na realidade, situavam-se no “Gasparinho”, ribeirão que foi faiscado em diversos pontos, desde épocas muito remotas, talvez 1820. Entretanto as minas do Arraial do Ouro- margem esquerda do rio Itajaí Açu, tem precessão historiográfica como faisqueiras, fato que ainda podia ser constatado por volta de 1969, através dos vestígios das antigas escavações e entulhos adrede depositados. Os americanos do norte - mister Brown e mister Read, da Colônia Itajaí, mais tarde denominada Brusque, eram os mais significativos mineradores que, no rio Itajaí Mirim, se estabeleceram com o objetivo de explorar o garimpo. Ambos foram muito conhecidos por Frederico Deeke e por seu irmão Theodor Deeke, sendo que Frederico comprou suas terras, adquirindo-as diretamente de mister Read, e Theodor de mister Brown. Na “Crônica da Família Deeke”, tais americanos do norte são referidos como interessados exclusivamente na mineração de ouro, tendo abandonado as lavras em razão do fraco rendimento das minas. Com a aquisição das terras, Frederico Deeke, mineralogista com curso feito na Alemanha, certamente foi informado pelos vendedores acerca dos sítios em que fizeram prospecções, ou dos quais teriam notícias da existência através de colegas norte americanos e ou ingleses. Entretanto é preciso considerar que os americanos / ingleses sempre utilizaram o sistema de prospecção por “calhas de lavagem” que no caso, aplicadas ao ribeirão que provém das posteriores furnas da “Mina de Prata do Garcia”, não apresentaria resultados positivos para depósito, na “calha”, de folículos ou grânulos de ouro em pó, mesmo porque lá inexistiria ouro. Portanto o verdadeiro local da extração do ouro foi no alto e médio -Gasparinho, onde, Jünger, teria feito plantação de árvores frutíferas e seu exato local não deveria distar muito donde atualmente encontra-se o “Parque Refúgio” que pertenceu ao sr. Cristiano Theiss. Os documentos e fotocópias constam do TABULARIUM NIELS DEEKE, que providenciou, em 1980, a transcrição cujo texto encontra-se, na íntegra, adiante anotado.
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Y JOSÉ FERREIRA DA SILVA. Ferreira refere escritos deixados pelo Prof. Rudolf Hollenweger – que passou à história como ¨ginasta¨. Malgrado Hollenweger não ter compulsado qualquer documento primário ( fonte documental), portanto restringiu-se a relatar lenda oral, mesmo porque não foi temporâneo à história de Blumenau no século XIX, referem sua mera conjetura como fidedigna, o que contestamos. Trata-se de mera lenda, e sua com probabilidade factual, no sítio indicado, é muito improvável.
Y RIBEIRÃO DA Rua GLORIA : Ribeirão Grewsmuehl, com curso na antiga denominação do lugar era foi Speck Tiefe
Y MORRO DO BAÚ . SARGBERG : Morro do Baú, no município de Luís Alves com aproximadamente 780 metros de altura. Segundo o Padre Raulino Reitz o Morro do Baú teria 920 metros de altitude ? -in Bl’au Cadernos tomo VII nº 08 p. 154. O monte BAHUL (morro do Baú ), cuja forma singular é bom marco para navegadores.
Requerimento de Frederico Deeke solicitando, em 23 de junho de 1883, as Terras com Duzentas mil braças quadradas.
