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segunda-feira, 31 de março de 2014

- Jarra comemorativa FAMOSC

Publicado no Jornal de Santa Catarina em:
12/02/2014 | N° 13113
ALMANAQUE DO VALE | ÂNDERSON SILVA 
Esta jarra foi feita pela empresa Porcelana Condessa para a IV Feira de Amostras de Santa Catarina (Famosc), que ocorreu entre 23 de outubro e 7 de novembro de 1965. O local onde foi promovido o evento era conhecido como Famosc. Ele foi demolido e teve construído em seu lugar o Parque Vila Germânica. (Imagem: Acervo Adalberto Day, doado por Orlando de Oliveira e Edite de Oliveira Buerger).
História:
A imagem de 1965, mostra o antigo pavilhão "A" da PROEB - na época Administrado pela COEB - Comissão Organizadora de Exposições de Blumenau mais conhecida como FAMOSC - Feira de Amostras de Santa Catarina, demolido em 2005 - Atual Centro de Exposições Parque Vila Germânica, cuja inauguração ocorreu em 05 de maio de 2006.
Acervo de Jadir Soares. Imagem de 1967
A imagem de 1968, mostra o antigo pavilhão A da Proeb. Na época era administrado pela Comissão Organizadora de Exposições de Blumenau mais conhecido como Famosc. A estrutura foi demolida em 2005. Atualmente no local está a Vila Germânica. Observação: A sigla IP é da antiga  Impressora Paranaense.
Onde fica a PROEB? – Lá na FAMOSC... é assim que se indicava o local.
Rua Alberto Stein, 199 – bairro Velha -
Foi criado para abrigar feiras e eventos na região de Blumenau e era chamado inicialmente de FAMOSC (Feira de Amostras de Santa Catarina) A FAMOSC foi orgulho de Blumenau ou antigo denominado Pavilhão "A". Mas a feira de amostras foi abandonada, o Pavilhão "A" virou local de bailes e futebol de salão, Basquete, Vôlei . O turismo perdeu espaço nobre, mas os esportistas, sobretudo de final de expediente e de fim de semana, vibraram com o novo ginásio. Até que surgiu a Oktoberfest. A festa de outubro maior de Santa Catarina nasceu nele.
A 22a. edição da festa em 2005 foi a despedida de gala do velho pavilhão. Depois passou a denominar-se PROEB.
A partir de 2006 após uma grande reforma, o parque recebeu diversas melhorias em todos os seus setores e a PROEB passou a se chamar Parque Vila Germânica, possuindo restaurantes e inúmeras lojas de artigos típicos.
Leiam também:
Arquivo Dalva e Adalberto Day

