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terça-feira, 30 de maio de 2017

- Como era o antigo “Bier Garden”

Como era o antigo “Bier Garden” da Praça Hercílio Luz
Entrevista realizada com o Sr. Leopold Neitzel
Por Sueli Maria V. Petry/diretora do Arquivo Histórico de Blumenau.
Natural da região de Fidélis, Blumenau, Leopold Neitzel nasceu no dia 12 de outubro de 1898.  Seus estudos foram realizados na Escola Particular Alemã de Fidelis. Foi aluno do Prof. Hermann Lang. Casou aos 36 anos com Ella Weise. Deste consórcio tiveram uma filha.
          Alfaiate de profissão, foi aprendiz de Leopold Laux o qual mantinha uma alfaiataria muito conceituada na Rua XV de Novembro. Aos 20 anos transferiu-se para Joinville, onde conseguiu emprego na Alfaiataria Torrens. Lembra Leopold Neitzel que naquela época, viajar era uma verdadeira odisseia, impossibilitado de pagar um carro de aluguel (táxi) que o levasse até Jaraguá do Sul, para pegar o trem que o conduziria a Joinville, fez que o trajeto a pé. Após permanecer por um período de 7 anos naquela cidade, retornou a Blumenau onde passou a exercer sua profissão com segurança. Abriu uma alfaiataria na esquina da Rua das Palmeiras, frente á antiga Ferraria Kielwagen. Sua especialidade na confecção de roupas para pessoas obesas garantiu-lhe uma clientela seleta. Durante dois anos trabalhou com 4 funcionários. O surgimento das confecções industrializadas enfraqueceu o seu oficio a tal ponto que se viu forçado a vender o empreendimento. Retornou a Joinville em busca de novo emprego. Nesta época eclodia a Revolução de 30. Este fato impediu-o de trabalhar e viajar a São Bento do Sul, ode tinha emprego garantido. Sem dinheiro, voltou para Blumenau. Recomeçou sua vida trabalhando no ramo da alfaiataria.
          Nas horas vagas trabalhou nas mais diversas profissões. Nos anos 38 a 40, trabalhou de garçom atendendo um convite que lhe havia feito o jardineiro responsável da Praça Hercílio Luz, Sr Fabian. Este jardineiro explorava os serviços de bar do pavilhão na lateral daquela praça, aproximadamente uns dois metros atrás, onde hoje está edificado o Monumento dos Voluntários da Pátria. Lembra o Sr. Leopold Neitzel que o pavilhão era muito frequentado pelos colonos que vinham do interior do município para vender seus produtos como ovos, manteiga, aipim, batata, melado, enfim, produtos que hoje encontramos nas feiras, mas naquela época eram vendidos de porta em porta, ou ainda por pessoas que vinham à Prefeitura  pagar seus impostos e resolver seus problemas.
          O pavilhão, segundo o Sr. Neitzel, tinha o formato redondo, aberto no andar superior e no inferior era utilizado para os serviços de bar. Neste bar servia-se café, doces, gasosa e outros. Lembra com saudosismo as marcas mais procuradas que eram as bebidas de Louis Probst a cerveja nacional de Otto J. Jensen , Hosang , E.G.Herrmann. No bar jogava-se baralho, fazia-se cervejadas entre amigos que ficavam muitas vezes, até altas horas da madrugada se confraternizando.
          A parte superior do pavilhão era destinada a apresentação de retretas que alegravam o ambiente nos dias de festas cívicas e concertos públicos. Em outros momentos esta área era utilizada pelos frequentadores do bar que subiam ao pavimento superior para apreciar o movimento e tomar a sua cervejinha. Lembra o Sr. Leopold, que a praça era bem conservada. Os trabalhos de limpeza ficava a cargo de um funcionário da Prefeitura que fora especialmente contratado para cuidar da ordem e limpeza da praça, diariamente. A praça era linda, com muitas árvores e canteiros que embelezavam o ambiente. Havia muito movimento, pois tudo se concentrava naquele local. Nos fundos, havia o Porto Fluvial, onde atracavam muitas lanchas que traziam mercadorias do Porto de Itajaí para Blumenau. O  Vapor Blumenau e o rebocador Santa Catarina eram os maiores. Estes além do constante transporte de mercadorias levavam e traziam passageiros. Destes, muitos faziam a sua parada obrigatória no pavilhão para tomar o seu café ou aguardar o vapor.
          Construído nos idos de 1919, na gestão do governo de Paulo Zimmermann, conforme a resolução 121 de 16 de abril daquele ano. O pavilhão conforme nos disse a filha do Sr. Mathias Fabian de acordo com a fotografia que lhe mostramos já era uma segunda construção. A primeira era mais simples e não havia a parte superior. Após a ampliação feita no governo de Paulo Zimmermann este passou a ser explorado pelo Sr. Fabian que fez um contrato com a Prefeitura. Foi também o mesmo projetista da disposição do jardim. Era formado em jardinagem na Alemanha e em nossa cidade responsável pelos trabalhos de embelezamento de vários jardins de residências dos grandes empresários. Lembra a filha que seu pai introduziu muitas árvores na praça. Discorda muito da nova dinâmica que se tem dado a mesma. O desativamento do Pavilhão ocorreu por volta de 1940 na gestão do Prefeito José Ferreira da Silva que não renovou o contrato.
Revista Blumenau em Cadernos; Tomo XXVIII; Fevereiro de 1987, nº 2 – Fundação Cultural de Blumenau. Arquivo HJFS.
Para saber mais acesse:

6 comentários:

  1. Bom dia Professor Adalberto. Praça Hercílio Luz me permita dizer que sempre foi mais linda quando dos anos citado ,e ate inicio dos ano 80. Praça Hercílio Luz onde as famílias visitavam e passavam suas tardes ou ate dias domingos inteiros, ou ate mesmo os comerciários em seu horário de almoço. Também Discordo muito da nova dinâmica que se tem dado a mesma.Do fim do de 1980 já começou a se usar a praça com intuito de lucros,e já não sendo mais a mesma Praça Hercílio Luz dos anos citados no texto e ate inicio dos anos 80. Abraço professor,como sempre brilhante. Como sempre digo Blog de ADALBERTO DAY É CULTURA.

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  2. Espero que este seja o email do Sr Adalberto Day. Eu tenho uma lembrança de que já falamos antes, há alguns anos, mas não tenho certeza. Eu sou descendente da família Scheeffer e da família Altenburg. Mas tenho muito pouca informação sobre o meu avo Gustavo Adolfo Scheeffer. Gostaria de saber mais, e acho que o senhor talvez me possa ajudar. Eu moro na Austrália já há 40 anos e não sei de onde começar a procurar. Agora que me aposentei gostaria de completar a minha árvore genealógica Meu avo tinha uma industria de madeiras Scheeffer.
    Olga

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  3. Muito bem sr Adalberto. Espero que esta reportaem muito bem feita a entrevista pela senhora Sueli Petry, seja o primeiro capitulo de muitos pois para em 1940 muitas coisas se passaram, eu por exemplo lembro muito pouco das belas passagem que ali se cruzou, por exemplo das esploração de areia com as lanchas cheias de areia quase indo ao fundo, quando ali com muito sacrificio os tiradores de areia com um belo fisico por força do servisos que executavam aparecia, jogando areia com uma pequena Pá de ferro e cabo de madeira tudo para cima do barranco do porto, para em seguida ser carregado atraves das carrosas até as obras que mostravam o progresso da Cidade, lembro com muita saudade dos treinos dos famosos ramadores do Clube do América, qu embelezavam este pobre Rio Itajai Açu esquecido no tempo por nossas autoridades que tanto prometem onde esta a Marinas a tempo prometidas?, lembro ainda do famoso benzidor Sr. Tobias que ali fazia seus grandes Benzimentos aos mais credulos e os curavam, ha lembro tambem do famoso Fotografo da famosa maquina de fotorafia Lambe-Lambe que fazia foto em 10 minutos para documentos, sabes ali tambem ja foi embelezada com um famoso calçadão num dia de domingo com muito apoio da população vamos reativar vamos nos encontrar nesta Praça Prefeito faça alguma coisa para que esta praça Viva.conte comigo para te ajudar estou a sua disposissão , abraços Valdir Salvador

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  4. Meu caro Adalberto,
    Veja você, o texto me faz lembrar da gasosa, e é claro do então troca -troca ante monetário.. Impossível imaginar as viagens de época mesmo tratando-se de pequena distância, que na época eram infinitas, devido as dificuldades que tinham. Com tudo um belo texto, e uma excelente história.
    Parabéns.
    Nilton Sérgio Zuqui


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  5. Beto!

    Lembro da praça quando no ano de 1960 a 1962 estudava no SENAI na rua São Paulo. Passava em frente de bicicleta todos os dias.
    Bons tempos.

    Abração

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  6. Salve, Adalberto. Frequentei a praça nas décadas de 1960/1970. Minha mãe era professora de Culto Infantil na Igreja do Espírito Santo e nos levava com ela, todos os domingos, numa caminhada dos fundos da Rua Bolívia até a igreja. Como recompensa, após o culto parávamos na praça, à qual chamávamos "Offentlicher Garten", pois antigamente havia uma placa no local com os dizeres 'Jardim Público'. Para nós era sempre uma festa, salvo nos períodos em que havia uma verdadeira praga de um tipo de lesma grande, colorida e 'cabeluda', pois temíamos que poderiam nos causar algum ferimento. Brincar de balanço, gangorra, carrossel e escorregador era sempre uma festa. A curiosidade, na época nunca saciada, ficava por conta do monumento aos soldados. Lembro que ficava com pena do soldado com expressão de dor por ter sido atingido. Boas lembranças da infância. Grande abraço!

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