Como
era o antigo “Bier Garden” da Praça Hercílio Luz
Entrevista realizada com o
Sr. Leopold Neitzel
Por Sueli Maria V.
Petry/diretora do Arquivo Histórico de Blumenau.
Natural
da região de Fidélis, Blumenau, Leopold Neitzel nasceu no dia 12 de outubro de
1898. Seus estudos foram realizados na Escola
Particular Alemã de Fidelis. Foi aluno do Prof. Hermann Lang. Casou aos 36 anos
com Ella Weise. Deste consórcio tiveram uma filha.
Alfaiate de profissão, foi aprendiz de Leopold Laux
o qual mantinha uma alfaiataria muito conceituada na Rua XV de Novembro. Aos 20
anos transferiu-se para Joinville, onde conseguiu emprego na Alfaiataria
Torrens. Lembra Leopold Neitzel que naquela época, viajar era uma verdadeira odisseia,
impossibilitado de pagar um carro de aluguel (táxi) que o levasse até Jaraguá
do Sul, para pegar o trem que o conduziria a Joinville, fez que o trajeto a pé.
Após permanecer por um período de 7 anos naquela cidade, retornou a Blumenau
onde passou a exercer sua profissão com segurança. Abriu uma alfaiataria na
esquina da Rua das Palmeiras, frente á antiga Ferraria Kielwagen. Sua
especialidade na confecção de roupas para pessoas obesas garantiu-lhe uma
clientela seleta. Durante dois anos trabalhou com 4 funcionários. O surgimento
das confecções industrializadas enfraqueceu o seu oficio a tal ponto que se viu
forçado a vender o empreendimento. Retornou a Joinville em busca de novo
emprego. Nesta época eclodia a Revolução de 30. Este fato impediu-o de
trabalhar e viajar a São Bento do Sul, ode tinha emprego garantido. Sem
dinheiro, voltou para Blumenau. Recomeçou sua vida trabalhando no ramo da
alfaiataria.
Nas horas vagas trabalhou nas mais diversas profissões. Nos
anos 38 a 40, trabalhou de garçom atendendo um convite que lhe havia feito o
jardineiro responsável da Praça Hercílio Luz, Sr Fabian. Este jardineiro
explorava os serviços de bar do pavilhão na lateral daquela praça,
aproximadamente uns dois metros atrás, onde hoje está edificado o Monumento dos
Voluntários da Pátria. Lembra o Sr. Leopold Neitzel que o pavilhão era
muito frequentado pelos colonos que vinham do interior do município para vender
seus produtos como ovos, manteiga, aipim, batata, melado, enfim, produtos que
hoje encontramos nas feiras, mas naquela época eram vendidos de porta em porta,
ou ainda por pessoas que vinham à Prefeitura
pagar seus impostos e resolver seus problemas.
O pavilhão, segundo o Sr. Neitzel, tinha o formato
redondo, aberto no andar superior e no inferior era utilizado para os serviços
de bar. Neste bar servia-se café, doces, gasosa e outros. Lembra com saudosismo
as marcas mais procuradas que eram as bebidas de Louis Probst a cerveja
nacional de Otto J. Jensen , Hosang , E.G.Herrmann. No bar jogava-se
baralho, fazia-se cervejadas entre amigos que ficavam muitas vezes, até altas
horas da madrugada se confraternizando.
A parte superior do pavilhão era destinada a apresentação
de retretas que alegravam o ambiente nos dias de festas cívicas e concertos
públicos. Em outros momentos esta área era utilizada pelos frequentadores do
bar que subiam ao pavimento superior para apreciar o movimento e tomar a sua
cervejinha. Lembra o Sr. Leopold, que a praça era bem conservada. Os
trabalhos de limpeza ficava a cargo de um funcionário da Prefeitura que fora
especialmente contratado para cuidar da ordem e limpeza da praça, diariamente.
A praça era linda, com muitas árvores e canteiros que embelezavam o ambiente.
Havia muito movimento, pois tudo se concentrava naquele local. Nos fundos,
havia o Porto Fluvial, onde atracavam muitas lanchas que traziam
mercadorias do Porto de Itajaí para Blumenau. O Vapor
Blumenau e o rebocador Santa Catarina eram os maiores. Estes
além do constante transporte de mercadorias levavam e traziam passageiros.
Destes, muitos faziam a sua parada obrigatória no pavilhão para tomar o seu
café ou aguardar o vapor.
Construído nos idos de 1919, na gestão do governo de Paulo
Zimmermann, conforme a resolução 121 de 16 de abril daquele ano. O pavilhão
conforme nos disse a filha do Sr. Mathias Fabian de acordo com a
fotografia que lhe mostramos já era uma segunda construção. A primeira era mais
simples e não havia a parte superior. Após a ampliação feita no governo de Paulo
Zimmermann este passou a ser explorado pelo Sr. Fabian que fez um contrato
com a Prefeitura. Foi também o mesmo projetista da disposição do jardim. Era
formado em jardinagem na Alemanha e em nossa cidade responsável pelos trabalhos
de embelezamento de vários jardins de residências dos grandes empresários.