terça-feira, 25 de março de 2014

- August Alexander Bürger

Cotidiano de nosso Brasil e cidade de Blumenau em 1856.
Texto enviado por Juarez F. de Souza de seus antepassados da Alemanha e Blumenau.
August Alexander BUERGER
Cópia de carta enviada a um amigo, e publicada no Goerlitzer Tageblatt:
Colônia Blumenau, 19 de janeiro de 1857.
Caro Amigo!
Em primeiro lugar, votos de um feliz ano novo para todos vocês, e que esta carta os encontre gozando de saúde, como acontece com todos nós. Chegamos aqui felizmente bem, apesar de uma longa viagem, mas, infelizmente, tivemos que registrar a perda de um de nossos filhos - o pequeno Heinrich - com idade de quase 4 meses, que Deus chamou a si no dia 23 de agosto do ano passado quando estávamos ancorados em frente à Ilha de Madeira.
No dia 18 de julho embarcamos no porto de Hamburgo no navio FORTUNA do capitão Burgdorf. A tripulação era composta, além do capitão e timoneiro, de 4 marujos e um cozinheiro. Ao todo éramos 53 passageiros, entre eles eu, minha esposa e 5 filhos. A maioria dos passageiros era da Pomerânia e de Mecklenburg. 
Até o dia 20 de julho ficamos ancorados diante de Altona devido ao mau tempo, até que a barcaça PILOT nos rebocasse aprox. 3 milhas Rio Elba abaixo, onde, novamente, ficamos por um dia, e no dia 22 chegamos a Stade. No dia seguinte, às 10 horas passamos Cuxhaven, e logo nos vimos separados de toda terra em mar aberto. Às 3 horas vimos, ao longe, a Ilha Helgoland, onde, nas proximidades, fomos surpreendidos por uma tempestade e forte chuva, o que nos fez desviar bastante da rota. Somente às 8 horas da noite conseguimos passar ao largo da ilha. A vista da mesma era muito bonita, o mar estava calmo outra vez, só alguns relâmpagos e o farol clareavam o firmamento, destacando as casas numa beleza indescritível. Aqui começaram a se manifestar os primeiros sintomas de enjoo nos passageiros, mas do qual eu e minha família fomos poupados. Durante o decorrer da viagem os outros passageiros também não sofreram muito.
Nossa alimentação era farta e boa. Pela manhã recebíamos regularmente café, à noite chá e para almoço tínhamos carne de boi 4 dias da semana e nos outros carne de porco om verduras, batatas, ervilhas, feijão, lentilhas, cevadinha, arroz e chucrute. Só variava aos sábados, quando cada passageiro recebia 2 arenques e mingau de arroz, o que logo se tornou o prato preferido de todos.
Sábados também era feita a distribuição de alimentos para a semana seguinte, entre outros, recebíamos 5 pães, 14 "Loth" (+/- 30 g) de manteiga, 8 "Loth" de açúcar, vinagre, sal, etc.
Nosso capitão era grande amigo das crianças, divertia-as à noite com muitas brincadeiras, e às vezes fazíamos música, pois alguns dos passageiros tinham talento musical. Às vezes, com as frequentes calmarias prolongadas, também pescávamos e pegávamos os chamados "peixes voadores", que tem espinhos nas nadadeiras, que eles usam como arma para defender-se.
Na manhã bem cedo do dia 2 de agosto chegamos ao canal, de onde avistamos a costa da Inglaterra com seus rochedos de calcário e seus faróis. Chegamos a ver um grande número de navios. Só no dia 4 de agosto perdemos a Inglaterra completamente de vista.
Um tubarão, um verdadeiro monstro com cerca de 90 pés - do tamanho do navio - chamou nossa atenção quando se mostrou bem próximo ao navio.
Com ventos nem sempre favoráveis, chegamos dia 23 de agosto à tarde próximo à Ilha de Madeira, no Oceano Atlântico. Neste dia faleceu, como já mencionei antes, nosso filho mais novo, que no dia seguinte sepultamos no mar.
Do dia 25 de agosto até 3 de setembro tivemos tempo agradável e um vento muito favorável. Neste dia encontramos inúmeros peixes voadores, cujo número em certos dias passava de mil, e alguns voavam até o convés.
Como agora nos aproximávamos da linha (Equador), foram colocados "sacos de vento" (Windbeutel) na 3ª classe para ventilar com os ventos que soprava do mar. Nesta altura encontramos muitos navios. Aproveitávamos para recolher a água das chuvas, que caíam com frequência. No dia 19 tivemos um tempo bonito e claro, mas fez tanto frio que os passageiros tiveram que agasalhar-se com suas roupas de inverno. À noite desse mesmo dia cruzamos o Equador. Este ato solene foi comemorado no dia 20 pela tripulação com um batizado, como é de costume. O timoneiro representou Netuno, e o marujo mais velho o seu barbeiro. Como o restante dos marinheiros e a maioria do passageiros ainda não tinham cruzado a linha, foram batizados com água salgada. Após a cerimônia, o comandante ofereceu algumas garras e vinho e a noite nos trouxe alegria, com música e cantos. 
Alguns dias depois encontramos um navio sueco e outro americano, sendo que o último era um veleiro excelente, pois logo nos deixou longe. No dia 30 víamos duas baleias a pouca distância de nós. Durante a viagem vimos pequenos peixes e botos, sendo que os últimos em grande quantidade. Também vimos outro tubarão, mas não tão grande quanto o primeiro, que nos acompanhou por algum tempo.
Após alguns dias de calmaria, em 4 de setembro (pag.13) soprou uma forte brisa, de modo que velejamos a 8-9 milhas por "Wache" (=velada, sentinela). Uma "Wache" corresponde a 4 horas, isto é, o tempo depois do qual os marujos em serviço são substituídos. É a medida de tempo pela qual se calcula tudo a bordo. O vento favorável desta vez durou bastante e foi interrompido somente por uma trovoada e tempestade de pouca duração.
No dia 13, às 9 da manhã, avistei uma débil faixa azul no horizonte, e, um pouco mais tarde, um segundo ponto no horizonte, o qual, com a ajuda do meu pequeno óculo de alcance, identifiquei nitidamente como montanhas. Estávamos todos ocupados em levar água potável ao convés, quando meu grito alegre "terra, terra" ecoou, e, naturalmente, todos largaram os afazeres e olharam para a direção que eu estava apontando. O capitão e o timoneiro escalaram os mastros com seus telescópios, mas concluíram não se trata de terra, e mandaram que continuássemos com o nosso trabalho. Entretanto, no decorrer da viagem, estes pequenos pontos se tornavam cada vez mais nítidos, e não restava dúvida que eu tivera razão, e as montanhas brasileiras se erguiam na nossa frente. Prevendo que logo teríamos água potável de melhor qualidade, naturalmente paramos de carregar água para o tombadilho, e à tarde, por volta das 4 horas, tivemos realmente a alegria de passar por estas montanhas. Ainda menciono que vimos vários albatrozes, grandes pássaros marinhos e uma enorme tartaruga de aprox. 5 a 6 pés de comprimento, que passou rente ao nosso barco.
Adentramos uma milha na Baía de Santa Catarina, e aí lançamos âncora. Era uma noite maravilhosa, e a lua cheia iluminava os morros que se elevavam em ambos os lados, bem como as bonitas casinhas na praia. Na água brilhavam milhares de moluscos. Ao amanhecer esperávamos ansiosamente a chegada do piloto que conduziria nossa embarcação ao porto. Mas não apareceu ninguém. Finalmente, o timoneiro pegou um bote e foi com três marinheiros à terra firme para contratar um. Ancoraram perto do primeiro forte, e lá ficaram sabendo que os pilotos, achando que o comandante não precisava de ajuda, pois não tinha içado a bandeira sinalizando que solicitava um, tinham ido pescar. Assim, em vez do piloto, nossos marujos trouxeram flores de uma beleza sem igual e enormes cactos, cujas inflorescências eram maiores que a altura de um homem. À tarde, enfim, resolvemos entrar no porto de Santa Catarina sem piloto, porém, no meio do caminho ainda fomos surpreendidos por uma forte trovoada e uma chuva que deixou tudo encharcado.
Logo depois que amarramos no porto, uma canoa trouxe as autoridades da inspeção. Os passageiros, sem distinção, tinham que fazer fila no convés, foram examinados e contados. Em seguida o capitão Burgdorf foi com eles à cidade, e logo depois veio o tarefeiro que ali ficou enquanto o navio se encontrava no porto. Nosso capitão voltou à tardinha, e os marinheiros chegaram carregados de boa carne de boi, cabeças enormes de repolho, melões, cebolas, bananas, laranjas etc. que saboreamos com grande prazer.
À noite caiu uma violenta tempestade, e só podíamos agradecer a Deus por nos encontrarmos no porto. O capitão não conseguiu subir a bordo à noite, e nos vimos obrigados a lançar a segunda âncora para segurar o nosso navio. Quando, no dia 16, os marujos foram à cidade fazer compras de alimentos frescos, não puderam regressar a bordo do FORTUNA devido à tempestade, e tiveram que regressar. Ao anoitecer, quando a tempestade parecia ter amainado, tentaram aproximar-se novamente do navio junto com o capitão, mas a tempestade se tornou mais violenta, levando o bote com a tripulação para longe do FORTUNA. O capitão deu ordens para que desamarrassem o bote grande do navio para ir em socorro deles. Depois disso feito com a maior rapidez possível, amarrou-se um cabo grande a ele e o bote foi solto para ir ao encontro deles. Felizmente a tripulação ainda alcançou o bote a tempo, pois o risco do bote, onde se encontrava o capitão e a tripulação, afundar aumentava a cada momento.
No dia seguinte o encarregado da alfândega veio a bordo e, depois de termos todos nossos pertences revistados, pudemos desembarcar. Em terra fiquei sabendo que o serralheiro Pinger, de Görlitz, havia se estabelecido em Santa Catarina. Ernst Meyer e eu o procuramos em sua nova moradia, e durante nossa breve estadia o ajudamos na instalação de uma oficina sua. Nosso patrício encontra muito trabalho e é bem pago. Pinger e a esposa dele nos mostraram a cidade, e ficamos admirados com os belos jardins enfeitados com rosas e outras flores, e também com cactos.
Pinger preparou-nos uma grande surpresa ao nos levar a um jardim, onde encontramos um terceiro Görlitzer - o cervejeiro Tobias - que, em companhia de um cervejeiro de Landshut, na Silésia, instalaram aqui uma cervejaria, muito procurada.
Ao desembarcar, as mulheres e filhos dos passageiros ficaram entretidos em admirar a diversidade de raças aqui representadas - do mais alvo branco, ao mais belo negro cor de ébano, e todos bem vestidos.
Ponte sobre Foz Ribeirão Garcia - acervo de Carl Heinz  Rothbarth
Depois de uma permanência de 3 dias em Santa Catarina, um navio de guerra nos levou até a Barra do Itajaí, um percurso que demorou 18 horas. Geralmente sobe-se logo todo o Itajaí até Blumenau, mas o nosso navio não havia carregado carvão suficiente, de modo que pegamos um barco costeiro que nos levou em 4 dias (27 de setembro à noite) para Blumenau - o fim de nossa viagem e nova pátria.
A embarcação era muito pequena, e não foi possível cozinhar, por isto fez-se necessário que todo meio-dia e à noite fôssemos à terra firme para preparar nossa comida e procurar um abrigo para passar a noite com um dos moradores. Fomos recebidos pelos brasileiros com muita hospitalidade, e só lamentamos não entender sua língua para agradecer-lhes. Os negros, que na maioria das vezes só são escravos ainda no papel, traziam bananas e flores enviados pelos seus donos. Eles gostavam principalmente das crianças, e procuravam saber seus nomes, sendo que o da minha filha Marie, lhes era o mais compreensível, provavelmente, por causa da Virgem Maria, que, como católicos, conheciam bem.
