“DAS FRAUENSCHIFF”
a
Mário Hennings in memoriam
Por Cezar Zillig/Neurologista em Blumenau Cezar Zillig é médico, neurocirurgião de formação, atuando em Blumenau desde 1978.
Por Cezar Zillig/Neurologista em Blumenau Cezar Zillig é médico, neurocirurgião de formação, atuando em Blumenau desde 1978.
É um episódio que
se refere à curiosa página da história da colonização de Blumenau. Repasso como
ouvi, não boto minha mão no fogo por ela, mas por ser picante e burlesco vale o
relato: segundo o mesmo, ainda em seus primórdios, a colônia teria se ressentido
da falta de mulheres; os homens, com seu espírito aventureiro, estavam
sobrando; teriam acorrido em maior número para enfrentar os desafios do novo
mundo, atendendo ao velho sonho de “fazer a América”, ou seja, enriquecer. Para
resolver a incomoda premência, a Diretoria da Colônia promoveu uma campanha de
arregimentação feminina em diversas regiões da Alemanha. Sabe-se lá o que foi
prometido. Pois bem, estes clamores encontraram grande receptividade, inclusive
num certo bairro portuário de Hamburgo onde um bom número de destemidas damas
se apresentou para vir preencher as lacunas aqui no empreendimento do Dr.
Blumenau. O navio que trouxe a preciosa carga passou a ser conhecido como “das
Frauenschiff” (Navio das mulheres) e era aguardado com muita expectativa.
Vapor Progresso - AHJFS
Aguardado em
termos, pois a impaciente tribo dos solteirões se mandou Itajaí abaixo muito
antes da chegada do galante buque. Subiram a bordo, enquanto o navio estava
ancorado na antiga barra do Itajaí, ante as praias de Cabeçudas e Atalaia.
Antes mesmo da chegada do prático já tinham feito um sorteio para ver quem
ficava com quem. Vieram trinta damas, menos do que o necessário para
estabelecer o equilíbrio. Embora democrática, a partilha deixou alguma
insatisfação: alguns velhos ficaram com mocinhas e alguns jovens com
balzaquianas.
Vapor Blumenau - AHJFS
Consta que a feliz
volta, em primitivas canoas correnteza a cima, durou três dias. Mesmo as
senhoras com currículos pouco abonadores, acabaram se entrosando no puritano
núcleo de emigrantes. Afinal, a turma estava – literalmente - na mão e
não era lá muito exigente. Comenta-se que este capítulo tem sido um tanto
racalcado para o fundo da consciência coletiva blumenauense pois as damas do
Frauenschiff acabaram por se tornar pilares de famílias respeitáveis.
(Artigo publicado
no Jornal de Santa Catarina em 30 de outubro de 2006)
OBS. Este episódio
estaria relatado num livro chamado "O VALE DO ITAJAI" de Zeda
Perfeito da Silva publicado por volta de 1950. Tem no acervo do Arquivo
Histórico.
Adalberto e Zillig
ResponderExcluirUma espécie de "zona flutuante"...
Rubens Heusi
Interessante histórico. Narrativa suave e de muito bom gosto!
ResponderExcluirMeu caro Adalberto,
ResponderExcluirNote,naqueles tempos se importava tais damas para suprir uma suposta carência feminina,certamente muitas damas que tiverem acesso a este relato,hoje gostariam de realizar justamente o contrário, (trazer mais homens) não que por aqui falta,mas de uma forma geral as mulheres estão sempre em maior número. Que relato interessante!!! Parabéns.
Adalberto e dr. Zillig
ResponderExcluirGostei imensamente. Peço autorização para fazer um PPs . guardando os créditos.
Marília Carqueja
Bom dia! Nada mais justo providenciar a vinda das Mulheres a colonização o dito “das Frauenschiff” (Navio das mulheres)Penso eu q foi também impensado por nossos colonizadores, pois vinham pra uma terra desconhecida,e desde do inicio dos tempos sabemos que ao lado de um grande Homem sempre tem uma maravilhosa Mulher.Acredito sim no texto mencionado, e parabenizo essas Mulheres corajosas q vieram ajudar na colonização e progresso de nossa cidade, estado, e porque não País.Eu quando garoto ouvi certas historias q não sei se verídicas ou não que muitas Bugras inclusive meninas índias eram estrupadas por muitos desses colonizadores. Volta a frisar que não sei se é verdade ou não!Obrigado pelo texto e é sempre um aprendizado a mais em nossas vidas. Abraço e obrigado sempre!!!
ResponderExcluirIsto é estória. Folclore. As mulheres que para vieram, o fizeram para trabalhar no pesado. Se quisessem vida fácil, teriam ficado em Hamburgo ou outras capitais. Com o devido respeito ao Cézar e Adalberto, é no mínimo trrespobsavel está publicação.
ResponderExcluirBelo texto. Imagino de que bairro de Hamburgo elas tenham vindo... :)
ResponderExcluir