sexta-feira, 29 de agosto de 2008

- Miss Blumenau 2009

Beleza Blumenauense E o título de Miss vai para...Cintia Daniela Pereira
Fotos: ABLUDEF e Patrick Rodrigues
Blumenau - Cintia Sabrina Goldacker, 24 anos, é a mais nova representante da beleza da mulher blumenauense. Escolhida ontem à noite no Teatro Carlos Gomes entre 10 candidatas, a moça, natural de Blumenau, tem algo em comum com outra nobre cidadã. Ela tem 90cm de busto, 58cm de cintura e 90cm de quadril, as mesmas medidas que Vera Fischer (Miss Brasil 1969 de Blumenau) tinha quando também foi Miss Blumenau.De biquíni e em traje de gala, Cintia pôde mostrar as formas e a elegância com que vai representar a cidade fora dos limites do município e do Estado. Quando perguntada sobre o que os visitantes não podiam deixar de conhecer na cidade, ela logo lembrou do Parque Vila Germânica, que além de ser o palco da maior festa das tradições germânicas nas américas, também recebe eventos do turismo de negócios.Além da beleza das candidatas, a animação de familiares e amigos também marcou a noite no Teatro Carlos Gomes. A cada entrada na passarela, salvas de palmas e gritos de incentivo eram ouvidos. No final, a emoção ficou por conta da família Goldacker, que, desde o anúncio do nome de Cintia, não parou de comemorar, tanto no salão quanto ao telefone, avisando aqueles que não puderam comparecer.
- Publicado no Jornal de Santa Catarina - Blumenau, 29 de agosto de 2008. Edição nº 11402
Foram dez candidatas, com idade entre 18 e 24 anos, sendo que cada moça representou uma entidade de Blumenau.
01) Aline Fischer (18 anos) - Rede Feminina de Combate ao Câncer
02) Aline Pereira (18 anos) - Casa São Simeão
03) Cintia Sabrina Goldacker (24 anos) - Casa da Amizade
04) Desirée Popper (19 anos) - Associação Blumenauense de Luta Contra o Câncer (ABLUCAN)
05) Juliana Amarante (24 anos) – Associação Blumenauense de Amparo ao Menor (ABAM)
06) Jussara Schwanz (20 anos) - Casa de Apoio às Crianças Portadoras de Neoplasia
07) Naiane Nunes (21 anos) - Associação Renal Vida
08) Nayara Koehler (20 anos) - Clube de Mães Paz e Amor
09) Vanessa Chacorowski (19 anos) - Associação Blumenauense de Deficientes Físicos (ABLUDEF)
10) Vanessa Schlindwein (21 anos) - Fundação Pró-Família
A segunda colocada foi Vanessa Chacorowski (eleita Miss simpatia) que representou a - Associação Blumenauense de Deficientes Físicos (ABLUDEF)
Arquivo de Dalva Day/Patrick Rodrigues/Jornalista Daniela Pereira

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

- O Cinema em Blumenau – Parte V

Mais uma participação exclusiva do renomado escritor e jornalista Carlos Braga Mueller, que hoje nos presenteia com texto sobre Cinema – O Cine Mogk da Itoupava Norte.


WALTER MOGK, MÁGICO, EXIBIDOR, SONHADOR!
Durante 45 anos o bairro da Itoupava Norte, em Blumenau, teve o seu cinema. Timbó, Indaial, Pomerode e Gaspar, também. E todos levavam a marca de Walter Mogk, um homem simples, inteligente, que amava os espetáculos, principalmente o cinema.

Foto:Gilberto Viegas
Quem conheceu o “seu Mogk” já sessentão, não podia imaginar a vida fantástica que ele havia vivido.
Sua História:
Seu pai, Karl, era oficial do exército alemão e no começo do século 20 servia no território africano, região da atual Namíbia, onde casou com uma conterrânea e ali constituiu família. Walter foi o primeiro filho varão do casal e quando nasceu, o pai o estendeu em seus braços em direção ao por do sol, enquanto falava emocionado:
“Este é meu amado filho, África... e esta é minha amada África, meu filho.”
Mas veio a primeira guerra mundial e a situação mudou para os Mogk. Perdida a guerra, tiveram que retornar para a Alemanha, perseguidos pelos ingleses, que dominavam aquela parte da África. Todavia, também a Alemanha estava arrasada pela guerra. Veio então a idéia de se procurar uma nova terra, quem sabe parecida com a África: a América do Sul, o Brasil.

Antes de viajar para a o Brasil, o jovem Walter conheceu um velho mágico chamado Opialek, que lhe ensinou todos os truques de magia que conhecia. Opialek havia sido famoso e agora amargava o ostracismo. Não só ensinou tudo a Walter como lhe presenteou com os seus equipamentos de mágica.
O Brasil esperança
Enquanto o pai trabalhava de sol a sol, o jovem Walter revelou propensão à música e foi aluno do maestro Heinz Geyer. Começou a construir violinos, que tinham excelente sonoridade. Mas um dia, visitando o interior do Vale do Itajaí, não conseguiu refrear seu enorme desejo de ser mágico: tantas localidades carentes de diversão excitavam o seu imaginário...
E com as aulas que recebera de Opialek marcou sua estréia como mágico para a pequena localidade de Aquidaban, hoje Apiúna.
Foi aplaudido e não parou mais: com o nome de OKAHANDJA viajou por grande parte do Brasil, e até pela Argentina, tendo inclusive se apresentado no mais famoso circo da época, o Sarrasani.
O Cinema