Transcrição do Requerimento e Despachos relativos a Concessão de Terras Devolutas no Distrito do Garcia em Blumenau – Requerimento de Frederico Deeke datado de 23 de junho de 1883 ao Presidente da Província de Santa Catharina, solicitando a área de 200.000 (Duzentas mil) braças quadradas (Y) . ««« Ilmo. e Exmo. Snr. Presidente da Província de Santa Catharina. (no espaço logo abaixo constam dois despachos : 1)Informe a Câmara Municipal de Blumenau, Palácio da Presidência. 28 de junho de 1883. Assinado : ilegível . 2) Informe a Thesouraria da Fazenda. Palácio da Presidência, 26 de novembro de 1883. Assinado : Gama Rosa (Dr. Francisco Luiz da Gama Rosa- Presidente a Província de S.C. “ Diz Frederico Deeke, morador deste município de Blumenau, que achando-se terras devolutas no districto do Garcia, cujo terreno convém ao Supplicante comprar sob as condições usuaes, e vem o mesmo pedir a Va. Exa. Se digne conceder-lhe o terreno mencionado por compra ao Estado. Nestes Termos. P. o Suppte. que lhe seja concedida a área de duzentas mil braças quadradas no lugar indicado. E. R. M. (Espera Rogando Merecimento) – Blumenau, 23 de junho de 1883. (selo Império do Brasil de 200 reis efígie de Pedro II- sello) sobre o selo a assinatura : Frederico Deeke. (logo abaixo consta o despacho informativo : Ilmo. E Exmo. Snr. – Há muitas terras devolutas no Ribeirão da Garcia que forão desprezadas pelo ex-Diretor desta ex-Colônia por serem de qualidade tão inferior que não se prestão à cultura de qualidade alguma, consistindo quase exclusivamente de morros íngremes e rochedos. Avalio o preço da braça quadrada (Y) em dois réis. Blumenau, 23 de junho de 1883. O juiz Comissário. Assinado : Paulo Schwarzer. (Em outro documento consta o requerimento de Frederico Deeke solicitando medição e demarcação.) – “Ilmo. Snr. Juiz Comissário. (no espaço e despacho proferido : Proceda-se a medição. Blumenau, 04 de fevereiro de 1884.
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Y  DUZENTAS MIL BRAÇAS QUADRADAS : Cada braça quadrada tem aprox. 4,84 metros quadrados, portanto a área requerida foi de 968.000 metros quadrados, cerca de hum milhão de metros quadrados ou seja quatro colônias de 25 hectares cada uma.
Y  BRAÇA QUADRADA : Medidas veja in : { Supl. Vórtex 27 de Niels Deeke, inédito)

Assinado Paulo Schwarzer. (Espaço) “Diz, Frederico Deeke, que tendo-lhe sido concedida, por despacho do Exmo. Snr. Presidente da Província, um terreno sito no “alto ribeirão do Garcia”, deste Município. P. a Va.Sa. que se digne proceder a medição e demarcação do mesmo terreno, a fim de que o Suppte. possa receber o seu título definitivo pagando a importancia do terreno. E.R.M. Villa de Blumenau, 01 de fevereiro de 1884. Assinado sob estampilha do Império de Brazil –200 reis- Efígie Pedro II – Sello ) assinado Frederico Deeke. (À margem, na parte alta do documento, consta a anotação de uma época bem posterior : “Este “masso” [maço] contem documentos velhos mesmo traslados de escripturas antigas e Estatística.”Ilmo. e Exmo. Snr. Concorda esta Camara Municipal com a informação supra do Juiz Comissário deste Termo. Paço da Câmara Municipal da Villa de Blumenau. 15 de novembro de 1883. Assinaturas : Flores Filho (José Henriques Flores Filho) Stutzer (Otto Stutzer); três pontinhos -identificação maçônica : Watson (Henrique Watson) , Sachteben (Luiz Sachtleben), Medeiros (Francisco Carlos, ou Francisco Salvio Medeiros ?) , Gomes (José Joaquim Gomes). Haja vista o Snr. Fiscal Thesouraria da Fazenda em 28 de novembro de 1883. Assinatura ilegível. Fica arbitrado em dous reis o preço de cada braça quadrada. Thesouraria da Fazenda, em sessão da Junta, 05 de Dezembro de 1883. A mesma assinatura ilegível. Em face das informações do respectivo Juiz Comissário Câmara Municipal.............. de deferir a pretensão do Suppte depois de cumpridas as exigências legaes. Desterro, 29 der dezembro de 1883. O