Morre Luiz Antônio Soares, ex-editor do Jornal de Santa Catarina, em Blumenau
Jornalista ganhou o primeiro Prêmio Esso do jornalismo catarinense, nos anos 1980
Morreu às 9h desta sexta-feira 20 de setembro de 2013 o jornalista Luiz Antônio Soares, aos 72 anos. Ele estava internado no Hospital Santa Isabel desde terça-feira. Soares atuou no Jornal de Santa Catarina, onde chegou a comandar a redação, na década de 1980.
Em 1982, com uma série de reportagens defendendo a preservação da Ponte do
Salto, o jornalista foi reconhecido com o Prêmio Esso Regional Sul, o primeiro
do Santa e da imprensa catarinense.
Leiam uma de suas belas crônicas:
Uma bela crônica do Memorialista Luiz Antônio SoaresLeiam uma de suas belas crônicas:
E lá vem o trem, cortando o vale, Macuca na frente puxando gente , dormente a dormente, vagão por vagão, deixando para trás, em cada estação, o agridoce suspiro da saudade.
Com seu jeito simples de província, tão ingênua e ainda tão pura, o que a cidade ostenta, no alvorecer destes anos sessenta, vaidosa e cheia de prosa, são reflexos trazidos dos tempos idos, que permanecem, não perecem, obedientes em lição no suave clamor da tradição.
Do seu Busch ao Dr. Curt, passando por seu Hercílio – chapéu d’aba larga e abanos de mão, cachimbo na boca e pés bem no chão, firmeza nos gestos e moderação - os três, mês a mês, com grande visão, que bela gestão!
E lá vem o padeiro Emmendoerfer, no seu carro velho de cor desbotada, entregando o pão novo da madrugada. Com toda certeza, que beleza!.Nenhum menino faminto na calçada.
Por trás de cada tabuleta uma faceta, no drama da chama que afaga ou se apaga no aberto incerto de cada manhã : Ali-Babá, Gato-Preto, Delphi Hotel, Palmital,Bola-Sete, Avenida, Polar, Cibe-Bar, Recreio, Hungária, Flórida, Expresso, Sans-sous-si, Continental, Tonjes, Polo-norte, Socher, Banca Miro, Banco Sul, Banco Inco, Caravela, Cerealista, Sauer, Lorgus, Dom Quixote, Grossenbacher, Casa Nobis, Suafarma, Sibli, Empresa Garcia, Sualivraria, Açougue Poerner, Ponte-Bar, Chapéus Nelsa, Carlos Koffke,Pfuetzenreiter, Leitis, Kellermann, Erwino Kuchn,Lemke,Ladislau, Meias Hering, Snooker Campeão, Aquarium, Força e Luz, Salão Garrozi, Companhia Telephônica, Casa Coelho, Salão Guinther, Fiambreria Seleta, Globo, Casa da Borracha, Loja Renner, Hotel Alameda, Braz Hotel, Mútua, Rádio Pilot, Casa Nova, Riella, A Infantil, Açougue Ideal, Loja Engel, América, Vieira Bruns, Barbearia Rex, Urca, Armazém Ruediger, Panifício Greuel, Samarco, Casas Jaraguá, Casa Sônia, Carlos Hoepcke, Hotel Holetz, Carlos Wahle, Casa Rocal, Zendron, Superenxovais Blumenau, Lubow,Max Konrak, Rápido Cometa, Gebara, Hotel Estrela, Benthien e o Velho pingüim.
E lá vem o Cassiano, decibéis a todo pano. Nesse vai- vem livre da Quinze, além do cine “O Farol”, trânsito calmo e ordeiro. Na Guarda manda o Pinheiro. No “footing”cotidiano vão-se indo vai se ouvindo as estórias e lorotas, clamores, muitos rumores,de criticas e de política, enchentes e de toda a gente, Nem comunismo nem parlamentarismo. O povo deixa dito um grande não no Plebiscito e festeja a nova igreja. Audaz frei Braz. Carro usado é com Gigi sob as vistas do Pivi. Do velho Holetz ao Grande Hotel Blumenau um baita salto : o prédio mais alto.