A maioria dos espetáculos de mágica de Okahandja era dividida com filmes de cinema.
Na primeira parte o “salão” era ocupado pelo mágico, depois começava a exibição de um filme.
Programa de “palco e tela”, como era chamado. De tanto ver os filmes e acompanhar o sucesso que eles faziam, Walter pensou seriamente em montar um cinema só para ele. Comprou um aparelho de projeção, fez sociedade com um cidadão em Curitiba e instalou um cinema no Bacacheri.
Não deu certo. O sócio o passava para traz nas finanças. Mogk pegou seu equipamento e o trouxe para Blumenau.
Seus pais tinham montado um salão de baile perto da Tecelagem do Sr. Kuenhrich, na outra margem do rio, conhecida como Itoupava Norte, e onde só se chegava de balsa. E foi nesse salão que ele começou as suas exibições cinematográficas.
A primeira sessão aconteceu no dia 3 de setembro de 1941 com o filme “O Tirano de Alcatraz”. Cadeiras de palha, um só projetor, Walter era sempre obrigado a fazer uma ou mais paradas para mudar os rolos da película. Para aproveitar o mesmo filme, o jovem exibidor inaugurou outras salas nas cidades vizinhas. E assim, surgiram os cinemas de Pomerode, Indaial e Timbó. E depois o de Gaspar. Eram os “Cines” Mogk ! O filme passava domingo à tarde na Itoupava Norte. Logo em seguida era despachado de ônibus, ou alguém levava, para Pomerode, onde tinha sessão à noite.
Outro filme, que estava em cartaz sábado à noite e domingo de tarde em Indaial, seguia para Timbó, bem pertinho, para ser exibido no mesmo domingo, à noite. Com o tempo, o fordeco da família fazia todo este trabalho. E nos dias de semana, Walter ainda percorria vários salões do interior, exibindo os mesmos filmes.
Em 1968 Walter Mogk e os filhos Ralf, Haraldo e Ingo inauguraram o “novo” Cine Mogk da Itoupava Norte.

Todos os equipamentos de projeção, de som e inclusive as poltronas estofadas, eram de fabricação própria, levavam a marca Mogk. Depois da enchente de 1983, veio a de 1984. A televisão tinha dado um baque nos cinemas, que estavam fechando nas cidades e nos bairros. Assim, em setembro de 1986, com “Rambo II” atirando na tela, Walter Mogk foi abaixando definitivamente as portas do seu cinema da Itoupava Norte. Os de Indaial, Pomerode, Timbó e Gaspar já tinham paralisado bem antes.
Fechava-se assim, de forma melancólica, mais uma página da história do cinema em Blumenau.
Arquivo Adalberto Day/participação especial do Escritor e Jornalista Carlos Braga Mueller

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

- Família Dias


Em pé: Ledir Maçaneiro, Maria Tereza Dias, Lenir Duque,Jorge Roberto Dias, Zé Valdir, José Oliveira Dias e Marcos Aurélio Dias.Sentados: Ludgéria Habiztreuter, Eduardo Dias e Doraci Dias.
- Um pouco de sua história :
Em 2007, entre as muitas atividades e apresentações, destaca-se a produção de seu primeiro DVD. Gravado no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau, o trabalho apresenta um pouco da história do grupo, a origem do Terno de Reis, uma autêntica visita nas casas e a encenação do Nascimento do Menino Jesus, tudo ao som de músicas de Terno de Reis, culminando num belo show feito pela FAMÍLIA DIAS. - A participação do grupo em festivais do gênero e a organização do 1º, 2º,3º,4º e 5º Encontro de Ternos de Reis (2002,2003,2004,2005 e 2006, respectivamente) em parceria com a Fundação Cultural de Blumenau, têm como objetivo o resgate e o registro da cantoria de Terno de Reis, conservando a tradição do povo açoriano, a exemplo da tradição italiana e alemã no Vale do Itajaí. Esses valores foram trazidos pelos antepassados que não esqueceram suas raízes. - Em agosto de 2006 a FAMÍLIA DIAS participou do Festival Viola de Todos os Cantos, promovido pela EPTV, na cidade de Limeira / SP (mais de 1.800 músicas inscritas), conquistando a 2ª colocação com a música “ A VIOLA E A SAUDADE”, COMPOSIÇÃO DE Zé Valdir, o que veio colocar o nome de Santa Catarina no cenário musical brasileiro. Coordenador José Oliveira Dias. Texto relativo ao DVD intitulado Terno de Reis em cena de 2007.
A tradição do Terno de Reis vem sendo cultivada pela FAMILIA DIAS há mais de 85 anos. Prova disso é que por volta de 1919, na cidade de Tubarão SC, Oliveira Moisés Dias ( o “Dindinho”) já reunia irmãos, primos, tios, entre outros, formando um modesto grupo de Terno de Reis que saía pelas noites nos meses de dezembro e janeiro a cantar versos sobre o Nascimento do Menino Jesus e a visita dos Reis Magos, com o improviso para o dono da casa, como manda a boa tradição dos Ternos. O “Dindinho” casou-se e foi com a família para a região de Presidente Nereu / SC onde continuou preservando a cantoria. Os filhos foram crescendo e aprendendo com o pai o valor de cultivar os costumes dos povos de além-mar. Quando a família mudou-se para Blumenau, em 1956, os filhos encontraram aqui outras famílias oriundas das praias catarinenses (local de maior povoação açoriana) reuniram então os parentes e continuaram cantando, agora com mais motivação, o Termo de Reis.
Ao longo de 35 anos a FAMÍLIA DIAS, agora formada com os netos e bisnetos do “Dindinho”, liderada por José Oliveira Dias, um dos filhos mais novos, faz apresentações de Terno de Reis em Blumenau, Santa Catarina e também pelo Brasil, o mesmo acontecer ando com maior intensidade no final do ano, em dezembro e janeiro.
Sempre munidos de violão, viola, acordeons, chocalho, cavaquinho, atabaque...e cantadores, as apresentações do GRUPO FAMÌLIA DIAS (homens, mulheres e crianças) acontecem geralmente após as 23 horas, quando cantam na porta das casas de amigos, parentes e pessoas que são apresentadoras do Terno, estendendo-se noite a dentro, numa confraternização muito peculiar.
- No ano 2000 a FAMILIA DIAS fez um trabalho de resgate e registro da cantoria de Terno de Reis que resultou na gravação do primeiro CD do grupo intitulado “ANUNCIANDO O NATAL”, oportunizando apresentações da tradição em diversos espaços culturais. Em 2002 a FAMILIA DIAS gravou seu segundo CD: “A ESTRELA QUE BRILHOU”. Em 2004 produziu o terceiro: “NA PORTA DA SUA CASA”. Em 2005 produziu o CD Sertanejo com músicas raiz, intitulado FAMILIA DIAS CANTA “LEMBRANDO O SERTÃO”. Já em 2006 lançou o quarto CD de Terno de Reis com o nome “PRESÉPIO VIVO”. Das 56 músicas gravadas nos quatro Cds de Ternos de Reis, 37 são de autoria ou parceria com componentes do grupo.
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quarta-feira, 20 de agosto de 2008

