Contos Folclóricos Catarinenses
SOB O DOMÍNIO DOS BOTOCUDOS
JOSÉ DEEKE
Tradução de Niels Deeke, neto do autor.
Original em alemão, compilado, em 1927, por José Deeke junto sua seleta de contos folclóricos catarinenses, intitulada “Am Lagerfeuer”. Apresentação será procedida em três capítulos.
“A M L A G E R F E U E R”
( Ao Redor da Fogueira do Acampamento)
por
J O S É D E E K E
SOB O DOMÍNIO DOS BOTOCUDOS
Há muitos anos, quando os bugres me raptaram, eu ainda era um menino muito jovem. Não sei que idade tinha, porém pelos cálculos que hoje faço, deveria ter aproximadamente seis ou sete anos.
Minhas recordações somente vão até o dia da tragédia, quando fui, violentamente, arrebatado do convívio no lar materno. Lembro-me muito pouco do passado; recordando só que meus pais moravam numa casinha, justamente a mesma que naquele fatídico dia foi assaltada pelos bugres, e isto é tudo quanto minha memória alcança.
Os detalhes da ocorrência e o que sucedeu a meus pais, somente pude saber muito mais tarde, através de vizinhos, depois que fugi dos selvagens e reaprendi meu idioma pátrio.
Conforme me contaram, esse ataque dos bugres foi um dos mais violentos e o praticaram com extrema crueldade. Os selvagens, naquele dia, mataram inúmeras famílias, entre as quais meu pai e minha mãe, saquearam e queimaram as casas e exterminaram todo o gado.
Nunca me esclareceram porque carregaram-me consigo, poupando-me da morte que aplicaram às outras crianças e a razão disso não posso explicar - talvez ficaram penalizados com a minha aparência indefesa, que num rompante momentâneo de comoção, os motivou.
Vagamente ainda me lembro de como os selvagens me arrastaram para dentro da floresta. Não sentia medo algum, pois estava entorpecido e pensei que aquilo não poderia estar acontecendo comigo. Acreditava que estivesse sonhando tudo quanto, à distância, via, em meu estado de torpor, acontecer com as outras crianças .
Mas, de súbito, voltei a mim e fui tomado de terrível espanto. Chegáramos ao acampamento dos bugres onde fomos recebidos com enorme algazarra e muita gritaria pelas mulheres mais velhas e crianças que lá ficaram.
Não fui logo notado, cheguei mesmo a passar despercebido, pois todos estavam ocupados em esvaziar, freneticamente, os cestos que estavam cheios até a borda de produtos da pilhagem que as mulheres mais jovens trouxeram.
Deve-se assinalar que nestes assaltos observaram-se que a maioria dos selvagens julgada masculina era composta de mulheres, pois como os indivíduos de ambos os sexos usavam o mesmo corte de cabelo e andavam quase totalmente nus, razão porque não se poderia distingui-los à distância. Entretanto, quem conhecesse os seus hábitos poderia, facilmente, diferençá-los quanto ao sexo, mesmo ao longe. Isto era até muito simples, quando se sabe que os homens, nesses ataques, portavam exclusivamente armas e nunca eram vistos com os cestos que as mulheres, desarmadas, carregavam. Elas enchiam tais balaios de tantos objetos roubados, quantos pudessem carregar e tão logo os guerreiros tinham dado cabo dos brancos ou os expulsado, iniciavam o saque das casas.
Depois de satisfeita a alegria inicial pela distribuição dos objetos roubados, todas as atenções convergiram para a minha pequena pessoa. Inicialmente, as mulheres mais velhas se apossaram de mim, arrancando a roupa que vestia e examinaram, minuciosamente, todo meu corpo, como se quisessem descobrir em quais partes meu organismo se diferençava deles. Todavia pareceu-me que nada encontraram e, não se conformando, estampavam caras de dúvida, além de sacudir sem cessar a cabeça e tagarelar ininterruptamente. Em dado momento aproximou-se de mim um velho bugre, incrivelmente feio - era o “Pataema” que entre os índios ocupa, ao mesmo tempo, o lugar de sacerdote e curandeiro do bando - que depois de fixar-me com seu olhar de animal bravio, começou, de repente, a bater em meu peito com seus punhos. Suportei, heroicamente, as duas ou três primeiras pancadas - mas continuava a maltratarme, batendo sempre mais forte em meu pequenino peito, que eu, não mais resistindo, comecei a gritar alto de dor.
Parecia que todos estavam a esperar por isto, porque até então reinava relativo silêncio quando, quietos, apreciavam a cena, e então responderam aos meus gritos com garga-lhadas infernais e assim manifestavam-se sempre que o “pataema”¹ me infligia novas torturas, conforme continuou a fazer, magoando meu frágil corpo infantil.