Após belo recital, promovido pelo GEB ,platéia sensacional, o poeta Lindolf Bell, em meio á consagração aceita a convocação : larga o Chá e vem pra cá. Tabu, Dacar, elite e Imperial, assim como o “Pau-do-Meio”, tudo isso é nome feio. Palcos de muita lambança, no dizer simples do povo, são “casas de tolerança”. E lá vem a moçada, em fila uniformizada, a marchar na 15 de novembro pelo 7 de setembro.
A UDN é quem manda (por enquanto), seu Hercílio é o seu santo, com grandes industriais, além do doutor Balsini, Edgar Mueller, Santhiago, Bruecheimer e muitos mais. João Nóbrega, seu Guilherme, Abel, Olinger, Hélcio Fausto, seu Carl Heinz, Valdir Rosa, Martinho da Veiga, Alfonso de Oliveira, “Dotô Deba” a comandar, carregam o pessedismo para Zadrosny ganhar. Aldo de ontem, Aldo de hoje, Aldo de amanhã, campanha vã. Em meio do perde-e-ganha, surge Maneca Piranha, Ferreirinha, Gentil Telles, seu Badia – uma ousadia – é o PTB que se vê. Mas tudo isso se acaba. Vem a Revolução, Lazinho e o MDB. Do outro lado da guerra, dizem os mandões da terra: “Arena unida jamais será vencida”.
Prenderam Herbert Georg e também Chico Pereira. Belíssima asneira. Quilos d’ouro, um tesouro, na campanha varonil para o bem (?) do Brasil. Marcha a família com Deus pela liberdade e também no Corpus Christi com tapetes coloridos de santidade.
E lá vêm as internas do colégio com saias esvoaçantes roçando pelas canelas. Irmã Glória de olho nelas.
A UBE vai pra masmorra por gosto da “Redentora”. Ferreira da Silva, essa bela figura, cuida atento da história e da cultura.
E lá vem “ A Nação “, selvagem mensageiro das boas novas. Mauricio Xavier, Silva Jardim, Américo e Allende, Sebastião Cruz, Sadinha no futebol, Mano Jango espiando a maré e as reportagens, afinal, continuam quase sempre em tal página letra tal. De Melo, o Nagel Milton, zeloso e atencioso na coluna social.
“Preto no Branco” e a Nereu, onde os sinos anunciam frei Efrém e os marianos,todas as noites, rezas mil, após a Hora do Brasil. Na Clube o rádio-teatro da Colgate-Palmolive. Tesoura Junior comenta pra torcida periquita – Palmeiras d’estádio novo, a alegria do povo – e na “Baixada”, olimpicamente, o alvi-rubro vai em frente, Amazonas do Garcia, Vasto Verde lá da Velha e ainda o Guarani, são grandes clubes daqui para uma só divisa, raça e camisa.
Lume, Tribuna, A Cidade, O Estudante, Combate, Difusora, Alvorada e “Blu”, o Ronda do Barbieri mais a Revista do Sul, são os outros baluartes desta imprensa feita a mão, com chumbo de linotipo e no rádio muito grito.
E lá vão as normalistas, vestidas de azul e branco, em cada rosto uma flor em cada flor um encanto. Na frente da prefeitura com muita desenvoltura e gente de fino trato, o lambe-lambe da praça pede pose e faz retrato.
Blumenau também canta “Os Imigrantes” e “Anita”, nos concertos que tem Rita, maestro Geyer e amor. Todo mundo é amador. Cidade das bicicletas, flores, cantores e amores sem contar, pra variar, que temos grandes atletas. Tiago corre a 10 mil e as marcas industriais tomam conta do Brasil.
Blumenau tem Miss Bangu, festas de rei e rainha, festinhas de formatura, tem bailes das debutantes, carnavais e muito mais, no Busch e no Blumenau, matinês dominicais.
Alegre moçada/juventude transviada/dança de rosto colado/rock’n roll bem separado/pulando ao som do hi-fi/ enquanto velhos sizudos/repudiam cabeludos. Os homens, fingindo vaia, saúdam a minissaia.
Gustav Frank, hospitaleiro, nosso melhor hoteleiro. Erinho, esse conjuntão, é a grande sensação.
