Torradinho...torradinho.
Cine Garcia e Sorveteria Sibéria
Estádio do Amazonas
Estádio do Olímpico
Por Adalberto Day/cientista social e pesquisador da
história.
Na nossa infância e adolescência pelos idos anos de
1960/1970, nossa alegria era ir ao Cinema aos domingos a tarde, na matiné das
13h30min, onde havia a troca de gibis no Cine Garcia, Busch e Blumenau.
Logo após assistir à sessão cinematográfica, o
público costumava saborear um delicioso sorvete na Casa e Sorveteria Sibéria, do senhor Schoenfelder, que
ficava ao lado do Cine Garcia, na Rua Amazonas, Bairro Garcia, em Blumenau, e
em seguida se dirigir aos estádios do Amazonas, Palmeiras ou Olímpico.
Estádio do Palmeiras
Arquibancadas lotadas, na expectativa de um bom
jogo. Antes e durante os jogos, vinha os maravilhosos vendedores ambulantes nos
oferecer, picolés, pé de moleque, bananinhas, pasteis, pipocas e torradinhas.
Os vendedores eram oriundos das Ruas Araranguá (conhecida como Beco
Araranguá), rua Ipiranga (conhecida como rua do Mirador) e rua belo Horizonte
(conhecida como rua do Pfiffer).
As vendas de bananinhas, pasteis, pés de moleque
e pipocas, eram depositadas em uma caixa de madeira fina retangular, mais ou
menos 1,2 m x 0,70 cm, presas com uma tira, que ficava junto ao pescoço do
vendedor para facilitar o manuseio e transporte.
E estes humildes jovens, através dos bons
ensinamentos, educação, tornaram-se adultos responsáveis, dignos de respeito e
admiração.
Também tinha o menino simples humilde o Neves que
hoje é um baita de um jornalista - Ilmar das Neves o “Jota” Neves, hoje (2013) do
Jornal Folha do Garcia, outro exemplo de bom cidadão.
O trabalho que realizavam, era a pedido de seus
pais que assim auxiliavam no sustento da familia. Os garotos tinham 11, 12 anos
e na época ninguém comentava de exploração de menores, ao contrário eram
elogiados por todos pela disciplina, caráter, responsabilidade em poder ajudar
seus pais e irmãos.
Hoje vimos um absurdo de leis que proíbem o jovem de trabalhar antes dos 16 anos.
Sem uma valorização e ensinamento do trabalho,
muitos deles ficam a margem da sociedade, cometendo pequenos delitos, e são até
usados como laranja na venda de drogas. Ou até mesmo partindo para a
drogatização na infância.
Mas quero aqui relatar especialmente o assunto
que me veio a criar este texto, hoje de madrugada (02h40min) dia 29/março/2013
em especial aos vendedores de torradinhos.
Um certo dia no estádio do Amazonas Esporte
Clube, lotado em todas as suas dependências, com mais de 3 mil torcedores, eu
estava sentado na arquibancada, e lá vinha o simpático vendedor e seus irmãos
com suas latinhas com os torradinhos salgados, amendoins, com casca ou sem
casca. E num desses jogos, entre Amazonas e Palmeiras, ele estava virado de
costa para o palco do jogo, me vendendo
uma porção dos deliciosos amendoins quando, Dico (jogador que veio em 1964 do
então campeão estadual (1963) Marcílio Dias para o Amazonas, substituir o grande ídolo
Meyer, que havia ido para o Grêmio), fez um golaço de calcanhar, o da vitória
de 2x1.
Meyer e Dico
O estádio veio “Abaixo” com a vibração da maioria
dos torcedores anilados. O Vendedor de torradinhos, mal viu o gol e como
torcedor do Palmeiras ficou triste...mas continuou seu
trabalho...torradinho...torradinho.
Conto esta história pois em 2000 trabalhando pela
empresa “JULICER” como responsável pela parte administrativa, eis que aparece
(nosso personagem) o vendedor de
torradinhos. Ele me cumprimentou e eu educadamente disse a ele “Cara” você é
aquele menino que vendia torradinhos nos estádios de futebol? Ele respondeu: sim
eu mesmo.
Fiquei emocionado com a educação e seu
crescimento profissional,
Isto nos mostra o quanto a educação e o trabalho cedo
faz crescer o jovem e leva-lo a um caminho reto, ordeiro e progressivo
profissionalmente.
