A LOJA MAÇÔNICA “ZUR FRIEDENSPALME”
K.PROBER
(M.V.St. “ Concordia et Humanitas”)
Pouca gente sabe que, em 1870, quando Blumenau era ainda uma pequena povoação, foi aí fundada uma loja maçônica e que o seu fundador foi o Dr. Blumenau.
A imagem (AHIJFS) retrata o atual local entre a rua XV de Novembro e a rua Ceará. No entremeio deste espaço está o atual prédio da Celesc, Depois, antes do campo do Palmeiras, vinha a ferraria d Kielwagen e, logo após o campo do Brasil/Palmeiras/BEC. Nos fundos pode-se ver os matos que vão desde o Tabajara até a secção sul do Morro do Aipim.
Tentaremos apresentar, aos nossos leitores, alguns dados históricos sobre essa fundação e, assim, ventilar um capítulo da história blumenauense que, lamentavelmente, ficou esquecido nas comemorações do centenário de 1950.
No “Livro do centenário de Blumenau” foi, também, esquecido o fato do nascimento, aqui, de um filho do Dr. Blumenau – Otto G.H. Blumenau, que veio à luz em 3 de março de 1874 e que morreu pouco depois e foi sepultado no nosso cemitério evangélico e cujo túmulo está completamente esquecido.
O dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, nascido a 26 de dezembro de 1819 em Hasselfeld, no Harz, quando chegara em Santa Catarina, em 1847, onde ele, já nos anos próximos , associado a Fernando Hackradt, montou um engenho de serrar, na barra do Velha, já pertencia a maçonaria, inscrito na célebre loja “APSALON ZU DEN 3 NESSELN”, de Hamburgo.
O dr. Blumenau mesmo deve ter fundado em 1870 a loja “ZUR FRIEDENSLAME”, de Blumenau, podendo-se estabelecer a data da sua fundação em 24 de junho de 1870, embora o Calendário Maçônico Alemão consigne a data de 24 de junho de 1885.
Parece-me que esse ano de 1870 é, realmente, o da fundação, porque, primeiramente o dr. Blumenau não poderia ter fundado essa loja após sua volta definitiva à Alemanha e depois porque foi encontrado, entre os papeis do irmão Stutzer um recibo referente a contribuições no montante de 16$000, datado de 31 de dezembro de 1883, de onde se infere, indubitavelmente, que em meados de 1883 já a loja estava em atividade.
Em todo caso, sabemos com certeza que, em 1883, quando da instalação do município, a “FRIEDENSPALME” tinha a seguinte direção: Mestre, dr. Hermann Blumenau; 1º e 2º vigilantes: Wilhelm Scheeffer e Friederich van Ockel e secretário: F. Bockelmann. E os irmãos: Luiz Altemburg sênior, Gustavo Salinger e Pedro Feddersen.
Pouco depois da partida do dr. Blumenau, que seguiu a família que já se transferira em 1882, foi feita uma nova eleição, em 1886, sendo eleita a seguinte direção: Mestre: Wilhelm Scheeffer; 1º e 2º vigilantes, Friederich v. Ockel e Luiz Altemburg sênior; secretário, Gustavo Salinger e tesoureiro Abraham Meliola. Outros irmãos: F. Bockkermann, Franz Lungershausen, Levy Blumberg.
Sobre as atividades da loja, muito pouco se conhece, pois, naquele tempo, os trabalhos eram sigilosos, embora isso não fosse usual no Brasil, pois a maçonaria nada tem que esconder, e que hoje é até tido como uma falha e um entrave na difusão do pensamento maçônico.
Posso, entretanto, selecionar alguns dados interessantes: A loja funcionava numa antiga casa de colono, que ainda hoje existe, e é a cada da rua Itajaí nº 516, depois adaptada a um asilo de velhos e que ainda hoje serve de moradia. A contribuição mensal do irmão era de $800 e oficiava-se de acordo com o ritual de Schroeder.
