Na foto:Maria Heiden, seus filhos, Valmor Heiden e Maria Julia Boos, a filha adotiva Elena (Lena) Rocha e Irene Alfarth.
Hoje vamos novamente apresentar o tema:
Por André Luiz Bonomini
- A antiga casa de Eugen Maier até hoje é lembrada, um verdadeiro “marco da entrada da Rua Guarapari”, até o fogo chegar.
- Rua Progresso, 2421 – Bairro Progresso em Blumenau. Durante anos, esse endereço ficou na história popular e do bairro, pela casa que lá ficava lembrada com alegria por muitos que a viram, criticada por muitos que a achavam um “incomodo”, uma “velharia”, aquele endereço fez parte da vida de muita gente, e em certa parte, da minha também.
Segundo meu avô, Godofredo Heiden, a casa ainda não existia teoricamente no terreno, seu dono, o carpinteiro faz-tudo Eugen Maier tinha outra casa, atrás desta. Mas após o falecimento de seu pai, Eugen e a família se mudaram para a Rua Rui Barbosa e colocaram aquela casa em aluguel para um comerciante de sobrenome Struck, e este, mas tarde passara para outro homem de sobrenome Piske.
Mas tarde, este homem passou o estoque desta venda para Inácio Borges, que assume a direção do pequeno armazém e resolve, em 1925 (aprox.) fazer a construção de um estabelecimento maior, que abrigasse a loja e sua casa própria, a casa assim surgia. Borges não era dono dela, ele ainda pagava aluguel a Eugen, o dono do terreno.
Depois de alguns anos, Borges passa o ponto para dois cunhados, de sobrenome Manske e Knopp. O armazém permaneceu até 1942 com eles, até Godofredo e seu irmão Paulo Heiden, comprarem o ponto, com o estoque e tudo mais da venda que havia dentro da loja. O sucesso era tremendo, o que era uma pacata mercearia tinha virado um armazém movimentadissimo. O movimento e a compra eram tantos que, mesmo aos domingos, era aberta uma janela na lateral da casa só para atender os clientes, que estavam dentro e fora do estabelecimento. Motivo óbvio era a única venda de grande porte da empresa Artex para cima no Progresso, pelo que se tem conhecimento. E também um dos mais “modernos”, contava até com uma “geladeira natural”, um porão de temperatura amena, onde se mantiam as bebidas em geral, e que as deixavam frescas como se fosse numa geladeira mesmo.
Mas em 1961, Godofredo passa para a moderna casa que construira ao lado da antiga, a família voltava a crescer, e era preciso mais espaço, a casa então voltava à família proprietária Para lá voltou o filho Heinz Maier, a mulher Magnólia Maier e filhos e a mãe de Heinz, Ida Maier, nota: Até hoje, na escritura original, o nome do proprietário ainda é de Ida Maier!
Eugen, que tinha criação de cavalos e outros animais, ficara sozinho na Rua Rui Barbosa (antigo Kroba). A sua morte foi uma das mais misteriosas, voltando do armazém de Godofredo, com os 2 quilos de milho que comprava para seus animais todo dia – e depois de alguns copos de cachaça – sumiu ao “tentar” entrar na ponte da Rua Rui Barbosa (a “ponte preta”), foi encontrado morto no dia seguinte, pelas crianças que iam para o colégio, deitado numa pedra, perto do leito do ribeirão, com o saco de milho nas mãos e como guarda-chuva pendurado no pescoço.
A família Maier assim ficou durante muito tempo, morando naquela casa, chegou-se até a abrir um pequeno botequim, mas o destaque ficou para o começo da “Radical Som”, empresa de som e sonorização de Cesar Maier que começara na frente da casa. Tendo depois seu endereço mudado para a Rua Santa Maria, bem na esquina com a Rua Ana Groh. Depois de algum tempo, a casa foi se esvaziando, Magnólia se mudara dali, Heinz Maier falecia e ficava ali apenas a tia de Heinz, Regina, que também deixaria a casa e iria para a Casa São Simeão, algum tempo depois.
A casa, abandonada na esquina virou sinônimo de incomodo, pois os moradores da Rua Guarapari e seus visitantes reclamavam da saída, além de virar abrigo de andarilhos e vândalos. No fim de tarde de 2 de maio de 2006 desencadeou-se um grande incêndio que consumiu mais de 80 anos de história em quase uma hora e meia, confesso que fiquei aterrorizado, nunca tinha visto um incêndio ao vivo, quanto mais assim perto de casa. Assim hoje, o que resta apenas é um terreno baldio, quem passa e mora lá perto já se acostumou a morar sem a casa, mas é impossível não deixar de lembrar dela, gerações passaram ali, e muitas não esquecem deste endereço: Rua Progresso, 2421.