Belos tempos àqueles que fazem parte da minha
formação e de muita gente que neste momento faz a leitura e recorda de algo
semelhante.
Blumenau,29 de março de 2013
Arquivo de Dalva e Adalberto Day/ Foto da
Sorveteria Sibéria do amigo Fernando Pasold.
Tempo bom.
ResponderExcluirVendiam embalados em cartuchinhos de papel.
Eram deliciosos...
ResponderExcluirBons tempos revividos graças ao incansável Amigo Adalberto Day.
werner henrique tonjes
Uma época que a maxima era, " o trabalha engrandece e dignifica o homem"
ResponderExcluirAlém de serem jovens com formação moral, também eram formados com base Cristã.
Lamentavelmente isto hoje na grande parte dos lares, não esta mais presente na grande maioria das famílias.
Meu caro Adalberto,texto muito bom como sempre,e me fez lembrar do nosso querido Amazonas,sim,digo querido pois tive a oportunidade de acompanhar uns dois(2)jógos com o meu Finado Paí(em campo) neste estadio onde iamos aos domingos a tarde jogar na quadra de cimento(futsal)que ficava anexo ao Clube,e como de costume após os jogos iamos nos banhar no riberão Garcia.Cine Garcia, cheguei a ir neste cinema com meu pai,quanta saldade deste tempo.Na idade dos Garotos que vc.relata em seu texto,vendedores de torradinho eu tambem vendia picolé,cestinha de Pascoa,limão no açougue em frente a entrada da rua Belo Horizonte.Por estas e outras adoro ler seu Blogger,parabens Amigo....
ResponderExcluirAmigo Adalberto,
ResponderExcluirÓtima sua postagem, que relembra um tempo e atitudes bastante diferentes das que atualmente vivenciamos.
Aqui pelo Rio também existiam os meninos vendendo "amendoins torradinhos" nas portas de cinemas, estádios de futebol, escolas e pelas ruas da cidade. Os daqui usavam um latão, com uma espécie de braseiro ao fundo para mantê-los aquecidos e a embalagem tinha a forma das zarabatanas usadas pelos índios.
Tudo muito simples e natural, por isso mesmo perderam espaço para similares industrializados e nem sempre saudáveis, vide o caso recente do ADES. Vale mencionar ainda, como o Amigo destacou, que eram formas que os jovens tinham para ganhar o dinheiro, tal como em outros países o fazem entregando jornais, cortando grama de jardins, etc.
Ótima e oportuna a sua postagem!
Caro Adalberto,
ResponderExcluiruma das coisas que nos faz falta hoje, é a educação que a gente recebia em casa.
parabéns pela lembrança e pelo registro.
abraço,
AS
Adalberto Day, sua postagem nos emociona. Eu me lembrei de algumas guloseimas e pude refletir que o trabalho só traz dignidade. Sempre trabalhei, desde muito jovem. Boas lembranças...
ResponderExcluirAbraços!
Sonia Salim
Amigo Adalberto,
ResponderExcluirVocê citou o Cine Garcia, Blumenau, Busch e eu completo com o Cine Mogk na minha Itoupava Norte. Lá a gente trocava figurinhas de albuns e gibís, comprava pipoca e quando ia ao estádio para ver o Guarani jogar havia dois objetivos além do jogo: O famoso "torradinho" e a "bananinha" esta vendida em cestos de vime ou cipó, coberta por uma tolha. Era feita pelos pais dos jovens e até pessoas de mais mais idade que circulavam em volta do gramado para oferecer esses produtos que eram obrigatórios num jogo de futebol naqueles tempos. Tinha até amendoim torrado doce e com chocolate. Eles vinham onde a gente sentava (no barranco ou num banco de madeira) gritando "Olha o torradinho, olha o torradnho". Minha mãe sempre me dava uns trocados para pagar o ingresso e para que sobrasse algum dinheiro para o torradinho e um guaraná da Antartica. Quando assistia os jogos ao lado do meu pai ele pagava. Você falou do sorvete dos Schöenfelder do Garcia. Pois eles eram parentes da minha vó paterna que era nascida Schöenfelder. Lembro de um dos Schöenfelder que trabalhava na Farmácia Catarinense e que era conhecido pelo apelido de "Espingarda". Não me pergunte porque o apelido que eu não sei. O tempo passa e como dizia aquela publicidade do finado Bamerindus "O tempo passa o tempo voa, mas sua memória é muito boa" e nos traz de volta a nossa infância.E aproveito para acrescentar um assunto que nada tem a ver com a venda do "torradinho". Diz respeito a um jogo Guarani e Palmeiras no campo do Guarani que tinha um atacante chamado Nino, vindo de São Francisco do Sul. Num lance do jogo o Guarani atacava para o morro da Goiaba como era conhecido o morro que dá para o bairro da Fortaleza. Sofreu uma falta violenta e caido em campo demorou parea ser atendido. Agindo rápidamente e querendo continuar o jogo o monstro" (ele media três de largura por quatro de altura) Zé Gaúcho do Palmeiras pegou o Nino nos braços e o jogou por cima da cerca de madeira que circundava o gramado. Ai meu amigo a coisa ficou preta.