Em Santa Catarina vi negros muito elegantes, com relógios de ouro, com negras com os mais belos vestidos de seda. A maioria goza de plena liberdade pessoal, precisando comparecer perante seus donos somente todas as noites para entregar uma certa importância em dinheiro a eles, uma porcentagem do que haviam ganho dos brasileiros, que são pouco dados ao trabalho.
Não tivemos que pagar mais nada pela alimentação nos barcos de Santa Catarina até aqui. Meyer ficou por lá mesmo. Nossa bagagem toda chegou bem aqui junto conosco, e ficaram no início em Blumenau, no centro da cidade, enquanto eu me dirigi em 29 de setembro para a colônia, a fim de informar-me sobre as condições ali. Reconheci logo a vantagem de me estabelecer ali, e comprei terras.
A terra ali era melhor que aquela em volta da cidade, a localização mais bonita, melhor protegida de enchentes, e também bem mais barata. Um grupo de 4 compramos juntos 118 "Morgen" (+/- 300.000 m2), dos quais um certo Busch, de Dassau perto de Stettin, ficou com 100 (+/- 255.000 m2), Krause, também de lá, ficou com 6 (aprox. 15.000 m2), e Lindner e eu também com 6 "Morgen" cada. Pagamos 3 milréis pelo "Morgen", - o mil-réis 23 Sgr - o que corresponde a 2 1/2 "Thaler" da Prússia.
A imagem de Blumenau de 1864 mostra a STADTPLATZ que significa CENTRO URBANO. Literalmente ¨LUGAR ( PLATZ ) da CIDADE ( STADT). Acervo Carl Heinz Rothbarth
Dos seis "Morgen" adquiridos, derrubei três de mata, o que foi um trabalho exaustivo para mim, mas espero que compense. Na pátria eu provavelmente nunca teria possuído 6 "Morgen" de terra. Tributos só preciso pagar uma vez, e nunca mais, e estes não passam de aprox. 2 1/2 "Thaler", mais ou menos o preço de um papel de carta, no qual estou escrevendo. Por falar nisso, o papel aqui é muito caro, e às vezes difícil de conseguir por este dinheiro.
A madeira cortada, deixo secar, depois acendo uma fogueira, e o que não queima, apodrece. Logo após à queimada, o terreno é limpo, escolhe-se o lugar onde ficará a casa, e inicia-se com o plantio para podermos tirar nosso sustento. Para a construção da casa, entretanto, necessito de ajuda, pois não consigo construí-la sozinho. Como já auxiliei um vizinho de Nordhausen na construção da dele, ele me ajudará e poderei pernoitar na casa dele, em vez de ter que ir todas as noites para uma dessas casas de abrigo, que ficam a uma hora de distância da cidade. Por enquanto existem duas destas casas de abrigo. São construções compridas de um só pavimento, que deverão ser aumentadas em breve. As casas aqui se assemelham às casas de veraneio alemãs, e são construídas de palmeiras, mas eu pretendo construir uma mais sólida. O restante dos meus 3 "Morgen" deixarei intocados, até que a primeira parte apresente renda.
Na colônia se encontram muitas pessoas simpáticas e prestativas, o que na verdade é necessário pois muitas vezes um depende do outro. Foi assim que ajudei meu vizinho Busch a derrubar a mata, e ele me ajudará quando eu precisar. A meu ver, aqui há muito o que fazer, e eu também já ganhei meu primeiro dinheiro. Quando vou trabalhar, ganho sempre com 4 patacas (que correspondem a 1 Thaler e 2 Silbergroschen) e comida (três vezes ao dia). Só lamento que não trouxe mais ferramentas, pois são difíceis de conseguir aqui e muito caras.
Os brasileiros fazem um luxo incrível. A roupa custa 1 Conto ou mil-réis, os enfeites das selas são de prata, bem como os dos chicotes que custam 80 Thaler. Esporas com rodas do tamanho de moedas de 2 Thaler. Tudo isto é muito comum. Os freios dos cavalos raramente são de couro, mas são feitos de correntes de prata, e as peças necessariamente de couro, como as rédeas, são recobertas de prata de modo que não se vê o couro.
No que diz a Blumenau, esta foi fundada há anos pelo Dr. Blumenau e consiste do centro (Stadtplatz) da cidade, e da colônia que já alcança uma área de 1 hora de distância, e onde os proprietários moram lado a lado. Blumenau está localizada num belo vale às margens do rio Garcia, e os primeiros colonos chegaram há cerca de quatro anos, tendo recebido adiantamento (*Nota: se ele menciona isto, significa que ele deve ter pago as suas despesas de viagem e da sua família, portanto deveria ter tido mais posses na Alemanha, e pela carta, mais instrução também). Agora já possuem engenhos de mandioca e açúcar que valem 3---400 mil-réis cada. A colônia é pobre em dinheiro já que a produção de alimentos ainda não cobre o consumo, pois chegam muitos colonos novos que precisam primeiro cultivar sua terra, antes de poderem plantar. Feijão e carne ainda são insuficientes, mas esta situação vai melhorar, já que a farinha e o açúcar estão sendo enviados a outros lugares para serem vendidos. 
Não faltam frutas como laranjas, melancias, pêssegos, abacaxis e mamão, e preparam-se muitas coisas com as mesmas. A mim e a meus filhos agrada muito estar aqui e não temos saudades de Görlitz. Mas minha esposa ainda não se acostumou - tudo é tão diferente da Alemanha! Mas a simpatia dela pela nova pátria vai aumentar, logo que tiver sua própria casa e puder lidar nela e aproveitar as próprias frutas colhidas. Aconteceu os mesmo com as mulheres dos outros colonos.
A imagem de Blumenau de 1869 mostra a STADTPLATZ .Acervo AHJFS
O primeiro ano da minha estada aqui deverá ser bastante duro, mas espero conseguir ter meu próprio cavalo e minha vaca no devido tempo, que facilitam muito a vida de um colono. Não se perde muito tempo com a alimentação do gado. Basta soltá-lo no pasto. Mas comprar um cavalo é caro. Custa mais ou menos 30-40 mil-réis e uma vaca 60-70 mil-réis, mas vale a pena. Aqui encontramos as mesmas raças de animais que na Alemanha, inclusive cães e gatos.
A cidade de Blumenau possui uma farmácia que está nas mãos do Dr. Blumenau. Além disso tem dois comerciantes, um dono de hospedaria, um ferreiro, um serralheiro, um tanoeiro, dois marceneiros, dois construtores de máquinas, dois carpinteiros, um agrimensor, alguns alfaiates e sapateiros e um seleiro. Estes últimos moram muito distantes um do outro (*Nota: fato do que Alexander se aproveitou para se instalar como seleiro e sapateiro). Ainda existem aqui um moinho e serraria e ainda uma olaria onde quase nunca se consegue tijolos apesar da grande procura.
Há pouco tempo chegaram mais quatro navios de imigrantes e aguarda-se mais outro dentro de poucos dias. Animem-se e venham com entusiasmo. Aqui há lugar para milhares - milhões - de pessoas! Mas aconselhamos a todos que queiram seguir nosso exemplo: devem ser jovens e fortes. Se pessoas de mais idade não tiverem parentes aqui que lhe deem apoio, vai ser difícil.
No último navio vieram, novamente, Görlitzer: uma viúva Görner e os dois irmãos Zündler, dos quais o mais novo me surpreendeu quase matando-se de trabalhar para derrubar a última árvore grande no meu pedaço de terra.
Além dos três acima citados, não tem mais ninguém de Görlitz aqui. Ainda não tive notícias dos Dick, Grahl, Konrad e Steinbach, nem dos Höhne, cujas coisas eu trouxe para eles e que por enquanto vou manter aqui comigo, pois ainda espero descobrir onde estão.
Nossa alimentação consiste basicamente de feijão preto e carne seca (Karnesek), de manhã tomamos café e à noite chá. O café e o açúcar são puros ao contrário do lá de casa, onde estávamos acostumados a tomar chicória, que eles chamavam café. Quando caço alguma coisa, a carne com arroz, milho e ervilhas representam uma variação benvinda. A espingarda é fiel companheiro do colono - quase como a bengala do alemão - es se mostra muito útil para abater animais selvagens e aves. Só me arrependo de não ter trazido mais pólvora e chumbinho. Os pássaros têm uma plumagem muito linda e "Schakatins" (jacutingas?), uma espécie de peru selvagem, e pombos selvagens são muito visados para caça. Os animais silvestres mais frequentes, geralmente caçados e pegos em armadilhas, são as lebres, veados, gazelas, porcos do mato e antas, estas últimas às vezes atingem o tamanho de um boi. Agora que temos verão, ao contrário de vocês, não há muita caça, mas espero conseguir o bastante no próximo inverno para não precisar comprar.
Menciono aqui os ofícios que têm mais futuro aqui: operários que trabalham com madeira, como carpinteiros, marceneiros e tanoeiros, que ganham muito bem. Também os operários que trabalham na forja, como ferreiros e serralheiros. Não existe nenhum ceramista, que faz muita falta. Um bom mestre oleiro também faria fortuna aqui, mas ele teria que trazer alguns operários competentes. Lenha não custa nada e no Itajaí encontramos o melhor barro para tijolos. O milheiro de tijolos é entregue a 40 mil-réis. O homem que Dr. Blumenau colocou na olaria existente, infelizmente, não entende nada do negócio (um pedreiro alemão). Ele queria contratar Lindner quando soube que este era oleiro e ofereceu um bom salário, mas Lindner recusou a oferta. Alguém que montasse uma serraria aqui teria todo o apoio do Dr. Blumenau. Logo atrás dos terrenos do Lindner encontram-se cerca de 400 "Morgen" da melhor madeira e também excelente força hidráulica. Além disso, o empreendedor teria o direito de colher árvores do vizinho em troca de uma em cada 12 tábuas como pagamento. Gostaria que todos os mestres marceneiros do "Görlitzer Möbelmagazin der verinigten Tischlermeister" (Loja de Móveis dos Mestres Marceneiros Reunidos de Görlitz) nos visitassem e levassem como lembrança um carregamento de madeiras das mais belas e resistentes do meu terreno , das quais dizem que existem perto de 300 espécies diferentes.
A falta de sapateiros em Santa Catarina deve ser grande. No nosso desembarque perguntaram-nos se não havia nenhum sapateiro entre nós que quisesse ficar como chefe de oficina e mandar vir aprendizes da Alemanha. Foi-lhes oferecido dinheiro adiantado, com a condição que ficasse lá. Como fiquei sabendo, um aprendiz lá ganha 2 mil-réis pela confecção de um para de sapatos leves femininos.
A todos que tiverem vontade de seguir meu exemplo e emigrar para cá, aconselho trazer um terno quente, nem que seja pouco elegante e fora de moda, para usar no navio. Além disso, mandem fazer as vasilhas a serem usados na viagem de folha de flandres da mais resistente. Serão necessários um caneco com capacidade de aprox. 250 ml, vasilha e chaleira para cozinhar, uma garrafa para água potável, um açucareiro, uma manteigueira e - um penico com tampa. Além do mais: faca, garfo e colher e alguns vidros resistentes para vinagre etc. Aqueles que tiverem meios, que adquiram em Hamburgo algumas garrafas de bom vinho. Antes da viagem também é indicado abastecer-se com frutas bem secas, como ameixas, maçãs e peras, além de pão no valor de 15 "Silbergroschen", cortado em fatias grossas e torrado novamente. Os homens deveriam trazer ainda uma boa espingarda de cano duplo com bastante munição.
A todos que têm como objetivo imigrar para a nossa colônia, posso indicar os Senhores Wilhelm Hühn em Hamburg e Fröbel em Rudolfstadt de boa consciência.
A todos os amigos aí na pátria muitas lembranças, também da minha família.
Assinado: Alexander Bürger
Seleiro e colono.