Quando, finalmente, o “pataema” me soltou, as crianças apoderaram-se de mim, tornando-se sempre mais atrevidas e insuportáveis. Primeiramente me puxaram por todos os lados, arranharam-me todo o corpo com as pontas afiadas de suas lanças e tornando-se sempre mais audaciosos, num crescendo constante, podia adivinhar-lhes, pelo brilho feroz dos olhos dos rapazes, que sua vontade era continuar a martirizar-me sem parar, não faltando muito para mandar mais um “cara pálida” para a “eternidade dos campos de caça indígena”. Por fim a brincadeira estava se tornando séria e, em pouco tempo, me despachariam para o outro mundo, quando o cacique apareceu e interferiu a meu favor.
Este cacique era um homem alto e forte. Tinha a pele um pouco mais clara que os outros bugres e possuía, também, vestígios de barba no rosto, enquanto os demais não portavam sinal algum destas particularidades. Naquela ocasião eu ainda não sabia que ele era o cacique, entretanto percebi que pertencia à outra linhagem, distinguindo-se de todos não só pela aparência, como pelas atitudes. Enquanto o resto da horda, bem como as crianças, zanzavam e pulavam em volta de mim tagarelando sem parar, ele mantinha-se calmo e sereno, e quando abria a boca não o fazia para participar da barulheira, mas sim para determinar a manutenção da ordem que competia à sua condição hierárquica de chefe, quando com curtas palavras e frases precisas ordenava obediência a comportamentos que eram, de imediato, cumpridos.
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1 Pataema - Expressão do linguajar indígena constante da obra “Am Lagerfeuer” de José Deeke. Significaria literalmente: “O ser masculino que esvazia a dor interna”, em linguagem Caingang dos xockleng do rio Hercílio, falada na época de 1915. Em tupi ou nheengatu : Pajé - espécie de sacerdote, curandeiro indígena.
Ele, aproximando-se de mim, afastou os rapazes que me maltratavam quando, ralhando, lhes dirigiu algumas palavras ásperas e de pronto impôs sua autoridade, fazendo com que debandassem, dispersando-os em todas as direções. Depois, como a provar-me, o cacique dirigiu-me, por longo tempo, seu olhar que não denotava raiva nem ódio. Parecia refletir sobre algo que não encontrava solução. Os demais também perceberam a situação, pois todos se aproximaram, formando um círculo ao meu redor e olhavam, com ansiosa curiosidade, para o pensativo cacique.
Ele permanecia encostado num rancho e continuava sempre a meditar, ora olhando para mim, ora para a escura floresta, absorto, como se estivesse com o pensamento muito distante.
Bem próximo, de si, estavam suas três mulheres, as quais, de tempos em tempos, se lhe aconchegavam, sem que ele reagisse às demonstrações de carinho. Numa destas ocasiões, entretanto, virou-se de posição, pois chegara a alguma conclusão nas suas reflexões. Passou o braço pelo ombro da mais moça e mais bonita de suas mulheres e, quando ela, com satisfação, levantou a cabeça em sua direção contemplando-o, ele falou-lhe, demoradamente, num tom que parecia suplicar, enquanto o semblante, das outras, ficou tenso e preocupado.
A jovem mulher, a princípio, não demonstrou muito entusiasmo com o que seu marido pedia, pois ela abaixou seus olhos até o chão e estampou uma cara bastante embaraçada.
Mas quando o cacique, muito compenetrado, terminou de falar-lhe, ela ergueu o rosto com muita admiração e abraçou-o, como se este gesto de carinho significasse o reconhecimento pela promessa que recebia, selando o noivado; e então se volveram na minha direção.
Eu, apesar de não entender coisa alguma do que diziam, senti, instintivamente, que tudo quanto assistia, se referia à minha pessoa e que do entendimento entre o cacique e sua esposa preferida, resultaria a decisão que regularia a minha sorte, determinando o meu destino. E quando a jovem mulher virou-se para mim, eu tive a certeza de que tudo fora resolvido a meu favor.
A jovem mulher, a qual chamavam pelo nome de “Kruro ” e que eu, dali em diante, passei a chamar de “mãe”, aproximou-se de mim e fitando-me com bondade e meiguice, tomou-me em seus braços, afagando-me carinhosamente. E eu, que até aquele momento tive medo do contato com as outras mulheres e me debatera contra elas, então encontrei no peito da jovem mulher um sentimento misto de carinho, proteção e abrigo, fazendo-me passar meus braços em volta de seu pescoço e encostar minha cabecinha bem colada em seu seio aconchegante.
Parece que este meu gesto impressionou a todos, pois se ouviu um murmúrio de aprovação, aplaudindo. Com isso terminaram os meus sofrimentos, pois daí em diante fui considerado filho do cacique e minha nova mãe não permitiria que tornassem a me maltratar - gradualmente sua estima por mim foi crescendo e começou a me amar como se eu fosse seu próprio filho, enquanto meu afeto por ela aumentava e a cada dia a adorava sempre mais.