- Uma artesã de rara habilidade


- Blumenau perdeu em 19 de fevereiro de 1994 um de seus mais impressionantes talentos artísticos. Falecia, depois de uma árdua luta contra o câncer, Elke Hering. Mesmo com a saúde debilitada, nos últimos meses de vida, como diretora da Fundação Casa Doutor Blumenau, lutava pela instalação de um centro cultural no prédio da antiga prefeitura.
O Museu de Arte de Blumenau IMAB), na renovada prefeitura velha, possui uma sala dedicada à hábil artesã que trouxe a modernidade artística para o Vale do Itajaí,e, consequentemente, a Blumenau. Elke Hering e sua arte serão homenageadas em um ambiente próprio, que trará informações sobre sua vida e obra. Nascida em Blumenau no dia 10 de agosto de 1940, a filha de Eulália e Victor Max Hering saiu da cidade com 15 anos, para estudar arte em Munique, na Alemanha. Voltou transformada: as roupas negras, a independência e a rebeldia acabaram se transferindo para a sua arte. Era algo diferente de tudo o que havia na cidade. Novas formas e novas matérias-primas traziam o moderno.
Inicialmente, foi estudante de Lorenz Helimair, o qual auxiliou na execução de vitrais religiosos em Blumenau, além de realizar trabalhos similares em Porto Alegre, no ano de 1959. Nos dois anos da primeira passagem por Munique, estudou escultura com o professor Anton Hiller. Em Salvador (BA), foi aluna por um ano do escultor Mário Cravo Junior, e realizou um estágio no ateliê do artista, em 1961. Algum tempo depois, voltou para Munique para estudar belas artes com o dinamarquês Robert Jacobsen.
Elke era uma lutadora, e batalhava pelo que acreditava. Não havia melhor espírito para uma artista completa. Pinturas, desenho, escultura em madeira, tapeçaria, mármore e bronze: peças e matérias-primas das mais diversas que, em suas mãos, adquiriam formas únicas. Mas, a partir de meados dos anos 80, escolheu um grande desafio: trabalhar com o cristal.
A escultora decidiu que queria dominar aquele magma transparente, que saía a 1.600 graus centígrados da fornalha. Sentada em um banco, e munida de tesoura, espátula, pá de madeira e pinça, dava forma aos cristais. Aos operários da Cristais Hering, onde suas peças, sugeria que cada objeto fosse visto como uma obra artística, própria. Mesmo aqueles que, pela visão da escala industrial, apresentassem defeitos.
Uma de suas obras mais conhecidas pelo grande público é o Colete Espacial. Por muitos anos, a escultura deu boas-vindas a quem chegava à parte central da cidade, no cruzamento entre a Rua XV de Novembro e Alameda Rio Branco. As mudanças no trânsito do Centro, no entanto, ceifaram a obra de seu antigo lugar.
Suplemento do Jornal de Santa Catarina, sábado 2/setembro/2000 Volme 3 – Personagens, lugares e construções.
Arquivo de Adalberto Day