procurador Fiscal. Assinado : Manoel Pedro ilegível. – Ilmo e Exmo.Snr. Concordo com o parecer fiscal e fica arbitrada em dous réis o preço da braça quadrada do terreno que se trata. O Thesoureiro – 12-12-83 – assinado, ....ilegível Oliveira. Fica arbitrado em dous reis o preço de cada braça quadrada das terras requeridas e marco o prazo de dous meses para o Suppte. proceder a demarcação e medições das mesmas, correndo por conta própria a respectiva despesa. Palácio da Presidência, 14 de dezembro de 1883. Assinado Gama Rosa . (Dr. Francisco Luiz da Gama Rosa- Presidente da Província de Santa Catarina) –
Transcrição do MEMORIAL DA MEDIÇÃO que se procedeu a requerimento de Frederico Deeke relativamente às terras supra mencionadas, que está assinado “O agrimensor H. Krohberger – 05 de março de 1884. [ Obs.: O agrimensor Heinrich Krohberger éra cunhado de Frederico Deeke ] ««« Título : “Memorial da Medição à que se procedeu a requerimento de Frederico Deeke em terras devolutas, sitas no Districto do “Ribeirão Garcia”, na ex-Colônia Blumenau, em vista do Despacho do Exmo. Snr Dr. Presidente da Província. – Em virtude do despacho do Juiz Comissário, no requerimento do mencionado suppte. , dirigi-me ao Lugar supra declarado e em presença do mesmo juiz, procedi a medição do terreno mencionado. Verificada a agulha com a deste Juízo a qual não mostrou differença digna de nota, e conferidos os cordões com o padrão competente que se acharão em regra, e depois de assentado em presença do Juiz o primeiro marco nº “A” de madeira de Jacarandá, falquejada em 04 faces que dista vinte metros da margem do ribeirão Garcia, o qual aqui faz uma volta, chegando ao sul e correndo para o leste, colloquei o instrumento sobre o marco, e medindo no rumo de sul 45 graos ESTE verdadeiro, encontrei em 242 metros um ribeirão com direção para SO e chamado de Ribeirão Frederico, em 310 metros deixei o terreno plano, e caminhando dahi em terreno ondulado atravessei em 480 e 600 metros outros pequenos ribeirões com a mesma direção, em 700 metros finquei a estaca nº “a” e em 740 metros chequei ao barranco do ribeirão do Garcia. Segui então a estaca nº a no rumo de Norte 45 graus ESTE verdadeiro e subindo coloquei em 73 metros a estaca nº b . Da estaca nº b medi no rumo do Sul 45 graus ESTE verdadeiro, até 110 metros na chapa duma collina, então descendo passei em 130 metros um pequeno ribeirão que corre para o SO e dahi subindo assentei em 200 metros a estaca nº c . Desta estaca dirigi-me para o rumo de SUL 45 graus OESTE verdadeiro e finquei descendo 73 metros a estaca nº d . Da estaca nº d segui no rumo de SUL 45 graus ESTE verdadeiro, subi um morro e coloquei em 200 metros o marco nº “B” , e marquei como testemunhas para o norte do marco em distância de 05 metros uma Canella, de 0,80 metros de diâmetro e para ESTE em distância de 06 metros uma laranjeira com 0,45 metros de diâmetro. Do marco nº “B”, medi no rumo de Sul 45 graos OESTE verdadeiro e sempre descendo o morro com muita declividade, atravessei em 200 metros um ribeirão com direção para NO, achei até 255 metros terreno plano e então pouco subindo coloquei em 350 metros o marco de madeira de lei e falquejado em 04 faces nº C. e marquei como testemunhas, no pé do marco para o lado do sul, um Cedro, para o Norte em distância de 06 metros uma Guaruba de 0,50 metros de diâmetro e para ESTE em distância de 08 metros uma Laranjeira com 0,60 metros de diâmetro. Segui então do marco nº “C” no rumo de Norte 45 graus Oeste verdadeiro, assentei descendo em 75 metros o marco de madeira da lei nº “D”, e cheguei em 85 metros ao barranco do ribeirão Garcia, que corre aqui para NE. Dirigi-me depois para o marco nº “B” e medindo no rumo de Norte 45 graus ESTE verdadeiro, achei subindo em 55 metros a chapa do morro, caminhei na mesma até 120 metros, desci dahi com muita declividade, passei em 270 metros um pequeno ribeirão com direção NO, subi