Naturalmente, mais tarde, contou-me o que foi acordado entre ela e o cacique, bem como o que resolveram antes dela aceitar a incumbência de cuidar de mim. Ele, o cacique, sentiu-se atraído por mim, pois como seus filhos legítimos não se mostravam aptos para sucedê-lo no posto, resolveu, de comum acordo, adotar-me, a fim de que, no futuro, o substituísse no lugar de chefe.
Como Kruro, sua esposa preferida, não lhe dera filhos, ele pediu que ela assumisse a função de mãe - e pelo amor que lhe tinha, ela aceitou o encargo. É preciso que se reconheça que a atitude dessa mulher, tomando essa resolução, foi heróica, especialmente se levarmos em consideração que os selvagens não consideram o branco um ser humano ou semelhante, pois o julgam uma criatura desprezível. No entanto, conforme já disse, ela não precisou arrepender-se, lamentando sua disposição, ao contrário, quando mais tarde ela me afagava com carinho, incansável sempre agradecia, ao cacique, por ter-me entregue a si.
Terminada a “cerimônia de minha adoção” e como começasse a anoitecer, todos se entregaram à vida costumeira do acampamento - os objetos roubados foram repartidos e a carne trazida foi posta para assar.
As labaredas da fogueira elevaram-se a grande altura e os bugres dançavam à sua volta com enorme alarido. Felizmente não precisei participar desta diversão, pois Kruro, da qual eu não mais largava, estava, com o cacique e suas demais mulheres, sentada no centro do acampamento, sem tomar parte da gritaria e das danças. Mas quando chegou a carne assada, avancei nesta com gosto, porque durante o dia inteiro nada comera e minha fome era imensa.
Este comportamento de comemoração durou até bem tarde, noite adentro, e quando finalmente deixaram o terreiro das danças, estavam tão cansados e sonolentos que logo se recolheram e, em pouco tempo, dormiam no mais profundo sono.
Na manhã seguinte, quando acordei, já era dia claro e o sol estava alto, entretanto todos ainda dormiam e quando recordei, com horror, os acontecimentos da véspera, pensei em levar a efeito um plano de fuga.
Mas fugir para onde! Em que direção seguir para sair do mato? Não tinha a mínima idéia para que lado deveria correr e quando meu olhar caiu sobre a mulher adormecida, que me adotara como filho, decidi era preferível ficar ali, o que seria bem melhor que talvez perder-me naquela escura e infindável floresta, infestada de cobras venenosas e animais ferozes.
No mesmo dia os bugres levantaram acampamento e marchamos, dia inteiro, mato a dentro, onde, na parada, foram armados novos ranchos. E assim, dia a dia, seguimos a marcha sempre para mais longe, muito para o interior da sombria e imensurável selva.
As jornadas diárias eram, geralmente, muito curtas e isso tinha vários motivos. Primeiramente porque os bugres não gostam, absolutamente, de fazer esforço que lhes provoque canseira, e depois deve-se considerar que é necessário interromper a caminhada cedo, na tarde, a fim de que haja tempo suficiente para a montagem dos ranchos e, o que é mais importante, arranjar alimentos.
Cumpre dizer que estes selvagens são, exclusivamente, nômades da floresta, não se ocupando de qualquer criação de gado, nem agricultura e, por conseqüência vivem sob o lema “da mão para a boca”, sendo fácil compreender que encontram muitas dificuldades em obter os alimentos, no que são, não raras vezes, obrigados a jejuar, sofrendo, involuntariamente, fome por diversos dias.
Uma das mais importantes fontes de alimentação diária dos índios são as abelhas silvestres, das quais a selva abriga várias espécies. Os selvagens são muito hábeis em desco-brir e esvaziar abelheiras. Sobem até o ponto mais alto das árvores, apanham a colmeia, extraem as favas - e sempre encontram algumas, mesmo fora da época apropriada para a extração do mel, pois não somente o consomem, como comem as favas e devoram as larvas das abelhas.
A caça vem somente em segundo lugar e o resultado de sua prática depende muito de possuírem ou não, cães adestrados. O cão é o único animal doméstico que os bugres mantém, mas como não lhes prestam os cuidados adequados, maltratando-os, além de serem muito feridos pelos animais ferozes, como os felinos, razão porque freqüentemente morrem.
Por esse motivo a tribo, não raras vezes, fica sem cachorro algum e só quando ocorre novo assalto é que tornam a se apoderar de cães para poder voltar à caça, e caso não arranjem espécime algum, eles próprios, os bugres, são forçados a assumir, no acossamento, o papel de cachorros.
Todavia isso não é uma arte fácil, pois com suas armas primitivas, só muito raro, conseguem apanhar caças maiores.