More About August Alexander BUERGER:
Immigration: Sep 1857, Navio Fortuna de Hamburg até Itajaí.
Children of August Alexander Buerger and Ernestine Friederike Louise KOCH are:

Texto enviado por Juarez F. de Souza. Sra. Elisabeth Christina RENGER que encontrou a cópia da carta (em alemão) no Arquivo Histórico José Ferreira da Silva de Blumenau e ela mesmo quem traduziu.
Esta carta foi publicada no jornal Goerlitzer Tageblatt como forma de incentivar os Alemães a imigrarem para o Brasil. 

terça-feira, 18 de março de 2014

- Grupo Escolar Luiz Delfino

No último dia 15 de fevereiro 2014, em passeio turístico à bela cidade de Itajaí, conhecemos a Casa da Cultura Dide Brandão, cujo nome homenageia o artista plástico itajaiense José Bonifácio Brandão (1924-1976). O edifício, inaugurado em 04/12/1913, foi construído para abrigar o Grupo Escolar Victor Meirelles. Seu nome lembra a memória do importante pintor e professor catarinense Victor Meirelles (1832-1902), autor, entre outras obras, de “A Primeira Missa no Brasil”.
Foto batida no dia 15/02/14
 O conceito arquitetônico do edifício, com alas separadas para o público masculino e feminino, salas de aula ao longo das extremidades e grande pátio no centro, imediatamente nos fez recordar do Grupo Escolar Luiz Delfino, de Blumenau, fato que nos motivou a publicar algo sobre este nosso importante educandário que, ao apagar das luzes do ano de 2013, comemorou 100 anos de existência.
 Foto 1 – Grupo Escolar Luiz Delfino – década 1910 

De fato há muito em comum entre as duas escolas e isto não é obra do acaso. Inauguradas no mesmo mês, foram ambas concebidas no contexto de uma reforma do ensino público levada a cabo pelo então Governador Vidal Ramos (1866-1954). Pequenas escolas públicas, até então dirigidas por apenas um professor, foram fechadas, e seus professores integrados, após um processo de avaliação, ao quadro docente das novas escolas, de maior porte. Demonstra a afinidade entre as duas escolas, o fato de terem vindo, a fim de prestigiar a inauguração do Grupo Escolar Luiz Delfino, em 31/12/1913, alguns professores e 24 alunos de seu educandário-irmão da cidade de Itajaí, o Grupo Escolar Victor Meirelles.