e desci pouco e encontrei em 375 metros outro ribeirão com a mesma direção, subi então um morro com muita escarpa, cheguei em 710 metros na chapa do morro e pouco descendo, finquei em 800 metros o marco nº “E”, de madeira de lei falquejado em 04 faces, e marquei como testemunhas para o Norte do marco em distância de 15 metros uma Peroba com 0,45 metros de diâmetro e para Oeste em distância de 12 metros uma Canella de 0,70 metros de diâmetro. Do marco nº “E” segui no rumo de Norte 45 graus Oeste verdadeiro, subi até 50 metros, desci então com muita declividade até 275 metros, onde passei um pequeno ribeirão que corre para S0 , subi 290 metros e desci dahi de novo com muita declividade até 440 metros, encontrei, um ribeirão com direção para N, e flanqueando dahi uma collina até 250 metros, achei descendo em 550 metros terreno plano, passei em 650 metros o mencionado Ribeirão Frederico com direção S0, subi então um morro, achei em 830 metros a chapa do mesmo, desci com muita declividade atravessei em 890 metros um ribeirão correndo para NE, subi de novo um morro com muita escarpa e coloquei em 1.100 metros o marco nº “F”, também de madeira de lei e falquejado em 04 faces e marquei como testemunhas para NO em distância de 08 metros uma Maçaranduba de 0,40 metros de diâmetro, e para NEE em distância de 6 metros um Cedro novo com 0,45 metros de diâmetro. Do marco nº “F” dirigi-me no rumo de Sul 45 graus Oeste e descendo e com muita declividade e costeando o morro alto pelo lado do Sul, em 280, 390,500 e 620 metros quebradas de morro cheguei em 802 metros ao primeiro marco nº “A”.

Minério de Sulfeto de Chumbo ( PbS) conhecido popularmente como GALENA
o minério com maior ocorrência nas Minas do alto Garcia
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Resumo
Linhas                                       Rumos
A a + bc + d B = 1.100 mts     Sul 45º ESTE verdadeiro
CB + B E = 1.150 mts             Norte 45 ESTE verdadeiro
CD = 75 mts Norte 45º           OESTE verdadeiro
EF = l.100 mts Norte 45º       OESTE verdadeiro
FA = 892 mts Sul 45º             OESTE verdadeiro
Área em metros quadrados : 971.000
Área em Braças quadradas : 200.619

Confrontações
O terreno confronta ao Nordeste com Terras Devolutas, ao Noroeste com Terras Devolutas, ao Sueste com Terras devolutas, ao Sudoeste com o Ribeirão Garcia. O Terreno constante deste Memorial é de inferior qualidade. E tendo sido completada a medição e demarcação do terreno, mandou, o Juiz, fazer este memorial e mappa e deu por concluído os trabalhos da mesma. Villa de Blumenau, 05 de março de 1884. Assinado O Agrimensor H. Krohberger.
Certidão : Certifico que verifiquei a presente certidão que achei em conformidade com este termo e mapa. O comprador tem de entrar para os cofres públicos com a quantia de Rs : 401$238 , importância de 200.619 braças quadradas na razão de dous réis (cinco estampilhas de 200 réis cada – Império do Brasil~- Efígie D. Pedro II – Sello. Villa de Blumenau, 07 de março de 1884- assinado Paulo Schwarzer.(Y)
A seguir consta o : “Mappa da medição do terreno de Frederico Deeke sito no Districto do Ribeirão do Garcia na Ex Colonia Blumenau.”
Vide revista “Bl’au em Cadernos” Tomo nº IX p. 145 : “As Minas de Chumbo do Ribeirão da Prata” – onde consta “ ...... O que se pode assegurar é que da década de 1870, o Capitão de Mato, Frederico Deeke, comandante do grupo de batedores encarregado da proteção da Colônia contra os assaltos dos indígenas, numa de suas incursões pelas florestas das cabeceiras do Garcia, descobriu vestígios de minério que julgou prata, nas encostas dos morros que são parte das fraldas da serra do Itajaí”.
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Y  SCHWARZER. PAUL. Paulo Schwarzer, escrito do punho de José Deeke no verso da foto : primeiro juiz comissário em Blumenau – Foto produzida pelo Studio B. Scheidemantel. Original in TABULARIUM NIELS DEEKE .