A pesca, estranhamente, desconhecem e assim ficam privados de uma rica fonte de alimentos, fácil de obter e que existe farta e abundante. Nunca cheguei a saber a razão por-que desprezam o peixe, que lhes causa tanto nojo quanto ao branco causaria vê-los comer madeira, cupins, térmitas, carrapatos e até mesmo piolhos ( sevandijas) dos quais se ali-mentam sofregamente.
Quanto a mim, devo confessar que foi muito difícil acostumar-me à alimentação dos botocudos, pois além dessas delícias culinárias, eles gostam da carne já meio putrefata e para as festas especiais, preparam uma “cerveja de cusparradas ”, elaborada com frutos mastigados que não é uma bebida que se bebe com prazer, mormente quando se observa a maneira como é produzida. No entanto o ser humano a tudo se acostuma, principalmente quando se é criança e desta forma, para grande satisfação de meus novos pais, em pouco tempo adotei os costumes e estava perfeitamente identificado com a tribo. Em três meses falava o idioma indígena que passei a dominar tão bem quanto o português.
Durante meses a fio continuamos a viagem, marchando nem sempre na mesma direção, porque, várias vezes, cruzamos picadas que anteriormente percorrêramos e tornáva-mos a passar por lugares nos quais havíamos, há tempos, feito acampamento.
Certo dia chegamos a um rio maior, o que foi saudado com ruidosa alegria. Instalamos um confortável pouso e à margem dum afluente mais abaixo, foram feitas “tranqueiras” para apanhar antas, pois topamos com numerosos rastros que prenunciavam boa caçada.
Essas “tranqueiras” - armadilhas para pegar antas, eram preparadas nas principais passagens percorridas pelos animais e consistiam de troncos derrubados nas margens e caídos no rio, que reunidos, eram após atados uns aos outros, de sorte que os tapires, apesar de bons mergulhadores, não podiam escapar nem para cima ou rio abaixo, pois eram barrados pelos baraços. Depois de enxotados, de um lado para outro, até cansarem, eram abatidos através de machado, lanças ou frechadas.
Acaso, desta maneira, conseguissem caçar um animal, a seguir havia grande festa que, via de regra, só terminava com o último pedaço de carne. E isso não durava muito, porque as trinta pessoas que compunham nossa tribo, comiam grande quantidade de carne quando a tinham, e por isso geralmente a festa acabava com alguns doentes de tanto comer - pois “devoravam” tanta carne o que, não raras vezes, resultava em mortes.
Como naquele sítio havia muitas antas e também outra caça, prolongaram a permanência por muitas semanas e, nesse ínterim, os homens trabalhavam na confecção de um grosso cabo de amarra que faziam de lascas rachadas de taquara, torcendo-as em treliça.
Com esta corda, de acordo com o que me explicaram os meus companheiros tribais, queriam ligar, pela amarração, as duas margens da “água grande”, como simplesmente denominavam o rio.
Não compreendi bem o que pretendiam, porque para atravessar o rio, não era necessário o cabo, pois ali no acampamento a largura do leito d’água era pouca e o nível até bem raso, de modo que nosso pessoal cruzava, diariamente, a água em todas as direções, sem precisar nadar.
Continua...próximo capítulo.
Que história fantástica, rapaz!
ResponderExcluirParabéns.
Antunes Severo
www.carosouvintes.org.br
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Prezados/as, entonces, temos agora o nosso próprio HANS STADEN, e ainda mais complexo, já que contém as tintas calientes do próprio neto dele. E assim a história da sereníssima república de Blunemau vai sendo exibida aos quatro cantos. Local muito bem apropriado pela sua fenomenal importância. Abraços. Cao
ResponderExcluirAmigo Beto.
ResponderExcluirGostei imenso dessa historia do Jose Deeke. Impressionante narrativa. Que incrível adaptação a dele. Aguardarei ansioso a continuação da super interessante historia.
E.A Santos
Interessante relato, que fez lembrar histórias contada por minha Avó, Selma Lehmkuhl, de família Schoening. Quando pequenos, achavamos que os tais bugres eram ficção, mas Seu Beto e Dona Tiloca confirmaram os relatos da Avó. Ódio ou rancor ? Não !
ResponderExcluirNecessitamos conhecer e compreender as realidades de nossos ascendentes e dos povos que aqui encontraram, para valorizarmos ainda mais nosso dia-a-dia.
Um abraço a Todos.
Parabéns sr Day pelas brilhantes histórias no seu blog, sempre que tenho saudades de alguma passagem da história de Blumenau e região, recorro a esse completissimo Blog.
ResponderExcluirParabéns.
Caro Adalberto, agradeço por compartilhar, com a valiosa colaboração do Dr. Niels Deeke, este interessante texto deixado por José Deeke. Um abraço, Wieland Lickfeld
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