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quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

- Alda Niemeyer

Sra. Alda Niemeyer 
Hoje vamos conhecer um pouco da biografia de uma ilustre personalidade, mulher forte e doce, que muitas vezes apesar dos desafios materiais, sua palavra é superação. Falamos da Sra. Alda Schlemm Niemeyer. 
Por Angelina Wittmann.
A Sra. Alda nasceu em Joinville, em 18 de maio de 1920, depois foi residir em Curitiba, com sua família, onde passou sua infância e juventude. 
Sua mãe chamava-se Wanda (Família Müller - Curitiba - PR) e seu pai - primeiro casamento da Sra. Wanda - chamava-se Sr. Frederico Alexandre Schlemm - família de Joinville - SC.
Sra. Alda tinha como pai, o segundo esposo da Sra. Wanda - Sr. Max Alfred Bayer, pois o conhecia desde tenra idade.
A Sra. Wanda Müller casou-se em junho de 1918 com o Sr. Frederico A. Schlemm e a família residiam na cidade de Joinville. Sr. Schlemm faleceu logo após o nascimento da irmãzinha da Sra. Alda -Marthali.
Após o falecimento do marido, Sra. Wanda mudou-se com suas filhas, para a casa paterna, situada na capital do Paraná. De acordo com registros de família, a casa dos Müller, em Curitiba era grande, com um grande jardim com muitas árvores, canteiros de flores, quadra de tênis, garagem, viveiro de pássaros, galinheiro, etc. Dona Alda se lembra do jardim, onde floriam rosas e dálias.
As meninas, de acordo com relato de Dona Alda, viviam no paraíso, na casa de seus avós Müller.  A propriedade da família estava localizada onde hoje está o Shopping Müller - Curitiba. Dona Alda disse-nos, em nosso último encontro, que a casa dos avós ainda existe. Dona Alda continuou contando que ela e sua irmã - Marthali recebiam, com muita frequência, vestidos e sapatos novos.
Só não apreciavam muito, pois eram sempre idênticos. Seus vestidos e de sua irmã eram confeccionados por sua mãe - Sra. Wanda e por sua Vó  Muschel.
Dona Alda, sua irmã Marthali e sua mãe - Sra. Wanda
Foto acervo da Sr.a Alda.
"Eu vivia confiante no meu ambiente e acreditava em tudo. infelizmente sou assim até hoje. Minha crença infantil daquela época não conhecia limites. assim pude ser encontrada, certo dia, sentada numa cadeirinha no quintal. Não arredava os olhos da porta da cozinha. Alguém havia dito que aquele dia era o da Ascensão de Maria. E eu não poderia perder o voo de nossa cozinheira Maria em direção ao céu." Conta a Sra. Alda.
Em 1925, a Sra. Wanda casa-se pela segunda vez com o Sr. Bayer. Dona Alda tinha 5 anos de idade. Sr. Bayer era funcionário do Banco alemão Transatlântico, que tinha uma agência em Curitiba, mais tarde foi incorporado a Caixa Econômica Federal - durante a II Guerra Mundial, onde se aposentou.
Sra. Alda em 1939 quando embarcou para a Alemanha
Foto acervo da Sra. Alda 
Com o auxílio do Consulado Alemão, muitos jovens  viajaram, em 1939, para a Alemanha. Dona Alda e sua irmã Marthali conseguiram se engajar neste intercâmbio. Sua mãe Wanda viajou algumas semanas mais tarde.
O navio da Sra. Wanda, foi o último que atracou no porto de Hamburgo, antes da II Guerra Mundial. As três passagens, já pagas pelo Sr. Beyer, de nada adiantaram, para que as três pudessem retornar para o Brasil - Dona Alda, sua irmã Marthali e sua mãe Sra. Wanda ficaram impedidas de retornar ao Brasil, em função da guerra, que iniciou neste mesmo ano de 1939. Permaneceram, forçosamente, na Alemanha por nove anos.
Durante a II Guerra Mundial, trabalharam na Alemanha, muitas vezes pelo alimento. Dona Alda trabalhou como enfermeira com um cirurgião-dentista e na Cruz Vermelha - trabalho voluntário feminino, com idade entre 20 e 30 anos.