*Godofredo Heiden (Nascido em 19/06/1913 e falecido aos 101 anos em 13 de outubro de 2014) é (foi) o último remanescente daquela época, avô de André Luiz Bonomini, é dele a maior parte das informações aqui descritas. Está (estava) com 95 anos e é (foi) o ultimo vivo que teve negócio na casa e o ex-morador mais velho da casa. Arquivo de Adalberto Day/André Luiz Bonomini. Colaboração Godofredo Heiden.
É Beto, se não preservarmos nossa história, ela vai acabar como essa casa: sumindo...
ResponderExcluirPelo menos temos as memórias dos nossos "antigos" e pessoas (como vocês) que tem vontade de registrá-las. Parabéns meeesmo!
Poxa, uma pena mesma esse "incêndio". Entristece-me isso pois vemos de um lado uma casa histórica genuína da cultura alemã sendo dizimada e ao mesmo tempo se construindo horrores de falsos enxaimeis na cidade, uma tristeza mesmo. Ainda estamos longe de alcançar um ponto cultural desenvolvido à cidade, falta respeito à nossa história. Adalberto pela postagem, é sempre importante relembrar nossa história, seja ela boa ou ruim, é preciso se saber.
ResponderExcluirSou Marcia Celina Maier, filha de Arian Maier irmao cacula do Sr, Eugenn Maier. Talvez o Sr, Adalberto Day, se vivo for ainda se lembre do meu pai. Estive algumas vezes nesa casa para visitar meu primo Heinz e sua esposa Magnolia, como tambem a irma de Heinz que morava na casa de tras com sua familia (Haroldo e filhos). Ao encontrar este texto hoje me emocionei ao ler parte da historia da familia de meu pai. Parabens e muito obrigada pelo registro
ResponderExcluirCorrigindo.... leia-se Sr. Godofredo, ao inves de Sr. Adalberto Day.
ResponderExcluirLudgero Amorim Lembro muito bem desta casa, inclusive do comércio que funcionava alí. como não moro mais em Blumenau, e a muito tempo não passo alí, pensava que ainda estava de pé. Uma pena.
ResponderExcluirTati Rosenbrock Belas memórias da Rua dos Santos! hoje Guarapari (nome sem algum significado para mim) e onde essa casa histórica tinha as raízes fincadas e que, lamentavelmente, não está mais lá. Restam as memórias afetivas e fotográficas. Obrigada, Sr Adalberto Day.
ResponderExcluirIsabel Marlene Rosenbrock Vieira Casa da entrada da minha rua primeira!
ResponderExcluirAli nasci, cresci, casei e meus filhos também nasceram nessa rua!
Mantemos nosso terreno onde meu avô dizia que seria nossa casa!
Hoje se transformando num espaço de lazer, onde Certamente reviveremos bons momentos!
Fizemos parte dessa história também
ResponderExcluirMeu pai Herbert Maier filho de Eugen Maier e Ida
Eu jaqueli minha irmã jocilene e minha mãe Celina ano 1966
Jefferson Luiz Dorow
ResponderExcluirMeu Pai falava muito da ponte preta ..que ia lá tomar banho heheh
Francisco Da Silva Junior
ResponderExcluirPopulação aqui não tem conhecimento da importância da preservação da história da região. Você vai na EU todo bem conservado. Futuro importância para conhecimento e turismo
Sandro Luiz Siegel
ResponderExcluirBoa tarde, ainda existe essa casa? Você se lembra da casa em estilo enxaimel que tinha no começo da rua Belém no bairro bom retiro? Essa casa foi demolida a mando da empresária Eveline dona a empresa Dudalina, a casa de ainda existe e fica na rua hermamm Hering no bom retiro, eu conheci ela, o marido e seus filhos e filhas, pois eu morei em frente da Hering por 36 anos
Ernandes Batista
ResponderExcluirE aos poucos nossa cidade vai perdendo parte de sua principal característica... No futuro seremos vc conhecidos por termos tido uma colonização de origem alemã e Italiana
Gilberto Peters
ResponderExcluirBoa noite Beto, então, esta casa com todo seu valor histórico, atrapalhava muito na saída da rua Guarapari. Hoje com um terreno baldio, poderia ser usado como (baia) para parada dos ônibus. Fato: onde tem hoje a parada, atrapalha totalmente o trânsito neste local. Quando este faz parada, tudo fica parado! Cadê os engenheiros de tráfico?!?Obs: tem um semáforo neste local.
Sabrina Jonathan
ResponderExcluirMuita polêmica nessa casa, com prefeitura e tals , até que em uma bela noite misteriosamente a casa pegou fogo
Sheila Reinert
ResponderExcluirQue pena que Blumenau acabou com quase todas casas típicas ! Hoje é praticamente nada do que tinhamos ! Quase nada foi preservado ! Dá uma dó ! Coisas lindas da colonização foram destruídas pra fazer coisas moderninhas .