Um abraço e nunca esqueça da expressão "olha o torradinho, olha o torradinho".
Edemar Annuseck
Estou de volta amigo Adalberto e simpatizantes desde Blog tão conceituado.
ResponderExcluirLembrei de um outro produto que a gente comprava no estádio ou na entrada do estádio: "A coruja". Era uma rosca de povilho (não dessas que se compra hoje no supermercado em pacotes de plástico e que desmancham na boca". Minha minha mãe era especialista em fazer. O pessoal vendia na porta especialmente do campo do Guarani e dentro do estádio. Era uma loucura. Há uns 10anos quando fui tratar de um assunto publicitário na Cassol em Florianópolis deparei com um vendedor de "corujas" na entrada da loja com sua bicicleta e a cesta de vime cheia de corujas. Acabei comprando umas três ou quatro. A "coruja" fresquinha saindo do forno, cortada em pedaços e a ela adicionada a manteiga não tinha coisa igual.
"Olha o torradinho, olha o torradinho".
Ah ia esquecendo; a "bananinha" era a massa de pastel com recheio de banana. Hoje o Mac Donalds tem algo parecido. Mas aquela bananinha era especial demais.
Fui longe demais,
Abração
Edemar Annuseck
Muito bom, trabalhar cedo nunca matou ninguém mesmo... ótimo texto e deu água na boca com os torradinhos...;)
ResponderExcluirAdriana
Olá Beto:
ResponderExcluirRecordação emocionante que você nos faz lembrar saudosos.
Parabéns pelo assunto.
Abraço.
Ivo Schreiber
Oi amigo Beto. Mais uma história, das muitas que o amigo tem narrado, bastante interessante, que muita gente também teria para contar mas deixa passar em brancas nuvens, ao contrário do que vem do seu rico repertório. Achei curiosa aquela foto que a acompanhou, uma pequena vasilha com o torradinho, dando a impressão que V.a fotografou na época para a posteridade. Valeu.
ResponderExcluirE.A. Santos
Inesquecíveis tardes de domingo. Cine Garcia e depois o jogo do Palmeiras ou do Amazonas. Sempre com o troquinho certo para a compra do torradinho.
ResponderExcluirZé Carlos
Alo salve salve, amigo beto,Torradinho tambem éra o apelido do garoto que vendia o amendoim torradinho, sabes eu tambem vivi na pratica como vendedor de torradinho sabes para que alem de ganhar uma comição de venda? ganhava tambem a entrada para assistir ao espetacular circo tourada exemplo Circo Tourada do famoso palhaço Quiréla com o famoso toureiro Paraiba que toureou o boi com dois punhais afiados amarrado nas aspas do boi,Adalberto voce alguma vez viu falar que morreu algem por se servir por todos estes vendedores de diverços produtos artesanal?, pois é hoje a saude não permite nem o famoso espetinho de gat, pois é anti higienicos, isto é so em Blumenau infelismente,Beto a sorveteria que voce citou era do pai do nosso amigo Osvaldo pois não? la tinha a famosa geladinha que era sevida protegida por duas bolacha vaffer, éra feita com a massa de sorvete com oitente por cento de nata, era deliciosa, eu tambem fui vendedor de bolacha de nome mata fome com capilé na frente da casa do menino santo menino Waldemar, Beto obrigado por o espaço abraço a voce e a todos os seus leitores. deste seu amigo Valdir Salvador
ResponderExcluirAdalberto:
ResponderExcluirHá um detalhe que não sabes: quando criança, todos nós (meninos e meninas) cortávamos o cabelo na barbearia do Schoenfelder - e quem não chorasse, ganhava um sorvete, heheheh!