E o seu Pabst, lá do Garcia (foto), nosso operário-padrão. Já no fórum da cidade, com muita capacidade, o promotor Carvalhinho enfrenta o dr. Arão, Demétrio Schead, por sua vez, dá um banho de xadrez. Com Sales e Odorico, as coisas do português. A controlar pouca arruaça o delegado Fogaça. Leleco e Cartola só fazem marola. Hercílio Deeke, secretário da Fazenda, bota logo inovação: seu talão vale um milhão. Rudi Beckauser ensina som na Academia de Acordeon. Tem ainda a AIRVI: toda a imprensa daqui. Visitantes importantes; governadores, assessores e até embaixadores além de muitos doutores. Bandeirantes exultantes, escoteiros “sempre alerta” e na igreja o “Porta Aberta”. Apoiado em seus missais, pastor Dübbers prega salmos nos cultos dominicais. Honorário cidadão, Jango perde a condição, antes da promulgação Viva a Revolução!
Elke Hering bota em prova seu salão pró-arte nova. Schloegel e Nascimento, sem dar bola ao ceticismo, aplicando o dualismo Zen-budismo. Reinaldo Ferreira, na C-4 pioneira, Repórter Catarinense faz da noticia bandeira. Carlos Gomes faz cem anos, abrindo e fechando os panos. Herbert Holetz é quase um lema sabe tudo de cinema.
E lá vem a banda municipal com seu sotaque tão original! Que legal!
Seu Nilo vende pipoca, transita o “Tico bebão”. Germaninho se traveste, roda aqui “Férias do Sul”, Jorge Bornhausen é vice. Teixerinha é consagrado, Famosc e gado leiteiro fazem forte nesta área a nossa agropecuária.
E pras favas preconceitos que pra tudo dá-se um jeito: Príncipe Negro teve um “ click”, fundando aqui a UCHIC. Adivinhe que país é este? Do Alroíno abrigo ameno e gente de muito tino: Alberto, Geraldo, Margit Luz e Tessaleno, Edla Pfau, arte em bambu; Carlos Jardim no teatro, pintores a três por quatro, Galeria Açu-Açu. Breve teremos “Mumu”.
Blumenau se despede dos anos sessenta toda cheia de vaidade. Agora tem faculdade. Após muita gritaria, dez anos de persistências, dobramos as “excelências”, com cursos de Economia, Direito e Filosofia. Quem diria.
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Arquivo de Dalva e Adalberto Day Texto enviado por Carlos H. Hiebert (Russo). Colaboração Ivan Demaria Machado
Muito bacana. Nasci em 75, mas tudo isso deve ter sido muito bom.
ResponderExcluirLUIZ SOARES E A BLUMENAU QUE SE DESPEDIA DOS ANOS 60:
ResponderExcluirEsta crônica do Luiz Antônio Soares é uma das peças jornalístico/literárias mais interessantes que eu li sobre Blumenau nos últimos 40 anos. Talvez até por causa da nossa idade e pela recordação que a leitura traz ao falar de nomes que um dia brilharam e hoje apenas restam na lembrança dos blumenauenses ... isto é, quando ainda restam ou alguém se lembra..
Mas Luiz Antônio foi mais adiante: fez rimas, colocou emoção e galhofa no seu relato. Deixou um documento importante para a nossa história.
Alguém lembra da UCHIC ? Do travestido Germaninho ? Do diligente Cartola ?
Ah, como ainda tem coisa para se contar sobre a história de Blumenau !
Cada linha desta crônica serve de inspiração para se escrever uma crônica ... um conto, quem sabe um livro.
Que fiquem alerta os estudantes, os acadêmicos de história, porque as fontes estão aí ... basta procurá-las.
Abraços
Carlos Braga Mueller
É sempre bom ler de alguém que viveu aqueles dias como era nossa cidade em uma época que despontaram muitas mudanças no país e no mundo. Como será que se comportou nossa pacata Blumenau diante da revolução sexual e a pílula naqueles anos ? Deve ter sido um golpe duro em nossa sociedade conservadora.
ResponderExcluirObrigado por compartilhar.
Adalberto
ResponderExcluirQuem bom que vc garimpa essas coisas fabulosas da historia de Blumenau
Esse texto´do Luiz Antonio Soares é fabuloso, e quem nasceu na decada de quarenta e cinguenta, do seculo passado como eu, e viveu esse tempo, e consegue viajar dentro dele, arremete a emoções especiais.
Todos nós que pudermos colaborar com vc, o devemos fazer sempre.
Conte comigo sempre.