PRATA : MINAS DE PRATA : Frederico Deeke, Comandante da Guarda de Batedores do Mato (Guarda de Bugres) foi mineralogista em Brusque, desde 1858 até 1868 ,lá extraindo ouro nas terras que adquiriu e que constavam antes consignadas nos mapas da época como propriedade de Mister Read. Por volta de 1872, descobriu no alto Ribeirão Garcia as “Minas de Prata”, cuja concessão oficializou em 1883, iniciando a exploração industrial em 1884 « Há no arquivo particular de N.Deeke, interessante mapa indicando terras de Frederico Deeke, no alto ribeirão Garcia, ex-colônia Blumenau escala 1:10.000, Villa de Blumenau em 05 de março de 1884 assinado pelo agrimensor H. Krohberger, curiosamente assinalando as minas de prata não na margem direita do dito ribeirão Garcia, mas sim justamente à margem “esquerda”, cujo texto do Memorial consigna em seu resumo a área de 968.000 metros quadrados, ou seja 200.619 braças quadradas, respectivas linhas, rumos e confrontações, sendo uma destas no rumo do sul 45 graus leste verdadeiro, uma linha com 242 metros no ribeirão que toma a direção Sudoeste (SO) chamado ribeirão Frederico, documentos estampilhados sob selo do império do Brazil - de 200 réis, datado de 04 de fevereiro de 1884, assinado por Frederico Deeke em requerimento (E.R.M.- no qual E = Espera, R.: Rogando, M.: Merecimento ou Espera Receber Mercê ) ao Juiz comissário onde afirma lhe terem sido concedidas por despacho do Presidente da Província de Santa Catarina um terreno sito no “ alto Ribeirão Garcia” . A concessão foi deferida pelo Presidente da Província Dr. Francisco Luiz da Gama Rosa em 14 de novembro de 1883, de cujo despacho consta : “ Fica arbitrado em dous réis o preço de cada braça quadrada das terras requeridas e marco o prazo de dous meses para o Suppte. Proceder a respectiva despesa. - Palácio da Presidência , 14 de novembro de 1883 - assinado Gama Rosa. Finalmente consta a certidão : Certifico que verifiquei a presente medição que achei em conformidade estes termos e mappa. O comprador tem de entrar para os cofres públicos com a quantia de RS: 401$238, a importância de 200.619 braças quadradas na razão de dous réis. Seguem cinco estampilhas de 200 réis cada - selo do Império do Brazil - efígie D.Pedro II - Villa de Blumenau, 07 de março de 1884 - assinado Paulo Schwarzer. O memorial descritivo é bastante minucioso donde se depreende, com detalhes que beiram ao exagero, o que nos leva a crer que Deeke e Krohberger tinham grandes esperanças de alcançar sucesso na “extração da prata”- fotocópias dos documentos e primeira via da tradução completa em poder de Niels Deeke».
Ponte da Entrada das Minas da Prata - Construída na Gestão do então prefeito Hercílio Deeke (1951/1954)
Frederico Deeke teria também constatado a existência de prata nas faldas das montanhas Guaricanas, a noroeste de Rodeio e Ascurra (O relato consta das anotações de Christiana Deeke Barreto, irmã de Hercílio Deeke),cuja prospecção ficou a cargo de seu filho Félix Deixe-F4, o qual, entretanto, abandonou a mineração Outra das constatações de Frederico Deeke, quiçá uma das principais em razão da quantidade do precioso elemento, foi, em 1880, a da ocorrência de ouro na margem esquerda do Itajaí Açu, nos atuais ribeirões Carolina e Arraial do Ouro, em Gaspar, mantida, a do ribeirão Carolina, naquela época sob confidência. Hercílio Deeke, em parceria com seu filho Niels Deeke, foi tanto influenciado pelos relatos de seu pai e do avô, ao ponto de, por volta de 1968, adquirirem vasto território (cerca de dez milhões de metros quadrados), justamente na região aurífera, ou seja o “Morro da Gorita”, no “Arraial do Ouro”, em Gaspar. Naquelas terras por volta de 1944/1945 foi encontrada uma das maiores pepitas de ouro da região que pesou um quilo e quatrocentos cinqüenta gramas, achado do qual participou Sr. José Wanzuita, quando ainda era um jovem de vinte