"As aventura de mamãe Wanda, Alda e Marthali durante a II Guerra Mundial encheriam um livro a parte e os leitores tanto poderiam rir, como chorar. Mas, este é um texto que eu não quero escrever. Há lembranças que até hoje me assolam e enquanto não as superei...Marthali"
Dona Alda escreveu na forma de versos, sobre sua mãe - Sra. Wanda - contando um pouco dos tempos na Alemanha, durante o período de guerra
Alguns versos:
Papai sozinho em casa ficou,
reclamando da solidão, pois
suas estrelas - lá se foram!

Dortmund foi o primeiro destino,
onde muito aconteceu.
Neve e gelo - e geada dói!

Alda corre, sempre afobada,
No consultório pra lá e cá...
Cheira forte a antissépticos!

Wanda para alimentar a família,
das quatro as sete da matina,
esperando em filas -  paciente!

Wanda perambula pelas florestas,
e logo acha o que procura.
Encontra cogumelos - colhe amoras!

Bela Dortmund, polvilhada de negro,
frequentemente importunada pelos ingleses.
As bombas retumbam - sempre durante a noite!

Era intenção deste textinho
retratar alegrias deste nosso globo.
Mas ao lado de momentos felizes,
muita tristeza pôde ser observada.

Wanda presenciou esta realidade,
viu bombas, viu a terra  estremecer.
Mas Ulrich recebe o máximo de cuidados
Enquanto a Alemanha está sendo ocupada.

Dresden então foi destruída,
mas só depois de longos dias,
Veio a notícia: - Estamos vivos!
Iremos nos juntar a vocês em breve!

Para o desespero e pavor das moças e mulheres
eis que surgem os russos no lugarejo.
Sob muito medo o tempo passa,
e após semanas a feliz notícia:
- o remanejamento dos estrangeiros.
Aprendemos  odiar os campos de refugiados
ruínas de fábricas, depósitos abandonados.
Nos sentíamos como dentro de ratoeiras,
sempre mordidos por percevejos, 
que coabitavam como fazendo parte
daquela massa de gente estranha.

Vagões de gado nos levaram por final,
ao que parecia uma Babel, até Bamberg,
onde americanos nos recepcionaram,
ao ocuparmos um caminhão carvoeiro,
e até carrinho de nenê foi carregado!
Desta maneira alcançamos
o quartel general da UNRRA.
Deste campo de refugiados
muitos sul-americanos encontramos.
"De volta ao lar" era nosso lema 
e para i inferno o CIC.
A Sra. Wanda foia última, das três a retornar ao Brasil - em 1948

Em 1947, Dona Alda retornou ao Brasil com os dois filhos -Ulli e Aldo - Rudi nasceu em Curitiba em, 1950. Seu marido - Günter, chegou ao Brasil no ano de 1949, e tinha como profissão, desenhista gráfico e pintor. Ficou conhecido no cenário cultural e das artes plásticas - em Curitiba.
Dona Alda se casou com o Sr. Günter Hermann Schierz na Alemanha com o qual teve três filhos: Ulrich, Aldo Mathias e Rudolfo Frederico Germano.
Em 1950 Dona Alda se separou do Sr. Günter Hermann Schierz. Em 1956, viúva do Sr. Schierz, Dona Alda casou-se com o médico - Sr. Érico R. Niemeyer e teve mais três filhos: Ronald Alexander (Ronny), Maria Beatriz e Sylvia. O casal Niemeyer mudou para Blumenau no final da década de 60 do século passado. Dona Alda completou 55 anos de matrimônio com o Dr. Niemeyer, quando ele veio a falecer em 4 de outubro de 2003, com 77 anos.
Em Blumenau, a Sra. Alda desenvolveu trabalhos, junto à comunidade, na área social e cultural. Seu marido atuou como médico e ela o acompanhava nas atividades.
Inicialmente como enfermeira, posteriormente, em obras assistenciais. A Sra. Alda foi professora de yoga

