FOGO DESTRUÍU PARCIALMENTE A PREFEITURA DE BLUMENAU
Jornalista
e escritor
No
dia 8 de novembro de 2018 ocorreu um incêndio que destruiu parcialmente o prédio onde funcionava a Prefeitura de
Blumenau.
Este
blog já postou, em 1º de abril de 2008,
um histórico desta tragédia, que na época abalou profundamente a comunidade
blumenauense.
Naqueles
tempos, eu muito jovem, atuava na PRC-4 Rádio Clube de Blumenau, onde exercia
as funções de locutor comercial, que além de ler as propagandas anunciava os
programas musicais e ajudava na apresentação dos noticiários.
A
PRC-4 tinha seus estúdios no segundo andar do prédio situado na esquina da Rua
15 de Novembro com a Rua Nereu Ramos. Uma sacada permitia que dali se
visualizasse a Rua 15 até a Praça Hercílio Luz, onde se situava a Prefeitura.
E
entre um intervalo e outro, enquanto rodava um disco, naquela fatídica noite de
8 de novembro de 1958, pouco depois da nove e meia, eu estava na sacada quando vislumbrei
um fogaréu pelos lados da Prefeitura.
Pensava-se
que o fogo fosse na Casa Koffke, ou na Comercial Schrader, mas logo se
constatou: era a Prefeitura que pegava fogo.
DEPOIMENTO
DO REPÓRTER REINALDO FERREIRA
Em novembro de 1982,o Jornal de Santa
Catarina publicou uma matéria sobre o sinistro, dando destaque ao depoimento de
Reinaldo Ferreira, que era chefe do Departamento de Rádio Jornalismo da Rádio
Clube de Blumenau na data do incêndio.
Reinado
disse o seguinte:
“Juntamente
com meu então colega Carlos Braga Mueller, estava, pelas 21,40 horas na sacada
do último pavimento do Edifício “A Capital”, na esquina das ruas XV de Novembro
e Nereu Ramos, onde funcionavam os estúdios da Rádio Clube de Blumenau, quando
este chamou minha atenção para o que parecia ser uma língua de fogo que saía do
último andar do prédio da Prefeitura Municipal.
Era
o começo do sinistro, que teve em nós dois as duas primeiras testemunhas. De
imediato transmiti a notícia em edição extraordinária, pelo “Repórter
Catarinense”, e vendo que o fogo aumentava, mandei puxar uma linha direta para
a Praça Hercílio Luz, e como espectador privilegiado passei a irradiar todos os
lances do trágico acontecimento. Ao mesmo tempo, mandei colocar em cadeia as
demais estações das Emissoras Coligadas, e pude fazer uma das mais
espetaculares coberturas da minha longa carreira de repórter. Aí está o Carlos
Braga Mueller, hoje vereador e candidato a vice-prefeito, que foi quem primeiro
teve a atenção chamada para o começo do incêndio. Somos ambos testemunhas
oculares da história”, completou Reinaldo Ferreira (Jornal de Santa Catarina,
edição de 13/11/1982).
Antes do incêndio
Dia 08 de novembro 1958
.... um dia após.
Acervo Oscar Handke
Durante
muitos anos, ajudei Ferreira a apresentar o Repórter Catarinense, um noticiário
que detinha enorme audiência e credibilidade.
Na
mesma reportagem de 1982, o Jornal de Santa Catarina divulgou interessantes
dados sobre os prejuízos causados pelo incêndio, pesquisando notícias da época,
que haviam sido publicadas pelos jornais “A Nação”, órgão dos Diários
Associados, e “Lume” do jornalista Honorato Tomelin, que eram editados em Blumenau na década de
cinqüenta do século passado e, também, o Relatório do Prefeito de Blumenau,
Frederico Guilherme Busch Júnior, referente ao exercício de 1958.
Brigada do Corpo de Bombeiros da EI Garcia que participou no combate as chamas.
A
reportagem destacava que o fogo havia sido iniciado no Arquivo Público da
Prefeitura, na parte superior, de fácil combustão. Em poucos segundos toda a
documentação histórica e administrativa do município era devorada pelo fogo.
Na
ocasião, constatou-se o que havia sido salvo: documentos dos 1º e 2º Registros
de Imóveis, sob responsabilidade de Roberto Baier e Benjamin Margarida,
respectivamente; do 2º Tabelionato de Notas, Cartório da Justiça Trabalhista,
sob a responsabilidade de João Gomes da Nóbrega; Cartório do 2º Ofício de
Órgãos, Depositário Público e Contador do Juízo, de responsabilidade de Edgar
Schneider; Serviço de Armas e Munições, e Serviço de Identificação, este último
danificado pela água.