anos, mais tarde padeiro em Gaspar e que faleceu em agosto de 1997. A pepita, segundo consta, pertenceu aos Srs. Bianchini de Brusque e Hans Walter Voss de Blumenau. A Cia Sul Americana de Mineração, empresa associada à outras mineradoras nas quais o Sr. Adriano Seabra, do Rio de Janeiro, tinha interesses, intentou a exploração nas ditas “Minas” , efetuando prospecções no ano de 1954/1955. Os resultados entretanto não foram compensadores. Em l955, Hercílio Deeke e Niels Deeke então com curso inconcluso de química – estagiário na usina refinadora Manguinhos- RJ, em viagem de retorno, vindos do Rio de Janeiro com automóvel via estrada antiga - Sorocaba, Capão Bonito, Apiaí e Ribeira antiga, S.P., estavam de posse de carta de recomendação do Sr. Adriano Seabra para entrevista com o geólogo responsável que então executava trabalhos numa grande mina na Ribeira SP. Vindos no sentido Norte-Sul, adentraram cerca de cinco quilômetros numa estrada vicinal à esquerda da supracitada, até alcançar as instalações da “Mina”. Tratava-se de uma mina de tungstênio (Y), em belo vale onde havia uma mini-cidade, com energia elétrica e tudo mais que houvesse de mais moderno nos escritórios da sede. Lá almoçaram, entretanto o engenheiro procurado viajara para São Paulo e o diretor que os recepcionou não podia satisfazer as indagações que Hercílio Deeke fez. Aquela mini-cidade visitada no ano de 1955, trata-se da atual cidade de Adrianópolis, cidade mineradora no Vale do Ribeira em S.P. e cuja denominação foi uma homenagem ao então proprietário das Minas- Sr. Adriano Seabra. Tornando a aborrecer-te, após releitura do meu texto observei falhas no relato que,adiante, sugiro reparo, se ainda possível.
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 TUNGSTÊNIO : Há surgimento do minério deste elemento na região do Garcia Alto- Minas de Prata em Blumenau. Também é encontrado em Brusque e Nova Trento. Em Nova Trento houve exploração em minas, no local chamado Salto.

Posteriormente foi possível saber-se que as prospecções procedidas pelas mineradoras Cia Sul Americana de Mineração e pela Plumbum S.A. – Indústria Brasileira de Mineração, tiveram como objetivo constatar, além de chumbo, a presença do minério de Tungstênio naquela região da Nova Rússia, que apesar de encontrado não teria apresentado condições ideais para exploração rentável. Foi a derradeira tentativa de trazer uma mineradora de porte para o alto-Garcia, pois lentamente os contatos com o Sr. Seabra foram se espaçando e afinal o Capitalista, grande amigo de Hercílio Deeke mudou-se, com sua esposa dona Aurora, para Portugal, para onde deslocou seus investimentos.
Ainda em meados do nosso século a exploração estava sendo promovida por concessionária de São Paulo que por alguns anos realizou produções, as quais foram paralisadas pela quantidade insatisfatória de Prata agregada ao minério.
Malgrado haver a exploração dos minérios de Prata, Ouro, Galena e Chumbo, resultado insatisfatória, mal sabem que o solo da nossa Nova Rússia é uma preciosidade, pois contém grandes jazidas de CAULIM, verdade que muito impuro como matéria para fabricação de porcelanas, contudo aproveitável através os modernos métodos de triagem, dos quais a empresa Albany é fabricante dos implementos. Aponto, por oportuno, uma elementar utilidade daquele CAULIM lá existente que primeiramente identificado, em 1872, por Frederico Deeke, qual seja a de fabricação de material de limpeza, abrasivo, para POLIR PRATA e METAIS, à semelhança do KAOL – cuja denominação tem fulcro em KAOLIM logo KAOL, que quando adicionado de pouca amônia (NH3), resulta no produto conhecido por KAOL ou SILVO. Acaso utilizarem-se da minha indicação, espero manifestem os devidos agradecimentos.
Niels Deeke -Memorialista em Blumenau - SC
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Arquivo de : Niels Dee
ke, Pedro Prim e Adalberto Day