Foto reprodução
Em 16 de
julho de 1999 o artista plástico César Otacílio publicou no Jornal Santa
Catarina texto com o titulo “A vida
imita a arte”.
A divulgação
do inicio das obras de reurbanização da Rua XV de Novembro, com
alguns paralelepípedos da famosa via indo parar no museu como símbolo da
história e modernização da cidade, lembrou-me um trabalho numa exposição
coletiva de arte, da qual participei.
Esta pedra está em meu acervo. Ganhei da Silvana Moretti.
Ao ver a imagem do Prefeito Décio Lima levantando uma pedra (a primeira
retirada da rua) ocorreu-me a ligação e parentesco com uma obra
acontecida em 1991, onde outro paralelepípedo foi destaque e centro de
atenções. Na Galeria Açú Açú acontecia à exposição Blumenau – Retratos
Falados, comemorativa a 141 anos de fundação da cidade. Entre os expositores
(13 ao todo) estava Tadeu Bittencourt, que apresentava uma instalação
envolvendo um paralelepípedo. Explicava que se inspirou numa faixa afixada no
(antigo) Bar Kriado (da Rua Alvin Schrader) que dizia. “Blumenau tem
mais de um milhão de paralelepípedos”. Tadeu usava a pedra adornada com
fone de ouvidos e óculos de grau de miopia. O paralelepípedo incomodava, pois
ninguém queria ser um. Já é conhecida a característica de Bittencourt de
provocar a reação das pessoas. Capaz de grandes e empolgados debates chegando
mesmo a ser um pouco polemico. Atualmente, defende, de forma acirrada, a
valorização do artista plástico. Nas mostras, garante, deveria o autor receber
cachê ou a garantia de uma obra vendida. Do seu paralelepípedo poucos se
lembram (mesmo porque poucos tem o costume de visitar exposições). Uma obra
efêmera refletindo a sua maneira de sentir. A reurbanização que se inicia só
tornou-se concreta devido a humildade do prefeito em visitar pessoalmente os
comerciantes, convencendo-os finalmente da importância da mudança. Poderíamos
até dizer: desnudou a pedra-Bittencourt... aquele paralelepípedo de óculos e
com fone de ouvidos.... Talvez no futuro, quando visitarmos o museu onde
ficarão as primeiras pedras da Rua XV com os resíduos de história,
lembraremos de uma fase da cidade. Seria interessante que junto aos
paralelepípedos históricos estivesse o paralelepípedo-Bittencourt, registrando
dois momentos da “cidade com mais de um milhão de paralelepípedos”.
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Em 18 de agosto de 1973 o artista
plástico Roy Kellermann
publicou no Santa em Casos de amor a Blumenau o texto titulo
“Reminiscências da Rua XV”
A
localização exata da cidade de Blumenau é; Latitude 26 graus, 55 minutos e 10
segundos, longitude 49 graus, 3 minutos e 58 segundos, ou seja, entre o Morro
do Stitzkopf e o Morro do Baú. Nasci nesta cidade, na maternidade
que ficava na esquina da Alameda Rio Branco com a Rua Sete de Setembro, onde
depois funcionaram o Restaurante Cavalinho Branco e a Agencia de Turismo
Holzmann. Cresci e morei muitos anos no prédio que os meus pais construíram na
década de 30. Meu pai tinha sua alfaiataria no numero 681 na Rua XV de Novembro
e minha mãe era modista no numero 683, no primeiro andar. Nestas atividades que
meus pais exerciam existia sempre a necessidade de se comprar em lojas da Rua
XV determinados artigos e esta tarefa era feita por mim. Daí eu conhecer tão
bem a rua. Em 1950, no Centenário de Blumenau, eu só tinha 7 anos e me
diverti muito no parque de diversões que instalaram nos fundos do Teatro Carlos
Gomes. Lembro-me bem do trem fantasma, dos carros elétricos que se esbarravam,
da roda gigante, da montanha russa e da Casa dos espelhos. Meus pais iniciavam
diariamente no trabalho muito cedo e só o encerravam as 22 horas, quando saíamos
para tomar canja de galinha com pão e manteiga e tomar cervejas no Restaurante,
Bar e Café Expresso. Meu pai, minha mãe, meu irmão e eu íamos muito ao Bar
Polar também para tomar cerveja (e deliciosos sorvetes). Havia ainda um Bar
chamado Sans Souci, onde volta-e-meia havia um mágico atuando. Enquanto não
começa a projeção de pequenos filmes e desenhos animados, ficávamos sentados à
mesa do Bar e Sorveteria Polar. E quando se ouvia a musica de abertura da
projeção de filmes durante o footing (trecho de ruas Nereu Ramos e a Floriano
Peixoto era fechado para automóveis no calçadão), corria-se para vê-los. Era o
nosso cinema Paradiso. Munidos de pipoca e amendoim torradinho, olhávamos os
filmes projetados em uma parede da Rua XV de Novembro. Ria-se muito... Andar de
carro-de-mola puxado por cavalos, passear de canoa, pescar, nadar eram também
emocionantes atividades. No primeiro andar do nosso prédio recebíamos semanais
visitas de fornecedores de alimentos como galinha viva, manteiga, nata, queijo branco
e morangos. Naquele tempo, os ônibus trafegavam pela Rua XV e bem defronte à
nossa casa havia um ponto-de-parada. Muitas pessoas vinham justamente tomar um
“früstück” e ficavam fazendo hora em nossa casa (sempre aberta a todos) até o
momento de pegar seus ônibus. Quando uma eventual enchente do rio inundava a
Rua XV, gente divertida utilizava os inúmeros troncos de bananeiras que vinham
boiando rio abaixo; eram utilizados como boias ou jangadas. Mas o que sempre me
encantou nesta querida cidade foram os castelos e os prédios, que gosto de
retratar como patrimônio Histórico.