Por
outro lado, entre as repartições destruídas e danificadas, encontravam-se o
Cartório do Cível e Comércio, parcialmente atingido; Cartório do Registro Cível
e de Títulos e Documentos, sob responsabilidade do serventuário Getúlio Braga,
que ficou destruído parcialmente, sendo salvos alguns processos; a Inspetoria
de Veículos, com danos parciais, a Inspetoria de Terras, grandemente
danificada; a Inspetoria Escolar Municipal; parcialmente destruída; a
Biblioteca “Dr. Amadeu da Luz”, pertencente ao Fórum, totalmente destruída, e o
Cartório Eleitoral, parcialmente destruído, salvando-se o fichário dos
eleitores.
Para
a história de Blumenau foi um baque terrível: foram destruídos documentos do
Arquivo Histórico de valor inestimável.
Curto-circuíto;
acidente com cigarro ou fogareiro ? Ou incêndio criminoso ? Para o Dr. Marcílio
João da Silva Medeiros, Juiz de Direito da 1ª. Vara da Comarca, não havia
qualquer
motivo ou razões que levassem a supor tratar-se de uma ação criminosa.
No
seu Relatório de 1958 o então Prefeito Frederico Guilherme Busch Júnior orçou
os prejuízos em Cr$ 843.969,60, o que foi coberto quase integralmente pelo
seguro.
Reforma da prefeitura atual Fundação Cultural entregue a comunidade em 08 de novembro de 2001.
E
então, restou a dúvida: o que fazer ? Reconstruir o que fora destruído pelo
fogo ou construir um prédio novo e moderno ?
Durante
43 anos nada foi resolvido. A Prefeitura aninhou-se na parte salva, metade do
prédio, seu lado esquerdo. O Fórum e os Cartórios foram transferidos para um
prédio antigo, situado na Alameda Rio
Branco, em frente ao Grêmio Esportivo Olímpico.
Somente
em 2001 a
parte atingida pelo fogo foi reconstruída nos moldes da arquitetura original,
passando a abrigar a Fundação Cultural, porque desde 1982 a Prefeitura e a Câmara
Municipal de Vereadores já haviam se instalado na Prefeitura nova, na Praça
Victor Konder.
Já
o que restou do Arquivo Histórico, muito pouco, vem sendo complementado ao
correr dos anos por buscas incessantes dos responsáveis pela repartição,
juntando pedaços e reconstituindo a história até onde tem sido possível
fazê-lo.
Para
saber mais acesse:
Arquivo:
Carlos Braga Mueller, Acervo Oscar Handke enviado por Marlene Huskes, Dalva e Adalberto Day
Colaboração
Carlos Braga Mueller/Jornalista e escritor
Adalberto. Quem mandou queimar a prefeitura.... para destruir os documentos que narravam a verdadeira História da cidade.... Abraços, Scottini.
ResponderExcluirNesse incêndio da Prefeitura me lembro muito bem e assisti ao longe porque morávamos na Churrascaria Palmital, e o grande herói nesse incêndio, além dos Bombeiros da Industria Garcia e da Guarnição de Blumenau, quem se destacou foi o assador da churrascaria Palmital que ajudou no combate as chamas. Deve ter reportagem sobre o assunto dias depois do incêndio, o nome dele era João Rigo.
ResponderExcluirabraços
Adolfo
ResponderExcluirSuperfã
Eutalia Couto
Quando estiver melhor quero visitar essa cidade linda.Adorei essas fotos são raridades parabéns 👏 Adalberto Day a pessoa mais inteligente que conheço.
Leo Zuque Zuque
ResponderExcluir1950 era muito, mas muito maís bonita, Blumenau ao passar dos anos os políticos esqueceram de cuidar da cidade em geral, uma Pena, o blumenauense vive apenas do presente, porque tudo de Bonito e legal de poucos anos atrás foi apagado, esquecido e destruído por maus políticos e também figuras não políticos que NUNCA foram blumenauenses.
Maria Da Graça Luz
ResponderExcluirDeste eu lembro muito bem...o ponto de ônibus que ia para o bairro da Vila Nova era na frente do prédio da Prefeitura...que SAUDADES.