Plaquete mandada gravar e fundir na Alemanha, pelos “irmãos” da FRIEDENSPALME, comemorativa da morte do dr. Blumenau, seu fundador. Vê-se, na lapela, o distintivo da loja blumenauense, também cunhado na Alemanha.
A autoria da plaquete é de Max Von Kawaczynski. A seguinte inscrição: “Herm. Bruno Otto Blumenau D. Phil 26-12-1819 – 31 Okt. 1899, datas do nascimento e morte do fundador de Blumenau”.
Apesar do grande Oriente do Brasil a isso ter direito, a loja a ele não foi filiado, e sim á Grande Loja de Hamburgo que fornecia também os necessários certificados.
Destes, conhecemos um único exemplar, passado em 13 de março de 1886 ao irmão Otto Stutzer, já pelo mestre W. Scheeffer e que tem o número 1066.
Otto Stutzer, nascido a 13 de fevereiro de 1836 em Seesen, no Harz, era filho de um pastor evangélico e veio para o Brasil em 10 de agosto de 1856; trabalhou alguns anos na serraria do dr. Blumenau e já em 1870 exercia as funções de juiz de paz da colônia Blumenau. De 1875 a 1881 trabalhou na construção da estrada para Curitibanos e em 1882 foi eleito vereador. Foi superintendente municipal de 1895 a 1898 e faleceu a 28 de fevereiro de 1927, na idade de 91 anos.
Também o pastor Oswaldo Hasse era irmão da “ Friedenspalme”. O dr. Frederico Zimmermann possui o único exemplar existente do distintivo da loja, cunhado na Alemanha e também uma das pouco conhecidas plaquetes que os irmãos da “ Friedenspalme”, por ocasião do falecimento do irmão Blumenau, a 31 de outubro de 1899, mandaram fundir em bronze e que foi gravado por Max v. Kawaczynski.
Pouco depois, por volta da entrada do século, a loja cujo mentor fora, até a sua morte, o dr, Blumenau, paralisou-se, embora figure até o ano de 1901 nos Calendários Maçons.
Esperamos que os irmãos da “FRATERNIDADE BLUMENAUENSE”, especialmente e os da “JUSTIÇA E TRABALHO” orientem dignamente a herança do fundador de Blumenau.
Revista Blumenau em Cadernos – TOMO IV - Fevereiro de 1961 – nº 2
Fundada em novembro de 1957 por José Ferreira da Silva
Arquivo : Sávio Abi-Zaid/Adalberto Day
parabéns sr. Adalberto por mais uma belissima matéria, o Sr. sempre se destaca pela transparencia nas informações
ResponderExcluirBom dia Adalberto
ResponderExcluirParabéns por mais esta matéria.
Com a fundação da Loja Maçônica e com o perfil que todo homem maçon tem, com certeza fez e ainda está fazendo muito bem para o progresso e desenvolvimento de Blumenau e de toda a região.
Geralmente, quando se fala em maçonaria, tem-se a impressão de que "o diabo etá no meio". Para desfazer essa impressão, segue um link sobre a história da maçonaria e sobre as atuais relações entre maçons e católicos, geralmente um relackionamento respeitoso, muito diferente daquele período de fofocas que azedaram as relações enrtre as duas instituições.
ResponderExcluirhttp://blogdamaconaria.blogspot.com/2009/06/maconaria-e-igreja-catolica.html
Braz dos Santos
Em templo de maçonaria, algumas abordagens săo proibidas: religiăo, futebol e política .
Excluir(M.'.M.'. GOB)
Amigo Adalberto,
ResponderExcluirÓtima postagem e como sempre, didática e transparente.
Parabéns!
Aproveito para perguntar como vai o amigo e se já tem algum indicativo dos exames?
Torço para que tudo corra bem.
Abraços,
Flavio
Adalberto,
ResponderExcluirGrato pelas informações. Já encaminhei aos meus Irmãos, para que dela tomem conhecimento.
Abraços,
Paulo
Grande Beto, tudo bem? Gostei da matéria, vc como sempre nos brindando com belas matérias ...interessante.