Textos:
artista plástico César Otacílio/ Roy Kellermann
Colaboração
José Geraldo Reis Pfau
Arquivo:
Adalberto Day
BOM DIA.
ResponderExcluirCOMO É GRATIFICANTE CONHECER UM POUCO MAIS DESTAS HISTÓRIAS.
UMA PEDRA QUE FAZ A DIFERENÇA.
ISSO PROVA QUE O HOMEM NÃO PRECISA DE MUITA COISA PARA FAZER A HISTÓRIA OU PARA RELEMBRAR MOMENTOS IMPORTANTES.
TIRARAM A PEDRA DO MEIO DO CAMINHO E ELA GANHOU LUGAR DE DESTAQUE.
PARABÉNS.
ABRAÇOS GASPARENSES DA ARLETE TRENTINI DOS SANTOS
Parabéns Beto. O tema Rua XV passa pela vida de todos nós blumenauenses, é parte destacada no comércio de Santa Catarina e do turismo de compras no Brasil.
ResponderExcluirJosé Geraldo Reis Pfau
Publicitário.
Amigo Adalberto,o grande divulgador da história de Blumenau.
ResponderExcluirEu também guardei o paralelepípedo defronte da minha casa, a Confeitaria Tönjes, e o tenho muito bem guardado pois é especial e dura tanto quanto as pirãmides do Egito. Abraços, werner
Muito bom, pois está matéria sobre Arte, sempre é de grande interesse para Mônica.
ResponderExcluirComo é formada e possui licenciatura em Artes Plásticas, agora como Professora de Artes no colégio Anchieta, aqui em Curitiba, uma escola do Grupo Bom Jesus, enriquece muito seu conhecimento.
Muito obrigado, de Mônica.
Henry G. Spring
Meu caro Adalberto, mais um texto impecável sobre as mudanças constantes que se da em nosso município, seja retirada de pedras ou não, eu entendo que devemos nos render ao progresso.
ResponderExcluirMas o que mais me agradou nesta reurbanização, sem duvidas foi a retirada dos fios dos postes, agora sim temos uma Rua central linda, nossa Rua XV de Novembro, local de belos e inesquecíveis espetáculos...
Prezado Amigo Adalberto,
ResponderExcluirMais uma ilustrativa postagem para enriquecer ainda mais o seu estimado - e sempre atual - blog.
Quanto a atribuir modernidade à retirada dos paralelepípedos, minha opinião é que esse tipo de calçamento remete diretamente à cidades com tradição, principalmente as de colonização européia como Blumenau. As pedras estão em Paris, Madrid, Berlin e outras tantas, o que prova que a modernização que atualmente ostentam não obriga descaracterizá-las.
Cidades sem "pedigree" nunca usaram pedras no calçamento. As ruas eram de terra e posteriormente, revestidas com o impessoal asfalto.
Cidades com "marca registrada", como Blumenau, iniciam o processo de descaracterização, na maioria das vezes, com o emprego do asfalto.
Saudades do tempo que os pneus dos veículos e ferraduras dos cavalos emitiam aquele som tão característico das ruas de Blumenau!
Caro Adalberto, a reurbanização da Rua XV de fato deu um novo sopro de vida à rua mais importante da nossa cidade. Temos que reconhecer que foi uma obra ousada e muito bem executada. Sua revitalização atraiu as pessoas de volta para ela e levou a obras similares em outras ruas do centro. E o processo continua: a próxima deverá ser a Rua Capitão Euclides de Castro. Grande abraço!
ResponderExcluiro beto, tudo bem? otimo, esta historia da pedra da rua quinze eu recebi como apelido do jornalista Alvir Renzi, de Vira Pedra,pois em uma ocasion aconteceu um acidente na rua quinze e um carro entrou na vitrine da loja tintas Hering,e a reporte da R.B.S. veio me entrevistar e perguntou voce tem alguma sugestão para evitar que com chuva os veiculos escoregem em cima destas pedras lizas como estão? claro se o prefeito diz que não tem dinheiro para passar uma camada de asfalto por cima das mesmas então vira as pedras pois do outro lado elas estão como foram a cem anos atras colocadas, o Alvir Renzi viu e não deixou por menos, olha o vira pédra. estas passagem pela rua quinze com seus cafés, fez me lembrar de algumas figurinhas pitorescas, como o engrajate Holegario, o pedinte de esmolas famoso Faisca,casa do Lucas na rua da gloria,a vellha do garda chuva, o honibus da Garcia com o sr.Zyguel no volante e sua Esposa pendurada na porta para não deixar ningem sair sem pagar a passagen, chega fui longe demais abraços a voce e todos os seus leitores . Valdir Salvador
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