segunda-feira, 20 de abril de 2009

- O Cinema em Blumenau – Parte X


Introdução: Mais uma participação exclusiva e especial do renomado escritor e jornalista Carlos Braga Mueller, que hoje nos presenteia sobre Cinema e o Cine Farol – Cinema de Rua . A considerada sétima arte, nos fascina a cada instante. Já nos anos 60, ainda eram feitas essas exibições. E eu mesmo tive a oportunidade de testemunhar a narrativa do Braga Mueller.
Adalberto Day
CINE FAROL, O Cineminha de Rua de BLUMENAU
Por Carlos Braga Mueller

Nos anos cinqüenta do século 20 o cinema ainda era considerado a maior diversão da humanidade.
Certa feita encontrei-me com um elder, da religião mórmon, que estava fazendo sua pregação no Brasil. A “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias” tinha um programa na PRC-4 RádioClube, onde eu era locutor comercial.
Devia ser o ano de 1957, por aí, e quando eu, em conversa com o elder, me referi ao filme “Helena de Tróia”, realizado em 1955 com a atriz Rossana Podestá , que eu havia assistido aqui em Blumenau, ele imediatamente referiu-se ao mesmo filme, que ele havia visto em um cinema da sua cidade, Salt Lake City, nos Estados Unidos.
O cinema é universal. Suas imagens permanecem na retina de um cidadão na China, assim como na lembrança de um brasileiro, ou de um norte americano, porque quando um filme começa a ser exibido, tem início a magia do cinema!
Pois foi lá pelos anos cinquenta que o Gilberto Schneider, o Bebeto teve uma idéia genial.
Todos os domingos à noite, das 19 ás 22 horas, a Rua 15 de Novembro em Blumenau era interrompida para o tráfego de veículos e ali acontecia o “footing”, a passeata dos blumenauenses. As pessoas ficavam caminhando para cá e para lá, olhando as vitrines, os rapazes tentando namorar as meninas que desfilavam; ou então se ficava conversando com os amigos, tomando cafezinho no Pinguim, sorvete no Polar ou refrigerante no Bar Flórida.
O Bebeto resolveu projetar filmes naquele horário, de graça para o público.

Começou a funcionar, assim, o CINE FAROL. O projetor de filmes, equipamento16 mm, era montado numa sala no primeiro andar do prédio onde se situava o Café Pingüim. A tela ficava no lado oposto da rua, em cima da marquise da Casa Buerger. Ela podia ser enrolada para cima e só era esticada aos domingos à noite. Assim, o filme era projetado de um lado para o outro da Rua 15 de Novembro. o proprietário do Cine Farol era o Gilberto "Bebeto" Schneider, um aficcionado pelo cinema. Pintava cartazes para os cinemas Busch e Blumenau, aqueles painéis de 3 metros que ficavam na fachada com letras grandes. Ele era um excelente letrista.
Bebeto, mestre em fotografar no sistema diapositivo, montava os “slides” comerciais dos patrocinadores: Germano Stein, Móveis Ideal, Casa Buerger, Café Urú e os exibia no intervalo entre os filmes. Estes, eram sempre de curta metragem, geralmente alugados na cinemateca da casa Willy Sievert.

Foi ali que muitos blumenauenses ficaram conhecendo o Gordo e o Magro, Bud Abbot e Lou Costello, Charles Chaplin, Os Três Patetas, os desenhos animados do Pica Pau, além de muitos documentários e comédias curtas.

Raramente Bebeto Schneider exibia um filme de longa metragem. Mas quando isto acontecia, ele dividia o filme em vários capítulos e ia exibindo aos poucos, até ás 10 horas da noite.
Para se saber que estava na hora de assistir ao filme, havia um prefixo musical, uma marcha de John Philip Souza, muito conhecida na época. Era a marcha começar a tocar e todo mundo corria para a frente da tela. Alguns se sentavam no paralelepípedo mesmo.
Para melhorar a visão dos espectadores, Bebeto tinha um interruptor especial e podia apagar a luz da Rua 15 que ficava ali perto.
Um dia, quando o “footing” acabou, o Cine farol também se despediu.
Gilberto Schneider trabalhou depois, durante muitos anos, no Cine Blumenau como cartazista.
Era também um pintor de letras de mão cheia e os painéis que adornavam a frente e a lateral do Cine Blumenau tinham sempre a sua marca.
Arquivo de: Adalberto Day/participação especial do Escritor e Jornalista Carlos Braga Mueller

7 comentários:

  1. José Geraldo Reis Pfau - diz.
    Conheci o criativo Bebeto na TV Coligadas aonde trabalhamos juntos. Pelo seu conhecimento com filmes ele foi responsável pela seleção - digamos que de qualidade - na programação da emissora assessorando Irany Macedo diretor de Programação. Nos grandes rolos de filmes era o Bebeto que sinalizava com um pedaço de papel o local do intervalo comercial iria acontecer nos cinemas na TV. A revisão que fazia também era um exame de qualidade nos filmes para não acontecer interrupções durante a exidição.