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

- Lembranças e futuro do Morro Spitzkopf. Parte I

Hoje temos o prazer dentro do nosso quadro histórias de nosso cotidiano, apresentar um belíssimo texto do nosso ecólogo e ambientalista Lauro Bacca. Desde garoto Bacca se tornou amante e defensor da natureza - até os dias correntes Em sua narrativa, nos brinda com sua experiência pelos rincões de nossas matas, morros, e ambientes dos mais belos de nosso Bairro Progresso no Distrito do Garcia.
Histórias de nosso cotidiano
Por Lauro Eduardo Bacca
Não lembro bem quando ouvi falar do morro Spitzkopf pela primeira vez, mas com certeza foi ainda na minha infância. Um dia, isso lembro bem, o assunto mereceu comentários em aula, da inesquecível professora Aurora Dorigatti, de quem fui privilegiado aluno no quarto ano primário, do Colégio Sagrada Família, em Blumenau. A partir daí, pouco a pouco, a menção de dona Aurora ao “morro mais alto de Blumenau”, passou a exercer mais que uma atração, um verdadeiro fascínio sobre mim.
Conversas em família, suscitadas por perguntas curiosas de minha parte, completavam de quando em vez alguma vaga informação nova sobre o assunto. Criança já com interesse despertado para a natureza, avistava, da janela dos fundos do segundo andar de nossa casa, na Rua Amazonas, no. 1.204, um morro aparecendo bem ao fundo, quase que escondido pelo encontro de outros dois morros mais próximos à sua frente. “Só pode ser aquele”, vivia dizendo para mim mesmo. Mas não era, como descobri mais tarde.
Quase esquecendo o Spitzkopf, acabei, por alguns anos, elegendo um insignificante morro, porém bem mais próximo que também avistava dos fundos da casa de minha infância, como a minha “montanha” particular, por cujo flanco dorsal, soube depois, sobe a Rua Epitácio Pessoa, entre os bairros Jardim Blumenau e Vila Formosa, fundos da Alameda Rio Branco, em Blumenau.
O tempo passou e eis que chegou a oportunidade de conhecer e “escalar” o famoso Spitzkopf pela primeira vez. Foi num passeio promovido pelo saudoso Professor Lothar Krieck, com seus alunos da 1ª. Série B (minha turma) e outros de outras turmas, do Colégio Pedro II de Blumenau. A grande aventura aconteceu nos dias 12 e 13 de novembro de 1966. Clóvis Barbieri, Eriberto Dalla Rosa, Ana Ramers, Evelásio Paulo Vieira, Germano Beduschi Jr, Guido Kurth, Luis Augusto Bayer Gomes, Marcos Leyendecker, Nelson Odair Pereira, Oscar Jenichen, Osmar Machado, Paulo Michels Bento, Ronaldo César Schork, Wilson Pereira e tantos outros, faziam parte daquela turma, a maioria tendo participado da aventura.
Pedra no Morro do Spitzkopf.
O transporte, sem as rigorosas leis de trânsito atuais, aconteceu com todos livres e soltos em meio à bagunça dos pertences e tralhas, sobre a carroceria aberta de um dos caminhões da Transportadora Labes. O motorista foi Osmar Labes, colega do curso noturno com habilitação para dirigir recém-obtida. Num ponto a cerca de um km antes da entrada da propriedade de Udo Schadrack, dono do pico e grande parte do morro, todos desembarcaram. A partir da empresa Artex, no início do bairro Progresso, é bom lembrar, as ruas eram pouco ou nada pavimentadas.
A subida foi inesquecível. O colega Theo Falce, que já conhecia o acesso, ficava explicando quanto faltava para chegar. Quase ninguém tinha as modernas mochilas e apetrechos que hoje facilitam as caminhadas. Bebidas geladas foram penosamente carregadas por todo o trajeto de 7 km de subida, numa pesada geladeira portátil (isopor?), pendurada feito liteira num improvisado galho comprido e resistente, apoiado nos ombros de heróicos carregadores que se revezavam. Não se cumpria à conduta consciente em ambientes naturais e muitos deixaram seus nomes ou iniciais gravados em paredes e pedras, algo que não sabíamos (e nem fomos alertados pelo professor), ser absolutamente condenável e atualmente simplesmente inadmissível.
Após essa primeira subida, seguiram-se muitas outras, num total de setenta e uma até o momento, computadas apenas as que foram feitas a pé. Em 11/11/2006, junto com vários amigos, comemorei 40 anos daquela primeira subida ao Spitzkopf. Tencionava completar e comemorar logo a centésima subida, sempre premiado, ao final dos esforços, pela contemplação impagável de uma das mais espetaculares paisagens que existem no Vale do Itajaí, do alto do seu pico de 913,98 metros acima do nível do mar (altura oficial IBGE/ Cartografia). Nos últimos anos, porém, este prazer vem sendo afetado pela presença nada agradável de motocicletas, seus barulhos e desagradável odor de fumaça, trânsito de alguns veículos que danificam e facilitam a erosão na estrada/caminho de acesso, visitantes pouco conscientes que sufocam o silêncio da natureza com músicas emitidas de seus aparelhos portáteis e outros inconvenientes. Isso afasta os verdadeiros amantes da natureza, que sabem respeitá-la como ela é e que procuram lugares belos para apenas contemplá-la e ter a sensação de fugir por uns momentos da civilização.
Conheci o Spitzkopf e ali curti muito do que melhor há para ser curtido junto à natureza primitiva, ainda num tempo em que lá havia um confortável abrigo com muitos beliches com colchões de palha, cozinha com fogão a lenha anexa e engenhoso maquinismo de obtenção de água através de um balde conduzido por roldana e pendurado num resistente arame até uma nascente localizada 100 metros abaixo do lugar da cabana que servia de abrigo. Praticamente tudo igual ao que foi construído no início da existência do "Spitzkopf Club", no longínquo ano de 1929. A visitação acontecia sob rigoroso controle pessoal do proprietário, Sr. Udo Schadrack.
Atualmente o morro Spitzkopf está incluído dentro do perímetro do Parque Nacional da Serra do Itajaí e, se depender do que se espera do Plano de Manejo do Parque Nacional, ele deverá passar a ser talvez a mais importante atração dessa nova e importante Unidade de Conservação da Mata Atlântica brasileira, localizada no médio Vale do Itajaí. Com muitos visitantes e muitos atrativos. Mas também com muito respeito e contemplação da natureza, comprovando ser viável o desafio de permitir o acesso à Natureza ao maior número possível de pessoas, sem, no entanto desvirtuar os princípios que regem a conduta consciente dos visitantes de ambientes naturais.
Lauro Eduardo Bacca – ecólogo e ambientalista; presidente da Associação dos Proprietários de RPPN de SC; garciense.
Arquivo Adalberto Day e João Carlos Day