Carlos jorge hiebert (russo) um blumenauense nascido no bairro garcia, com muito orgulho
Lendo cada palavra do Senhor Luiz Antônio Soares, aqui em seu Blog, consegui vislumbrar cada personagem da história de nossa cidade. Cada cena passou em meu imaginário, através da comunicação viabilizada...Cada cena, cada cenário, cada ação!
ResponderExcluirAnos 60 - Tempos de revolução, mas também de poesia. Recorte de tempo, no qual aconteceu a conexão maior entre Blumenau e o resto do país, através das rodovias e meios de comunicação que se multiplicavam através do investimento de capital estrangeiro.
Que bela maneira de passar a história, e repassar...
Grata Senhor Adalberto, pela oportunidade de conhecer tão bela crônica.
Abraços do Salto Weissbach,
Arq. Angelina Wittmann
Luis Antônio Soares, o LAS, sempre soube escrever bem.
ResponderExcluirEscrevia direto e sem rodeio.
Só mesmo o Luis Antônio pra relembrar do Pau do Meio.
Caro Beto. Quantas reminiscencias. Que saudosismo e que riquissimo arquivo você possui. Isso não tem preço... Falas alí dos saudosos clubes AMAZONAS, VASTO VERDE, GUARANI, sem contare os maiorais da época PALMEIRAS e OLIMPICO. Como se vibrava nos domingos quando sempre havia um jogo intreressante. Pena que de tudo isso, só restou um Metropolitano capenga. Apagou-se o futebol de Blumenau. Tinhamos, ainda, o clube de remo América, que era destaque nacional. Quando apareciam em Fpolis, sempre levavam um trofeu. Aqueles remadores do Clube Nautico América eram temidos. Não encontravam adversários à altura. É, acabou tudo isso, infelizmente. Hoje, até os jogos abertos que sempre traziam trofeus para Blumenau, já estão decaiindo. Nossa cidade, nestes atuais, já ficou lá pro terceiro lugar. Que está havendo?
ResponderExcluirEutraclinio A. Santos
Excelente o texto do Luiz Antônio Soares. Dá uma baita saudade. Parabéns e obrigado Adalberto por nos trazer essas pérolas.
ResponderExcluirAbraços!
Meu caro Day eu tive a felicidade de viver e participar de tudo isto e muito mais.Embóra não citada a minha Optica Heusi é uma das raras senão a única da relação que ainda existe!Parabéns por dar aos mais jóvens a oportunidade de conhecer "aquela" Blumenau.Um abraço
ResponderExcluirParabéns Luis Antonio Soares, parabéns Adalberto Day pelo resgate que foi feito dos anos sessenta da nossa Blumenau. Trabalhei sob o comando do Luis Antonio Soares no Jornal CIDADE DE BLUMENAU. Profissional sério, duro, crítico, dos mais competentes que conhecí. Acrescento a matéria maravilhosa algumas empresas da época como Lojas A Capital, Casas Peiter, Livraria e Tipografia Blumenauense, Gráfica e Tipografia Baumgarten, Fábrica de Gaitas Hering, Cristais Hering, Teka, Artex, Empresa Industrial Garcia, Sil Fabril, Tecelagem União, Churrascaria Adolfo, Churrascaria Busarello, Kiekbusch, Casa Willy Sievert, Lojas Zadrosny, Hermes Macedo, Prosdócimo, Drogaria e Farmácia Catarinense, Walter Schmidt, Lojas Probst, Café Expresso, Casa Fischer de Emil Fischer (pai da Vera Fischer) no bairro da Velha, Sabão Cruz Azul, Comércio e Industria Arno Gaertner, Fábrica de Pás Viat da Família Staedele na Itoupava Norte. Desculpem entrar na seára alheia, mas, tudo isso me veio rápidamente a memória.
ResponderExcluirIsso me deixou com muitas saudades da minha juventude.
Um grande abraço
Edemar Annuseck
São Paulo - SP
Estou de volta (desculpem) lembrei de mais algumas empresas tradicionais dos anos sessenta em Blumenau como: Casa Borba, Casa Flesch, Relojoaria Catarinense, A Barateira, Casa Moellmann, Casa Flamingo, Sul Fabril (corrigindo), Carlos Koffke (na entrada da Alameda Duque de Caxias), Malharia Thiemann, Café Blumenau, Casa Willy Sievert, Casa das Louças, Casa Bruckheimer, Calçados Vagner,Ótica Husadel, Relojoaria Schwabe, entre outras.