Urda Alice Klueger
Olá, sou neto do Sr. Osvaldo Schoenfelder, proprietário da antiga Sorveteria Sibéria.
ResponderExcluirParabéns ao Adalberto com mais este curioso resgate. Me chama atenção, que não são apenas memórias de uma época, mas sim uma bela comparação com os dias de hoje no que diz respeito a possibilidade (e oportunidade) de mesmo os menores poderem trabalhar e ajudar em casa.
Desde que haja espaço para a brincadeira, esporte e os estudos, não vejo mal algum nos meninos e meninas de hoje, poderem aprender um pouco de responsabilidade.
Grande Abraço!
Fernando Pasold.
Olá Adalberto
ResponderExcluirBons tempos com torradinho de amendoim que independente de época são uma delícia e o sorvete da Sorveteria Sibéria do Sr. Schoenfelder que era especial!
Abraço
Jadir Booz
ResponderExcluirMais uma bela narrativa de nossa história do Amazonas, parabéns meu amigo Beto.
Paulo José Ferreira
ResponderExcluirBeto não te conheço, mas lembre-se, são estas histórias, do nosso passado que nos dão alento para viver o presente.
Marcos Stiehler Junior
ResponderExcluirAdorava comprar torradinho no Aderbal Ramos da Silva nunca esqueço esse costume.
Henrique Santos
ResponderExcluirParabéns por compartilhar conosco estas histórias lindas. Obrigado Beto
Claus Spethmann
ResponderExcluirParabéns pela narrativa. Lembro da minha infância e adolescência em Blumenau. Deu saudade da época que o TORRADINHO era oferecido nas latas de tinta, na maioria das vezes ainda quente.
Exitia também o amendoim doce, que era vendido em uns cones.
Na época havia o Amazonas, o Guarani, o Olímpico e o Palmeiras. Era uma festa quando meu pai nos levava pra ver os jogos.
Nelson Gonsalves
ResponderExcluirtemos outro exemplo, No Aderbal também tinha um menino vendendo amendoim. Todos devem lembrar, Encontrei com ele dono de uma empresa de vistorias.
Bernd F. V. Meyer
ResponderExcluirQue coisa pura! Simples mas gostosa. E como se comia….ajudando a meninada, que anunciava: amendoim torradinho…
Sergio Luiz
ResponderExcluirBom dia Sr. Adalberto Day!
Meus irmãos venderam muito torradinho no estádio Aderbal ou no Olímpico. Era o que completava o orçamento da casa para suprir as despesas de um casal e seus muitos filhos, do qual sou o caçula. Lendo sua história me veio à cabeça boa e dolorosas lembranças de uma época que as vezes um ovo tinha de ser dividido pra duas pessoas, ou uma xícara de café com farinha era o que tínhamos para encher a barriga na hora do almoço. Período difícil, sim, mas que me dá maior orgulho pois mesmo menores de idade meus irmãos aprenderam e ser homens de bem, trabalhadores e que com o suor deles, conseguiram crescer na vida não permitindo que seus filhos passassem pelo mesmo… orgulho-me muito dos meus irmãos, e lhe agradeço por me fazer despertar estas lembranças! Um bom feriado e uma Páscoa de paz e harmonia junto aos seus!
Grande abraço!
Jânio Bornhausen
ResponderExcluirAqui em Brusque tinha uma figura folclórica que vendia amendoim nos jogos do Renaux e do Paysandu. Era o Tonho que tinha o bordão " olha o amendoim quentinho pulando no fundo da lata " . Acho que já é falecido mas está na memória de muitos que frequentavam os jogos desses dois times.
Iracema Hadlich Henschel
ResponderExcluirNão lembro o ano mas na rua xv existia o bar Polar nas imediações hoje da farmácia Catarinense Domingos a noite eram colocados bancos na rua e encima do bar apresentavam filmes de cinema .Também tinha o menino do torradinho hummmm delicia .