sábado, 16 de agosto de 2008

- Jornal "O GARCIA" Edição nº 1


- A primeira edição do Jornal O GARCIA, já está fazendo sucesso em todo Distrito do Garcia. O Jornal será distribuído gratuitamente à comunidade e será mensal.
Õnibus apelidado de o Gostosão
O Jornal contará com 12 páginas coloridas com assuntos de interesse de nossa comunidade do Grande Garcia. Nesta edição número 1 – ano 1 , enfoca os seguintes assuntos:
1 - Capa
2 - Editorial:, imagem do Mês
3 – Clubes e Associações de Bairros
4 e 5 – Geral: Musicas, esportes, O Novo Ambulatório Geral Garcia, O BEC está de volta,- CSU – Hercílio Deeke
6 e 7 – História do Garcia
8 e 9 – Aconteceu – Cobertura dos principais eventos do mês de julho , agenda de agosto e social.
10 – Entretenimento: Vídeos e Piadas
11 – Especial: As olimpíadas que você não viu
12 – Gente do Garcia: Adalberto Day e Valdemar o Sapateiro.

Se você não conseguir ler a nota na coluna - abaixo a nota na integra:
O Novo - Ambulatório Geral Garcia com Nome, Orgulho e Justiça.
Irmã Marta Elisabetha Kunzmann, a inesquecível “Schwester Marta – o Anjo Branco”, como era carinhosamente e popularmente chamada por todos. Dedicada e voluntária freira que nas décadas de trinta a sessenta contribuiu ativamente para a saúde da população deste bairro, principalmente, como exímia parteira, trazendo à vida milhares de bebês, que hoje conquistam este precioso Ambulatório e a homenageiam, com a escolha de seu nome, com orgulho e justiça.
A construção deste Ambulatório, prometido há vinte anos foi provisoriamente adaptada ao CSU Hercílio Deeke, local totalmente impróprio para esta atividade. Após muitas tentativas de solução por parte das Associações de Moradores, Conselho de Desenvolvimento e Comunidade regional, todas frustradas, finalmente, a partir de 2007, com a Constituição da “Comissão Pró-Construção do AG Garcia” aglutinando as forças anteriores com as dos Conselheiros da Saúde e demais personalidades da Comunidade, empreendeu-se estratégia firme e certa que possibilitou, definitivamente, o encaminhamento e a execução deste novo AG Garcia.
Com um amplo, moderno e correto projeto, elaborado exclusivamente para a instalação deste em área total de 2000 m², no prédio que abrigava anteriormente o Clube América e Refeitório - Artex terá sua primeira etapa, correspondendo a 60 % da obra, pronta e funcionando até setembro deste ano de 2008, e abrigará toda a estrutura atual em funcionamento, incluindo-se toda a enfermaria, odontologia, áreas para atendimento médico e assistência social e que já solucionará, com folga, a necessidade de demanda atual do grande Bairro.
Estão de parabéns todos da Comunidade deste importante Distrito, especialmente da decisiva Comissão Pró-Construção, que estão convidando a todos para a inauguração programada para 12 de setembro de 2008.
Comissão Pró-Construção do AGG.
Presidente Carlos A. Salles de Oliveira
- Jornalista responsável é o professor Gervásio Luz
- Diagramador: Yuri Apolônio
- Designer Gráfico: Michael Diretot
- Gerente Comercial: Carlos Ubiratan
- Tiragem: 5000 exemplares
Caso você não teve acesso ao jornal, ligue para 3329-2143 ou
Arquivo de Adalberto Day.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

- Handebol de Blumenau

Duda Amorim orgulho dos blumenauenses 

Foto: LEE JIN-MAN/AP
MARCOS CASTIEL/ Enviado Especial/Pequim Se tem um grupo que merece uma boa participação olímpica, este é o das meninas do handebol. O esforço para sair do patamar quase zero em nível internacional, para um panorama competitivo foi digno de heroínas. Este é um caso típico onde o importante não é só competir, mas, em primeiro lugar, consolidar a evolução. Do nada, até competir com chances diante das européias e asiáticas, foi uma missão assumida pelo técnico Juan Oliver. Missão quase impossível. E que deu frutos olímpicos, mesmo nas derrotas. ”Na madrugada brasileira, o choro não foi contido pelas jogadoras, entre elas Duda Amorim, de Blumenau, e Chana, goleira de Capinzal. E tinha também Pará, que atua em Blumenau. As três com atuação destacada. Mas ninguém brilhou mais do que Duda”. 
Jornal de Santa Catarina/12/agosto/2008
História:
Incentivada pela irmã mais velha, Eduarda Idalina Amorim. "Duda" começou a jogar handebol aos 11 anos, no Colégio Barão do Rio Branco, em Blumenau (SC), sua cidade natal.
- Altura: 1m86cm
- Data de Nascimento: 23/setembro/1986
- Posição: Armadora
O Handebol feminino de Blumenau é atualmente bicampeã da copa Brasil.
Foto : Blog Esporte Rio
A conquistada Copa Brasil foi muito comemorada pelas meninas de Blumenau, dedicando o título à armadora Fabiana Kuestner Gripa que deveria também estar nesta olimpíada. .

Fabiana Gripa
23/12/2013 | N° 13071
PASSE LIVRE | EVERTON SIEMANN
·        Ouro made in Blumenau O Brasil é campeão mundial de handebol pela primeira vez 2013 e Blumenau tem a melhora jogadora da competição. Aos 27 anos, Duda Amorim liderou o time na inédita e impecável conquista. Os troféus premiam o trabalho planejado e bem desenvolvido pela Confederação Brasileira de Handebol. Junta-se a ele o sacrifício de cada uma dessas meninas, que há alguns anos abriram mão do conforto de casa e da proximidade da família para jogar nos rincões da Europa, onde o handebol é mais estruturado e valorizado.
O sucesso de Duda é um misto de dedicação, suor e lágrimas com o trabalho desenvolvido nas categorias de base de Blumenau. Quando adolescente, deu os primeiros arremessos ao lado da irmã mais velha, Ana, defendendo as cores da cidade natal.

