ANTIGAMENTE ERA ASSIM... TIMES DE FUTEBOL COMO O PALMEIRAS, OLÍMPICO E AMAZONAS TINHAM ATÉ SEUS HINOS.
Uma raridade, hinos dos três primeiros clubes oficialmente registrados em Blumenau. Texto e colaboração do Escritor e Jornalista Carlos Braga Mueller.
Palmeiras 1971
Em pé da esquerda para a direita: Brito, Duía,Leme, Adão, Coral e Alvacir.
Agachados: Zinho, Nelson, Sérgio, Luis Carlos e Tarcisio. Em 1919 Blumenau viu nascer oficialmente três times de futebol. Primeiro, no dia 19 de julho daquele ano, surgiu o Brasil Esporte Clube, depois Palmeiras E.C. e finalmente BEC - Blumenau Esporte Clube, de saudosa memória.
G.E. Olímpico 1964
Paraná, Orlando, Nilson Greuel, Barreira, Paraguaio e Jurandir (da E para a D), Capela (massagista), Lilá, Rodrigues, Mauro, Joca e Ronald. O técnico era o Aducci Vidal"
Em seguida, no dia 14 de agosto, foi a vez da Sociedade Desportiva Blumenauense, depois Grêmio Esportivo Olímpico, clube que existe até hoje, mas que desativou o futebol.
Amazonas Esporte Clube 1957
Em pé: Nilton Tobias de Aguiar, Ivo Mass, Jepe, Antonio Tillmann, Arlindo Eing, Cilinho, Oscarito e José Pêra.
Agachados: Erico Mass, Nicassio, Malheirinhos, Mayer, Filipinho e Amadeu.
O terceiro time blumenauense foi o Amazonas EC, do bairro do Garcia, fundado em 19 de setembro de 1919, mas que de fato era muito mais antigo porque existia desde 1911, muito conhecido pelo nome de "Jogadores do Garcia".
Mas por que Brasil, Blumenauense e o Amazonas depois mudaram de nome? Bem, é que em 1944, época de plena guerra mundial, o Conselho Nacional de Desportos baixou uma circular, de nº. 1, e algumas sociedades tiveram que mudar seus nomes. Não se podia usar denominação de símbolos nacionais ou nomes de cidades, estados e por aí afora.
Resultado: o Blumenauense passou a ser Olímpico, o Brasil foi batizado de Palmeiras, o Amazonas era Aymoré,( até 1952, quando passa a se chamar Amazona, suprimindo o “s”) mas a rivalidade em campo continuou a mesma.
Tratado carinhosamente de Palmeirinhas, o Palmeiras era o time mais popular da cidade. Ao Olímpico cabia a "missão" de ser o time dos ricos. Prova disso era a torcida palmeirense, a famosa "Farroupilha", constituída essencialmente pelos moradores da favela Farroupilha, que existia no Morro da Caixa D'Água, ao lado da ponte de ferro.
A historiadora Edith Kormann levantou dados muitos interessantes sobre o Palmeiras, inseridos em um dos seus livros sobre a história de Blumenau:
Edith também revela que no dia 29 de julho de 1944 o clube realizou um jantar no Clube Náutico América, para festejar os seus 25 anos de vida. A blumenauense Antonietta "Nitinha" Braga, autora da música "Hino do Palmeiras" recebeu um convite especial para a solenidade e lhe foram prestadas significativas homenagens.
Mas o Palmeiras tinha até hino? Pois é, tinha sim, e a letra, de Aldo Azevedo, "arrepiava" a torcida:
Estádio Aderbal Ramos da Silva 1962
"O Palmeiras Esporte Clube originou-se do Brasil Esporte Clube, fundado em 19 de julho de 1919. Inaugurou seu estádio no dia 3 de junho de 1928, com muita festa."
Hino do Palmeiras
I
Nossos onze "foot-ballers"
Que defendem nossas cores
São felizes quando jogam
E felizes nos amores
Estribilho
Nossos beques são trincheiras
O "Gol-Keeper" que parede
Tanto os "halfes", como a frente.
Mandam bolas para a rede
II
O verde-branco esperançoso
De uma vitória, conquista com lealdade
Irá lutando sempre orgulhoso
De ser no esporte o orgulho da cidade.
Então, não é de emocionar ? A letra está aí, mas a pauta musical infelizmente não foi localizada. Minha tia, Nitinha, autora da música, como disse acima, me deixou muitas partituras. Fiz uma busca, mas infelizmente não encontrei entre elas o Hino do Palmeiras. Provavelmente ficou no clube e com o passar dos tempos perdeu-se pelos ares, como afinal o próprio clube esfumaçou-se, depois de ter mais uma vez mudado o seu nome, desta feita para BEC - Blumenau Esporte Clube, isto em época mais recente. Mas tenho na lembrança os acordes do hino, que ela executava ao piano quando eu era criança. Tocava e cantava a letra, com aquele entusiasmo que revelava o quanto o futebol já foi importante para a comunidade blumenauense!
E vejam como ainda se cultuava os nomes tradicionais do "soccer" trazido dos campos ingleses: goleiro era "gol-keeper", os jogadores chamavam-se "foot-ballers", os “beques" e os "halfes" garantiam as vitórias.
Mas o coração dos torcedores blumenauenses palpitava cada vez mais forte e os outros times também tiveram seus hinos, suas marchinhas, que caracterizavam a euforia das torcidas em dias de jogo.
Estádio do Olímpico 1962
Inaugurado em 09/10/abril/1939 - torneio em que participaram diversas equipes: Brasil (Palmeiras), Blumenauense (Olímpico), Altonense, Bom Retiro e Amazonas. O torneio foi vencido pelo Amazonas do Bairro Garcia.
Hino do Olímpico: Autor do Hino Márcio Volkmann/Edson da Silva
Forte és, alvi-grená
Por tua história, teu valor
Pela camisa reluzente
Pelo grito do torcedor
Estribilho
Olímpico, Olímpico,
O teu verbo é vencer
Olímpico, Olímpico
És a razão do meu viver
A baixada das conquistas
Na Alameda das vitórias
Fez surgir esse gigante
Uma paixão de muitas glórias
(repete o estribilho)
Para quem quiser ouvir,
Com orgulho vou cantar
É grená meu coração
Para sempre vou te amar.
(repete o estribilho)
Imagem do Estádio do Amazonas 1964. Inaugurado neste local em 1926
Hino do Amazonas:na verdade uma marchinha elaborada pelos atletas após uma vitória por volta de 1953, sobre o time do Progresso , no campo do Progesso hoje Canto do Rio -quando do retorno .
Passa pra lá
Passa pra cá
Arreda do caminho que o Amazonas quer passar
Nosso goleiro é um destemido
Os nossos beques de real valor
Alfaria vai chutando pra frente
E a nossa linha vai marcando gol
E assim era a Blumenau de algumas décadas atrás, uma cidade pacata, mas que fervilhava com o seu futebol.
Texto Carlos Braga Mueller/escritor e Jornalista
Arquivo de Adalberto Day/Tarcisio Torres.