ResponderExcluirEdemar Annuseck
São Paulo - SP
Amigo Adalberto Day, quero parabenizar você pela sua paixão pela escrita e histórias. Pessoas como você não deixa morrer as histórias notáveis de cada canto de Blumenau.
ResponderExcluirEstou impressionado com seu trabalho, onde você faz homenagem aos 90 anos do Clube Náutico América.
Obrigado Adalberto, obrigado Blumenau.
Sergio da Silva.
Presidente Clube Náutico América.
Boa noite espectacular página , adorei mesmo muito, secalhar poderiamos fcar amigos de blog :) lol!
ResponderExcluirTirando as piadas sou o Dixon, e como tu publico blogues se bem que o tema principal domeu blogue é muito distinto de este....
Eu escrevo blogs de poker que falam de dinheiro grátis para jogar poker sem arriscares o teu dinheiro......
Adorei muito o que li aqui!
GUARDA MUNICIPAL DE TRÂNSITO
ResponderExcluir118 ANOS PROTEGENDO A CIDADE
64 ANOS ORIENTANDO O TRÂNSITO
SINTESE DA HISTORIA DA GMT BLUMENAU
Criada nos findos do século XVIII, a Guarda Municipal da cidade de Blumenau, marcou presença nos eventos importantes da cidade.
Senão vejamos:
Conhecidos como mateiros, já na época da colônia, frente ao furto de animais, peças domesticas e agrícolas, embrenhavam-se mata adentro para recuperar os bens pertencentes aos colonos. Assim em um grupo organizado e com o aval da comunidade exercia o poder de policia municipal.
Seguindo o pensamento administrativo do império (decreto 10.395 de 09/10/1889), que constituirá a guarda cívica em Petrópolis, Blumenau, não se deixou levar pela longitude da sede imperial, junto com outras cidades do sul, como Porto Alegre entendeu sua responsabilidade, quanto à defesa de seus cidadãos, bem como os “ares” da mudança do sistema político administrativo, de imperial para república.
Atuando dentro dos princípios da conservação da ordem e incolumidade pública a Guarda Municipal de Blumenau desponta-se no cenário nacional, quando as Guardas Cívicas, estimuladas pelos chefes militares, dão às cidades um clima marcial, frente ao adiantado espírito revolucionário entre federalistas e republicanos.
Todo o movimento revolucionário catarinense, que leva na crista o nome de Hercílio da Luz, apoiado no principio da renuncia forçada de Lauro Muller, em fins de 1891 e a anulação das eleições municipais, com vista a eleger Conselhos Federalistas, os republicanos, em especial os de Blumenau se encontram em ação política constante.
Frente a iminente guerra civil e complementando a ação revolucionaria, os republicanos proclamam em Blumenau em uma sessão solene realizada em 22 de julho de 1893, declaram Blumenau como sede o Governo Provisório do Estado, empossando como seu titular a Hercílio da Luz. Assim, o município se oferece, para com armas na mão, defender a Republica há tanto tempo ameaçada, “não há de empobrecer o tesouro, porque ele é composto de republicanos distintíssimos que tudo sacrificarão pela Constituição de 24 de Fevereiro, ate mesmo a própria vida”, publica o jornal Republica em 14/7/1893.
O governo estadual procurou de todos os meios negarem a extensão do movimento revolucionário, mas já era tarde Hercilio da Luz, já havia conquistados simpatizantes em varias cidades do Estado. Saindo de Tijucas o primeiro Manifesto, encontra em Blumenau a complementação “ Estamos dispostos a vencer toda a resistência á vontade soberana do Povo. Dr Cunha, Knoblauch, Margarida, Paulo Zimmermann, Gottlieb Reif, Fides Deeke etc.”
SEGUNDA PARTE
ResponderExcluirDeste modo, precisando de um contingente maior, em uma semana a Guarda Cívica de Blumenau, organizada por Hercílio da Luz e Paula Ramos, reuniram cerca de 100 homens. Relata Fides Deeke um dos participantes: “aqui convocou-se o povo, para proteger as armas de um eventual assalto pela policia orientada pelos federalistas”. (Fides Deeke, Memórias, Blumenau em Cadernos, 1961, 7, p 129).
O treinamento da Guarda Cívica de Blumenau, contou com o instrutor Tte Alberto Camisão e mais 12 soldados profissionais do 25° Batalhão e se processa nervosamente em meios as noticias do ataque iminente das forças federalistas.
