BLUMENAU
E .... MOACIR WERNECK DE CASTRO
Por Carlos Braga Mueller
Muitas pessoas visitam Blumenau. Algumas vêm
e ficam. Outras ficam pouco tempo, mas deixam gratas lembranças.
Nesta reportagem histórica vamos falar de um dos mais reconhecidos jornalistas
brasileiros, que viveu sua infância em Blumenau:
MOACIR WERNECK DE CASTRO
Werneck, além de jornalista foi
também escritor e tradutor de importantes obras literárias.
Nasceu em Barra Mansa, no Rio, em
1915, e morreu em 25 de novembro de 2010.
Neto do Visconde de
Arcozelo e bisneto do Barão de Pati de Alferes, sua família viveu a experiência da decadência da lavoura do
café, o que ele conta no livro “Europa 1935, uma aventura de juventude”, publicado
no ano 2000 pela Editora Record.
Na página 152 do livro ele relata:
“A esta altura cabe um intermezzo sobre a
minha infância em Blumenau, Santa Catarina.”
E mais adiante:
“Para lá nos levou, a meus pais, e duas irmãs
e a mim, a decadência sem remédio da lavoura de café no estado do Rio de
Janeiro. Meu pai, Luis Werneck Teixeira de Castro, chegou a usufruir
na juventude de um resto de fortuna dos seus ascendentes, o pai visconde e o
avô barão, senhores de escravos e donos de muita terra. Os escravos um dia se
libertaram e a terra se tornou improdutiva, Acabou-se a festa.”
Quando
a família de Moacir Werneck de Castro veio para Blumenau, ele era muito criança
ainda, tinha pouco mais de dois anos de idade. Isto foi em 1917.
Como aconteceu ? Deixemos que ele mesmo conte:
“Mas, por sorte, graças à ajuda de amigos,
como o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Sebastião Lacerda, meu
pai conseguiu o emprego de coletor
federal em Blumenau, onde o seu conhecimento de alemão vinha ao encontro da
necessidade do governo de cortar as asas ao pangermanismo, aguçado pela guerra
de 1914-18.
Meu pai era um humanista, de ideias
avançadas. Vivia às voltas com livros, alguns deles em alemão, entre os quais
uma bela edição ilustrada do Fausto de Goethe. “Era respeitado pela comunidade
alemã de Blumenau, apesar de sua posição crítica diante do arraigado germanismo
da maioria.”
Moacir relata ter tido infância muito feliz
em Blumenau, onde estudou com os padres franciscanos do Colégio Santo
Antônio. Foi aqui que aprendeu um pouco de alemão com crianças vizinhas,
cujos pais nem falavam o português, ensinamentos que lhe serviram, e muito, nas
várias viagens que fez à Alemanha. Lembra as visitas que um padre
franciscano fazia à sua família e que mantinha agradável conversa com seu pai:
era o seu professor do colégio, Frei Estanilau Schaette.
A família viveu em Blumenau até por volta de
1925.
Foto da família Werneck
Toda esta convivência o levou a escrever, nos
anos 90,o livro “O Sábio e a Floresta”, biografia do sábio e
naturalista Fritz Müller, editado em 1992.
Outro livro seu com temática local, “Missão
na Selva”, de 1994, conta a história de Emil Odebrecht, um
desbravador da selva brasileira.
Moacyr Werneck de Castro atuou de 1945 a 1953
nos jornais Tribuna Popular e Imprensa Popular, ambos do Partido Comunista
Brasileiro, ao qual se filiou em 1947 e se afastou em 1956. Fundou em 1955, com
Jorge Amado e Oscar Niemeyer, a revista “Paratodos – Quinzenário
de Cultura Brasileira”.
De1957 a 1971
foi redator-chefe do jornal “Ultima Hora”.
Traduziu para o português livros de Gabriel
Garcia Marquez, Dostoievsk, Aldous Huxley e Émile Zola.