 Foto 2 – Grupo Escolar Victor Meirelles – Itajaí/SC 

Nas palavras do saudoso memorialista Dr. Niels Deeke (1937-2013), “majestoso, impunha-se à visão, o imponente prédio do Grupo Escolar Luiz Delfino, construído em 1912/1913 e inaugurado em 31/12/1913, tendo sido criado através do Decreto No. 614, de 12/9/1911.” Passou por diversas reformas posteriores e possuía um imenso pátio interno, bem como um aprazível campo de esportes, instalações que pessoalmente desfrutamos (Adalberto Day) por um ano em 1966, quando cursamos o 1º ano do antigo Ginásio. O Grupo Escolar Luiz Delfino funcionou na praça Victor Konder até 16/11/1968, quando foi demolido e transferido para as novas instalações na Rua São José, 222, com o nome de E. E. B. Luiz Delfino.
 Foto 3 – Hotel Esperança e Grupo Escolar Luiz Delfino, ao fundo – década 1920 
No entorno de todo este complexo territorial havia uma extensa praça, belamente arborizada que, devido ao seu tamanho, pode comportar com folga, em 1893/1894, o acampamento do Estado Maior das forças legalistas sob o comando do General Lima e seu acompanhante, o senador José Gomes Pinheiro Machado (1851-1915). Estavam perseguindo, durante a Revolução Federalista, as tropas do maragato  Gumercindo Saraiva (1852-1894), conhecido como o “Napoleão dos Pampas”). Seguiam com ele seu irmão Aparício Saraiva (1854-1904), o Coronel Jose Serafim de Castilhos (1844-1903), também chamado “Juca Tigre”, o médico Ângelo Dourado (1857-1905) e outros. O logradouro hoje se encontra reduzido a diminutas dimensões, onde um Pau Brasil sombreava o busto do ilustre político catarinense, Victor Konder (1886-1941), Ministro da Viação, entre 1926 e 1930, do governo de Washington Luís.
A vasta área, de 4000 m2, localizada defronte à antiga casa comercial de Oscar Rüdiger, pertenceu ao arquiteto Henrique Krohberger (1836-1914), autor, entre outros, dos projetos das primeiras igrejas e da antiga prefeitura de Blumenau, de quem foi adquirida pelo Governo Estadual em meados de 1912. Nos anos 1964/65 foi denominada “Centro Cívico” e conteve ainda parte de sua casa, demolida na década de 1980 para dar lugar a um estacionamento de veículos. O “Centro Cívico” foi um projeto do ex-Prefeito Hercílio Deeke (1910-1977), assinado pelo arquiteto Hans Broos (1921-2011), prevendo a construção de diversos edifícios ligados à administração pública, à justiça, etc. Do projeto original foi construído apenas o Fórum, transferido para instalações maiores, próximo ao Parque Ramiro Rüdiger, no ano 2000. O antigo prédio, porém, ainda existe. Posteriormente foi construída também uma nova prefeitura, inaugurada em 1982, mas com projeto arquitetônico completamente distinto do originalmente previsto. Em terreno adjacente existiu a Fábrica de Lacticínios Blumenau ou Companhia Blumenauense de Laticínios, empresa fundada em 1911 pelos associados Alwin Schrader e Luiz Altenburg, bem como a antiga estação ferroviária de Blumenau.
 Foto 4 – O Grupo Escolar Luiz Delfino e seu entorno – década de 1950 
O Grupo Escolar Luiz Delfino, como seu educandário-irmão de Itajaí, homenageia um catarinense ilustre. Luiz Delfino nasceu em Desterro, atual Florianópolis, em 25/9/1834, filho de Thomaz dos Santos e Delfina Vitorina dos Santos. Formou-se em Medicina no Rio de Janeiro em 1857, tendo sido também poeta e político. Senador na primeira república, seu nome permanece imortalizado pelas obras poéticas publicadas, principalmente, na imprensa carioca. Algumas de suas obras são: Poemas (1928), Algas e Musgos, Poesias Líricas, Íntimas e Aspasias (1935), A Angústia do Infinito (1936) e Rosas Negras (1938). Faleceu no Rio de Janeiro em 31/01/1910.
À Inauguração do Grupo Escolar Luiz Delfino, às 16h30 de 31/12/1913, fizeram-se presentes o representante do governador Vidal Ramos, desembargador Navarro Lins, presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o Presidente da Assembleia Legislativa, Sr. Fúlvio Aducci, além de outros, que viajaram de automóvel de Florianópolis na véspera, numa viagem que durou 10 horas. Os professores e alunos do Grupo Escolar Victor Meirelles, já citados, chegaram pouco antes da inauguração, a bordo do Vapor Blumenau. Estes últimos, bem como os alunos do Grupo Escolar Luiz Delfino, estavam todos vestidos de branco. O ato foi abrilhantado pela orquestra da Família Bernhardt, que estava realizando concertos em Blumenau. A festa começou com o Hino do Estado, teve dezenove apresentações dos alunos e foi cantado o Hino Nacional. Discursou o professor Orestes Guimarães, elogiando as medidas do Governador Vidal Ramos visando melhorar o ensino público do Estado.
As atividades de 1914 iniciaram em 02 de março com 182 alunos – 77 meninos e 105 meninas –, divididos em 08 classes. Foi seu primeiro diretor Arlindo Lopes Chagas, ex-diretor do Grupo Escolar Silveira de Souza, de Florianópolis, construído no mesmo conceito arquitetônico do Victor Meirelles e do Luiz Delfino. Foram seus primeiros professores Carlos Techentin e Antônio Fiorezado, para o curso masculino, e Ascendina Brazinha (Accindina Dias?), Ana Hager, Margarida Freygang e Martha von Frankenberg, para o curso feminino. Em 1916, o professor Carlos Techentin, formado professor normalista, foi nomeado seu diretor. Também foi seu diretor, em período que não nos foi possível apurar, Antônio Cândido de Figueiredo, prefeito de Blumenau nos anos 1931 e 1932. A professora Margarida Freygang era anteriormente regente de uma escola pública feminina, uma das duas escolas públicas de Blumenau fechadas pelo Decreto No. 761, de 16/11/1913. Para marcar o início do ano letivo de 1914, foi realizado, em 10/3, um piquenique ao salto da propriedade de Gustavo Dittrich, localizada no bairro Ribeirão Fresco.
 Foto 5 – Piquenique dos alunos em 10/3/1914 – Ribeirão Fresco 
O professor Orestes Guimarães foi figura marcante na vida do Grupo Escolar Luiz Delfino. De acordo com a professora Gladyz Mary Ghizoni Teive, da Universidade Federal de Santa Catarina, Orestes Guimarães foi contratado por Vidal Ramos em São Paulo para proceder a reforma do ensino em Santa Catarina, atividade que desempenhou de 1911 a 1935. No período 1918 a 1930 vemo-no na condição de Inspetor Federal das Escolas Subvencionadas pela União. Residiu em Blumenau com sua esposa Cacilda até aproximadamente 1930. Consta que não deixou descendência.
 Foto 6 – Prof. Orestes Guimarães com a aluna Hertha Meyer 
O ensino parece ter sido divido em duas etapas: Curso Preliminar e Curso Complementar. O tema requer estudos comprobatórios, mas tudo indica que equivaleriam àquilo que mais tarde conhecemos como Ensino Primário (1º. ao 4º. Ano) e Ensino Ginasial (5ª. à 8ª. Série). Credita-se aos alunos do Curso Complementar a confecção de um jornalzinho manuscrito e mimeografado, de 04 páginas, chamado “Bem-te-vi”, que se apresentava como ‘periódico semanal, jornal crítico e humorístico’. Parece ter surgido em maio de 1923 e consta ter tido vida curta. Como outros educandários, também o Grupo Escolar Luiz Delfino tem uma fanfarra, tendo esta sido fundada pelo Prof. Marcílio no ano de 1948. 
Foto 7 – Boletim do aluno Max Altenburg – Curso Preliminar – 1918 
Muitos blumenauenses fizeram seus estudos no Grupo Escolar Luiz Delfino. Para citar apenas alguns que são de nosso conhecimento, apontamos o ex-prefeito Evelásio Vieira (1925 – 2004), que lá fez seus primeiros estudos na década de 1930 e concluiu o Curso Complementar, e o Dr. Niels Deeke, que lá cursou o 3º ano primário em 1946. Um belo relato das memórias da passagem do Sr. Laércio Cunha e Silva pelo Luiz Delfino foi publicado no JSC em 02/9/2000, no contexto dos festejos dos 150 Anos de Blumenau. O teor deste texto, postado neste blog em 27/02/2013, pode ser verificado em
Hoje, passado um século de sua inauguração, o Luiz Delfino segue sendo um dos importantes educandários estaduais do município de Blumenau.
 Logotipo da E. E. B. Luiz Delfino 
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Crédito das imagens: Fotos 1, 3, 4 e logotipo: acervo de Adalberto Day; Foto 2: www.diarinho,com.br; Foto 5: acervo de Ralf Marcos Ehmke; Fotos 6 e 7: acervo de Dieter Altenburg. 
Texto: Wieland Lickfeld com colaboração de Adalberto Day.
Fontes: memorialista Dr. Niels Deeke (in memoriam); site do Arquivo Histórico José Ferreira da Silva; www.facebook.com.br (Grupo Antigamente em Blumenau); livro “A Imprensa em Blumenau”, de José Ferreira da Silva (1977) e www.wikipedia.com.br