Lembra a filha que seu pai introduziu muitas árvores na praça. Discorda muito
da nova dinâmica que se tem dado a mesma. O desativamento do Pavilhão ocorreu
por volta de 1940 na gestão do Prefeito José Ferreira da Silva que não
renovou o contrato.
Revista Blumenau em
Cadernos; Tomo XXVIII; Fevereiro de 1987, nº 2 – Fundação Cultural de Blumenau.
Arquivo HJFS.
Para saber mais acesse:
Bom dia Professor Adalberto. Praça Hercílio Luz me permita dizer que sempre foi mais linda quando dos anos citado ,e ate inicio dos ano 80. Praça Hercílio Luz onde as famílias visitavam e passavam suas tardes ou ate dias domingos inteiros, ou ate mesmo os comerciários em seu horário de almoço. Também Discordo muito da nova dinâmica que se tem dado a mesma.Do fim do de 1980 já começou a se usar a praça com intuito de lucros,e já não sendo mais a mesma Praça Hercílio Luz dos anos citados no texto e ate inicio dos anos 80. Abraço professor,como sempre brilhante. Como sempre digo Blog de ADALBERTO DAY É CULTURA.
ResponderExcluirEspero que este seja o email do Sr Adalberto Day. Eu tenho uma lembrança de que já falamos antes, há alguns anos, mas não tenho certeza. Eu sou descendente da família Scheeffer e da família Altenburg. Mas tenho muito pouca informação sobre o meu avo Gustavo Adolfo Scheeffer. Gostaria de saber mais, e acho que o senhor talvez me possa ajudar. Eu moro na Austrália já há 40 anos e não sei de onde começar a procurar. Agora que me aposentei gostaria de completar a minha árvore genealógica Meu avo tinha uma industria de madeiras Scheeffer.
ResponderExcluirOlga
Muito bem sr Adalberto. Espero que esta reportaem muito bem feita a entrevista pela senhora Sueli Petry, seja o primeiro capitulo de muitos pois para em 1940 muitas coisas se passaram, eu por exemplo lembro muito pouco das belas passagem que ali se cruzou, por exemplo das esploração de areia com as lanchas cheias de areia quase indo ao fundo, quando ali com muito sacrificio os tiradores de areia com um belo fisico por força do servisos que executavam aparecia, jogando areia com uma pequena Pá de ferro e cabo de madeira tudo para cima do barranco do porto, para em seguida ser carregado atraves das carrosas até as obras que mostravam o progresso da Cidade, lembro com muita saudade dos treinos dos famosos ramadores do Clube do América, qu embelezavam este pobre Rio Itajai Açu esquecido no tempo por nossas autoridades que tanto prometem onde esta a Marinas a tempo prometidas?, lembro ainda do famoso benzidor Sr. Tobias que ali fazia seus grandes Benzimentos aos mais credulos e os curavam, ha lembro tambem do famoso Fotografo da famosa maquina de fotorafia Lambe-Lambe que fazia foto em 10 minutos para documentos, sabes ali tambem ja foi embelezada com um famoso calçadão num dia de domingo com muito apoio da população vamos reativar vamos nos encontrar nesta Praça Prefeito faça alguma coisa para que esta praça Viva.conte comigo para te ajudar estou a sua disposissão , abraços Valdir Salvador
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ResponderExcluirMeu caro Adalberto,
Veja você, o texto me faz lembrar da gasosa, e é claro do então troca -troca ante monetário.. Impossível imaginar as viagens de época mesmo tratando-se de pequena distância, que na época eram infinitas, devido as dificuldades que tinham. Com tudo um belo texto, e uma excelente história.
Parabéns.
Nilton Sérgio Zuqui
Beto!
ResponderExcluirLembro da praça quando no ano de 1960 a 1962 estudava no SENAI na rua São Paulo. Passava em frente de bicicleta todos os dias.
Bons tempos.
Abração
Salve, Adalberto. Frequentei a praça nas décadas de 1960/1970. Minha mãe era professora de Culto Infantil na Igreja do Espírito Santo e nos levava com ela, todos os domingos, numa caminhada dos fundos da Rua Bolívia até a igreja. Como recompensa, após o culto parávamos na praça, à qual chamávamos "Offentlicher Garten", pois antigamente havia uma placa no local com os dizeres 'Jardim Público'. Para nós era sempre uma festa, salvo nos períodos em que havia uma verdadeira praga de um tipo de lesma grande, colorida e 'cabeluda', pois temíamos que poderiam nos causar algum ferimento. Brincar de balanço, gangorra, carrossel e escorregador era sempre uma festa. A curiosidade, na época nunca saciada, ficava por conta do monumento aos soldados. Lembro que ficava com pena do soldado com expressão de dor por ter sido atingido. Boas lembranças da infância. Grande abraço!
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