Nos anos 70 do século passado, ingressou no radioamadorismo. Pertence ao Clube de Radioamadores de Blumenau, desde 1976, como membro ativo, exercendo vários cargos. Sra. Alda participou da primeira expedição feminina, realizada no Brasil - Ilha Comprida-SP, em 1998.
Como radioamadora, se destacou na divulgação da vida e obra do Padre-cientista Roberto Landell de Moura, a nível nacional e na Europa.
Traduziu, para o idioma alemão, o livro - O outro lado das telecomunicações - A saga do Padre Landell de B. Hamilton Almeida. O livro foi lançado em Dortmund, na Alemanha, em maio de 1995. Pelos trabalhos feitos em torno da obra sobre a vida do Padre Moura, recebeu a comenda da Ordem de Radioamadores Padre Roberto Landell de Moura.

Dona Alda foi igualmente incansável durante as grandes enchentes de 1983 e 1984, época em que sequer se imaginava a existência de câmeras digitais, celulares e computadores. Mal e mal funcionavam os telefones fixos. Ela considera seu trabalho mais relevante, no período em que, atuou como radioamadora e auxiliou nas enchentes da década de 80.  
eu trabalho foi publicado, em 1995, na obra, a qual é coautora: S.O.S. Enchente - Um Vale Pede Socorro (Edição esgotada). O livro é um relato documental e fotográfico das atividades radioamadorísticas durante as enchentes de 1983 e 1984.
A Sra. Alda participou, igualmente, do grupo de teatro amador do C.C. 25 de Julho de Blumenau. Auxiliou na montagem de inúmeras peças de teatro, no idioma alemão. A Sra. Alda aprecia, defende as artes e a cultura de seus antepassados. Neste ano de 2014, completou 40 anos - participando diretamente da organização e participação do Programa dos encerramentos das atividades dos grupos culturais do C.C. 25 de Julho de Blumenau.
Foto batida por Dona Alda durante a reunião Nacional do Partido Nacional-Socialista em Nuremberg, setembro de 1936 - antes de iniciar a II Guerra Mundial. 
Tendo viajado para a Alemanha, naquele verão para ver as Olimpíadas, ela permaneceu no país por mais alguns meses, e esteve presente em Nürnberg. 
Na ocasião, ela conseguiu espremeu-se entre as pessoas que se aglomeravam pelo caminho, percorrido pelos automóveis oficiais, conseguindo tirar esta foto com sua câmera Agfa Box 44. A foto mostra Hitler em seu Mercedes, acompanhado de Hermann Goering (Luftwaffe) e Erich Raeder (Kriegsmarine), saudando a multidão.
Em 1976, segundo ela “tarde, mas não tarde demais”, ingressou no radioamadorismo, hobby que a transformou em referência nacional e internacional no mundo das comunicações.
A enchente de 1983 veio comprovar seu empenho na Defesa Civil: tendo a própria casa inundada, vovó Alda (como é conhecida no rádio) instalou suas antenas sobre o prédio da então EMBRATEL. De lá conseguiu mobilizar ações de apoio vitais para a cidade de Blumenau: trazer vacinas através da Força Aérea, conquistar a doação de milhares de litros de água potável, conseguir remédios, roupas e alimentos, inclusive muitas toneladas em donativos de radioamadores amigos da Alemanha. Ajudou a estabelecer a comunicação entre órgãos oficiais, mas também possibilitou ajuda a particulares.
Para saber mais acesse clicando em:
Direto a todas as informações sobre a Senhora Alda Niemeyer clique no link abaixo com belo texto produzido por Angelina Wittmann, fotos, vídeos de impressionar. Um conteúdo perfeito, uma biografia invejável da Senhora Alda:
Adalberto Day/cientista social e pesquisador da história

15 comentários:

  1. Minha completa admiração para essa Guerreira... D. Alda Niemeyer!

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  2. Prezado Amigo Adalberto,

    Ótima sua postagem sobre essa notável senhora, D. Alda, que em tempos pré-internet se conectava em busca de ajuda e soluções.

