– Adendo: Adalberto Day
Rodolfo Rosumeck morou em frente do Estádio do Amazonas, e
depois nos anos de 1965 foi nosso vizinho na Rua Almirante Saldanha da Gama.
Participou da Guarnição de Corpo de Bombeiros da Empresa Industrial Garcia.
Adalberto e Nicassio
Seu filho Adalberto, também foi um grande goleiro campeão pelo Amazonas em
1955/56/57. Depois foi jogar no Carlos Renaux, treinou antes no Santos e outras equipes, voltou em
1963 para o Palmeiras de Blumenau.
Uma das equipes de futebol que mais brilharam nos anos 1930,
no cenário estadual, e, em especial, no Vale do Itajaí, foi, sem dúvida, a do Amazonas
Esporte Clube, cujos Jogadores, em sua maioria, eram operários pertencentes
à Empresa Industrial Garcia. O Amazonas Esporte Clube possuía uma
equipe homogênea, integrada por aplaudidos valores, entre os quais
destacavam-se Chiquito, Edgar, Meni Kielwagen, Nena Poli,Leopoldo Cirilo, Ewaldo
e Pedro Tensini, Boia, Ata Karsten, Amadeu, José Pera, Marcos Moritz, além de
outros. Mas, uma das principais, senão a principal figura do afamado onze
amazonense, foi, naquela época, o valente, elástico e aplaudido goleiro Rodolfo
Rosumeck.
Suas atuações, no reduto final da aprimorada equipe
amazonense, tornaram-se, ao longo dos anos em que ele defendeu aquela meta,
conhecidíssimas em todo o Estado de Santa Catarina. Rodolfo
Rosumeck era, sem sombra de dúvida, motivo de tranquilidade e confiança dos
homens que guarneciam a zaga e a linha média do Amazonas. Ele orientava
seus. companheiros e sabia colocar-se, sempre na linha de arremessos dos
adversários, tornando-se assim, muito difícil de ser vazado seu reduto. Hoje,
passados tantos anos daquelas soberbas atuações do Amazonas,
ainda nos lembramos bem da figura atlética e técnica de Rodolfo Rosumeck.
Ele iniciou-se no futebol, defendendo as cores do Tamandaré, de Ibirama, cidade
onde nasceu a 03 de fevereiro de 1911. Aos 17 anos, já como goleiro consagrado
em Ibirama por suas magníficas atuações no Tamandaré, Rodolfo mudou-se para
Blumenau, ingressando, no dia 14 de novembro de 1928, como operário aprendiz de
tecelão, na Empresa Industrial Garcia, começando seu primeiro dia de serviço às
13,30 horas, ou seja, no segundo turno que terminava às 1.0 horas da noite. Foi
aí que Rodolfo conheceu a equipe do Amazonas. Como era ainda
desconhecido, não teve oportunidade
imediata de ingressar na equipe, mesmo porque era muito jovem. Assim, começou a
jogar na equipe do Guarani, que possuía seu campo nas proximidades de onde hoje
acha-se o quartel do .. 23° . B. I. Depois, jogou no Bom Retiro.
Nesses dois anos de atuações naquelas equipes, Rodolfo mostrou sua grande
versatilidade como goleiro, projetando-se sobremaneira no conceito dos
torcedores em geral.
Foi então que o conduziram para a equipe do Amazonas,
numa quase imposição do Diretor da Empresa Industrial Garcia, o sr. João
Medeiros, o qual, para Rodolfo foi um dos seus melhores amigos, de saudosa
memória. A partir de então, Rodolfo tornou-se o titular absoluto do arco
amazonense. começando uma carreira esportiva verdadeiramente vibrante, rodeado
sempre pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC
por seus inúmeros admiradores e amigos. Agora já um completo tecelão,
administrando a produção de dois teares "Jacquard", Rodolfo
sentia-se muito feliz. Treinava. com assíduo e, nos fins de semana, estava
sempre na melhor forma para defender o arco daquela famosa esquadra que, nos
anos 30 a 40, deixou saudades. Ele cita, ainda, além dos jogadores já
mencionados, os nomes de Noventa e de Amadeu, que- compunham a forte equipe
amazonense. Aos 26 anos de idade, profissional tecelão capacitado e goleiro
consagrado, Rodolfo passou a viver outra vida. Casou-se com Irma Westphal,
nascida dia 23 de setembro de 1915. O casamento ocorreu no dia 17 de abril de
1937. Desta união, nasceram dois filhos: Adalberto e Marlene. E dos dois
filhos, resultaram cinco netos, sendo um de Marlene e 4 de Adalberto. E deste.
lhes foi proporcionada a felicidade de nascerem, de seus filhos, 6 bisnetos.