ResponderExcluirBremer, Mauro
Adalberto Day parabéns. Pelo seu blog! Ele é muito rico De informações sobre a história de Blumenau. Gostei muito! Abraço.Roni Vahldiek
ResponderExcluirCaro Adalberto, para maior aprofundamento do tema recomendo a leitura da obra "Zur Friedenspalme: a primeira loja maçônica do Vale do Itajaí", do, assim quero crer, Irmão Fernando Henrique Becker Silva, publicada pela Editora Vale das Letras em 2005. A obra aborda a questão das dúvidas quanto à data da fundação da loja pelo Dr. Blumenau, e muito oportunamente comenta que, se o Pastor Hesse de fato foi co-fundador da loja, esta de fato teria que ter surgido ainda na década de 1870, haja vista este ter falecido a 25/11/1879. De fato o Livro do Centenário parece omitir este aspecto biográfico do Dr. Blumenau e isso tem relação com a plaqueta com o perfil do Dr. Blumenau que ilustra o post. A obra discute a possível razão: naquela época existia, sim, um distanciamento da igreja católica da maçonaria, e o Frei Ernesto Emmendörfer era presidente da Subcomissão do Livro do Centenário. Observe que a tal plaqueta, que ilustra o Livro do Centenário, foi serrada. Na plaqueta original, abaixo da imagem que aparece no blog, há um texto enaltecendo o papel do Dr. Blumenau como fundador da Colônia Blumenau e seu pioneirismo na difusão da cultura alemã no exterior. No centro, há um grande círculo com o símbolo da loja "Zur Friedenspalme", que aparentemente não queria ser mostrado. Obviamente uma omissão estúpida. O post menciona que o Livro do Centenário omite o pequeno Otto Georg Carl Blumenau, nascido em 03/03/1874 e batizado em 21/06/1874. Seu nome pode não ter sido citado, mas o rico, porém lamentavelmente pouco reconhecido trabalho biográfico sobre o Dr. Blumenau do Dr. Carlos Fouquet, à p. 98 do Livro do Centenário, informa, ao abordar o casamento do Dr. Blumenau em 21/03/1867, que "dessa união nasceram quatro filhos, um dos quais veio a falecer em tenra idade". Trata-se do pequeno Otto, que faleceu em 17/01/1875, com 10 meses e 14 dias de vida, de fraqueza generalizada. É possível que no passado a sepultura do pequeno Otto possa ter sido esquecida, mas ele hoje jaz junto dos pais, no Mausoléu Dr. Blumenau. Consta que anteriormente estava sepultado junto ao jazigo da família de Hermann Wendeburg, que era padrinho do pequeno Otto. Convém mencionar ainda o desaparecimento da loja "Zur Friedenspalme", não abordado pelo post. De acordo com o autor do livro mencionado, a loja teria encerrado suas atividades em meados de 1900. Escreve o autor, à p. 61: "E em decorrência da turbulência política que assomou Blumenau e Santa Catarina e do rastro de destruição física, social e mesmo moral, as colunas da Loja Zur Friedenspalme se abalaram". Colhia-se os frutos das desavenças ocorridas no contexto da Revolução Federalista. Segue o autor, à p. 62: "Infelizmente, a dificuldade de alguns maçons em assimilar duas das principais lições da Ordem Maçônica - a tolerância e a fraternidade - custou à Loja Zur Friedenspalme sua própria continuidade". Para finalizar: o autor do texto no qual o post foi fundamentado demonstra surpresa ao constatar o pouco que se sabe sobre as atividades da Loja Zur Friedenspalme, já que, no seu entender, no Brasil as lojas maçônicas nada costumam esconder. Ele só poderia estar escrevendo para seus Irmãos. Do ponto de vista conceitual isso pode ser verdade, por não se dedicar a atividades ilícitas, mas em termos práticos as reuniões e seus rituais, com raras exceções, acontecem a portas fechadas para os profanos, como são chamados os não-iniciados. Em secreto, portanto, e não em segredo, mas parece claro que os Irmãos não compatilham com profanos os estudos aos quais se dedicam. Escrevesse ele o artigo em nossos dias, constataria que conhecemos tanto sobre as atividades da Loja Zur Friedenspalme quanto conhecemos sobre as atividades das lojas ora existentes. Grande abraço!