quinta-feira, 13 de março de 2014

- Sem trem 1971

1971
                         
Passagem por Rio do Sul
A última viagem do trem em Blumenau e região!
No dia 13 de março de 1971 a Estrada de Ferro Santa Catarina é erradicada por decisão das autoridades federais. A população assiste entristecida e melancólica, à derradeira viagem do trem em direção ao terminal de Itajaí. 
O comboio ferroviário deixa atrás  de si uma gama de relevantes serviços prestados ao desenvolvimento de toda a região e no coração das pessoas as lembranças de uma era cheia de poesias e encantamentos.
Blumenau
SEM TREM
Publicado no Jornal a CIDADE Ano II – Blumenau, domingo 14 de março de 1971 por Luiz Antônio Soares. (faleceu em 20/09/13 aos 72 anos).
Ouço ainda, na meditação das minhas reminiscências, com meus ouvidos de criança, aquele barulhento passar do trem, gostoso como só, amassando  as nossas maldosas pedrinhas sobre os trilhos, que as vezes, por serem mais que pedrinhas, resultavam num bom raspe de mão do bigodudo maquinista.
Lembro-me bem do apito ...
Ele era longo, pontual e por causa dele, na hora da correria, muita bolinha de gude eu perdi.
Tenho ainda na memória as marcas das varadas que levei bem aqui, pela imprudência de me aproximar – como numa gigantesca e perigosa aventura – daqueles vagões que ajudei a desbotar com meus dedos, ainda manchados de um vermelho surrado de sol.
Quem ficou verdolengo à beira dos trilhos não esquece. Não pode esquecer. O trem foi o brinquedo grande das crianças pobres.

Aquela gente toda nos abanava e nós sorríamos contes e orgulhosos quando alguém nos jogava um bombom ou um simples papel colorido.
Agora esse golpe. 
Quem poderia imaginar que as crianças de amanhã não terão a a mesma sorte que eu tive?
A delicia de furtar uma voltinha de vagonete na ostensiva distração do feitor. O saltitar infantil sobre dormentes que apodreceram aos nossos pés descalços. E aquele calor afetivo quando nos deitávamos sobre o trilho, ouvindo o barulhinho distante, anunciando que o trem já vinha ...
É de não se conformar.
Já se viu meu Deus, já se viu criança a beira dos trilhos, nem ver o barulhento passar do trem ???.
Foto: Livro Saudosa Indaial - Alfredo Nagel, Beno Pasold, Fernando Pasold.
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Adendo de Luiz Carlos Henkels sobre a última viagem e seus maquinistas
Enviado por Angelina Wittmann 
Vamos por  partes que o assunto é mais  complexo:   Dois maquinistas operaram o  trem da  última  viagem. Anibal Rocha na  tarde de 12  de março entre Itajaí até  Itoupava Seca. Ali trocou a escala. De  Itoupava Seca até  Trombudo Central, na  tarde de 12 de março quem levou o  trem foi José Pacheco, ao  qual  ainda pude   entrevistar  em 1994.

        Agora  vamos à composição.  O trem na última viagem não tinha mais  cargas por  questões  óbvias. Era  um trem mais  pra fazer o rescaldo, recolher os  vagões  que  ainda estavam pelas  estações. A  desativação da EFSC  foi uma questão  bem planejada  Então de Itajaí a Trombudo Central,  subindo, o  trem  tinha apenas 4 vagões tracionados pela locomotiva 331.  Era  composto da seguinte forma. Atrás da locomotiva um pequeno vagão pra  transportar mercadorias  avulsas de maior  volume  numerado como FB 9301. Após  este vinha o bagageiro, que é aquele vagão que levava  o correio, bicicleta, cachorro,  lambreta, verdura, geladeira, armário, etc....e  que era  também a administração do  trem, ou seja abrigava  o reservado do chefe de  trem. Este carro era o BC 101. Atrás  deste vinha o carro  passageiro de  2ª classe que neste dia era o S 101 e  por fim o último carro  que era um misto ( tinha assentos de  1ª classe e 2ª classe ) e  que  não me  lembro qual era porque tinha dois  iguais, mas,  ou era o PS102 ou o PS103, mas, creio ter sido o PS 103.

        Ao chegar a Trombudo o  trem voltou imediatamente  para Itoupava Seca, conduzido pelo mesmo  José Pacheco, recolhendo ainda alguns  vagões ao longo das  estações. Este trem passou aqui por Encano por volta de  2:00hs da  manhã. Levantei para  vê-lo passar. Devia  ter uns  10 vagões.

        No dia   13 de março  que  era  sábado, estes vagões remanescentes  foram levados até  Itajaí, onde  permaneceriam até o momento de  serem transladados  via marítima até o porto de São Francisco, onde foram incorporados à  frota da RVPSC. Neste dia 13 somente a  locomotiva  331 voltou para Itoupava Seca, sendo guardada  no  galpão  principal. As  locomotivas a  vapor eram muito pesadas e  o pessoal não queria  ter o  trabalho de transladar  todas as  12  que tinha para São Francisco, por ser desnecessário. Jurássicas como eram, não teriam serventia na RVPSC  que  já operava a  diesel. Assim ficaram em Itoupava até  1973  para  daí  serem sucateadas.