Rodolfo Rosumeck lembra com gratidão de vários diretores que passaram pela
Empresa, enquanto trabalhava na mesma. Cita, além do sr. João Medeiros,
seu grande amigo a quem muito admirava e estimava, o sr. Ernesto Stodieck
Jr., Max Pagel, Felix Bauer, Curt
Prayon e Rolf Ehlke.
Para todos, tem uma palavra de carinho e respeito. Não culpa
nenhum dos diretores pelo desgosto que teve. Quando aposentado, permaneceu
trabalhando como contramestre durante mais três anos _ Queria continuar ainda
muitos anos a trabalhar, mas o dispensaram, com o argumento de que ele deveria
usufruir de sua aposentadoria. Ele diz que, em certas ocasiões, virava dia e
noite, para garantir a produção necessária à empresa. Trabalhava até 3 ou 4
horas da madrugada, ia em casa tomar café e retornava logo após, trabalhando
durante todo o dia. Trabalhava porquê gostava de trabalhar, assim como gostava
de jogar. Ainda referindo-se ao futebol, Rodolfo diz que considerava como o
mais completo goleiro de todos os tempos, o então goleiro do Blumenauense,
(atual Olímpico), Kuenich, que mais tarde foi ecônomo do C.N. América
e, posteriormente, do Centro Cultural 25 de Julho, já falecido e e saudosa
memória. Diz ainda que a maior vitória do Amazonas aconteceu sobre o Recreativo
Brasil Esporte Clube, hoje Palmeiras, por 13 a O. Na partida seguinte,
de revanche, houve empate e resultou numa briga enorme em que saíram muitos
feridos. Referindo-se à seus anos de solteiro, Rodolfo conta-nos um fato
ocorrido num salão existente no Vorstadt, denominado Salão Bretzki . Diz ele
que estava participando das danças e a festa era animada, com muitas moças e
muitos rapazes divertindo-se. Lá pelas tantas, o "tempo fechou",
armando-se uma briga enorme entre dois grupos de rapazes. Rodolfo diz que a
briga foi devido a uma jovem ter-se negado a dançar com alguém. Ele, que nada
tinha a ver com a história, também foi ferido a faca. Diz que nunca viu tanta
faca sendo exibida pelos, briguentos. Naqueles tempos, não havia um serviço de
ônibus regular do bairro Garcia para a cidade. Existia um motorista conhecido
por Zep, que possuía um Ford-Balão ano 1927 e que servia de táxi. Havia também
um ônibus do sr. Bohem, que fazia transportes esporádicos à cidade e
vice-versa, mas que não havia horários predeterminados. Neste ônibus, Rodolfo
nunca pagou passagem, e possuía carta-branca, pois Bohem era assíduo torcedor
do Amazonas. Existia também um carro de mola de propriedade do sr. Gustavo
Buerger e que fazia corridas, como táxi, do Garcia para o centro. No bairro
Progresso, também havia um carro de mola, lá pelo Jordão e que servia a população
local. Rodolfo lembra, ainda, como curiosidade da época, O ano em que José
Pera (1935), participou do desfile carnavalesco na cidade, enfiado num
carrinho de quatro rodas, no qual só ele cabia, usando uma toca na cabeça e
mamadeira na boca, puxado por um burrinho, recebendo muitos aplausos do povo
que lotava os passeios da rua 15 de Novembro.
Como acontecimento trágico, Rodolfo lembra uma terrível
enxurrada ocasionada por um forte temporal, nas proximidades dos anos 1940,
quando conseguiu salvar de morte certa o então jovem jogador Augusto de Souza,
(mais tarde conhecido como " o velho Augusto", grande jogador do
Palmeiras) e Chico Manco, Rodolfo atirou-se às águas e conseguiu retirar delas
primeiro o Augusto e depois o Chico.
Retornando as suas memórias do tempo da Empresa
Industrial Garcia, Rodolfo diz que uma de suas grandes alegrias,
foi ver reconhecida sua dedicação profissional, ao ser promovido a contramestre
no dia 10 de abril de 1951 (como diz ele, parece mentira, mas é verdade), mostrando-nos
sua carteira profissional devidamente anotada. Nos dias de hoje (Janeiro de
1996), Rodolfo vive ao lado de sua amada companheira Irma, em sua residência no
bairro Bela Vista, Vorstadt (ambos já falecidos adendo junho 2020). Vive de
belas dações, consciência tranquila do dever cumprido, tanto como esportista,
como profissional tecelão e especialmente como pai, avô e bisavô, cercado do
carinho de todos estes seus descendentes.
José Gonçalves diretor do Arquivo Histórico e Cultura em
1996.
Dados relatados na Revista Blumenau em Cadernos Tomo XXXVII –
Fevereiro 1996 página,50, 51.
Fotos de Adalberto Day.