ResponderExcluirExcelente complemento às informações prestadas pelo prof Adalberto.
ExcluirAgradeço.
Magníficas observações! Muito bom termos irmãos com capacidade de esclarecimento, como vós assim o fizestes.
ExcluirParabéns, por essas informações, achei muito interessante , Obrigado.
ExcluirA maçonaria tem uma importância vital para o desenvolvimento da humanidade. Foi fundamental para o estabelecimento da pujante democracia dos EUA. No Brasil, os maçons foram artífices da Independência e da república. Seus membros, escolhidos entre os expoentes da comunidade onde vivem, são depositários e propagadores dos ideais de patriotismo, honestidade e solidariedade.
ResponderExcluirAlgumas pessoas ainda tem uma visão distorcida da maçonaria por ser leiga no assunto... Acho que só precisamos mais de esclarecimentos. Bela matéria Beto! Abraço
ResponderExcluirCaro Ir. Adalberto, com satisfação que li a tua página e fiquei sabendo relíquias da fundação da Loja “ZUR FRIEDENSLAME”, em 24 de junho de 1870, pelo dr. Ir. Blumenau, e da belíssima história da cidade de Blumenau, razão dos meus sinceros cumprimentos. Peço um favor, estou procurando um amigo que há muitos anos mudou-se para Blumenau: José Elomar Maders, ele era representante comercial. Preciso de um contato com o mesmo. Se for possível pelom meu endereço eletrônico: diefenthaeler@via-rs.net. Um grande abraço. José Augusto Diefenthaeler
ResponderExcluirMaçonaria é uma pura soberba e arrogancia.
ResponderExcluir
ResponderExcluirATENÇÃO, MUITA ATENÇÃO!!!
A tragédia social que evolui, assustadoramente, não vai perdoar os instituidores da subversão de valores, (aproveitadores políticos da degradação social e beneficiários da criminalidade – protegidos por foro privilegiado) e tampouco os instituidores da fé e seus seguidores.
Está em final (EDITORA BUQUI ) de edição o livro eletrônico (e-book):
Mulher: A Bomba anatômica que explodiu o homem e implodiu a sociedade.
O gênero feminino: gerador de vida e âncora dos anseios masculinos foi atacado, com artimanhas diabólicas e subliminares através de décadas, ou até mesmo séculos. A vitória do conjunto de impropriedades convenientes, ideologias políticas e comerciais, subverteu os valores femininos com a promessa de poder e liberdade.
A SOLUÇÃO PROPOSTA QUE PRECISA SER EXIGIDA DE LEGISLADORES.
Crianças preparadas nas escolas para cumprirem suas funções na sociedade, de acordo com o gênero, atendendo suas características naturais, não terão seus egos aviltados. Ao contrário, a cultura adquirida na vida de estudante, desde a tenra idade, vai rejeitar a subversão das suas funções sociais. A futura convivência social mundial, agradece.
Próximo projeto:
Só as mulheres podem salvar a sociedade humana e o planeta.
ACONHEÇA; ACOMPANHE E AJUDE A DESENVOLVER A VERDADEIRA RESPONSABILIDADE SOCIAL NO BLOG:
http://abombaanatomicaqueimplodiuasociedade.blogspot.com.br/
NÃO HÁ OUTRA SAÍDA!
ENTRE NESSA VOCÊ TAMBÉM!
Fique atento para a realidade social.
Converse com seu fiéis amigos e amigos fiéis.
Muito obrigado.
Luís Carvalho Filho
ResponderExcluirAdalberto Day
As contribuições da SOMAR - Sociedade Maçônica Regional (união de todas as Lojas) tem sido muito importantes, Blumenau e Região.#apostonisso