terça-feira, 8 de maio de 2018

- As Pontes de Balanço





AS PONTES DE BALANÇO
RECORDAR É VIVER.
Mais uma contribuição do amigo Sérgio Cunha



Alguém já falou esta frase: “Recordar é viver”. Até 1961 as pessoas acessavam o Beco Tallmann, por uma ponte pênsil, chamada por todos de “ponte de balanço” e o acesso era ali, do lado esquerdo da antiga Cooperativa de Consumo dos Empregados da E.I. Garcia (Veja foto abaixo).
Lembro que além dessa, existia outra na Rua Capinzal com acesso ao Clube Centenário e outra próxima da Associação da Artex, que ligava a rua Catarina Abreu Coelho a rua Júlio Heiden. Crianças gostavam de pular sobre elas para vê-las balançar, porém, logo eram advertidas por algum adulto. 
Foto: Ponte pênsil (bem semelhante) as do Bairro Garcia
O acesso para veículos, carroças e raros “automóveis” e caminhões, era feito pelo lado direito do prédio da cooperativa, extremando com o campo do Amazonas. Nesse local tinha uma rampa, de terra, que permitia passagem ao Beco, pelas águas do ribeirão Garcia.
Esta estrada não dava acesso ainda para o bairro Progresso e se estendia somente até atrás da Associação Artex, próximo da propriedade da Frau Bachmann.
Foto: Construção Ponte Rua Emilio Tallmann (Acervo Adalberto Day)

Em 1961 foi construída a ponte de concreto armado substituindo a antiga ponte de balanço, facilitando enormemente o trafego, já que a região crescia rapidamente por conta da proximidade com as duas empresas, E.I. Garcia e Artex S/A. Nessa época o Beco passou a chamar-se rua Emilio Tallmann, sendo esta alargada e estendida até ligar-se com o bairro Progresso mediante a rua Julio Heiden. 
Em frente da cooperativa ficava o ponto de ônibus, parada para quem se deslocaria ao centro e outros bairros. Ao lado desse ponto de ônibus, tinha um pequeno quiosque onde as pessoas, principalmente os funcionários, compravam lanches, pastéis, bananinhas, para saborear nos horários de pausa para café, além de outras guloseimas como balas, amendoim torrado, paçoquinha, etc. Esse quiosque era de propriedade do Sr. Pedro Novaes, que por muitos anos explorou esse nicho comercial.
Ali do lado esquerdo da entrada para a ponte ficava o ambulatório da E.I. Garcia. Esse ambulatório foi extremamente importante para os funcionários da empresa, pois fazia a triagem da maioria das enfermidades que atingiam a população, deixando passar somente os casos mais graves, para os hospitais da região. 
O médico responsável pelo ambulatório era o Dr. Caetano, clinico geral, um homem alto, moreno, robusto, que contribuiu intensamente no tratamento das pessoas do bairro, já que além de atender os funcionários, atendia também seus dependentes. O Dr. Caetano atendia a domicilio, caso tivesse dificuldade de deslocamento do paciente até o ambulatório.
Assessoravam o Dr. Caetano os enfermeiros e enfermeiras, como o Sr. Nilton Tobias Aguiar, o Sr. Ewaldo Mass e a Sra. Veneranda da Rosa (Vanda), são os que lembro no momento. Enfermidades mais simples, como dor de garganta, eram resolvidas na maioria das vezes pelos próprios enfermeiros que recomendavam umas pastilhas de Pondicilina e dentro de 2 a 3 dias a pessoa estava restabelecida. Passei por isso. As pastilhas além de eficientes eram docinhas, iguais as “balas Zequinha”, kkk.
A E.I.Garcia contava ainda com um ambulatório dentário e o dentista responsável era o Dr. José Dobes, outro grande profissional que trouxe inestimável colaboração a população do bairro.
O médico responsável pelo ambulatório da Artex era o Dr. Margarida, clinico geral, também um homem alto e robusto. Era assessorado pelas enfermeiras dona Alaíde Gauche, Frida Caresia, o enfermeiro Vilmar da Silva e outros. Com o desenvolvimento da empresa, mais tarde novos profissionais foram incorporados ao quadro clinico, como o Dr. Sergio Braga, Dr. Marco Antônio Wanrowsky, Dr. Cézar Zillig, Dr. Hamilton, enfermeiro Augusto Cesar Viana e outros.
No quadro de funcionários da Cooperativa da E.I. Garcia figuravam, o Reinaldo Olegário como gerente, Vitorio Pfeiffer, Ronaldo Gonçalves da Luz, Curt Labes, Antônio Tillmann, o Cunha, Germano Krueger, Jeter e outros.
Do quadro de funcionários do Armazém da Artex faziam parte o Sr. Arthur Rudolph como gerente, o Fifa (Pfeiffer), o Reinaldo de Melo, entre outros. Nota: Nos informou o Adalberto Day que a da Artex não era Cooperativa, mas sim Armazém.
Nos dias de compra mensal formavam-se imensas filas de pessoas, cada uma com sua lista de compras, que esperavam pacientemente a vez de ser atendidos pelos funcionários.
O sistema de atendimento era totalmente diferente de hoje. Do lado de fora do balcão ficavam as pessoas esperando receber seus produtos. Do lado de dentro ficavam os atendentes, apanhando os produtos, nas prateleiras, balcões, gondolas e pesando ou medindo na quantidade solicitada. O valor da compra daquele mês era descontado no próximo pagamento mensal.
Na frente do prédio da cooperativa existia um estacionamento para bicicletas (foto), muito bem feito em madeira de lei pelos marceneiros da empresa. Cada bicicleta tinha seu lugar no suporte onde encaixava a roda dianteira. Sempre que o estacionamento estava todo ocupado, as pessoas deixavam suas bicicletas encostadas ao lado do prédio. As vezes as pessoas estacionavam a bicicleta no estacionamento e dirigiam-se ao centro da cidade. Quando voltavam, devido ao encerramento do expediente da cooperativa, as bicicletas estavam presas.
Foto: Acervo Adalberto Day
A pessoa pulava o muro, passava sua bicicleta por sobre este e ia para casa pedalando na Calói, kkk. Ninguém pegava a bicicleta alheia. As pessoas tinham respeito e eram honestas. A medida em que as empresas progrediam aumentando seu desenvolvimento fomos perdendo esse privilégio. Realmente eram tempos muitos bons. Saudades!   -   (Sérgio Cunha   -   04/04/2018)