        Nestas operações do  dia  13 não se sabe o nome do maquinista. Os  ferroviários davam pouca  importância pra isso, afinal era  só mais  um  trem  na  escala deles, apesar de  ser  a última escala. Interessante  também colocar  que  o  próprio José Pacheco  se  irritou  várias vezes  na  última viagem para  Trombudo, pois alguns  filhos de  ferroviários, para curtir a  última viagem, foram na cabine da  locomotiva  e  sucessivamente trilavam o  apito pra   chamar a  atenção, até que irritado,  o Pacheco pediu pra  eles pararem  com essa  “M...” porque  "  estava   enchendo  o saco". Curto e  grosso, o Pacheco não era afeito a  esses  fru - fru - fru - e  me  disse  que odiava cada  vez  que alguém acenava ou abanava com lenços a passagem do último  trem.

        Mas  quem apitou pela  última vez  em Blumenau foi o Aníbal  Rocha, já aposentado,  em 1973, quando foi convocado para puxar as locomotivas para fora  do pátio da Itoupava Seca   para o procedimento do  sucateamento, quando foi acesa novamente a  331 . Neste dia  várias fotos  foram feitas e o próprio Anibal Rocha mais   afeito  à fotos fez .
Este último  trem, que como  já postei no  grupo da EFSC não tinha nada de  muito romântico. Nem em Blumenau não tinha muita gente  na estação não.  A  maioria  aplaudiu mesmo é   a  parada do   trem   que “enfeava "  a  glamorosa   Blumenau  de  então  e o  trem era  tido  como o  transporte da  pobreza de então e  como alguém escreveu num jornal de   Brusque,  que  o  trem servia  mesmo só pros  pobres  que afinal  tinham tempo pra  andar de  trem ou seja, eram pobres porque  não gostavam de  trabalhar.


Macuca
Na  década de 1990 a Macuca foi reformada e colocada na Praça ao lado da prefeitura de Blumenau desde 31 de agosto de 1991.
Arquivo de Adalberto Day/texto de Luiz Antônio Soares memorialista em Blumenau.
Para saber mais acesse:

segunda-feira, 10 de março de 2014

- Paralelepípedos e Reminiscências da rua XV

Foto reprodução
Em 16 de julho de 1999 o artista plástico César Otacílio publicou no Jornal Santa Catarina texto com o titulo “A vida imita a arte”.
A divulgação do inicio das obras de reurbanização da Rua XV de Novembro, com alguns paralelepípedos da famosa via indo parar no museu como símbolo da história e modernização da cidade, lembrou-me um trabalho numa exposição coletiva de arte, da qual participei.
                   
Esta pedra está em meu acervo. Ganhei da Silvana Moretti.
Ao ver a imagem do Prefeito Décio Lima levantando uma pedra (a primeira retirada da rua) ocorreu-me a ligação e parentesco com uma obra acontecida em 1991, onde outro paralelepípedo foi destaque e centro de atenções. Na Galeria Açú Açú acontecia à exposição Blumenau – Retratos Falados, comemorativa a 141 anos de fundação da cidade. Entre os expositores (13 ao todo) estava Tadeu Bittencourt, que apresentava uma instalação envolvendo um paralelepípedo. Explicava que se inspirou numa faixa afixada no (antigo) Bar Kriado (da Rua Alvin Schrader) que dizia. “Blumenau tem mais de um milhão de paralelepípedos”. Tadeu usava a pedra adornada com fone de ouvidos e óculos de grau de miopia. O paralelepípedo incomodava, pois ninguém queria ser um. Já é conhecida a característica de Bittencourt de provocar a reação das pessoas. Capaz de grandes e empolgados debates chegando mesmo a ser um pouco polemico. Atualmente, defende, de forma acirrada, a valorização do artista plástico. Nas mostras, garante, deveria o autor receber cachê ou a garantia de uma obra vendida. Do seu paralelepípedo poucos se lembram (mesmo porque poucos tem o costume de visitar exposições). Uma obra efêmera refletindo a sua maneira de sentir. A reurbanização que se inicia só tornou-se concreta devido a humildade do prefeito em visitar pessoalmente os comerciantes, convencendo-os finalmente da importância da mudança. Poderíamos até dizer: desnudou a pedra-Bittencourt... aquele paralelepípedo de óculos e com fone de ouvidos.... Talvez no futuro, quando visitarmos o museu onde ficarão as primeiras pedras da Rua XV com os resíduos de história, lembraremos de uma fase da cidade. Seria interessante que junto aos paralelepípedos históricos estivesse o paralelepípedo-Bittencourt, registrando dois momentos da “cidade com mais de um milhão de paralelepípedos”.
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Em 18 de agosto de 1973 o artista plástico Roy Kellermann publicou no Santa em Casos de amor a Blumenau o texto titulo
Reminiscências da Rua XV
A localização exata da cidade de Blumenau é; Latitude 26 graus, 55 minutos e 10 segundos, longitude 49 graus, 3 minutos e 58 segundos, ou seja, entre o Morro do Stitzkopf e o Morro do Baú. Nasci nesta cidade, na maternidade que ficava na esquina da Alameda Rio Branco com a Rua Sete de Setembro, onde depois funcionaram o Restaurante Cavalinho Branco e a Agencia de Turismo Holzmann. Cresci e morei muitos anos no prédio que os meus pais construíram na década de 30. Meu pai tinha sua alfaiataria no numero 681 na Rua XV de Novembro e minha mãe era modista no numero 683, no primeiro andar. Nestas atividades que meus pais exerciam existia sempre a necessidade de se comprar em lojas da Rua XV determinados artigos e esta tarefa era feita por mim. Daí eu conhecer tão bem a rua. Em 1950, no Centenário de Blumenau, eu só tinha 7 anos e me diverti muito no parque de diversões que instalaram nos fundos do Teatro Carlos Gomes. Lembro-me bem do trem fantasma, dos carros elétricos que se esbarravam, da roda gigante, da montanha russa e da Casa dos espelhos. Meus pais iniciavam diariamente no trabalho muito cedo e só o encerravam as 22 horas, quando saíamos para tomar canja de galinha com pão e manteiga e tomar cervejas no Restaurante, Bar e Café Expresso. Meu pai, minha mãe, meu irmão e eu íamos muito ao Bar Polar também para tomar cerveja (e deliciosos sorvetes). Havia ainda um Bar chamado Sans Souci, onde volta-e-meia havia um mágico atuando. Enquanto não começa a projeção de pequenos filmes e desenhos animados, ficávamos sentados à mesa do Bar e Sorveteria Polar. E quando se ouvia a musica de abertura da projeção de filmes durante o footing (trecho de ruas Nereu Ramos e a Floriano Peixoto era fechado para automóveis no calçadão), corria-se para vê-los. Era o nosso cinema Paradiso. Munidos de pipoca e amendoim torradinho, olhávamos os filmes projetados em uma parede da Rua XV de Novembro. Ria-se muito... Andar de carro-de-mola puxado por cavalos, passear de canoa, pescar, nadar eram também emocionantes atividades. No primeiro andar do nosso prédio recebíamos semanais visitas de fornecedores de alimentos como galinha viva, manteiga, nata, queijo branco e morangos. Naquele tempo, os ônibus trafegavam pela Rua XV e bem defronte à nossa casa havia um ponto-de-parada. Muitas pessoas vinham justamente tomar um “früstück” e ficavam fazendo hora em nossa casa (sempre aberta a todos) até o momento de pegar seus ônibus. Quando uma eventual enchente do rio inundava a Rua XV, gente divertida utilizava os inúmeros troncos de bananeiras que vinham boiando rio abaixo; eram utilizados como boias ou jangadas. Mas o que sempre me encantou nesta querida cidade foram os castelos e os prédios, que gosto de retratar como patrimônio Histórico. 
Textos: artista plástico César Otacílio/ Roy Kellermann
Colaboração José Geraldo Reis Pfau
Arquivo: Adalberto Day 