As equipes de base locais têm uma série de meninas repletas de talento e sonhos. O problema é que nos últimos anos os dirigentes da modalidade tiveram que mendigar apoio. E não só aqui. A Liga Nacional é a soma de esforços de amantes do esporte que se desdobram para colocar as equipes em quadra. Espero que após essa conquista o cenário mude.

 Lucas Amorelli / Agencia RBS

Orgulho de SC - Catarinense Duda Amorim é eleita a melhor jogadora de handebol do mundo de 2014.
Blumenauense é a segunda do país a conseguir o título da Federação Internacional da modalidade.
A brasileira Duda Amorim, nascida em Blumenau, foi eleita a melhor jogadora de handebol do mundo 2014, em eleição realizada pela Federação Internacional, que contou com a participação de fãs do esporte, via internet. 
Duda é a segunda brasileira a ganhar o prêmio. Em 2012, Alexandra Nascimento conquistou a premiação.

Duda obteve 35,2% dos votos, deixando Cristina Neagu, da Romênia, em segundo lugar com 25,8%. 
 
Adalberto Day

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

- Café no futuro AGG


- Hoje dia 11/agosto/2008, fomos convidados a participar de um café nas dependências do antigo Salão e Cantina Artex – Rua Progresso em Blumenau, onde está em fase de acabamento o novo AGG – Ambulatório Geral do Garcia e, como representantes da Comissão Pró Construção do AGG tivemos o orgulho e satisfação de constatar ao vivo, a admiração e aprovação dos convidados, presentes, com o bom trabalho e a soberba qualidade que já transparece nesta fase final desta importante obra, como também e, principalmente, o reconhecimento da importância desta, pela forma e pelo acertado local escolhido. Na oportunidade, com a presença da Direção e um grande número de profissionais da Secretária Municipal de Saúde e outras áreas, correlatas,foi apresentada em data-show a todos os convidados, o desenvolvimento operacional desta Obra desde seu início, os objetivos que se pretende alcançar e a importância que terá para toda a Comunidade do Grande Garcia e, logicamente, seguiu-se uma minuciosa visita a todas as instalações que estão sendo montadas e, que até princípio do próximo mês estarão concluídas . Hoje podemos constatar e confirmar através desse resultado, o quanto foi importante todo o esforço empenhado pela Comunidade, que se juntou destemidamente, agiu com garra, com perseverança, e se uniu através da Comissão Pró Construção do AGG, na luta por esta “preciosa obra para a Saúde”, demonstrando de forma clara e cabal que a força popular “consegue remover montanhas de obstáculos” e que os resultados serão diretamente proporcionais à coragem e a energia empregada. Hoje sentimos orgulho por temos, voluntariamente, empenhado todos os esforços, na busca de uma melhor qualidade de vida para toda a nossa Comunidade e, este tipo de “café”, temos a honra de estarmos sempre presentes.
CarlosASallesOliveira e Adalberto Day
Arquivo de Adalberto Day

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

- Hinos do Palmeiras, Olímpico e Amazonas.

ANTIGAMENTE ERA ASSIM... TIMES DE FUTEBOL COMO O PALMEIRAS, OLÍMPICO E AMAZONAS TINHAM ATÉ SEUS HINOS.

Uma raridade, hinos dos três primeiros clubes oficialmente registrados em Blumenau. Texto e colaboração do Escritor e Jornalista Carlos Braga Mueller.
Palmeiras 1971
Em pé da esquerda para a direita: Brito, Duía,Leme, Adão, Coral e Alvacir.
Agachados: Zinho, Nelson, Sérgio, Luis Carlos e Tarcisio. Em 1919 Blumenau viu nascer oficialmente três times de futebol. Primeiro, no dia 19 de julho daquele ano, surgiu o Brasil Esporte Clube, depois Palmeiras E.C. e finalmente BEC - Blumenau Esporte Clube, de saudosa memória.
G.E. Olímpico 1964
Paraná, Orlando, Nilson Greuel, Barreira, Paraguaio e Jurandir (da E para a D), Capela (massagista), Lilá, Rodrigues, Mauro, Joca e Ronald. O técnico era o Aducci Vidal"
Em seguida, no dia 14 de agosto, foi a vez da Sociedade Desportiva Blumenauense, depois Grêmio Esportivo Olímpico, clube que existe até hoje, mas que desativou o futebol.

Amazonas Esporte Clube 1957
Em pé: Nilton Tobias de Aguiar, Ivo Mass, Jepe, Antonio Tillmann, Arlindo Eing, Cilinho, Oscarito e José Pêra.