    Sue relato me fez lembrar a época em que meu pai, também radioamador, fazia seus contatos e para desespero dos vizinhos, interferia na recepção das televisões dos vizinhos.

    Parabéns por mais uma bela contribuição sobre as iniciativas
    dos valentes blumenauenses.

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  3. Uma preciosidade para Blumenau...
    Parabéns! Um exemplo p/todos nós.

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  4. Caro Adalberto,

    Cumprimentos por mais está matéria histórica.

    Abraço fraterno,
    Antunes Severo

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  5. Conheço bem esta Sra. o que vocês não sabem e que esta Sra. e o anjo da guarda dos blumenauenses guiado pelo espirito santo por que eu conheço alguns milagres feito pela força e coragem desta santa quem viveu a enchente de 1983, sabe do que é capaz obrigada D. ALDA QUE O SR NOSSO DEUS A CONSERVE CONOSCO POR MUITAS E MUITAS DÉCADAS AMÉM
    Idalice Sancho Cambuy

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  6. BOA NOITE.ADALBERTO DAY QUERO PARABENIZA-LO POR TRAZER ATÉ NÓS A HISTÓRIA DESTA MARAVILHOSA MULHER.UMA GRANDE GUERREIRA ,UM GRANDE EXEMPLO É EMOCIONANTE SABER DISSO TUDO. QUE DEUS A ABENÇOE E TAMBÉM A VOCÊ QUE PARTILHA TUDO ISSO NO SEU BLOG.
    ABRAÇOS GASPARENSES E UM ANO PLENOS DE REALIZAÇÕES.

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  7. Oi Beto, meu nobre amigo, que o ano de 2014 lhe seja leve, mais esperançoso e lhe traga a cura completa dos problemas de saúde. Muito lindo esse documentário sobre a Da. Alda. Sabia que ela era e ainda é uma eximia radioamadora, pois fui colega dela na atividade. Não sabia que era minha conterrânea.. Uma história muito marcante essa, principalmente porque ela e sua família foram para a Alemanha justamente no início da guerra, Deve ter sofrido horrores por lá, o que, por motívos óbvios não constou da história. Importante é que conseguiu regressar com vida ao Brasil. Muito lindo. Já alcançou a 4ª idade. Obrigado por mais essa Beto.
    Eutraclínio Antônio dos Santos

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  8. Meu caro Adalberto , mais um ótimo texto.
    Esta jovem Sra. Alda, é um ícone em nossa cidade, tanto pelo carisma que expressa em suas entrevistas( que já tive oportunidade de acompanhar) quanto em seus serviços prestados no radio amadorismo principalmente para nossa cidade , como sempre mais uma bela historia em seu BLOGGER, parabéns...

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  9. No tempo em que Meus irmãos Ralf de Blumenau, Curt de Presidente Getúlio e éramos radioamadores, os manos falavam muito da radioamadora Dona. Alda Niemeyer
    Egon Krepsky

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  10. ESTA BLUMENAUENSE NOS ENCHE DE ORGULHO
    Waldir Mafra

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  11. Dª Alda estava em Dresden quando os Americanos despejaram toneladas de bombas, arrasando tudo, sem motivo, pois a Alemanha já tinha sido derrotada. D. Alda conseguiu sair dos escombros, por milagre.
    Horst Otto Mödinger

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  12. Moacir Curbani
    27 de novembro de 2014 09:50
    Muito linda a história de Dona Alda Niemeyer, é um grande exemplo de pessoa dedicada, e voltada em atender o próximo, é uma guerreia pela natureza, só porém não devemos esquecer o Cassiano das empresas Cassiano Som, que quando vinha de Rio do Sul e avisou através de Rádio Amador, que a população blumenauense deveria agir rápido, pois viria muita água daquela região, e ele não pode anunciar repetidamente, por impedimento da Defesa Civil, para não deixar o povo blumenauense em pânico...

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  13. Jean Volpato
    26 de novembro de 2014 23:17
    Documentário que produzimos sobre a Radioamadora Alda Niemeyer. Verdadeiro exemplo de vida. Vale a pena assistir.

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  14. Seguramente,uma mulher admirável. Parabéns a essa heroína.

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