No livro Europa 1935 , ele conta também, entre as aventuras vividas no velho
continente, a agressão que sofreu de um grupo de militantes da juventude
nazista. E só escapou porque possuía passaporte brasileiro e porque falava um
pouco de alemão, que aprendera na infância, em Blumenau.
Colaboração e fotos Carlos Braga Mueller/Jornalista
e escritor.
Grande jornalista e escritor, Werneck faz falta. Excelente resgate amigo Beto.
ResponderExcluirMeu caro Adalberto,
ResponderExcluirApesar de não ter conhecimento destes fatos, fico muito feliz de já ter o que falar sobre esta história, (eu diria com Pedigri) muito boa, parabéns.
Adalberto: Quando li Jornalista Moacir, era natural que pensasse no Pereira, com quem trabalhei nos anos 70 no que hoje seria centenário jornal O Estado, de Floripa.
ResponderExcluirAdmiro muito o Werneck de Castro. Quando editava o caderno Variedades no Jornal de Sta. Catarina, final dos anos de 1980, ele visitou a redação para falar sobre seu livro em que abordava a figura de Fritz Müller. Presenteou-me com um exemplar, autografado. José Roberto Rodrigues, companheiro de redação, pediu-mo emprestado e até hoje não devolveu. Contei ao jornalista carioca uma piada que eu tinha publicado nos jornais em que escrevia. Seguinte: Nosso poeta Simbolista teria sido aluno do cientista alemão que lecionava nas escolas da Capital.
Na coluna Tessaleno (Jornal A Cidade, Florianópolis, edição de número 23, 14.04.1982) com o título Premonição de alemão, registrei:
O sábio alemão Fritz Müller residiu, por muitos anos, em Blumenau e em Florianópolis, onde, inclusive, foi professor do simbolista, um dos maiores do mundo, Cruz e Sousa. Contam que durante uma aula, Fritz Müller dirigindo-se ao seu discípulo, disse-lhe:
- João da Cruz, tu está um grande talenta e tu vai ser na futurro um homem ilustra da Brasil!...
Claro que rimos muito. Trata-se de folclore puro. As datas de nascimento e morte não coincidem.
Surpreendi-me ao saber de sua morte, ocorrida em 2010. Também por ter sido redator-chefe da Última Hora por longo tempo. Lia-o sempre no Jornal do Brasil e no Pasquim.
Também publiquei a crônica Puro e Cast(r)o no Jornal de Santa Catarina (edição de 20.03.1997) e no jornal Correio Comunitário (segunda quinzena de agosto de 1913).
Achei ótimo o perfil traçado pelo Carlos Braga Mueller. Obrigado pelo envio do material.
Gervásio T.Luz.
Beto cá estou novamente ,muito bom lembrar grandes personagens como esta, mas só para lembrar como era o passado, de acordo como relatasse, os avos eram Visconde, e os pais eram Barão, sabiam usar os escravos após os escravos serem libertados, e vi que as terras ficaram improdutivas, terra não fica improdutivas talvez faltou pulso para dar continuidade, dai para frente os escravos tinham que receber um valor pelos seus esforços, para continuar a luta do Visconde e do Barão, Beto cá estou novamente ,muito bom lembrar grandes personagens como esta, mas só para lembrar como era o passado, de acordo como relatasse, os avos eram Visconde, e os pais eram Barão, sabiam usar os escravos após os escravos serem libertados, e vi que as terras ficaram improdutivas, terra não fica improdutivas talvez faltou pulso para dar continuidade, dai para frente os escravos tinham que receber um valor pelos seus esforços, para continuar a luta do Visconde e do Barão, Beto fala mais deste episodio no ultimo verso desta reportagem do livro Europa 1935,onde era o velho continente que ele sofreu agressão dos grupos de jovens Nazistas. Adalberto desculpe se eu me excedi, abraços Valdir
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