Agachados: Erico Mass, Nicassio, Malheirinhos, Mayer, Filipinho e Amadeu.
O terceiro time blumenauense foi o Amazonas EC, do bairro do Garcia, fundado em 19 de setembro de 1919, mas que de fato era muito mais antigo porque existia desde 1911, muito conhecido pelo nome de "Jogadores do Garcia".
Mas por que Brasil, Blumenauense e o Amazonas depois mudaram de nome? Bem, é que em 1944, época de plena guerra mundial, o Conselho Nacional de Desportos baixou uma circular, de nº. 1, e algumas sociedades tiveram que mudar seus nomes. Não se podia usar denominação de símbolos nacionais ou nomes de cidades, estados e por aí afora.
Resultado: o Blumenauense passou a ser Olímpico, o Brasil foi batizado de Palmeiras, o Amazonas era Aymoré,( até 1952, quando passa a se chamar Amazona, suprimindo o “s”) mas a rivalidade em campo continuou a mesma.
Tratado carinhosamente de Palmeirinhas, o Palmeiras era o time mais popular da cidade. Ao Olímpico cabia a "missão" de ser o time dos ricos. Prova disso era a torcida palmeirense, a famosa "Farroupilha", constituída essencialmente pelos moradores da favela Farroupilha, que existia no Morro da Caixa D'Água, ao lado da ponte de ferro.
A historiadora Edith Kormann levantou dados muitos interessantes sobre o Palmeiras, inseridos em um dos seus livros sobre a história de Blumenau:
Edith também revela que no dia 29 de julho de 1944 o clube realizou um jantar no Clube Náutico América, para festejar os seus 25 anos de vida. A blumenauense Antonietta "Nitinha" Braga, autora da música "Hino do Palmeiras" recebeu um convite especial para a solenidade e lhe foram prestadas significativas homenagens.
Mas o Palmeiras tinha até hino? Pois é, tinha sim, e a letra, de Aldo Azevedo, "arrepiava" a torcida:

Estádio Aderbal Ramos da Silva 1962
"O Palmeiras Esporte Clube originou-se do Brasil Esporte Clube, fundado em 19 de julho de 1919. Inaugurou seu estádio no dia 3 de junho de 1928, com muita festa."
Hino do Palmeiras
I
Nossos onze "foot-ballers"
Que defendem nossas cores
São felizes quando jogam
E felizes nos amores
Estribilho
Nossos beques são trincheiras
O "Gol-Keeper" que parede
Tanto os "halfes", como a frente.
Mandam bolas para a rede
II
O verde-branco esperançoso
De uma vitória, conquista com lealdade
Irá lutando sempre orgulhoso
De ser no esporte o orgulho da cidade.
Então, não é de emocionar ? A letra está aí, mas a pauta musical infelizmente não foi localizada. Minha tia, Nitinha, autora da música, como disse acima, me deixou muitas partituras. Fiz uma busca, mas infelizmente não encontrei entre elas o Hino do Palmeiras. Provavelmente ficou no clube e com o passar dos tempos perdeu-se pelos ares, como afinal o próprio clube esfumaçou-se, depois de ter mais uma vez mudado o seu nome, desta feita para BEC - Blumenau Esporte Clube, isto em época mais recente. Mas tenho na lembrança os acordes do hino, que ela executava ao piano quando eu era criança. Tocava e cantava a letra, com aquele entusiasmo que revelava o quanto o futebol já foi importante para a comunidade blumenauense!
E vejam como ainda se cultuava os nomes tradicionais do "soccer" trazido dos campos ingleses: goleiro era "gol-keeper", os jogadores chamavam-se "foot-ballers", os “beques" e os "halfes" garantiam as vitórias.
Mas o coração dos torcedores blumenauenses palpitava cada vez mais forte e os outros times também tiveram seus hinos, suas marchinhas, que caracterizavam a euforia das torcidas em dias de jogo.
Estádio do Olímpico 1962
Inaugurado em 09/10/abril/1939 - torneio em que participaram diversas equipes: Brasil (Palmeiras), Blumenauense (Olímpico), Altonense, Bom Retiro e Amazonas. O torneio foi vencido pelo Amazonas do Bairro Garcia.
Hino do Olímpico: Autor do Hino Márcio Volkmann/Edson da Silva
Forte és, alvi-grená
Por tua história, teu valor
Pela camisa reluzente
Pelo grito do torcedor
Estribilho
Olímpico, Olímpico,
O teu verbo é vencer
Olímpico, Olímpico
És a razão do meu viver
A baixada das conquistas
Na Alameda das vitórias
Fez surgir esse gigante
Uma paixão de muitas glórias
(repete o estribilho)
Para quem quiser ouvir,
Com orgulho vou cantar
É grená meu coração
Para sempre vou te amar.
(repete o estribilho)
Imagem do Estádio do Amazonas 1964. Inaugurado neste local em 1926
Hino do Amazonas:na verdade uma marchinha elaborada pelos atletas após uma vitória por volta de 1953, sobre o time do Progresso , no campo do Progesso hoje Canto do Rio -quando do retorno .
Passa pra lá
Passa pra cá
Arreda do caminho que o Amazonas quer passar
Nosso goleiro é um destemido
Os nossos beques de real valor
Alfaria vai chutando pra frente
E a nossa linha vai marcando gol
E assim era a Blumenau de algumas décadas atrás, uma cidade pacata, mas que fervilhava com o seu futebol.
Texto Carlos Braga Mueller/escritor e Jornalista
Arquivo de Adalberto Day/Tarcisio Torres.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

- A "Streichorchester"


A "Streichorchester" (orquestra de cordas) foi formada por volta de 1932 e se apresentava principalmente no antigo Cine Garcia e na "Casa das Irmãs" [Schwestern] . Um dos componentes é o senhor Oswaldo Hinkeldey, sentado à esquerda da bateria.Max Rudolf Wünsch (saxofone),