terça-feira, 4 de março de 2014

- Companhia Fábrica de Papel Itajaí

No dia 14/02/2014 o Adalberto publicou em seu blog o interessante ensaio biográfico de Victor Felix Deeke, elaborado por seu filho, o Sr. Gunter Deeke (falecido em 18 08 2021). Ao ler o rico texto (foto Wieland Lckfeld), lembrei-me do material referente à fábrica de papel da qual Victor Felix Deeke foi Diretor Geral, que garimpei em São Paulo em 2010, ao realizar pesquisas no Instituto Martius Staden. Trata-se de uma breve história da Companhia Fábrica de Papel Itajaí, publicada na Revista Paulista de Indústria na década de 1950.
Reproduzo a matéria a seguir, lembrando que o leitor deve sempre considerar o seguinte: a) quando aparecer a palavra ‘atualmente’, recordar que estamos em 1955; b) o texto enaltece, de forma especial, no contexto da empresa, membros da família Hering, mas há uma explicação para isso: a tônica da publicação trata dos 75 anos de fundação da Companhia Hering e a fábrica de papel foi citada na revista pelo fato de ter sido este mais um empreendimento no qual a família Hering teve participação.
O texto não pretende, portanto, diminuir o papel de Victor Felix Deeke. Pelo contrário, deixa claro que o período áureo da mesma se deu quando este era seu Diretor Geral. Por ser sucinto, apenas não revela os preciosos detalhes fornecidos pelo Sr. Gunter Deeke. Neste sentido, devemos entender que se trata de textos complementares, e não excludentes.

“Cia. Fábrica de Papel Itajaí
            Gottlieb Reif, falecido pioneiro de iniciativas industriais no Vale do Itajaí, planejou a construção de uma fábrica de papel, junto à barra do rio Itajaí-Mirim e interessou, em seu projeto, ao saudoso industrial Curt Hering. Este conseguiu o apoio dos componentes de sua família nas pessoas dos senhores Hermann, Bruno, Max e Mueller Hering, e dos industriais senhores Carl Rischbieter, Fides e José Deeke, com a participação dos quais, fundou-se, em 1911, a fábrica de papel de Itajaí, sob a razão social de: “HERING, REIF & CIA. LTDA”. Sua primeira diretoria ficou a cargo dos senhores: Carl Rischbieter – Presidente; Curt e Max Hering – Diretores Executivos.
Vista geral da fábrica em Itajaí
            Dez anos mais tarde, a firma transformou-se em sociedade na anônima, passando a denominar-se “Companhia Fábrica de Papel Itajaí”, com a seguinte diretoria: Curt Hering – Presidente; Fides Deeke – Vice-Presidente; Alfredo Eicke Senior – Diretor Comercial, e Victor Kleine – Diretor Técnico. Com ligeiras alterações, entre as quais a substituição na vice-presidência, por motivo de falecimento, pelos senhores José Deeke e Max Hering, esta diretoria geriu os negócios até 1941. Durante sua gestão, a capacidade de produção da fábrica foi ampliada, com a instalação de uma segunda máquina, em 1937.
            Em 1941, influenciada pelas condições de guerra, processou-se completa alteração na administração da Companhia, que passou a constituir-se de uma Diretoria Executiva e de um Conselho Diretor. Foram eleitos, então, os atuais diretores executivos: Victor Deeke – Diretor Geral; Abdon Schmidt – Diretor Gerente; Alfredo Eicke Jr. – Diretor Tesoureiro. O Conselho Diretor sempre se compõe de elementos da família Hering e acha-se, hoje, enriquecido com a eficiente colaboração do dinâmico industrial Sr. Irineu Bornhausen, atual governador do Estado de Santa Catarina.
Fábrica de Bocaina do Sul
Indústria de base
            A atual administração tem desenvolvido, desde 1941, um vastíssimo plano de ampliação, atendendo às contingências do mercado nacional de papel. É o papel um dos produtos básicos para a economia de um país e o Brasil possui condições especiais para ser um grande produtor. Depende, no entanto, em grande parte, da importação. Enquanto se verifica um aumento continuado na produção, com novas fábricas, o consumo cresce na ordem de 50.000 toneladas por ano e tende a subir com mais intensidade, pois o índice “per capita” não atinge a 9 quilogramas, o que é muito baixo. Por outro lado, a fabricação do papel se processa com preponderância de matéria prima – celulose – importada, sobrecarregando nossa balança de pagamentos e pondo-nos sob controle de suprimento estrangeiro, sem meios para lutar contra a alta de preços da celulose e fixação de quotas impostas pelo estrangeiro, nos períodos de carência.
Fábrica de Ituporanga
            Buscando auto-suficiência, a atual diretoria, contando com o apoio de seus acionistas, levou a efeito uma série de arrojados investimentos para a produção das matérias primas básicas da indústria do papel, que exigem vultosas inversões. Assim, adquiriu enormes reservas de florestas e criou hortos de reflorestamento com o que abastece e garante matéria prima às máquinas das indústrias que implantou em Santa Catarina. Na sua fábrica de Itajaí, instalou equipamentos para celulose e pasta mecânica, enquanto duplicou as instalações para o fabrico do papel. Produz, atualmente, pasta mecânica, celulose, papel e cartolina. Junto às reservas construiu três fábricas novas, a saber: a fábrica de celulose de Bocaina do Sul; a fábrica de papelão e cartão de Ituporanga, e a fábrica de papelão de Perimbó. Atualmente, está empenhada na construção e instalação completa de fabricação de soda e cloro e duas seções, uma de pasta e outra de celulose, trabalhando em processo absolutamente contínuo, para abastecimento da moderníssima máquina de papel ali instalada e que produzirá papéis finos e especiais.
Fábrica de Perimbó – vista parcial das obras hidráulicas: tudo de pressão apoiado em ponte de cimento armado sobre a divisionária do perau.
            Com um capital de Cr$ 66.000.000,00, e contando entre seus maiores acionistas os componentes da família “Hering”, a Fábrica de Papel Itajaí, é uma das mais completas e modernas empresas do ramo no Brasil, praticamente auto-suficiente em matérias primas e com uma linha de produção que abrange toda a variedade de papelão, cartão, cartolina e papel, desde os mais grosseiros aos mais finos e especiais.           
Igaras – vista das obras da fábrica
É uma das principais organizações industriais do Estado de Santa Catarina, e uma das indústrias de base de relevante importância para a economia brasileira.”
Fonte: Revista Paulista de Indústria – No. 34 – maio de 1955 – Ano V – p. 140 a 143.
Recomenda-se ler, em caráter complementar, também o ensaio biográfico de Victor Felix Deeke mencionado no início deste post, pois o mesmo enriquece de forma exponencial esta breve história da Companhia Fábrica de Papel Itajaí. Observei que no site da Prefeitura Municipal de Bocaina do Sul as ruínas da antiga fábrica existentes na cidade são arroladas como atrativo turístico da cidade.
Colaboração Wieland Lickfeld
Para saber mais sobre Victor Felix Deeke acesse:

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