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  2. Beto,
    Que belo presente para começar a semana. Viajei no tempo lembrando dos Cinemas de Brusque nos anos 50/60. Antes da sessão das 8, as meninas desfilavam nas calçadas em frente ao Real e ao Coliseu. A rapaziada ficava na rua com úm dos pés no meio fio, de mão no bolso, brilhantina no cabelo, jogando charme nas beldades.
    O melhor era a sessão das moças, às terças-feiras. A gente fazia questão de acompanhar a mamãe. Pra não deixa-la ir sozinha é claro!
    Grande abraço.
    Com mais este capitulo já dá um livro. Concordas?

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  3. Sr. Adalberto,

    Parabéns por mais está matéria sobre o cinema de Blumenau.
    Mesmo eu pertencendo a geração dos anos 80, sou muito saudosista sobre este tema.
    Talvez seja interessante, caso o Sr. já não faça, divulgar a programação de cinema que é exibida gratuitamente na fundação cultura de Blumenau.

    Parabéns pelo Blog

    Marciel Vargas
    vargas.m@terra.com.br

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  4. Boa Noite tudo bem meu nome é João.Sou nascido e moro em Blumenau.Quando fui comprar pão na padaria do Bairro Progresso e me deparei com uma matéria do Cine Garcia.E como sou muito cinéfilo e amo cinema.Não resisti e peguei o jornal para me deliciar com a matéria de cinema.Eu atualmente estou sem trabalho e sendo eu muito conhecedor de cinema.Adoraria muito poder escrever em alguma coluna do Jornal O Garcia dedicando uma coluna sobre cinema.Matéria no qual me dedico de paixão.

    Segue em abaixo meu blog de Cinema:
    http://joaocinema.blogspot.com/

    Parabéns pela matéria ficou maravilhosa e o melhor de tudo o senhor não esqueceu (e fez bem) em colocar uma matéria sobre os Irmãos Lumiére,os fundadores dessa maravilhosa arte chamada CInema.

    Tudo de bom amigo.
    Abraços.

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  5. Nossa que reportagem maravilhosa e fantática.E eu sendo um tremendo amante e apaixonado pela sétima arte.Não poderia deixar de ler sobre os cinemas em Blumenau.Já li numa reportagem no Santa em 2006 e li no livro da Magali Moser sobre os assuntos.Graças a Deus já tive o privilégio de assistir a algum filme no Cine Busch.Agora pena que não deu pra ver nos demais cinema em especial alguns que me chamaram a atenção.Cine Garcia,Cine Blumenau e o Cine Carlitos (Chaplin faria 120 anos dia 16 desse mês).Claro que mesmo sem ter visto grande clássicos na tela grande do cinema.Sempre que posso assisto aos filmes do Cine Arte que passam na Fundação Cultural de Blumenau.Sem esquecer que tenho uma amizade e um carinho especial pelo Sr. Herbert Holetz (Que teve sua época de gerenciamento no Cine Busch),um homem de bom gosto pelo cinema e quem tem muito a nos ensinar.Fico também fascinado por outros nomes do Cinema Blumenauense entre eles Carlos Braga Mueller,Walter Mogk,Willy Sievert.Parabéns Sr. Day pela matéria que está excelente.Assim como vocês também sou um amante do verdadeiro cinema e sinto uma tremenda melancolia da falta dos cinemas de rua.Parabéns.
    João Pereira

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  6. Blumenauense radicado em Cuiabá, desde o inicio da década de 90, parabenizo o autor pela matéria. Lembro que, a ultima vez que assisti cinema ao ar livre (cinema de rua) aconteceu na Rua XV de Novembro, num domingo a noite, em frente da antiga CASA DO AMERICANO, poucos se lembrarão disso. Um abraço. Saudades da terrinha
    GILBERTO LUIZ SLIWIENSKI
    sliwienski@hotmail.com

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  7. Bela matéria, como sempre. Mas me diz uma coisa, por que o famoso cantor de Rock/Punk/New Wave, o inglês Elvis Costello, está fazendo ali no meio das fotos de filmes antigos?

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