- Publicado no Jornal de Santa Catarina, dia 06/agosto/2008 – Coluna do Jornalista Sérgio Antonello
Antigo Salão Hinkeldey/Cine Garcia – "Casa das Irmãs" [Schwestern] . Esta casa foi moradia das irmãs que vieram da Alemanha e prestaram serviço social e espiritual aqui no Garcia até 1961.
O “Streichorchester Ideal” [orquestra de cordas] que seria a origem do futuro “Jaz Ideal”. Oswaldo Hinkeldey tocava violino e não havia somente instrumentos de cordas como diz o nome, mas havia também um saxofone e um clarinete. Era uma reunião de amigos que faziam música pelo prazer que esta arte proporciona. Não sabemos mais o nome de todos os integrantes. Esta orquestra evoluiu e no auge reuniu cerca de 30 músicos, passando então a denominar-se de “Jaz Ideal”. Desta orquestra participou também João Schulenburg, grande bandoneonista . Desde a origem da orquestra Oswaldo Hinkeldey era o 1º violino, ou seja, o “spalla”.
Arquivo Adalberto Day e Osmar e Waldemar Hinkeldey

domingo, 3 de agosto de 2008

- Russland III - Beirando o PARQUE NACIONAL


- Hoje novamente vamos apresentar uma belíssima crônica da escritora Urda Alice Klueger, falando sobre um tema ’A conhecida Nova Rússia ou Russulana”.
(Para Márcio e Sandro)

Tais minas estão a apenas três quilômetros desta pousada onde venho me abrigar, e quando saí, na tardinha, tinha a intenção de ir lá ver, e reviver, quem sabe...
Fiquei conversando com um velho morador que conhecia os Klueger, no entanto, durante tanto tempo, que quando fui vencer o último trecho do caminho, a noite caiu. Pelo que me disse uma outra rara moradora, eu estava chegando, mas voltei sem ir lá.
Há uns raros postes com lâmpadas acesas ao longo da estrada escura, muito distantes um do outro, e a estrada está mergulhada entre morros e ladeada de nascentes que se juntam num rio, e mesmo sendo de quarto crescente esta noite fria, em algumas curvas, onde as árvores eram muito altas, a escuridão era total, e eu acabei montando na minha imaginação e viajando no Tempo. Um dia também anoitecera ali, naquele lugar, quando um antigo povo ia por ali passando, e todos, homens, mulheres e crianças procuraram logo o lugar mais abrigado para passar a noite. Pensei: e se estivesse chovendo torrencialmente? Conheceriam os antigos moradores alguma gruta, alguma cova, algum abrigo onde se enfiar? Hoje a geografia está toda alterada por conta do colonizador – como teria sido um dia? Os abrigos estariam por ali desde tempos imemoriais, ou seriam construídos rapidamente, como aqueles que Sílvio Coelho dos Santos[1] nos conta em Índios e Brancos no Sul do Brasil?[2] Água não faltaria: aquelas nascentes todas e aquele rio estavam ali, decerto, há MUITO tempo!
Numa dessas curvas bem escuras, fui ultrapassada por uma van que transporta estudantes, e fiquei ali olhando como ela se escondia no breu de mais adiante, onde suas luzes traseiras vermelhas se multiplicavam muitas vezes na escuridão.
Desta vez, ao crepúsculo, eu caminhei em direção das Minas da Prata. Nem só em Potosi houve minas de prata na América – em Blumenau/SC, também as houve, e tomei o rumo delas, à tardinha, lembrando dos tempos em que era muito jovem, tinha meu primeiro fusca e vinha acampar diante das minas com minha irmã Margaret, mais os nossos vizinhozinhos Márcio e Sandro, garotos de primário, que estavam descobrindo a vida e aos quais eu ensinava a usar a imaginação, quando entravam de férias. É daquele tempo que me lembro das minas, já então abandonadas de há muito – como as de Potosi, sua prospecção se tornara antieconômica. Sobraram as bocas das galerias, e os túneis avistados lá dentro, pois era proibido entrar, por temor de desmoronamentos – mas havia toda uma magia ao ir-se lá – naquela altura, embalados pelos quadrinhos de Walt Disney, ficávamos a imaginar as minas do tio Patinhas. Éramos muito inocentes, então: não sabíamos dos 8.000.000 de índios mortos de fome e maus-tratos em Potosi. Mas lembro como qualquer pedra que se achasse no chão, podia ser quebrada com facilidade, e como o seu interior faiscava todo de veios de prata. O problema é que era muita pedra para pouca prata, o que fez os mineradores irem embora.
Índia Xokleng
- Como uma fogueira! – pensei. Sim, devia ser a mesma sensação – um grupo humano andando por ali – pois aquele caminhozinho provavelmente um dia foi uma trilha entre as nascentes e o rio – e alguém mais atrasado chegando no escuro, quando a fogueira já estava acesa! Foi como se visse lá, ao abrigo do fogo, os adultos e as crianças cozinhando e se preparando para passar a noite, e a grande sensação de conforto que sentiu quem vinha chegando atrasado, pois lá no fogo haveria abrigo, solidariedade, comida. Talvez fosse frio como hoje e as pessoas estivessem usando suas mantas de fio de urtiga, como há uma lá no Museu da Família Colonial[3], mas não chovia naquela noite da minha imaginação. Há coisas que devem ser atávicas dentro da gente: eu era capaz de sentir cada sensação daquela pessoa de muito tempo atrás avistando o conforto daquela fogueira no meio da escuridão de breu. Há que andar muito mais por este lugar que hoje chamam de Nova Rússia, pois aqui os vestígios da História ainda podem ser tão visíveis, tão visíveis! Basta à gente ter olhos de querer ver e atavismo no coração!
Blumenau, 13 de Maio de 2008.
Urda Alice Klueger /escritora
Arquivo: Adalberto Day/ – Guia de Blumenau
[1] Sílvio Coelho dos Santos: antropólogo, estudioso do povo Xokleng.
[2] Livro do mesmo autor.
[3] Museu da Família Colonial: em Blumenau/SC