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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

- Uma Longa Disputa pelo Território

Colônia Blumenau  e os conflitos :
Não tendo mais como prover naturalmente suas necessidades alimentares, os xokleng passaram a assaltar as propriedades dos colonos ou a atacá-los nos locais de trabalhos ou de trânsito.

As novas gerações de colonos e os novos imigrantes aumentavam a necessidade pela terra e por novas colônias. Estava instalada a tensão. O livro Os índios Xokleng – Memória Visual, do antropólogo Sílvio Coelho dos Santos, cita um episódio que mostra de forma clara a dificuldade e pouca possibilidade de entendimento entre índios e os recém-chegados.

Operários que terminavam a construção do rancho de recepção dos imigrantes foram surpreendidos pelos índios nas cercanias da residência. “Certamente, logo pegaram suas armas e gritaram em alemão para que os índios se afastassem”,escreveu Silvio Coelho dos Santos. “Como tal não aconteceu, pois os índios nada entendiam da língua dos brancos e estavam muito curiosos e entretidos com as plantações e, equipamentos e instalações no entorno da casa, os trabalhadores em seguida deram alguns tiros para assustá-los.” No dia seguinte, um dos índios foi encontrado desfalecido, vitima de ferimento à bala, vindo a falecer logo depois. Os xokleng eram temidos pelos imigrantes. Frederico Deeke recebeu de Hermann Blumenau a incumbência de prevenir os ataques à colônia.

Já nos anos de 1870, aumenta a movimentação política e governamental para afugentar e exterminar os indígenas. O governo já aplicava recursos no pagamento dos batedores de mato ou bugreiros. Eram grupos de oito a 15 homens, a maioria aparentada entre si. Martinho Marcelino de Jesus, o Martinho Bugreiro, foi o mais conhecido de todos. No inicio do século, comandou várias expedições no Vale do Itajaí. Em algumas de suas estadas em Blumenau, foi fotografado com seus homens e suas vitimas. Quando o processo de pacificação organizado através do Serviço de Proteção aos Índios, comandado no Alto Vale por Eduardo Hoerhan, começou, em 1914, já era tarde para neutralizar os efeitos devastadores que a imigração acabou provocando na cultura xokleng. Hoje, restam poucos dos primeiros habitantes de Blumenau e região, a maioria alojados na Reserva Duque de Caxias, no Alto Vale do Itajaí.

“Quando o processo de pacificação começou, em 1914, já era tarde para neutralizar os efeitos devastadores na cultura xokleng.”

- Um Polêmico Gesto de Amor
Índios: Botocudos ou Bugres e Xokleng
Em 1905, Martinho Bugreiro trouxe crianças e mulheres índias que capturara em Blumenau. O objetivo era mostrar à cidade que havia efetivamente acabado com a “ameaça indígena”. No grupo, estava à pequena Korikrã, que foi adotada pelo médico Dr. Hugo Gensch. Ela recebeu o nome de Maria Gensch e teve fina educação, aprendendo inclusive o inglês e o alemão.

O médico publicou uma pequena monografia sobre sua experiência de adoção e educação de indígena. E comprou briga em 1908, no auge da polêmica, dividindo opiniões, sobre a conveniência ou não de se adotar os pequenos xokleng capturados pelos bugreiros. Lembrava sempre que sua atitude, antes de mais nada, era uma prova de amor humanitário.

Em 1918, com as relações amistosas entre colonos e xokleng, acabou sendo arranjado um encontro entre Maria e seus verdadeiros pais. O pacificador Eduardo Hoerhan, em depoimento ao antropólogo Darcy Ribeiro, narrou o tenso reencontro. O antropólogo Silvio Coelho dos Santos incluiu o depoimento no livro Os Índios Xokleng – Memória Visual. Hoerhan relata que, reconhecida pela marca tribal e por uma cicatriz produzida pelo ferimento de uma queda, Maria não compreendia a real extensão do encontro. Seu pai xokleng perguntou, pegando a cabeça da jovem: “Você não me reconhece? Eu sou seu pai.” Com pavor e asco do legitimo progenitor, Maria não dizia uma palavra sequer. O velho cacique afastou a cabeça da filha com um safanão e, com ódio no olhar, sentenciou: Estou vendo. Você tem nojo de mim e de toda a sua gente”.