Em um evento de disparo de armas, sita Fides Deeke: “ os membros da Guarda Cívica haviam sido instruídos a comparecerem ao sinal da detonação de três tiros, no quartel de comando, estabelecido na sede dos Atiradores. Como nos não possuíamos canhoes e os estampidos fortes não tivessem sido de espingardas, era evidente que devia ter se tratado de bombas. Os milicianos da Guarda Civica, como os da GUARDA MUNICIPAL, e ainda muitos os cidadãos armados, puseram-se de prontidão com incrível rapidez. Soube-se então que um brincalhão da Guarda Civica, de nome João Mau, sob ordem superior, executara a façanha, para esperimentar a bravura dos milicianos. (Fides Deeke, Memórias, Blumenau em Cadernos, 1960, 7, p 130).
Sabendo tratar-se de uma ação sem volta, o então governador Hercilio da Luz, da ordem em 24 de julho de 1893, para Guarda Cívica partir para o Desterro, para tomar o governo.
Sabendo do fato e de que a cidade aparentemente não possuía defesa, o governo de Eliseu Guilherme da Silva, da ordem a sua policia para que com 200 homens tomem Blumenau de assalto.
Desde modo às 3 horas da tarde do dia 28 de julho, anunciava a guarda avançada a aproximação do inimigo, decorrido mais uma hora achava-se a tropa policial alem da ponte do Wloch.
TERCEIRA PARTE
ResponderExcluirAparentemente seria uma vitória esmagadora, se não fosse que na cidade havia ficado alguns membros da Guarda Municipal, que de prontidão mobilizou mais populares montando uma barricada nas proximidades do morro do aipim.
Relatos dão conta: “os blumenauenses responderam ao fogo, porem só poucas armas dos mesmos serviam para o combate, porque as outras não tinham o necessário alcance. Porem mesmo assim, a vitoria foi dos blumenauenses, porque muitas das descargas que partiram da força policial, nenhum tiro atingiu a barrigada, enquanto os dos blumenauenses caíram em sua maior parte sobre os respectivos alvos.” Deste modo a força policial do governo não só perdeu a batalha em Blumenau, como o prestigio em todo o Estado, visto que a vitoria dos Blumenauenses se dera com apenas 70 homens.
Esta vitória consolidou a força policial municipal em Blumenau, e a Guarda Municipal passou a ser parte no processo democrático de direito.
Nos vindos da década de 40, o governo estadual detinha por direito a administração do transito em todo o território catarinense, administrado pela policia civil. No município a autoridade de transito era o delegado.
Num evento atípico em 1947, o delegado fora exonerado e a cidade ficará sem a autoridade de transito. Com uma visão futurista, o então prefeito cria três funções de Guarda de Transito, conforme a lei 15/48, dentro da corporação Guarda Municipal, dando inicio a municipalização do transito, fato este que fora configurado legalmente no ano de 1955, com a criação do serviço municipal de estrada e rodagem, que conforme podemos ver suas atribuições na lei 677/55.
Aqui criasse mais um marco na historia da Guarda Municipal, que doravante passou a ser conhecida como Guarda Municipal de Transito.
Hoje, a GMT, como é conhecida tornou-se referencia em transito no Brasil.
Presta relevantes serviços a comunidade, conforme podemos ver:
Dispondo de 121 homens e 4 mulheres, 20 motos e 10 veículos, é responsável por toda a parte de ocorrência de transito, desde a fiscalização, orientação, educação a atendimentos de acidente com vitima fatal.
Diante destes fatos se tornou necessário uma grade horária de preparação suplementar, que hoje chega a 770 horas de curso, sendo que 280 horas aulas são de estagio supervisionado.
Aos 118 anos de Guarda Municipal e 64 cuidando do transito, hoje a GMT é orgulho para os blumenauenses.
Blumenau, 31 de março de 2011
gostaria de ter presenciado tudo o que o Luiz Antonio relata,embora a sua forma de escrever nos conduza a uma viagem no tempo.Concordo com Braga Muller quando diz que ainda tem coisa para se contar.Blumenau é rica na sua história.Parabens amigo Adalberto Day pelas brilhantes divulgações em seu blog...sempre assuntos que nos enriquecem de fatos interessantes.Parabens Luiz Antonio...sempre brilhante.
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