Suplemento Jornal de Santa Catarina, sábado, 02 de setembro de 2000 – 150 Anos Blumenau; Volume 2 – O Passado.
Arquivo de Adalberto Day

8 comentários:

  1. Adalberto, parabéns por recordar a história de Blumenau. Vc é mesmo um grande professor e mestre. Parabéns.

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  2. Surpreendente o post caro amigo. Nossa história sendo lembrada por você é importante.

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  3. Caro Adalberto, ótimo post! É interessante observar que muitas pessoas costumam criticar o povo indígena, sem ter idéia das privações que o mesmo passou com o advento da colonização.

    Abraços

    Renato

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  4. Oi, mei bisavô >> http://bit.ly/a88GNO foi raptado de uma aldeia de indios Bugres ainda bem pequeno, por isso nunca foi possivel conhecer a genealogia da minha familia; Ele viveu em MG seu nome era Antônio Lúcio

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  5. miguel jorge martinsilva- miguelm'bya@hotmail.comquinta-feira, 27 de setembro de 2012 às 22:57:00 BRT

    o que voces chamam de longa disputa,nós chamamos de genocídio, etnocídio, ou crimes contra a humanidade, usar palavras que banalizam os horrores impetrados contra outros seres humanos é bem próprio do discurso hipócrita academico. desde hernan cortes no méxico onde 20 milhoes de pessoas foram assassinadas até o extermínio em andamento dos kaiowas e outras etnias os europeus e seus descendentes continuam lavando as mãos. emcomendam-se a morte de um povo inteiro, mas num gesto de humanidade adotam seus filhos porventura sobreviventes e incutem neles o desprezo pela sua origem.

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  6. alo amigos todos bem? Pois é de novo esta historia quem estaria verto quem matou ou quem mandou matar, pobres indiios,ver sua familia sendo mortos como animais ferozes, diga Pedro Alvares Cabral matou tantos tambem ou não se comenta porque a uma diferença sendo que ele encontrou numeros bem maior de indios,que pena que so agora que foi criada a lei proibindo matar animais ,para os mais entendidos desculpem em não entender muito de histora ate onde vai o direito de tomar posse de terras dos outors sem ter uma reconpensa pela troca pois naquela epoca não esistia ainda cartorio pois não? deixa pra la um abraço atodos e um feliz ano novo. deste seu amigo Valdir Salvador

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  7. Marcelo Daniel Martins no Facebookdomingo, 9 de outubro de 2016 às 16:23:00 BRT

    É com extrema dor no coração que escrevo essas palavras. Não aceito ter vivido em uma época em que nada posso fazer para salvar àqueles povos que foram exterminados por um governo assassino, usurpador e dominante. Eu vivo numa época em que só me vieram as fotografias, o extermínio já havia acontecido. Eu vivo em uma época à qual não pertenço. Eu quero voltar no tempo, com o conhecimento que tenho agora, eu quero salvá-los. Eu quero matar bugreiros, eu quero exterminá-los, eu quero afundar o projeto maldito de colonização dessa terra, eu quero também fazer uma expedição até a Europa e aniquilar todos aqueles que são o embrião das navegações, eu quero que eles todos morram, cruelmente, da mesma forma que mataram minha gente daqui desta terra. Eu quero que os que pensam em colonização sejam exterminados cruelmente, para que o pensamento colonizador gere medo, não saia do pensamento e vire ação. Eu quero meu povo salvo do maldito usurpador, do maldito assassino que veio substituir uma história de milhares de anos numa outra que em menos de um século já está acabando com o planeta. Eu quero voltar no tempo e fazer Justiça. Eu quero voltar no tempo e garantir que meu povo viva para sempre. Eu quero, mas não consigo. Talvez como a morte eu consiga, eu volte e abrace meu povo que tanto amo e tanto quero reencontrá-lo.

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